sexta-feira, 26 de junho de 2020

O testemunho do Evangelho na pandemia


De todas as características do período em que estamos vivendo, da pandemia e sua repercussão em nossa sociedade, a reorganização social em distanciamento de alguns e a convivência forçada e integral com os mais próximos talvez seja a que mais nos desafie a viver os princípios de amor e caridade que apregoa nossa doutrina.

Nesse contexto de privações, não é difícil nos solidarizarmos com aqueles que estão em situação de vulnerabilidade social ou que têm vivido o impacto econômico da pandemia com a perda de suas fontes de recursos materiais. Não é difícil nos comovermos com as inúmeras histórias de familiares que viram seus entes queridos definharem com tal doença e, no desespero, lutarem por uma vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Não é difícil mobilizarmos nossos sentimentos de empatia ao depararmos com a dificuldade dos familiares em não poderem acompanhar seu parente amado nos momentos finais de sua jornada encarnatória.

Na vivência cotidiana, no entanto, em que somos impelidos a conviver integralmente com o próximo mais próximo, somos desafiados a viver, sem escusas, o Evangelho de Jesus. Ou isso ou a experiência da convivência pode escalar-se a níveis intoleráveis.

E se estamos passando pela tão aclamada transição planetária, cabe a nós espíritas – principalmente, por não podermos alegar ignorância – assumir nossa parcela nesse processo e avocar de vez as rédeas de nossa reforma íntima. Abraçarmos os valores que nos identificam como cristãos e materializá-los em nossas ações.

Em tempos de isolamento, somos desafiados a enxergar as oportunidades do testemunho. Mas a verdade é que os pequenos esforços são passos certeiros na caminhada de evolução. É o acolher em escuta amorosa o amigo que sofre. É vigiar para que não nos tornemos consumidores ávidos de números e estatísticas, notícias de dor e sofrimento, de forma que nosso pensamento não se embrenhe na densa onda de vibrações pessimistas. Reagir com caridade às ocorrências caseiras, sem posturas inflamadas, olhando para o companheiro de jornada como olhamos àquela visita querida e tão esperada. É o evangelho no lar em prece e vivência!

Se hoje não somos mais reclamados a percorrer estradas áridas em viagens missionárias para divulgar a palavra do Mestre, podemos fazer repercutir seus valores por meio de nossas ações. Que nossas falas – ao vivo, por telefone ou nas redes sociais – ecoem os ensinamentos do Cristo, sem nos abstermos da responsabilidade de defendermos seus princípios. A defesa do Evangelho já não é feita pelo sacrifício na cova dos leões, mas pela vivência cristã em nosso cotidiano e a exemplo do Mestre Nazareno. É imperioso, assim, que nos posicionemos em favor do bem e não apenas nos abstermos de fazer o mal – como Kardec mesmo já nos alertou.

Que possamos refletir em nossa humilde existência, de acordo com cada ritmo de caminhada, nosso anseio pela Terra regenerada. Arando nosso solo e semeando a palavra de Jesus, vamos abraçando a parte que nos compete no processo de fazer nosso planeta um lugar melhor.

Camila Louise – Fonte: www.febnet.org.br

Pais

“E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.” Paulo (Efésios, 6:4)

Assumir compromissos na paternidade e na maternidade constitui engrandecimento do espírito, sempre que o homem e a mulher lhes compreendam o caráter divino.
Infelizmente, o Planeta ainda apresenta enorme percentagem de criaturas mal avisadas relativamente a esses sublimes atributos.
Grande número de homens e mulheres procura prazeres envenenados nesse particular. Os que se localizam, contudo, na perseguição à fantasia ruinosa, vivem ainda longe das verdadeiras noções de humanidade e devem ser colocados à margem de qualquer apreciação.
Urge reconhecer, aliás, que o Evangelho não fala aos embriões da espiritualidade, mas às inteligências e corações que já se mostram suscetíveis de receber-lhe o concurso.
Os pais do mundo, admitidos às assembleias de Jesus, precisam compreender a complexidade e grandeza do trabalho que lhes assiste. É natural que se interessem pelo mundo, pelos acontecimentos vulgares, todavia, é imprescindível não perder de vista que o lar é o mundo essencial, onde se deve atender aos desígnios divinos, no tocante aos serviços mais importantes que lhes foram conferidos. Os filhos são as obras preciosas que o Senhor lhes confia às mãos, solicitando-lhes cooperação amorosa e eficiente.
Receber encargos desse teor é alcançar nobres títulos de confiança.
Por isso, criar os filhinhos e aperfeiçoá-los não é serviço tão fácil.
A maioria dos pais humanos vivem desviados, através de vários modos, seja nos excessos de ternura ou na demasia de exigência, mas à luz do Evangelho caminharão todos no rumo da era nova, compreendendo que, se para ser pai ou mãe são necessários profundos dotes de amor, à frente dessas qualidades deve brilhar o divino dom do equilíbrio.

Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – cap.135

Reequilíbrio


A palavra tratamento, numa de suas mais justas acepções, significa processo de cura.
E existem tratamentos de vários modos.

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Quando sofremos, por exemplo, os prejuízos da ignorância, buscamos o apoio da escola para que a instrução nos felicite com a luz do discernimento.

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No dia da enfermidade, é forçoso recorrer à ciência médica, que se expressará em teu favor, através de medidas socorristas diversas.

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Na solução de necessidades primárias da vida orgânica, quanto mais alto o gabarito da educação, mais imperioso se torna o concurso especializado. Daí os quadros crescentes de higienistas, odontólogos, enfermeiros e assistentes sociais.

Ocorre o mesmo no reino do espírito, quanto à cura da alma.

Antes da reencarnação, a criatura que se vê defrontada por obrigações de resgate e reajuste, é levada espontaneamente ou não a renascer, junto dos companheiros de antigas faltas, a fim de granjear os recursos indispensáveis à própria quitação diante da Lei.

Por essa razão, verificarás que não é difícil amar a humanidade em seu conjunto, mas nunca fácil harmonizar-se na organização doméstica, onde a vida nos transforma, transitoriamente, em instrutores particularizados uns dos outros. É que o lar ou grupo de serviço, nas teias da consanguinidade ou da vivência, se erigem como sendo escolas de emenda, institutos de reabilitação ou pequenos sanatórios do sentimento – pontos-chave do processo para cada um de nós - portanto, em casa ou no círculo íntimo, encontramos o lugar certo para o encontro exato com os parceiros difíceis de outros tempos, junto dos quais, durante o período da reencarnação, adquiriremos o tratamento espiritual que nos é indispensável à conquista do amor, a única força capaz de assegurar-nos a ascensão para a vida eterna.

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Paz e Renovação

sábado, 20 de junho de 2020

Ante Jesus


Não compareças à frente do Cristo, presumindo-te iniciando na solução dos problemas do mundo. É possível que a tua experiência seja uma rede escura tecida com fragmentos de ilusão.
Não procures o Divino Mestre, julgando-te forte entre os poderosos do dia. É provável que a tua segurança não resista ao mais leve sopro de sofrimento.
Não busques Jesus como quem alcançou autoridade infalível entre os homens. É provável que o teu mandato de orientação às criaturas termine, ainda hoje, por determinação das forças superiores que regem a vida.
Não te aproximes do Evangelho, impondo títulos, mesmo respeitáveis, que a Terra te conferiu à personalidade em trânsito no Plano Físico. Os títulos, por vezes, são meros enganos no jogo educativo das convenções sociais.

- o –

Procuremos o Mestre, na posição de aprendizes.
Conduzamos até Ele a receptividade da criança que, em se consagrando à simplicidade, pode acolher, sem aflição e sem mágoa, a diretriz regeneradora.

- o –

A mente infantil permanece abençoada com o selo da renovação.
Desconhece o mal, não vê inimigos, ignora a culpa, não comunga com a iniquidade e não vê obstáculos para desculpar as ofensas, tantas vezes quantas se fizerem necessárias.
Desfruta a paz, confia com sinceridade, aprende com presteza, sorri para a existência e, sobretudo, caminha com o espírito de surpresa, com que devemos agradecer, cada dia, as bênçãos do Criador da Vida Universal.
Não te encarceres nas conceituações exclusivamente humanas.
A vida é ascensão.
Se procuras o Cristo, na feição do homem apenas raciocina, não abordarás com facilidade as lições do Evangelho, mas se buscares o Senhor, na condição da criatura que ama, tudo entenderás, caminhando feliz, ao encontro do Grande Futuro.

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Tocando o Barco

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Alfaias

“Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas alfaias em casa, não desça a tomá-las.” Jesus (Lucas, 17:31)

A palavra do Mestre não deixa margem a hesitações.
Naturalmente, todo aprendiz vive na organização que lhe é própria. Cada qual permanece em casa, isto é, na criação individual ou no campo de testemunho a que o Senhor o conduziu.
Geralmente, porém, jamais está sozinho.
Reduzido ou extenso, há sempre um séquito de afeições a acompanhá-lo.
Muita vez, contudo, a companheira, o pai e o filho não conseguem mover-se além das zonas inferiores de compreensão, quando o discípulo, pelos nobres esforços despendidos, se equilibra, vitorioso, na parte mais alta do entendimento. Chegados a semelhante situação, muitos trabalhadores aplicados experimentam dificuldades de vulto.
Não sabem separar as alfaias de adorno dos vasos essenciais, as frivolidades dos deveres justos e sofrem dolorosos abalos no coração.
Indispensável se precatem contra esse perigo comum.
Cumpra-se a obrigação sagrada, atenda-se, antes de tudo, ao programa da Vontade Divina, exemplifique-se a fraternidade e a tolerância, acendendo-se a lâmpada do esforço próprio, mas que se não prejudique o serviço divino da ascensão, por receio aos melindres pessoais e às convenções puramente exteriores.
Um lar não vive simplesmente em razão das alfaias que o povoam, transitoriamente, e sim pelos fundamentos espirituais que lhe construíram as bases.
Um homem não será superior porque satisfaça a opiniões passageiras, mas sim porque sabe cumprir, em tudo, os desígnios de Deus.

Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – cap.134

A prece de Cerinto


Quantos venham a ler a mensagem constante deste capítulo, decerto nem de longe experimentarão a surpresa de nosso grupo, em cuja intimidade Cerinto, o amigo espiritual que no-la transmitiu, caminhou, pouco a pouco da sombra para a luz.
A princípio era um Espírito atrabiliário e revoltado, chegando mesmo a orientar vastas falanges de irmãos conturbados e infelizes, ainda enquistados na ignorância.
Discutia acerbamente. Criticava. Blasfemava.
De nossos entendimentos difíceis, manda a caridade que nos detenhamos no silêncio preciso.
Surgiu, porém, o dia em que a influência de nossos Benfeitores Espirituais se revelou plenamente vitoriosa.
Cerinto modificou-se e transferiu-se de plano mental, marchando agora ao nosso lado, sedento de renovação e luz como nós mesmos.
Foi por isso com imensa alegria que lhe registramos a comovente rogativa, por ele pronunciada em nossa reunião da noite de 24 de novembro de 1955.

Senhor de Infinita Bondade.
No santuário da oração, marco renovador do meu caminho, não Te peço por mim, Espírito endividado, para quem reservaste os tribunais de Tua Excelsa Justiça.
A Tua compaixão é como se fora o orvalho da esperança em minha noite moral, e isto basta, ao revel pecador que tenho sido.
Não Te peço, Senhor, pelos que choram.
Clamo por Teu amor e benefício dos que fazem as lágrimas.
Não Te venho pedir pelos que padecem.
Suplico-Te a bênção para todos aqueles que provocam sofrimento.
Não Te lembro os fracos da Terra.
Recordo-Te quantos se julgam poderosos e vencedores.
Não intercedo pelos que soluçam de fome.
Rogo-Te amor para os que lhes furtam o pão.

Senhor Todo-Bondoso!...
Não Te trago os que sangram de angústia.
Relaciono diante de Ti os que golpeiam e ferem.
Não Te peço pelos que sofrem injustiças.
Rogo-Te pelos empreiteiros do crime.
Não Te apresento os desprotegidos da sorte.
Sugiro Teu amparo aos que estendem a aflição e a miséria.
Não Te imploro mercê para as almas traídas.
Exorto-Te o socorro para os que tecem os fios envenenados da ingratidão.

Pai compassivo!...
Estende as mãos sobre os que vagueiam nas trevas...
Anula o pensamento insensato.
Cerra os lábios que induzem à tentação.
Paralisa os braços que apedrejam.
Detém os passos daqueles que distribuem a morte...
Ajuda-nos a todos nós, filhos do erro, porque somente assim, ó Deus piedoso e justo, poderemos edificar o paraíso do bem com todos aqueles que já Te compreendem e obedecem, extinguindo o inferno daqueles que, como nós, se atiram desprevenidos, aos insanos torvelinhos do mal!...

Cerinto / Chico Xavier – Livro: Vozes do grande Além

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Ação e paz



Aflição condensada é semelhante a bomba de estopim curto, pronta a explodir a qualquer contato esfogueante.
Indispensável saber preservar a tranquilidade própria, de modo a sermos úteis na extinção dessa ou daquela dificuldade.
Decerto que para cooperarmos no estabelecimento da paz, não nos seria lícito interpretar a calma por inércia.
Paciência é a compreensão que age sem barulho, em apoio da segurança geral.
Refletindo com acerto, recebe a hora de crise, sem qualquer ideia de violência, porque a violência sempre induz ao estrangulamento da oportunidade de auxiliar.
Diante de qualquer informação desastrosa, busca revestir-te com a serenidade possível para que não te transformes num problema, pesando no problema que a vida te pede resolver.
Não afogues o pensamento nas nuvens do pessimismo, mentalizando ocorrências infelizes que provavelmente jamais aparecerão.
Evita julgar pessoas e situações em sentido negativo para que o arrependimento não te corroa as forças do espírito.
Se te encontras diante de um caso de agressão, não respondas com outra agressão, a fim de que a intemperança mental não te precipite na vala da delinquência.
Pacifica a própria sensibilidade, para que a razão te oriente os impulsos.
Se conservas o hábito de orar, recorre à prece nos instantes difíceis, mas se não possuis essa bênção, medita suficientemente antes de falar ou de agir.
Os impactos emocionais, em qualquer parte, surgem na estrada de todos; guarda, por isso, a fé em Deus e em ti mesmo, de maneira a que não te afastes da paz interior, a fim de que nas horas sombrias da existência possa a tua paz converter-se em abençoada luz.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Urgência