quarta-feira, 18 de março de 2020

Informe da AME-Brasil sobre o Coronavírus

CORONAVÍRUS
INFORME ASSOCIAÇÃO MÉDICO-ESPÍRITA DO BRASIL (AME- BRASIL)
13 de março de 2020

A evolução da pandemia de Coronavírus (COVID-19), com ocorrência em vários países e se disseminando rapidamente, torna essencial a participação de toda a nossa sociedade nas medidas necessárias para sua prevenção e controle.
Apesar de se tratar de um novo vírus, o conhecimento acumulado até o momento, a partir dos milhares de casos em outras regiões, tem permitido que nosso país desenvolva planos de ação procurando reduzir os danos desta pandemia, já considerada uma emergência de saúde pública. Mas será necessária a mobilização e participação de todos.
Alguns esclarecimentos devem ser apontados: oitenta por cento dos casos de infecção por Coronavírus são leves e os sintomas lembram um resfriado comum. Casos graves acontecem principalmente em pessoas com mais de 60 anos de idade e/ou com doenças crônicas, como doenças cardíacas, pulmonares, renais e em pessoas com imunidade reduzida por doença ou medicação.
Individualmente, a infecção pelo Coronavírus não difere muito das infecções respiratórias já existentes na população. Por isso, não há motivo para pânico ou medidas desesperadas. A grande preocupação em relação a esta pandemia é que o número de casos pode aumentar de maneira abrupta, em escala geométrica, o que acarretaria em um grande número de doentes, alguns com doença grave, de modo simultâneo. Este fato sobrecarregaria os serviços de saúde, sejam eles públicos ou privados, com risco de faltar assistência adequada para toda a população. Esta é a razão pela qual as medidas de contenção são essenciais, para tornar mais lenta a instalação desta pandemia e permitir que os serviços de saúde se organizem para oferecer atendimento adequado.
A comunidade espírita e a comunidade ligada à Associação Médico-Espírita do Brasil têm um compromisso com a saúde espiritual e física e com ações de fraternidade e solidariedade.
       
Com essas preocupações, e avaliando a situação atual, a AME-Brasil recomenda as seguintes medidas:
       
