Mostrando postagens com marcador Mensagens. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mensagens. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Sobre o carnaval

 


Nenhum Espírito equilibrado em face do bom senso que deve presidir a existência das criaturas pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências nas festas carnavalescas.

É lamentável que na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhes as belezas e os objetivos sagrados da vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com os títulos da civilização.

Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros Espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.

Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.

É estranho que as administrações e elementos de governos colaborem para que se intensifique a longa série de lastimáveis desvios de Espíritos fracos, cujo caráter ainda aguarda o toque miraculoso da dor para aprender as grandes verdades da vida.

Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidades e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifique o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.

Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho. Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco dentro de suas possibilidades para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.

É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza ela só poderá fornecer com isso um eloquente atestado de sua miséria moral.

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Cartas do Alto




quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

A lição da Cruz

 

Meus irmãos:

Peçamos em nosso favor a bênção de Nosso Senhor Jesus-Cristo.

Nas recordações da noite de hoje, busquemos no Livro Sagrado a mensagem de luz que nos comande as diretrizes.

Leiamos no Evangelho do Apóstolo João, no capítulo 12, versículo 32, a palavra do Divino Mestre, quando anuncia aos seguidores:

— “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim.”

Semelhante afirmativa foi pronunciada por ele, depois da entrada jubilosa em Jerusalém.

Flores, alegria, triunfo…

Cabe-nos ponderar ainda que, nessa ocasião, o Embaixador Celestial havia sido o Divino Médico dos corpos e das almas. Havia restaurado paralíticos, cegos e leprosos, reconstituindo a esperança e a oportunidade de muitos… Estendera a Boa-nova e passara pela transfiguração do Tabor…

Entretanto, Jesus ainda se considera como Missionário não erguido da Terra.

Indubitavelmente, aludia ao gênero de testemunho com que o dilacerariam, mas também ao sofrimento superado como acesso à vitória.

Reportava-se ao sacrifício como auréola da vida e destacava a cruz por símbolo de espiritualidade e ressurreição.

Induzia-nos o Senhor a aceitar as aflições do mundo, como recursos de soerguimento, e a receber nos pontos nevrálgicos do destino o ensejo de nossa própria recuperação.

Ninguém passará incólume entre as vicissitudes da Terra.

Todos aí pagamos o tributo da experiência, do crescimento, do resgate, da ascensão…

E arrojados ao pó do amolecimento moral, não atrairemos senão a piedade dos transeuntes e o enxurro do caminho, sem encorajar o trabalho e o bom ânimo dos outros, porque, de nós mesmos, teremos recusado a bênção da luta.

O Mestre, amoroso e decidido, ensinou-nos a usar o fracasso como chave de elevação.

Traído pelos homens, utilizou-se de semelhante decepção para demonstrar lealdade a Deus.

Atormentado, aproveitou a aflição para lecionar paciência e governo próprio.

Escarnecido, valeu-se da amargura íntima para exercer o perdão.

E, crucificado, fez da morte a revelação da vida eterna.

É imprescindível renunciar ao reconforto particular, para que a renovação nos acolha.

Todos nos sentimos tranquilos e sorridentes, diante do céu sem nuvens, mas se a tempestade reponta, ameaçadora, eis que se nos desfazem as energias, qual se nossa fé não passasse de movimento sem substância.

Acomodamo-nos com a satisfação e abominamos o obstáculo.

No entanto, não seremos levantados do mundo, ainda mesmo quando estejamos no mundo fora do corpo físico, sem o triunfo sobre a nossa cruz, que, em nosso caso, foi talhada por nossos próprios erros, perante a Lei.

É por isso que nesta noite, em que a serenidade de Jesus como que envolve a Natureza toda, nesta hora em que o pensamento da coletividade cristã volve, comovido, para a recuada Jerusalém, é natural estabeleçamos no próprio coração o indispensável silêncio para ouvir a Mensagem do Evangelho que se agiganta nos séculos…

— “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim.”

