quinta-feira, 9 de julho de 2020

Houve alguma pandemia à época de Allan Kardec? Quais foram as recomendações doutrinárias?


Na Revista Espírita de novembro de 1865, Kardec escreveu um artigo denominado “O Espiritismo e o Cólera”, eis que muitos adversários compararam o Espiritismo a uma peste que tomava conta da humanidade.

Kardec, sempre educado, refuta a tese e aproveita para escrever algo sobre a pandemia da cólera.

Registre-se que no período de 1845 a 1860 houve a terceira onda pandêmica de cólera, que ceifou milhares de vidas no mundo. Segundo alguns historiadores, essa pandemia causou o maior número de mortes no século XIX.

A cólera é uma doença bacteriana intestinal, normalmente causada pela ingestão de alimentos ou água contaminados.

No artigo, Kardec cita a carta de um leitor de Constantinopla, onde teria ocorrido mais de 70 mil mortes, tendo o leitor sugerido que os espíritas de lá, pela crença religiosa, teriam sido preservados do flagelo pandêmico.

De imediato, Kardec discorda da tese do leitor, afirmando que a fé espírita não poderia ser um antídoto contra a cólera, mas faz uma excelente abordagem no sentido de que o conhecimento espírita propicia uma força moral que é capaz de nos preservar de muitas doenças, porquanto essa força moral repercute no corpo físico, inclusive no sistema imunológico.

Há diversos estudos que correlacionam o binômio fé/saúde, que não se limita, é claro, apenas na crença espírita.

Kardec falou do medo da morte, que atinge uma quantidade imensa de pessoas quando se instala uma pandemia. O medo patológico, que vige nesse momento, por si só, já gera um estado emocional desarmonizado, que repercute na saúde física e mental, fazendo com que o indivíduo permaneça num estado de alerta intenso, gerando ansiedade e estresse.

Para o espírita não deve haver esse temor da morte, porque acredita na imortalidade da alma, que segue viva em outras dimensões da vida, o que, segundo Kardec, serve também para sustentar a aludida força moral.

O fato de não se temer a morte não significa que não damos valor para a vida física, tanto que Kardec expressamente fala que devemos seguir as medidas sanitárias, ou seja, o espírita segue as diretrizes e as normas das autoridades públicas, visando prolongar a vida, não por apego, mas por desejo de progredir. Veja que orientação atual para o coronavírus.

Kardec comenta sobre a importância da serenidade, que será vital para nossa saúde emocional e mental. A serenidade deve ser trabalhada, conquistada, de forma que devemos aproveitar o período de isolamento social imposto pelo coronavírus, a fim de buscar a meditação, a viagem interior e o autoconhecimento, ajudando na conquista da serenidade.

A oração será recurso primordial por nos manter conectados com Deus e com as forças superiores mantenedoras da vida.

Kardec também fala que o espírita deve mudar completamente seus hábitos. Vemos que o coronavírus nos impôs mudanças profissionais, familiares e sociais, de tal sorte que o espírita deve ser obediente e resignado, ajustando sua conduta às necessidades atuais, visando a saúde pessoal e coletiva.

No final do artigo, Kardec insere uma mensagem espiritual do Dr. Demeure, que foi médico na sua última encarnação, e este espírito traz recomendações oportunas, aplicáveis ao período de pandemia que vivemos na atualidade.

O espirito do Dr. Demeure acentua a importância da higiene e para se evitar os resfriados. Parece que ele está falando para a humanidade dos dias vigentes.

O referido espírito insiste para se evitar o medo, que é pior do que o próprio mal pandêmico. Que cabe ao espírita manter a calma dada pela fé e não recear a morte.

O médico desencarnado ainda fala para não se ignorar os primeiros sintomas da doença, que recomendarão medidas específicas. É claro que ele está falando da cólera, mas veja como se aplica ao coronavírus.

O espírito enfatiza a necessidade da confiança em si mesmo e em Deus como fatores vitais e propiciatórios de saúde.

Por fim, o Dr. Demeure toca no assunto do temperamento espiritual, que, na realidade, diz respeito à nossa saúde emocional e mental, e a forma que devemos evitar mágoas, ódios, tristezas, angústias, ansiedades etc., investindo na brandura, na amorosidade, na tranquilidade, no perdão, que nos ajudarão a manter a saúde espiritual, ainda que o corpo venha a adoecer.