1. Seguir as recomendações dos órgãos oficiais, Ministério da Saúde do Brasil e Organização Mundial da Saúde, quanto aos comportamentos adequados tais como “etiqueta respiratória” (tossir ou espirrar no próprio braço ou dento da camisa), higienização frequente das mãos com álcool gel a 70% ou com água e sabão e evitar contato das mãos com as mucosas da boca, nariz e olhos. Pessoas com sintomas respiratórios devem procurar o atendimento médico o mais breve possível e colaborar com o isolamento domiciliar até ordem médica.
2. Devido à grande dimensão territorial do Brasil e a pluralidade de cenários, as medidas de contenção podem variar conforme a localidade. Assim, é importante estar atento às recomendações dos estados e municípios, que podem mudar durante o período de pandemia.
3. A princípio, a maior gravidade da doença está na população com idade superior a 60 anos com ou sem comorbidades crônicas. Por este motivo recomendamos que estas pessoas evitem o contato social, especialmente em reuniões com maior número de pessoas, como palestras públicas, atendimento ao público, grandes grupos de estudo ou grandes grupos mediúnicos.
4. Trabalhos de atendimento espiritual abertos ao público podem ser realizados por atendimento à distância (por exemplo, passe a distância), através do trabalho de irradiações, com a formação de correntes de vibração, através da prece, em favor de toda a comunidade mundial, brasileira.
5. Reuniões com grande número de pessoas devem ser evitadas. Para as casas espíritas com recursos disponíveis as atividades virtuais são preferíveis durante o período da pandemia.
6. Suspender eventos com grande número de pessoas até que essa medida seja reavaliada de acordo com a evolução da situação epidemiológica.
7. Pessoas com sintomas respiratórios não devem participar de atividades neste período de pandemia.
8. Manter reuniões de trabalho que envolva pequeno número de pessoas, tomando-se os cuidados preconizados pela área de saúde pública. Delas não deverão participar trabalhadores com sintomas respiratórios, assim como se deverá evitar contato físico como aperto de mãos, abraços e beijos. Essas medidas podem parecer, para alguns, excessivas no momento, mas é importante estimulá-las porque se trata de mudança de comportamento (o que é sempre difícil) e poderão se tornar fundamentais em seguida, com a evolução da epidemia.
9. O fornecimento de álcool gel em locais chaves da casa espírita, como na entrada, na biblioteca e nos banheiros pode auxiliar sobremaneira na contenção do vírus.
10. Contribuir com as ações propostas pelas autoridades sanitárias, especialmente através da divulgação de informações confiáveis e desenvolvendo um trabalho de educação em saúde junto às comunidades atendidas e/ou ligadas à AME-Brasil.
Essas medidas serão reavaliadas sistematicamente, de acordo com a evolução da situação da doença. Nosso país é grande e diverso e, até o momento, a distribuição dos casos confirmados é heterogênea nos diversos estados. São Paulo e Rio de Janeiro possuem o maior número de casos confirmados e acredita-se que nesse momento possam estar na iminência ou em fase inicial de contágio comunitário. As capitais desses dois estados são cidades muito populosas e apresentam um fluxo muito grande de pessoas em viagens de entrada e saída. Uma vez estabelecida a transmissão comunitária, quando não se identifica mais a fonte de aquisição do vírus, outras medidas poderão ser necessárias.
Mais informações sobre Coronavírus (COVID-19) e sobre as medidas de prevenção propostas à sociedade podem ser encontradas no site do Ministério da Saúde do Brasil: https://saude.gov.br
Também está disponível APP para sistemas operacionais iOS e Android, desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, que podem ser baixados gratuitamente, e permite o acompanhamento da situação e das orientações em tempo real.
Devemos lembrar que os problemas que nos surgem são oportunidades para aprendizado, oferecidos por Deus, para nosso próprio crescimento, seja ele individual ou coletivo. Como afirma Emmanuel na obra Ceifas de Luz: “Não há sofrimento sem significação”. Semelhante aos dramas individuais, devemos manter a fé e a serenidade para permitirmos a inspiração do Mundo Maior para nos auxiliar no enfrentamento desta pandemia.
       Como prevenir o contágio?
       • Lave as mãos com água e sabão ou use álcool gel a 70%.
       • Cubra o nariz e a boca ao espirrar ou tossir.
       • Evite aglomerações se estiver doente.
       • Mantenha os ambientes bem ventilados.
       • Não compartilhe objetos pessoais.


PERANTE A ENFERMIDADE

Sustentar inalteráveis a fé e a confiança, sem temor, queixa ou revolta, sempre que enfermidades conhecidas ou inesperadas lhe visitem o corpo ou lhe assediem o lar.
Cada prova tem uma razão de ser.
Com o necessário discernimento, abster-se do uso exagerado de medicamentos capazes de intoxicar a vida orgânica.
Para o serviço da cura, todo medicamento exige dosagem.
Desfazer ideias de temor ante as moléstias contagiosas ou mutilantes, usando a disciplina mental e os recursos da prece.
A força poderosa do pensamento tanto elabora quanto extingue muitos distúrbios orgânicos e psíquicos.
Sabendo que todo sofrimento orgânico é uma prova espiritual, dentro das leis cármicas, jamais recear a dor, mas aceitá-la e compreendê-la com desassombro e conformação.
A intensidade do sofrimento varia segundo a confiança na Lei Divina.
Aceitar o auxílio dos missionários e obreiros da medicina terrena, não exigindo proteção e responsabilidade exclusivas dos médicos desencarnados.
A Eterna Sabedoria tudo dispõe em nosso proveito.
Afirmar-se mentalmente em segurança, acima das enfermidades insidiosas que lhe possam assaltar o organismo, repelindo os pensamentos e as palavras de desespero ou cansaço, na fortaleza de sua fé.
A doença pertinaz leva à purificação mais profunda.
Aproveitar a moléstia como período de lições, sobretudo como tempo de aplicação dos valores alusivos à convicção religiosa. A enfermidade pode ser considerada por termômetro da fé.
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” — Jesus. (MATEUS, 11:28).