Enquanto o Senhor evidenciava apenas o poder sublime de que se fazia emissário, curando e consolando, poderia parecer um simples agente do Pai Celestial, em socorro das criaturas; mas atendendo aos desígnios do Altíssimo, na cruz da flagelação suprema, e confiando-se à renúncia total dos próprios desejos, não obstante vilipendiado e aparentemente vencido, afirmou o valor soberano de sua individualidade divina pela fidelidade ao seu ministério de amor universal e, desde então, alçado ao madeiro, continua atraindo a si as almas e as nações.

Içado à ignomínia por imposição de todos nós que lhe constituímos a família planetária, não denotou rebeldia, tristeza ou desânimo, encontrando, aliás, em nossa debilidade, mais forte motivo para estender-nos o tesouro da caridade e do perdão, passando, desde a cruz, não mais apenas a revigorar o corpo e a alma das criaturas, mas principalmente a atraí-las para o Reino Divino, cuja construção foi encetada e cujo acabamento está muito longe de terminar.

Assim sendo, quando erguidos pelo menos alguns milímetros da terra, através das pequeninas cruzes de nossos deveres, junto aos nossos irmãos de Humanidade, saibamos abençoar, ajudar, compreender, servir, aprender e progredir sempre.

Intranquilidade, provação, sofrimento, são bases para que nos levantemos ao encontro do Senhor.

Roguemos, desse modo, a ele nos acrescente a coragem de apagar o incêndio da rebelião que nos retém prostrados no chão de nossas velhas fraquezas, retirando-nos, enfim, do cativeiro à inferioridade para trazer ao nosso novo modo de ser todos aqueles que convivem conosco, há milênios, aguardando de nossa alma o apelo vivo do entendimento e do amor.

E, reunindo nossas súplicas numa só vibração de fé, esperemos que a Bondade Divina nos agasalhe e abençoe.

 

Osias Gonçalves / Chico Xavier – Livro: Instruções Psicofônicas 

(noite de 15/04/1954)


sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Bagagem de Ano Novo

 


Ano Novo significa mais um trecho que temos a percorrer em nossa caminhada na Crosta Planetária.

Isto nos sugere a ideia de viagem.

Quando pensamos em viajar, cogitamos logo de preparar a bagagem, pondo tudo em ordem, separando as coisas necessárias para levar.

Diligenciamos uma série de providências que acomodem da melhor maneira possível a nossa situação de viajante.

Prevenimo-nos do numerário suficiente para as despesas.

Cercamo-nos dos devidos cuidados, em matéria de vestuário, hospedagem e alimentação.

Tomamos, enfim, todas as medidas cabíveis para nos assegurar uma ida e volta isenta de embaraços.

Diante de um ano que se finda e de outro que vai começar, deve ser bem esta a nossa mentalidade, isto é, devemos apresentar-nos com um estado de espírito igual ao de quem tem um percurso a fazer.

Apenas, em se tratando de viver, naturalmente outras deverão ser as preocupações.

No caso, compete-nos examinar e conhecer as condições de nossa intimidade psicológica.

Perscrutando a mente, saberemos que ideais e pensamentos nos farão companhia.

Auscultando o coração, identificaremos os sentimentos que se deslocarão conosco, ao longo do trajeto.

Serão com elementos destas duas fontes que formaremos nossa bagagem para a imprevista viagem de trezentos e sessenta e cinco dias, se não formos colhidos pelo alfanje da morte.

Não pode haver melhor oportunidade para um balanço total de nossa vida.

Nem outra ocasião será mais bem indicada à uma tomada de posição claramente definida, seguramente balizada.

Elevemos ao Alto o pensamento em prece, e peçamos-lhe inspiração para escolhas acertadas, que se traduzam na posse de elementos assecuratórios do nosso real bem-estar, de nossa verdadeira felicidade.

Acontecerá então assim... Do princípio ao fim, primeiro ao último dia do Ano Novo, observaremos conduta, tão elevada quanto possível, senão de todo superior.

Pensaremos tão somente no bem, que elegeremos por luz do nosso caminho.

Desejaremos exclusivamente o que for nobre e justo.

Mentalizaremos unicamente coisas construtivas e edificantes.

Buscaremos mais estreito convívio com os livros instrutivos e de sã orientação.

Guardaremos fidelidade ao Pai Celestial.

Daremos cumprimento a salutar programa de dignificação íntima, aprofundando e engrandecendo os atributos da alma.