Que artigo impressionante de 1865 e que tem plena validade para esse período de coronavírus.

Que orientações extraordinárias, morais e materiais, de Kardec e do Dr. Demeure, que devem ser seguidas de forma integral pelos espíritas.

Aproveitemos essas lições valiosas e que possamos seguir confiantes, com Jesus e Kardec.

É necessário, porém, ir a Ele...

Alessandro Viana Vieira de Paula - Escritor e palestrante espírita – Fonte: usesp.org.br

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Vida Conjugal

“Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o seu marido.” Paulo (Efésios, 5:33)

As tragédias da vida conjugal costumam povoar a senda comum.
Explicando o desequilíbrio, invoca-se a incompatibilidade dos temperamentos, os desencantos da vida íntima ou as excessivas aflições domésticas.
O marido disputa companhias novas ou entretenimentos prejudiciais, ao passo que, em muitos casos, abre-se a mente feminina ao império das tentações, entrando em falso rumo.
Semelhante situação, porém, será sempre estranhável nos lares formados sobre as escolas da fé, nos círculos do Cristianismo.
Os cônjuges, com o Cristo, acolhem, acima de tudo, as doces exortações da fraternidade.
É possível que os sonhos, muita vez, se desfaçam ao toque de provas salvadoras, dentro dos ninhos afetivos, construídos na árvore da fantasia. Muitos homens e mulheres exigem, por tempo vasto, flores celestes sobre espinhos terrenos, reclamando dos outros atitudes e diretrizes que eles são, por enquanto, incapazes de adotar, e o matrimônio se lhes converte em instituição detestável.
O cristão, contudo, não pode ignorar a transitoriedade das experiências humanas. Com Jesus, é impossível destruir os divinos fundamentos da amizade real.
Busque-se o lado útil e santo da tarefa e que a esperança seja a lâmpada acesa no caminho...
Tua esposa mantém-se em nível inferior à tua expectativa?
Lembra-te de que ela é mãe de teus filhinhos e serva de tuas necessidades.
Teu esposo é ignorante e cruel? Não olvides que ele é o companheiro que Deus te concedeu...

Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap.137

terça-feira, 7 de julho de 2020

A cura própria


"Pregando o Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades". Mateus, 9:35.

Cura a catarata e a conjuntivite, mas corrige a visão espiritual de teus olhos.
Defende-te contra a surdez; entretanto retifica o teu modo de registrar as vozes e solicitações variadas que te procuram.
Medica a arritmia e a dispneia; contudo não entregues o coração à impulsividade arrasadora.
Combate a neurastenia e o esgotamento; no entanto cuida de reajustar as emoções e tendências.
Persegue a gastralgia, mas educa teus apetites à mesa.
Melhora as condições do sangue; todavia não o sobrecarregues com os resíduos de prazeres inferiores.
Guerreia a hepatite; entretanto livra o fígado dos excessos em que te comprazes.
Remove os perigos da uremia; contudo não sufoques os rins com venenos de taças brilhantes.
Desloca o reumatismo dos membros, reparando, porém, o que fazes com teus pés, braços e mãos.
Sana os desacertos cerebrais que te ameaçam; todavia aprende a guardar a mente no idealismo superior e nos atos nobres.
Consagra-te à própria cura, mas não esqueças a pregação do reino divino aos teus órgãos, eles são vivos e educáveis.
Sem que teu pensamento se purifique e sem que a tua vontade comande o barco do organismo para o bem, a intervenção dos remédios humanos não passará de medida em trânsito para a inutilidade.

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Segue-me

sábado, 4 de julho de 2020

O grande restaurador


As palavras que Ele pronunciava, emolduravam-se com os atos que Ele realizava. Identificado com Deus, Suas mãos produziam as curas mais diversas, e que nunca haviam acontecido antes.

De todo lugar, portanto, particularmente da Síria, traziam doentes: paralíticos, cegos, surdos, lunáticos, infelizes de todo porte, que chegavam exibindo suas dores mais cruéis e padecimentos sem conforto.

Jesus, tomado de compaixão, atendia-os, ministrando-lhes o bálsamo da misericórdia que escorria pelas mãos e alterava a tecedura orgânica desorganizada, restaurando-lhes a saúde.