      Espírito André Luiz – psicografia de Chico Xavier (Conduta Espírita – cap. 35).

Diretoria da AME-Brasil
Dr. Gilson Luís Roberto – Médico homeopata e presidente da AME-Brasil.
Dr. Vicente Pessoa Jr – Médico infectologista e vice-presidente da AME Goiânia (GO).
Dr. Ricardo de Souza Cavalcante – Médico infectologista do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP e presidente da AME Botucatu (SP).

Fonte: febnet.org.br


Perante os fatos momentosos

Em tempo algum empolgar-se por emoções desordenadas ante ocorrências que apaixonem a opinião pública, como, por exemplo, delitos, catástrofes, epidemias, fenômenos geológicos e outros quaisquer.
Acalmar-se é acalmar os outros.
Nas conversações e nos comentários acerca de notícias terrificantes, abster-se de sensacionalismo.
A caridade emudece o verbo em desvario.
Guardar atitude ponderada, à face de acontecimentos considerados escandalosos, justapondo a influência do bem ao assédio do mal.
A palavra cruel aumenta a força do crime.
Resguardar-se no abrigo da prece em todos os transes aflitivos da existência.
As provações gravitam na esfera da Justiça Divina.
Aceitar nas maiores como nas menores decepções da vida humana, por mais estranhas ou desconcertantes que sejam, a manifestação dos Desígnios Superiores atuando em favor do aprimoramento espiritual.
Deus não erra.
Ainda mesmo com sacrifício, entre acidentes inesperados que lhe firam as esperanças, jamais desistir da construção do bem que lhe cumpre realizar.
Cada Espírito possui conta própria na Justiça Perfeita.
“Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com todos.” — Paulo. (I Tessalonicenses, 5:15.)
(Do livro Conduta Espírita, ditado pelo Espírito André Luiz. FEB Editora).

Conduta Espírita - Atitudes Cristãs




A Campanha "Conduta Espírita - Atitudes Cristãs", faz uma pausa em seu cronograma para apoio sobre o momento atual, em que todo o orbe se une na prevenção e no combate ao COVID-19 (coronavírus).

A UEM e o COFEMG se empenham para promover uma reflexão perante essa dificuldade atual, física e espiritual. 

A prece e o Evangelho no Lar

Aconteceu no dia 15/03/2020 às 19h no Centro Espírita Joseph Gleber uma exposição sobre a importância do culto no lar, trazendo reflexões sobre a eficácia da prece e tendo como facilitadoras as companheiras Maciléa e Myrian, do Departamento de Estudos da Casa.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Coral Ame


A importância do culto do Evangelho no lar


Campanha FEB em defesa dos livros espíritas


A Federação Espírita Brasileira lança a Campanha "Em Defesa dos Livros Espíritas - Diga não à pirataria" com o intuito de garantir a integridade das obras espíritas e a favor do conteúdo de qualidade. Participe você também deste movimento e auxilie preservando o patrimônio literário do Espiritismo.         Acesse: https://febnet.org.br/portal/direitosautorais/ para obter mais informações sobre como aderir a esta Campanha em defesa dos livros espíritas.