Filhos — passaremos a dedicar mais afeto e respeito aos pais.

Pais — envidaremos nossos melhores esforços no sentido de discernir, compreender e solucionar os problemas dos filhos.

Cônjuges – desdobrar-nos-emos em atenções e delicadezas, em esforços e sacrifícios, se necessário for, por instituir, no trato da vida conjugal, o Amor fraterno, a Amizade sã e leal, dedicada e sincera, como princípio normativo de conduta.

Médiuns — faremos de nossa evangelização o objetivo do todas as atividades próprias.

Cidadãos — conduzir-nos-emos de modo a cumprir condignamente os deveres funcionais e cívicos, sem nos enredarmos no aranhol do mundo, nem nos desfigurarmos como filhos de Deus.

O que importa, em essência, não é propriamente a passagem de um ano para outro, coisa que sempre se deu e se dará à nossa revelia, e sim as condições da bagagem espiritual com que entramos no Ano Novo, que, para ser realmente Bom, como o concebemos, é preciso que nos tornemos efetivamente melhores”

 

Passos Lírio – Reformador / janeiro de 1969



sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Natal simbólico

 


Harmonias cariciosas atravessavam a paisagem, quando o lúcido mensageiro continuou:

— Cada Espírito é um mundo onde o Cristo deve nascer…

Fora loucura esperar a reforma do mundo, sem o homem reformado. Jamais conheceremos povos cristãos, sem edificarmos a alma cristã…

Eis por que o Natal do Senhor se reveste de profunda importância para cada um de nós em particular.

Temos conosco oceanos de bênçãos divinas, maravilhosos continentes de possibilidades, florestas de sentimentos por educar, desertos de ignorância por corrigir, inumeráveis tribos de pensamentos que nos povoam a infinita extensão do mundo interior. De quando em quando, tempestades renovadoras varrem-nos o íntimo, furacões implacáveis atingem nossos ídolos mentirosos.

Quantas vezes, o interesse egoístico foi o nosso perverso inspirador?

Examinando a movimentação de nossas ideias próprias, verificamos que todo princípio nobre serviu de precursor ao conhecimento inicial do Cristo.

Verificou-se a vinda de Jesus numa época de recenseamento.

Alcançamos a transformação essencial justamente em fase de contas espirituais com a nossa própria consciência, seja pela dor ou pela madureza de raciocínio.

Não havia lugar para o Senhor.

Nunca possuímos espaço mental para a inspiração divina, absorvidos de ansiedades do coração ou limitados pela ignorância.

A única estalagem ao Hóspede Sublime foi a Manjedoura.

Não oferecemos ao pensamento evangélico senão algumas palhas misérrimas de nossa boa vontade, no lugar mais escuro de nossa mente.

Surge o Infante Celestial dentro da noite.

Quase sempre, não sentimos a Bondade do Senhor senão no ápice das sombras de nossas inquietações e falências.

A estrela prodigiosa rompe as trevas no grande silêncio.

Quando o gérmen do Cristo desponta em nossas almas, a estrela da divina esperança desafia nossas trevas interiores, obscurecendo o passado, clareando o presente e indicando o porvir.

Animais em bando são as primeiras visitas ao Enviado Celeste.

Na soledade de nossa transformação moral, em face da alvorada nova, os sentimentos animalizados de nosso ser são os primeiros a defrontar o ideal do Mestre.

Chegam pastores que se envolvem na intensa luz dos anjos que velam o berço divino.

Nossos pensamentos mais simples e mais puros aproximam-se da ideia nova, contagiando-se da claridade sublime, oriunda dos gênios superiores que nos presidem aos destinos e que se acercam de nós, afugentando a incompreensão e o temor.

Cantam milícias celestiais.

No instante de nossa renovação em Cristo, velhos companheiros nossos, já redimidos, exultam de contentamento na Esfera superior, dando glória a Deus e bendizendo os Espíritos de boa vontade.

Divulgam os pastores a notícia maravilhosa.

Nossos pensamentos, felicitados pelo impulso criador de Jesus, comunicam-se entre si, organizando-se para a vida nova.

Surge a visita inesperada dos magos.