Era natural que, à medida que libertava os enfermos das suas mazelas, que eles próprios haviam buscado através da insensatez, da perversidade e do crime, mais necessitados O buscassem com avidez e tormentos. Ele, porém, não atendia a todos quantos se Lhe apresentassem procurando a recuperação orgânica, emocional ou mental. A Sua era uma terapia de profundidade, que sempre convocava o paciente a não voltar a pecar, evitando-se novos comprometimentos tormentosos, para que não acontecesse nada pior. Essa sim, seria a cura real, a de natureza interior, mediante a transformação moral, em razão de se encontrar no imo do ser a causa do seu padecimento.

Conhecendo que todos os seres procedem de outros caminhos, os mais variados, que foram percorridos pelos multifários renascimentos carnais, cada qual imprime nos tecidos delicados do Espírito os atos que praticaram, fazendo jus às ocorrências de dor e sombra em que se encontravam, assim como das alegrias e da saúde que os visitavam. A criatura é a semeadora, mas também a ceifeira dos próprios atos, que se insculpem nos refolhos do ser, desenhando as futuras experiências humanas no corpo.

Eis porque, nem todos os doentes Lhe recebiam a atenção que esperavam encontrar. Não estavam em condições de ser libertados das aflições que engendraram antes para eles próprios, correndo o risco de, logo que se encontrassem menos penalizados, corressem na busca de novas inquietações.

A sabedoria de Jesus é inigualável, porque penetra no âmago dos acontecimentos, de onde retira o conhecimento que faculta entender o que sucede com cada qual que O procura.

Aqueles homens e mulheres alienados, de membros paralisados, sem audição, nem claridade ocular, procediam de abismos morais em que se atiraram espontaneamente, desde que luz em toda criatura a noção da verdade, do dever e se encontram ínsitos os impulsos do amor e da paz. Não obstante, a teimosia rebelde despreza os sinais de perigo e impõe os caprichos da personalidade inquieta, desejando alterar os impositivos das Leis universais a seu benefício e em detrimento das demais pessoas, no que resultam os dramas imediatos e futuros que sempre alcançam os infratores.

Jesus não se permitiria alterar os Soberanos Códigos, beneficiando aqueles que se encontravam incursos nos resgates não concluídos, deixando outros ao abandono. A Sua é a justiça ideal, que não privilegia, nem esquece.

Temos a real demonstração no atendimento ao nado cego. Aquele homem nascera cego e sofria, mas não reclamava. Quando Jesus passou próximo a ele, os amigos interrogaram: - Senhor, quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?

Como ele era cego de nascença, não poderia ter pecado na atual existência, e igualmente não poderia resgatar dívidas de seus pais, caso fossem pecadores.

Jesus, que lhe penetrara a causalidade da cegueira, redarguiu, sereno:

- Nem ele, nem seus pais pecaram, mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.

Tratava-se de um voluntário, que se apresentava no ministério de Jesus, a fim de que se pudessem manifestar as obras de Deus, o poder de que se encontrava possuidor o Mestre. E, ato contínuo, curou o homem, utilizando-se de um processo especial, que pudesse impressionar os circunstantes.

A Sua autoridade moral produzia vibrações que afastavam os Espíritos perversos, para os quais, o verbo franco e gentil não lograva o êxito que se fazia necessário. Perdidos em si mesmos, conheciam da vida apenas o temor que experimentavam e que infligiam nas suas vítimas. Outros enfermos, no entanto, ao leve contato das Suas mãos recebiam a energia vitalizadora, que restaurava o campo vibratório onde se encontravam as matrizes geradoras das aflições, modificando-lhe as estruturas e reabilitando o equilíbrio.

Dessa forma, era facultado ao endividado recuperar-se moralmente pelo bem que pudesse fazer, pela utilidade de que se tornava portador, auxiliando outras pessoas que dele se acercassem.

A humanidade ainda padece essas conjunturas aflitivas que merece.

Existem muitos seres humanos que andam, porém, são paralíticos para o bem, encontrando-se mutilados morais, dessa maneira, sem interesse por movimentarem a máquina orgânica de que se utilizam para a própria como a edificação do seu próximo. Caminham, e seus passos os dirigem para as sombras, a que se atiram com entusiasmo e expectativas de prazer, imobilizando-se nas paixões dissolventes, que terão de vencer...