Enfermidade

Ninguém poderá dizer que toda enfermidade, a rigor, esteja vinculada aos processos de elaboração da vida mental, mas todos podemos garantir que os processos de elaboração da vida mental guardam positiva influenciação sobre todas as doenças.
Há moléstias que têm, sem dúvida, função preponderante nos serviços de purificação do Espírito, surgindo com a criatura no berço ou seguindo-a, por anos a fio, na direção do túmulo.
As inibições congeniais, as mutilações imprevistas e as enfermidades dificilmente curáveis catalogam-se, indiscutivelmente, na tabela das provações necessárias, como certos medicamentos imprescindíveis figuram na ficha de socorro ao doente; contudo, os sintomas patológicos na experiência comum, em maioria esmagadora, decorrem dos reflexos infelizes da mente sobre o veículo de nossas manifestações, operando desajustes nos implementos que o compõem.
Toda emoção violenta sobre o corpo é semelhante a martelada forte sobre a engrenagem de máquina sensível, e toda aflição amimalhada é como ferrugem destruidora, prejudicando-lhe o funcionamento.
Sabe hoje a medicina que toda tensão mental acarreta distúrbios de importância no corpo físico.
Estabelecido o conflito espiritual, quase sempre as glândulas salivares paralisam as suas secreções, e o estômago, entrando em espasmo, nega-se à produção de ácido clorídrico, provocando perturbações digestivas a se expressarem na chamada colite mucosa.
Atingido esse fenômeno primário que, muita vez, abre a porta a temíveis calamidades orgânicas, os desajustamentos gastrintestinais repetidos acabam arruinando os processos da nutrição que interessam o estímulo nervoso, determinando variados sintomas, desde a mais leve irritação da membrana gástrica até a loucura de abordagem complexa.
O pensamento sombrio adoece o corpo são e agrava os males do corpo enfermo.
Se não é aconselhável envenenar o aparelho fisiológico pela ingestão de substâncias que o aprisionem ao vício, é imperioso evitar os desregramentos da alma que lhe impõem desequilíbrios aviltantes, quais sejam aqueles hauridos nas decepções e nos dissabores que adotamos por flagelo constante do campo íntimo.
Cultivar melindres e desgostos, irritação e mágoa é o mesmo que semear espinheiros magnéticos e adubá-los no solo emotivo de nossa existência, é intoxicar, por conta própria, a tessitura da vestimenta corpórea, estragando os centros de nossa vida profunda e arrasando, consequentemente, sangue e nervos, glândulas e vísceras do corpo que a Divina Providência nos concede entre os homens, com vistas ao desenvolvimento de nossas faculdades para a Vida Eterna.
Guardemos, assim, compreensão e paciência, bondade infatigável e tolerância construtiva em todos os passos da senda, porque somente ao preço de nossa incessante renovação mental para o bem, com o apoio do estudo nobre e do serviço constante, é que superaremos o domínio da enfermidade, aproveitando os dons do Senhor e evitando os reflexos letais que se fazem acompanhar do suicídio indireto.

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Pensamento e Vida

Herdeiros


“E se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e coerdeiros do Cristo.” Paulo (Romanos, 8:17)

Incompreensivelmente, muitas escolas religiosas, através de seus expositores, relegam o homem à esfera de miserabilidade absoluta.
Púlpitos, tribunas, praças, livros e jornais estão repletos de tremendas acusações.
Os filhos da Terra são categorizados à conta de réus da pena última.
Ninguém contesta que o homem, na condição de aluno em crescimento na Sabedoria Universal, tem errado em todos os tempos; ninguém ignora que o crime ainda obceca, muitas vezes, o pensamento das criaturas terrestres; entretanto, é indispensável restabelecer a verdade essencial. Se muitas almas permanecem caídas, Deus lhes renova, diariamente, a oportunidade de reerguimento.
Além disso, o Evangelho é o roteiro do otimismo divino.
Paulo, em sua epístola aos romanos, confere aos homens, com justiça, o título de herdeiros do Pai e coerdeiros de Jesus.
Por que razão se dilataria a paciência do Céu para conosco, se nós, os trabalhadores encarnados e desencarnados da Terra, não passássemos de seres desventurados e inúteis? Seria justa a renovação do ensejo de aprimoramento a criaturas irremediavelmente malditas?
É necessário fortalecer a fé sublime que elevamos ao Alto, sem nos esquecermos de que o Alto deposita santificada fé em nós.
Que a Humanidade não menospreze a esperança.
Não somos fantasmas de penas eternas e sim herdeiros da Glória Celestial, não obstante nossas antigas imperfeições. O imperativo de felicidade, porém, exige que nos eduquemos, convenientemente, habilitando-nos à posse imorredoura da herança divina.
Olvidemos o desperdício da energia, os caprichos da infância espiritual e cresçamos, para ser, com o Pai, os tutores de nós mesmos.

