sábado, 6 de julho de 2019

Sarau 2019 - CEJG


Homenagem ao 17º aniversário do falecimento de Chico Xavier - 03/07/2019...

"Entre a Terra e o Céu" - Andrezinho e as existências do espírito

Aniversário CEJG


A prece

    Tempestade de paixões humanas, que abafais os bons sentimentos de que todos os Espíritos encarnados trazem uma vaga intuição no fundo da consciência, quem acalmará a vossa fúria? É a prece que deve proteger os homens contra o fluxo desse oceano, cujo seio encerra os monstros horrendos do orgulho, da inveja, do ódio, da hipocrisia, da mentira, da impureza, do materialismo e das blasfêmias. O dique que lhe opondes pela prece é construído com a pedra e o cimento mais duros e, impotentes para o transpor, esses monstros se esgotam em vãos esforços contra ele e mergulham, sangrentos e aflitos, nas profundezas abissais. Ó prece do coração, invocação incessante da criatura ao Criador, se conhecessem tua força, quantos corações arrastados pela fraqueza teriam recorrido a ti no momento da queda! Tu és o precioso antídoto que cura as chagas, quase sempre mortais, que a matéria abre no Espírito, fazendo correr em suas veias o veneno das sensações brutais. Mas como é restrito o número dos que oram bem! Acreditais que depois de haver consagrado grande parte do vosso tempo a recitar fórmulas que aprendestes, ou a lê-las em vossos livros, tereis merecido bastante de Deus? Desiludi-vos; a boa prece é a que parte do coração; não é prolixa; apenas, de vez em quando, deixa escapar seu grito a Deus em aspirações, em angústias e em rogativas de perdão, como a implorar que venha em nosso socorro e os Espíritos bons a levem aos pés do Pai justo, pois esse incenso é para Ele de agradável odor. Então Ele os envia em grupos numerosos para fortalecer os que oram bem contra o Espírito do mal; assim, tornam-se fortes como rochedos inabaláveis. Veem quebrar-se contra eles as vagas das paixões humanas e, como se comprazem nessa luta que os deve cumular de méritos, constroem, como a alcíone, seus ninhos em meio às tempestades.

Fénelon – Revista Espírita-julho/1861

Somos de Deus

“Nós somos de Deus.” João (I João, 4:6)

Não nos é fácil desvencilharmos dos laços que nos imantam aos círculos menos elevados da vida aos quais ainda pertencemos.
Apesar de nossa origem divina, mil obstáculos nos prendem à ideia de separação da Paternidade Celeste.
Cega-nos o orgulho para a universalidade da vida.
O egoísmo encarcera-nos o coração.
A vaidade ergue-nos falso trono de favoritismo indébito, buscando afastar-nos da realidade.
A ambição inferior precipita-nos em abismos de fantasia destruidora.
A revolta forma tempestades de ódio sobre as nossas cabeças.
A ansiedade fere-nos o ser.
E julgamos, nesses velhos conflitos do sentimento, que pertencemos ao corpo físico, ao preconceito multissecular e à convenção humana, quando todo o patrimônio material que nos circunda representa empréstimo de forças e possibilidades para descobrirmos nós mesmos, enriquecendo o próprio valor.
Na maioria das vezes, demoramo-nos no sombrio cárcere da separação, distraídos, enganados, cegos...
Contudo, a vida continua, segura e forte, semeando luz e oportunidade para que não nos faltem os frutos da experiência.
Pouco a pouco, o trabalho e a dor, a enfermidade e a morte, compelem-nos a reconsiderar os caminhos percorridos, impelindo-nos a mente para zonas mais altas. Não desprezes, pois, esses admiráveis companheiros da jornada humana, porquanto, quase sempre, em companhia deles, é que chegamos a compreender que somos de Deus.

Livro Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier – Lição 84

Espiritismo e Evangelho


No desdobramento das atividades espiritistas, observamos os temperamentos combativos que, a pretexto de combaterem antigos dogmas, outra coisa não efetuam senão divulgar novas expressões dogmáticas de suas convicções apaixonadas.
É indispensável que a mente dos estudiosos esteja em guarda sobre si mesma, neste momento difícil do mundo, em que o barco dos princípios não pode dispensar a bússola da verdadeira segurança.
Excedem-se as discussões, enquanto a edificação real aguarda os testemunhos edificantes e sinceros.
Então, entre todas essas teses que provocam o atrito das opiniões, uma se encontra de interesse palpitante para a compreensão definitiva do assunto.
Referimo-nos à de Espiritismo e Evangelho, para concluir que os novos trabalhadores da Verdade muito se movimentam nesse setor, quando deveriam observar o mais elevado ideal da união em tal sentido.
Do conceito de Espiritismo abusam todos os temperamentos apaixonados; do conceito de Evangelho todos os espíritos cristalizados ou arbitrários, à paixão sem rumo e à arbitrariedade orgulhosa produzem os dogmas modernos que se combatem, mutuamente, oferecendo aos corações sinceros o espetáculo doloroso de uma luta pela esterilidade.
De nossa parte consideramos, como está escrito, há vinte séculos, que não é o discípulo maior que o seu mestre para reconhecermos que todas as plataformas espiritistas, desde os primórdios da arregimentação doutrinária, não podem prescindir da substância evangélica, nas suas mais insignificantes afirmativas.
É necessário compreender-se que a Codificação inteira, para erguer-se no mundo, socorreu-se dos espíritos evangelizados, na sua esfera de ação fora da Terra.
Ela constitui a estrutura humana do edifício doutrinário, mas todo o material da construção é do Cristo.
Poder-se-á objetar que o Espiritismo para triunfar precisa manter-se numa linha exclusiva de movimento científico ou filosófico, entre as forças morais que governam o mundo. Mas a hora presente é um desmentido ao conceito de superioridade absoluta da Ciência e da Filosofia.
A atualidade está repleta de exemplos que desnorteiam os espíritos mais avisados.
Há cientistas que só encontram motivo para detestarem o bem da vida e filósofos que, no emaranhado dos raciocínios, acabam sem saber se eles próprios são personalidades reais.
Os primeiros são doentes que não acreditam na saúde, os segundos são enfermos inquietos que, à força de experimentarem os medicamentos mais contraditórios, acabam intoxicados em suas energias vitais.
É por essa razão que o Cristo será sempre o Mestre, porque n’Ele repousa o fundamento da elevação da vida.
De Sua exemplificação e Seus ensinos decorrem todos os motivos substanciais da grande edificação, que os discípulos novos vêm efetuando, na atualidade, junto às forças do mundo.
Claro está que, no desenvolvimento das realizações doutrinárias, todas as experiências nobres devem ser cultivadas, salientando-se a Codificação Kardequiana, aberta no Planeta como um elevado caminho para o luminoso horizonte da Verdade Infinita.
Mas a nossa palavra nestas singelas apreciações possuem um outro objetivo.
Não podemos discutir os triunfos mundanos da Doutrina, porque também as religiões literatistas tiveram numerosos triunfos em todos os tempos, mas afirmamos que, para que o Espiritismo esclareça, não pode em circunstância alguma dispensar a sua característica Divina de Consolador prometido por Jesus à humanidade, porque somente com o Evangelho poder-se-á edificar sobre a rocha dos sentimentos puros e profundos.
É por esse motivo que o discípulo novo precisa perguntar, em cada dia, não se está mais sério, mas se está efetivamente melhor. 
    Aprende a sorrir para a dificuldade, envolvendo aqueles que a provocam em tua mensagem de simpatia.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Mentores e Seareiros