Há outros que pensam, mas a alucinação faz parte da sua agenda mental: devaneando no gozo, asfixiando-se nos vapores entorpecentes, longe de qualquer realização enobrecedora. Intoxicados pela ilusão dos sentidos, não conseguem liberar-se das fixações perniciosas, que os atraem e os dominam.

... E quantos que têm olhos e ouvidos, mas apenas os utilizam para os interesses servis a que se entregam, raramente direcionando a visão para o Alto e a audição para a mensagem de eterna beleza da vida?

Ainda buscam Jesus nos templos de fé, a que ocorrem, uma que outra vez, mantendo a fantasia de merecer privilégios, de desfrutar regalias, sem qualquer compromisso com a realidade, ou expectativa ditosa para o amanhã, sem a mórbida inclinação para o vício, para a perversão.

Alguns conseguem encontrá-Lo e se fascinam por breves momentos, logo O abandonando, porque não tiveram a sede de gozo atendida, nem se fizeram capazes de sacrificar a dependência tormentosa, a fim de serem livres.

Não são poucos aqueles que se encontram escravizados à infelicidade por simples prazer, a que se acostumaram, disputando a alegria de permanecer no pantanal das viciações morais.

Estão na luz do dia e deambulam nas sombras da noite. Possuem razão e discernimento, no entanto, os direcionam exclusivamente para os apetites apimentados do insaciável gozo.

Vivem iludidos e se exibem, extravagantes, no palco terrestre, até quando as enfermidades dilaceradoras - de que ninguém se pode evadir - ou a morte os dominam e consomem. Despertam, mais tarde, desiludidos e sem glórias, sem poder, empobrecidos de valores morais, que nunca os acumularam.

Jesus, é, portanto, o grande restaurador, mas cada Espírito tem o dever de permitir-se o trabalho de autorrenovação, em favor da própria felicidade.

A Sua voz continua ecoando na acústica das almas:

- Vinde a mim... Eu vos aliviarei!

É necessário, porém, ir a Ele...

Amélia Rodrigues por Divaldo Franco – Fonte: Jornal Mundo Espírita de Outubro de 2000

Ante o Evangelho: Maneira de orar


O dever primordial de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia, é a prece. Quase todos vós orais, mas quão poucos são os que sabem orar! Que importam ao Senhor as frases que maquinalmente articulais umas às outras, fazendo disso um hábito, um dever que cumpris e que vos pesa como qualquer dever?

A prece do cristão, do espírita, seja qual for o culto, deve ele dizê-la logo que o Espírito haja retomado o jugo da carne; deve elevar-se aos pés da majestade divina com humildade, com profundeza, num ímpeto de reconhecimento por todos os benefícios recebidos até aquele dia; pela noite transcorrida e durante a qual lhe foi permitido, ainda que sem consciência disso, ir ter com os seus amigos, com os seus guias, para haurir, no contato com eles, mais força e perseverança. Deve ela subir humilde aos pés do Senhor, para lhe recomendar a vossa fraqueza, para lhe suplicar amparo, indulgência e misericórdia. Deve ser profunda, porquanto é a vossa alma que tem de elevar-se para o Criador, de transfigurar-se, como Jesus no Tabor, a fim de lá chegar nívea e radiosa de esperança e de amor.

A vossa prece deve conter o pedido das graças de que necessitais, mas de que necessitais em realidade. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que vos abrevie as provas, que vos dê alegrias e riquezas. Rogai-lhe que vos conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Não digais, como o fazem muitos: “Não vale a pena orar, porquanto Deus não me atende.” Que é o que, na maioria dos casos, pedis a Deus? Já vos tendes lembrado de pedir-lhe a vossa melhoria moral? Oh! não; bem poucas vezes o tendes feito. O que preferentemente vos lembrais de pedir é o bom êxito para os vossos empreendimentos terrenos e haveis com frequência exclamado: “Deus não se ocupa conosco; se se ocupasse, não se verificariam tantas injustiças.” Insensatos! Ingratos! Se descêsseis ao fundo da vossa consciência, quase sempre depararíeis, em vós mesmos, com o ponto de partida dos males de que vos queixais. Pedi, pois, antes de tudo, que vos possais melhorar e vereis que torrente de graças e de consolações se derramará sobre vós. (Cap. V, item 4.)