Livro Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier – Lição 120

Epidemia da Ilha Maurício


Há alguns meses um dos nossos médiuns, o Sr. T., que frequentemente cai em sonambulismo espontâneo, sob a magnetização dos Espíritos, nos disse que naquele momento a ilha Maurício estava sendo devastada por uma terrível epidemia, que dizimava a população. Esta previsão realizou-se, até com circunstâncias agravantes. Acabamos de receber de um dos nossos correspondentes da ilha Maurício uma carta, datada de 8 de maio, da qual extraímos as passagens seguintes.
“Vários Espíritos nos anunciaram, uns claramente, outros em termos proféticos, um flagelo destruidor prestes a nos fulminar. Tomamos estas revelações do ponto de vista moral, e não do ponto de vista físico. De repente uma moléstia estranha irrompe nesta pobre ilha; uma febre sem nome, que reveste todas as formas, começa suavemente, hipocritamente, depois aumenta e derruba a todos os que pode atingir. É agora uma verdadeira peste; os médicos não a entendem; até agora, nenhum dos que foram atingidos se curaram. São terríveis acessos que vos prostram e vos torturam durante doze horas no mínimo, atacando, cada um por sua vez, cada órgão importante; depois o mal cessa durante um ou dois dias, deixando o doente acabrunhado até o próximo acesso, e assim se vai, mais ou menos rapidamente, para o termo fatal.
“Para mim, vejo em tudo isto um desses flagelos anunciados, que devem retirar do mundo uma parte da geração presente, e destinados a operar uma renovação tornada necessária.
(...)
 “Eu mesmo fui atingido pela epidemia e estou na quarta recaída. Arruíno-me com o quinino. Isto prolonga a minha existência, mas, como receio, se as recaídas continuarem, caro senhor, palavra de honra! É muito provável que em pouco tempo terei o prazer de assistir como Espírito às vossas sessões parisienses e nelas tomar parte, se Deus o permitir. Uma vez no mundo dos Espíritos, estarei mais perto de vós e da Sociedade do que estou na ilha Maurício. Num pensamento transporto-me às vossas sessões, sem fadiga e sem temer o mau tempo. Aliás, não tenho o menor receio, eu vo-lo juro; sou muito sinceramente espírita para isto”.
“Enquanto espero, caro senhor, tende a bondade de pedir aos meus irmãos da Sociedade Espírita que unam as suas às nossas preces pelas infelizes vítimas da epidemia, pobres Espíritos muito materiais, na maioria, e cujo desprendimento dever ser penoso e longo. Oremos também por aqueles, muito mais infelizes que, ao flagelo da moléstia, juntam o da desumanidade”.
(...)
É preciso ser espírita de verdade para encarar a morte com este sangue frio e essa indiferença, quando ela estende seus malefícios em redor de nós e quando se sentem os seus ataques. É que, em semelhante caso, a fé séria no futuro, tal qual só o Espiritismo pode dar, proporciona uma força moral que, ela mesma, é um poderoso preservativo, como foi dito a propósito da cólera. (Revista de novembro de 1865). Isto não quer dizer que nas epidemias os espíritas sejam necessariamente poupados, mas, em tais casos eles têm sido, até agora, os menos atingidos. Escusado dizer que se trata de espíritas de coração, e não dos que só o são em aparência.
Os flagelos destruidores, que devem causar danos à Humanidade, não sobre um ponto do globo, mas em toda parte, são em toda parte pressentidos pelos Espíritos.