Sentindo-nos a modificação, o mundo observa-nos de modo especial.

Os servos fiéis, como Simeão, expressam grande júbilo, mas revelam apreensões justas, declarando que o Menino surgira para a queda e elevação de muitos em Israel.

Acalentamos o pensamento renovador, no recesso d’alma, para a destruição de nossos ídolos de barro e desenvolvimento dos germens de espiritualidade superior.

Ferido na vaidade e na ambição, Herodes determina a morte do Pequenino Emissário.

A ignorância que nos governa, desde muitos milênios, trabalha contra a ideia redentora, movimentando todas as possibilidades ao seu alcance.

Conserva-se Jesus na casa simples de Nazaré.

Nunca poderemos fornecer testemunho à Humanidade, antes de fazê-lo junto aos nossos, elevando o espírito do grupo a que Deus nos conduziu.

Trabalha o Pequeno Embaixador numa carpintaria.

Em toda realização superior, não poderemos desdenhar o esforço próprio.

Mais tarde, o Celeste Menino surpreende os velhos doutores.

O pensamento cristão entra em choque, desde cedo, com todas as nossas antigas convenções relativas à riqueza e à pobreza, ao prazer e ao sofrimento, à obediência e à mordomia, à filosofia e à instrução, à fé e à ciência.

Trava-se, então, dentro de nosso mundo individual, a grande batalha.

A essa altura, o mensageiro fez longa pausa.

Flores de luz choviam de mais alto, como alegrias do Natal, banhando-nos a fronte. Os demais companheiros e eu aguardávamos, ansiosos, a continuação da mensagem sublime; entretanto, o missionário generoso sorriu paternalmente e rematou:

— Aqui termino minhas humildes lembranças do Natal simbólico. Segundo observais, o Evangelho de Nosso Senhor não é livro para os museus, mas roteiro palpitante da vida.


Irmão X (Humberto de Campos)

Livro: Pontos e contos




sexta-feira, 3 de novembro de 2023

O mais difícil

 

Diante das águas calmas, Jesus refletia.

Afastara-se da multidão, momentos antes.

Ouvira remoques e sarcasmos.

Vira chagas e aflições.

O Mestre pensava…

 

Tadeu e Tiago, o moço, João e Bartolomeu aproximaram-se. Não era aquele um momento raro? E ensaiaram perguntas.

— Senhor, — disse João, — qual é o mais importante aviso da Lei na vida dos homens?

E o Divino Amigo passou a responder:

— Amemos a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos.

— E qual é a virtude mais preciosa? — Indagou Tadeu.

— A humildade.

— Qual o talento mais nobre, Senhor? — Falou Tiago.

— O trabalho.

— E a norma de triunfo mais elevada? — Interrogou Bartolomeu.

— A persistência no bem.

— Mestre, e qual é, para nós todos, o mais alto dever? — Aventurou Tadeu novamente.

— Amar a todos, a todos servindo sem distinção.

— Oh! isso é quase impossível, — gemeu o aprendiz.

— A maldade é atributo de todos, — clamou Tiago; — faço o bem quanto posso, mas apenas recolho espinhos de ingratidão.

— Vejo homens bons sofrendo calúnias por toda parte, — acentuou outro discípulo.

— Tenho encontrado mãos criminosas toda vez que estendo as mãos para auxiliar, — disse outro.

E as mágoas desfilaram diante do Mestre silencioso.

João, contudo, voltou a interrogá-lo:

— Senhor, que é mais difícil? Qual a aquisição mais difícil?

Jesus sorriu e declarou:

— A resposta está aqui mesmo em vossas lamentações. O mais difícil é ajudar em silêncio, amar sem crítica, dar sem pedir, entender sem reclamar… A aquisição mais difícil para nós todos chama-se paciência.

 

Hilário Silva /  Waldo Vieira – Livro: A Vida Escreve



sábado, 14 de outubro de 2023

O Mestre e o apóstolo

 


O Evangelho segundo o Espiritismo — Cap. I — Item 7.

 

Luminosa, a coerência entre o Cristo e o Apóstolo que lhe restaurou a palavra.

 

Jesus, o Mestre.

Kardec, o Professor.