Deveis orar incessantemente, sem que, para isso, se faça mister vos recolhais ao vosso oratório, ou vos lanceis de joelhos nas praças públicas. A prece do dia é o cumprimento dos vossos deveres, sem exceção de nenhum, qualquer que seja a natureza deles. Não é ato de amor a Deus assistirdes os vossos irmãos numa necessidade, moral ou física? Não é ato de reconhecimento o elevardes a Ele o vosso pensamento, quando uma felicidade vos advém, quando evitais um acidente, quando mesmo uma simples contrariedade apenas vos roça a alma, desde que vos não esqueçais de exclamar: Sede bendito, meu Pai?! Não é ato de contrição o vos humilhardes diante do supremo Juiz, quando sentis que falistes, ainda que somente por um pensamento fugaz, para lhe dizerdes: Perdoai-me, meu Deus, pois pequei (por orgulho, por egoísmo, ou por falta de caridade); dai-me forças para não falir de novo e coragem para a reparação da minha falta?!

Isso independe das preces regulares da manhã, da noite e dos dias consagrados. Como o vedes, a prece pode ser de todos os instantes, sem nenhuma interrupção acarretar aos vossos trabalhos. Dita assim, ela, ao contrário, os santifica. Tende como certo que um só desses pensamentos, se partir do coração, é mais ouvido pelo vosso Pai celestial do que as longas orações ditas por hábito, muitas vezes sem causa determinante e às quais apenas maquinalmente vos chama a hora convencional. – V. Monod. (Bordeaux, 1862.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap.  XXVII – Pedi e obtereis  – item 22

Filhos


“Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais, no Senhor, porque isto é justo.” Paulo (Efésios, 6:1)

Se o direito é campo de elevação, aberto a todos os espíritos, o dever é zona de serviço peculiar a todos os seres da Criação.
Não somente os pais humanos estão cercados de obrigações, mas igualmente os filhos, que necessitam vigiar a si mesmos, com singular atenção.
Quase sempre a mocidade sofre de estranhável esquecimento.
Estima criar rumos caprichosos, desdenhando sagradas experiências de quem a precedeu, no desdobramento das realizações terrestres, para voltar, mais tarde, em desânimo, ao ponto de partida, quando o sofrimento ou a madureza dos anos lhe restauram a compreensão.
Os filhos estão marcados por divinos deveres, junto daqueles aos quais foram confiados pelo Supremo Senhor, na senda humana.
É indispensável prestar obediência aos progenitores, dentro do espírito do Cristo, porque semelhante atitude é justa.
Se muitas vezes os pais se furtam à claridade do progresso espiritual, escolhendo o estacionamento em zonas inferiores, nem mesmo nas circunstâncias dessa ordem seria razoável relegá-los ao próprio infortúnio. Claro está que os filhos não devem descer ao sorvedouro da insensatez ou do crime por atender-lhes aos venenosos caprichos, mas encontrarão sempre o recurso adequado para retribuírem aos benfeitores os inestimáveis dons que lhes devem.
Não nos esqueçamos de que o filho descuidado, ocioso ou perverso é o pai inconsciente de amanhã e o homem inferior que não fruirá a felicidade doméstica.

Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap.136

Força da fé


A fé religiosa, assentada nas sólidas bases da razão, constitui equipamento de segurança para a travessia feliz da existência corporal.
Luz acesa na sombra, aponta o rumo no processo humano para a conquista dos valores eternos.
O homem sem fé é semelhante a barco sem bússola em oceano imenso.
Quando bruxuleia a fé, e se apaga por falta do combustível que a razão proporciona, ei-lo a padecer a rude provação de ter que seguir em plena escuridão, sem apoio nem discernimento.
A fé pode ser comparada a uma lâmpada acesa colocada nos pés, clareando o caminho.

*
Sustenta a tua fé com a lógica do raciocínio claro.
Concede-lhe tempo mental, aprofundando reflexões em torno da vida e da sua superior finalidade.
Exercita-a, mediante a irrestrita confiança em Deus e na incondicional ação do bem.
A fé é campo para experiências transcendentes, que dilatam a capacidade espiritual do ser.
Com o dinamismo que a fé propicia, cresce nas tuas aspirações, impulsionando a vontade na diretriz da edificação de ti mesmo, superando impedimentos e revestindo-te de coragem com que triunfarás nos tentames da evolução.
Conforme a intensidade da tua fé, agirás, fazendo da tua vida aquilo em que realmente acreditas.

Divaldo Franco / Joanna de Ângelis – Livro: Episódios diários