A seguinte comunicação, verbal e espontânea, foi dada sobre o assunto, logo após a leitura da carta acima:
(Sociedade de Paris, 21 de junho de 1867 – Médium: Sr. Morin, em sonambulismo espontâneo)
“Avança a hora, a hora marcada no grande e perpétuo relógio do infinito, a hora na qual vai começar a operar-se a transformação de vosso globo, para o fazer gravitar rumo à perfeição. Muitas vezes vos foi dito que os mais terríveis flagelos dizimariam as populações; não é preciso que tudo morra para se regenerar? Mas, o que é isto? A morte não é senão a transformação da matéria; o Espírito não morre, apenas muda de habitação.
Observai e vereis começar a realização de todas essas previsões.
Oh! Como são felizes aqueles que nessas terríveis provações foram tocados pela fé espírita sincera! Permanecem calmos no meio da tormenta, como o marinheiro aguerrido em meio à tempestade.
“Eu, neste momento personalidade espiritual, muitas vezes sou acusado de brutalidade, de dureza e de insensibilidade pelas personalidades terrestres!... É verdade, contemplo com calma todos esses flagelos destruidores, todos esses terríveis sofrimentos físicos. Sim, atravesso sem me comover todas essas planícies devastadas, juncadas de restos humanos! Mas se o posso fazer, é que minha visão espiritual vai além desses sofrimentos e, antecipando-se ao futuro, ela se apoia no bem-estar geral que será a consequência desses males passageiros para a geração futura, para vós mesmos, que fareis parte dessa geração e que, então, recolhereis os frutos que tiverdes semeado.
“Espírito de conjunto, olhando do alto de uma esfera onde habita (muitas vezes ele fala de si na terceira pessoa), seu olhar fica em branco; entretanto, sua alma palpita, seu coração sangra em face de todas as misérias que a Humanidade deve atravessar, mas a visão espiritual repousa do outro lado do horizonte, contemplando o resultado que será a sua consequência certa.
“A grande emigração é útil e aproxima-se a hora em que deve efetuar-se... ela já começa... A quem será fatal ou proveitosa?
Olhai bem, observadores; considerai os atos desses exploradores dos flagelos humanos, e distinguireis, mesmo com os olhos do corpo, os homens predestinados à decadência. Vede-os ávidos de honras, inflexíveis no ganho, presos, como sua vida, a todas as posses terrenas, e sofrendo mil mortes pela perda de uma parcela do que, entretanto, precisarão deixar... Como será terrível para eles a pena de talião, porquanto, no exílio que os espera, lhes recusarão um copo de água para estancar a sede!... Olhai-os e neles reconhecereis, sob as riquezas que acumulam à custa dos infelizes, os futuros humanos decaídos! Considerai seus trabalhos, e vossa consciência vos dirá se esses trabalhos devem ser pagos lá no alto, ou aqui embaixo! Olhai-os bem, homens de boa vontade, e vereis que o joio começa, desde esta Terra, a ser separado do bom grão.
“Minha alma é forte, minha vontade é grande! – Minha alma é forte porque sua força é o resultado de um trabalho coletivo de alma a alma; minha vontade é grande porque tem como ponto de apoio a imensa coluna formada por todos os sentimentos de justiça e de bem, de amor e de caridade. Eis por que sou forte, eis por que sou calmo para olhar; eis por que seu coração, que bate quase a estourar em seu peito, não se comove. Se a decomposição é o instrumento necessário da transformação, assiste ó minha alma, calma e impassível, a essa destruição!”

Revista Espírita – julho / 1867