 

Jesus refere-se a Deus, junto da fé sem obras.

Kardec fala de Deus, rente às obras sem fé.

 

Jesus é combatido, desde a primeira hora do Evangelho, pelos que se acomodam na sombra.

Kardec é impugnado desde o primeiro dia do Espiritismo, pelos que fogem da luz.

 

Jesus caminha sem convenções.

Kardec age sem preconceitos.

 

Jesus exige coragem de atitudes.

Kardec reclama independência mental.

 

Jesus convida ao amor.

Kardec impele à caridade.

 

Jesus consola a multidão.

Kardec esclarece o povo.

 

Jesus acorda o sentimento.

Kardec desperta a razão.

 

Jesus constrói.

Kardec consolida.

 

Jesus revela.

Kardec descortina.

 

Jesus propõe.

Kardec expõe.

 

Jesus lança as bases do Cristianismo, entre fenômenos mediúnicos.

Kardec recebe os princípios da Doutrina Espírita, através da mediunidade.

 

Jesus afirma que é preciso nascer de novo.

Kardec explica a reencarnação.

 

Jesus reporta-se a outras moradas.

Kardec menciona outros mundos.

 

Jesus espera que a verdade emancipe os homens; ensina que a justiça atribui a cada um pela próprias obras e anuncia que o Criador será adorado, na Terra, em espírito.

Kardec esculpe na consciência as leis do Universo.

 

Em suma, diante do acesso aos mais altos valores da vida, Jesus e Kardec estão perfeitamente conjugados pela Sabedoria Divina.

 

Jesus, a porta.

Kardec, a chave.


Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Opinião espírita



quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Não fujas

 


Quando as sombras da provação se te adensem, ao redor dos passos, permanece firme na confiança em Deus e em ti mesmo, seguindo adiante nas tarefas que abraçaste, na seara do bem. Não existem tribulações infindáveis.

Sobretudo, não te omitas. Aceita os encargos que as circunstâncias te impõem, buscando cumpri-los com o melhor ao teu alcance.

Não te aflijam dificuldades. Anota as bênçãos de que dispões.

Conserva-te fiel às próprias obrigações, na certeza de que a Divina Providência te oferecerá os recursos precisos para que qualquer desequilíbrio desapareça.

Desapega-te de toda ideia do mal.

Abençoa a quantos não raciocinem por teus princípios. Muitas vezes, os adversários de hoje, se soubermos respeitá-los com sinceridade, estarão possivelmente amanhã na fileira de nossos melhores benfeitores.

Não te lamentes. O aguaceiro que te incomoda é apoio da natureza para que não te falte o pão indispensável à vida.

Não exijas dos outros qualidades que ainda não possuem. A árvore nascente aguarda-te a bondade e a tolerância para que te possa ofertar os próprios frutos em tempo certo.

Por mais ásperos se te mostrem os obstáculos da estrada, segue adiante. Se alguém te feriu, desculpa e prossegue à frente.

Não procures na morte provocada o esquecimento que a morte não te pode dar.

Não fujas dos problemas com que a vida te instrui. A vida, como a fizeres, estará contigo em qualquer parte.

Lembra-te sempre: cada dia nasce de novo amanhecer.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Atenção



quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Se te encontras angustiado

 


Se te sentes tentado ao suicídio, ora a Deus e busca a presença de um amigo com quem possas conversar.

Quase todos os homens experimentam semelhante estado emocional, notadamente quando o sofrimento, em suas múltiplas nuanças, lhes subtrai a alegria de viver.

Se a tempestade das provações desaba sobre a tua vida, não desesperes.

Breve, o Sol voltará a brilhar no horizonte de tuas esperanças.

Suporta corajosamente a dor que te acicata a alma, recordando que Deus, nosso Pai de Infinita Misericórdia, a ninguém desampara.

Se te encontras angustiado, pensa naqueles que estão lutando em silêncio por um mundo melhor e junta-te a eles, consagrando os teus dias a uma causa nobre.

Não acredites que nada possas realizar na seara do bem.

Cede as tuas mãos ao Senhor e Ele, por ti, fará maravilhas.

Esquece a ideia da morte e vive para os que te amam.

O sacrifício pessoal é uma estrada de beleza indefinível…

Amanhã, quando alcançares a Grande Renovação, agradecerás a cruz que te possibilitou compreender e abençoar a vida.

 

Irmão José / Carlos A. Baccelli — Livro: Tende bom ânimo


sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Rendição

Tudo fizera para pagar os quinhentos mil cruzeiros…

Desesperava-se.

Tudo debalde…

O desejo de autoeliminação escaldava-lhe o crânio.

Sentia a necessidade de orar… Mas, como?

Abnegado amigo dispôs-se a conduzi-lo a determinado templo espírita, a fim de que pudesse recolher algum esclarecimento e consolo.

Apreensivo, recebeu a palavra de generoso Mentor, que lhe dizia, em página breve:

— “Irmão Avelino. Deus esteja conosco. Não desespere. Simples quarto de hora está revestido de imenso valor e, por vezes, modifica inteiramente o destino. Volte ao lar e ouça Jesus no Evangelho. Somente o Evangelho guarda bastante luz para a solução de nossos problemas.”

Terminada a reunião, afastou-se Avelino, sem dar-se por satisfeito.

Estava desapontado e desgostoso. Fugiria do mundo. Ninguém lhe evitaria semelhante propósito.

Ao retornar a casa, inquieto em suas cogitações, reparou que os faróis do ônibus incidiram sobre a frente de um transportador de carga, a movimentar-se em sentido contrário, e pôde ler, nitidamente, no para-choque:

— “Deus viaja conosco.”

Sorriu, irônico.

“Todo motorista é engraçado” — pensou.

Chegando em casa, entrega-lhe a esposa afetuosa carta de um companheiro.

Retira-lhe o conteúdo.

Começa a leitura e esbarra com a saudação:

— “Deus esteja conosco, hoje e sempre.”

Deixou a missiva, contrafeito, e falou de si para consigo:

— “Sempre a filosofia religiosa!…”

Ainda assim, enfadado de tudo, notou que a esposa andara lendo o Evangelho, porque um exemplar do Novo Testamento descansava na mesa, a pequena distância.

Mais curioso que interessado, abriu o livro, e seus olhos caíram sobre o versículo onze do capítulo treze, na segunda carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios: “Quanto ao mais, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco.” 

Abandonou o livro, desalentado.

Esparramou-se em velha poltrona e ouviu conhecido locutor encerrando o programa naquelas primeiras horas da madrugada:

— “Deus esteja conosco.”

Desligou o aparelho, sem dizer palavra.

Beijou a esposa, então recolhida, com o enternecimento de quem se despede pela última vez.

Tornou à copa.

Estava decidido. Terminaria tudo.

O gargalo de uma garrafa verte a cerveja sobre alta dose de violento corrosivo.

Antes, porém, do gesto infeliz, pensa um pouco.

Fita, angustiado, a cena familiar que o rodeia… No cimo de grande armário vê, rasgado, o verde papagaio de papel que lhe recorda o filhinho.

Guardando a taça entre as mãos, dirige-se ao quarto próximo e inclina-se, quase em pranto, para Ricardo, o garoto que dorme.

O leito, pressionado, estala de leve e o menino acorda, atarantado.

À frente da inesperada visita, atira-se nos braços paternos, fazendo ir ao chão o copo que se estilhaça no piso, ao mesmo tempo que exclama, expansivo:

— Papai! Papai! Hoje na aula escrevi sem errar o primeiro ditado da professora: “Confiemos em Deus!”

Avelino, agora chorando e rindo, abraçou o petiz.

Deus vencera!

Deus, que o cercava por toda parte, ajudá-lo-ia a pagar os quinhentos mil cruzeiros.

— Obrigado, meu filho! — Clamou, feliz, levando o lenço aos olhos.

A seguir, descerrando larga janela, contemplou o céu rutilante de estrelas…

E, tomado de júbilo inconsciente, gritou, espontâneo:

— Obrigado, meu Deus!

Delirando de alegria, apertou o filhinho com mais ternura e, aliviado enfim, respirou, a longos haustos, como se tivesse encontrado a felicidade pela primeira vez…

 

Hilário Silva / Waldo Vieira – Livro: A Vida Escreve