sábado, 5 de setembro de 2020

Palestras CEJG 66 anos - Trabalho, solidariedade, tolerância


Nova ordem do amor


O Homem pediu a colaboração da Ciência, guindando-se às conquistas tecnológicas. Todavia, abandonou a responsabilidade e desconsidera o amor.
Anelando por ganhar espaços, arroja-se na decifração do desconhecido e deixa à margem as conquistas logradas pelo sentimento.
Preconiza a paz — fomenta a guerra.
Ensina o amor — estimula a luta de classes.
Programa os direitos humanos — desrespeita os direitos do próximo.
Ensina a liberdade—investe contra a do seu irmão.
Amplia as próprias ambições — encarcera-se nos cofres da usura, nos limites estreitos da política arbitrária, nas paisagens torpes das paixões dissolventes.
Por isso, transcorreram quatrocentos anos de razão, de investigação científica, de liberdade de consciência com uma colheita de sombras, de amarguras, de pessimismo.
A partir do século XVI, apoiou-se na filosofia para arrebentar os grilhões da ignorância religiosa.
No século XIX utilizou-se da mesma filosofia, para gargalhar de Deus, e sucumbe, em pleno século XX, sob as filosofias do anarquismo, da perversão, do fazer coisa nenhuma.
Em consequência, uma grande noite se abate sobre a Humanidade.
O homem, artífice do seu próprio destino, encarcera- se no vício e deixa que o sol da liberdade buscada, e conseguida em parte, seja empanado pela grande nuvem das suas ameaças constritoras.
Enfermidades de etiologia difícil, de terapêutica complexa, de recursos preventivos impossíveis no momento, ameaçam a estrutura orgânica do ser pensante.
Psicopatologias profundas aniquilam-no interiormente; o homem estertora; o homem se desumaniza.
Neste contubérnio de paixões, a violência irrompe assustadora, em nome das liberdades democráticas, e cava o poço para as ditaduras do poder.
Pairam, sobre a Terra, os miasmas pestilentos do sofrimento generalizado.
Não pretendemos fazer profetismo de aniquilamento nem nos utilizamos das Parcas, que tecem o destino trágico dos homens, antecipando-lhes a desgraça. Consideramos as ocorrências ora vividas, pelo apagar do idealismo, face ao confundir das aspirações enobrecedoras, como decorrência da falência das conquistas ético-morais e espirituais do ser.
Pairando, entretanto, sobre todas as conjunturas amargas, Cristo vela e conduz a nave terrestre no fragor das batalhas rudes, no entrechoque das paixões, no destruir das Instituições enobrecidas.
Um inesperado sopro de renovação varrerá a Terra e espíritos, que lideraram povos pelo pensamento, pela arte, pela sabedoria, tomarão os comandos da geração desventurada e restabelecerão, na Terra, a paz, o amor, a liberdade.
Todos estamos convocados para prepararmos o advento dos dias porvindouros.
As lâmpadas acesas na noite têm as nobres finalidades de derramar claridade.
Não nos encontramos reunidos no ministério espírita e cristão, por acaso.
Não voltamos aos caminhos do Cristianismo por injunções eventuais ou por caprichos do destino.
Assumimos grave responsabilidade com o Cristo que não soubemos respeitar no passado.
Contribuímos para estes momentos de desaires e sofremo-los, vivendo as consequências dos nossos atos pretéritos.
Assim, estabeleçamos a nova ordem do amor preparando o futuro de gloriosos dias, nos quais, possivelmente, noutra roupagem, estaremos de volta, experimentando o primado do espírito imortal.
Companheiros em Doutrina Espírita, rugindo a tempestade, vigiemos.
Estourando as lutas, resguardemo-nos.
Correndo os rios de lágrimas e amontoando-se os cadáveres dos ideais perdidos, atuemos no bem.
A nossa é a valiosa ação de servir e servir, amando e amando, sem revidarmos mal por mal, nem aceitarmos o achincalhe, a provocação, a agressividade espontânea dos que enlouqueceram e ainda não se deram conta.
Na história dos séculos, a cruz do Cristo, simbolizando a Sua derrota, é a história da grande vitória que inaugura a ressurreição como prelúdio de uma vida eterna.

 Viana de Carvalho/ Divaldo Pereira Franco – Livro: Reflexões espíritas

Viver é a melhor opção


Sombras e luzes


Sombras e luzes cercam os roteiros dos homens que perambulam na escola terrena.
O livre arbítrio rege os nossos destinos.
Compete a cada criatura a análise serena de si mesmo, para purificar no íntimo do coração as atitudes e ações de cada momento.
Cercado pelas lutas do cotidiano, muitas vezes o homem esquece a beleza da prece, da sintonia divina com os mananciais de luzes celestiais. Busquemos, pois, meus amados a serenidade necessária para colhermos da vida os frutos da harmonia e da paz.
Esqueçamos o “eu” para vivermos o “nós”.
Nas sendas edificantes do trabalho cristão surgem diante de vós inúmeras situações a exigirem fé, bom ânimo, espírito de renúncia e sacrifício e uma imensa dose de amor no coração para derramá-lo como gotas de luz e de esperança no socorro àqueles que sofrem.
Olhemos em torno de nós e observemos a dor que atinge os nossos irmãos, envolvendo-os no torvelinho do desespero e da dor.
Se queres ajudar, meu irmão, faça um balanço de vossas ações diárias. Uma autoanálise. Veja o que tens feito de vossa vida. Como acolhes os espinhos que vos ferem.
Como reages diante de alguém que vos ofende.
Se guardas contigo a joia excelsa da humildade, vossas ações serão de serenidade e compreensão e saberás retirar os espinhos, sorrindo e falar com bondade aos que vos ofendem, oferecendo ainda a taça do amor e do entendimento.
Cuidai, porém, meus amados irmãos, de se precaverem contra as sombras do egoísmo e da vaidade.
Libertai-vos dos melindres pessoais e buscai apenas o serviço do amor, que eleva e redime, burilando-vos o espírito para melhores jornadas em vidas futuras.
Irmãos de meu coração tange-me o ser de emoção quando vos falo.
Almejo vê-los firmes nesta estrada lutando pela implantação da luz nos caminhos da Terra.
Onde fores, leves a vossa palavra de fé, de consolo, de serenidade.
No mundo conturbado precisamos de veículos capazes de transmitir nossas orientações. Pois em muitos momentos uma palavra de serenidade e equilíbrio salva uma vida prestes a despencar-se nos espinheirais do suicídio.
Uni-vos sob os elos divinos da fraternidade, precisamos de cada um dos elementos que compõem este Grupo, cerrando fileiras para concretizarmos os nossos ideais.
Não percamos mais tempo, se vós pudésseis observar os planos maravilhosos que almejamos realizar, estaríeis ainda mais atentos às leis divinas da vigilância e do amor, procurando na concretização de cada tarefa, mentalizar o Mestre como vanguardeiro e guardião de nosso trabalho.
União, humildade, fé e amor.
Continuem trabalhando com afinco e estaremos ajudando a cada um a apoiar-se no cajado excelso do bem e do serviço cristão, sem barreiras, para concretizarmos os objetivos sagrados que temos a concluir. 


Joseph Gleber

Demonstrações

“E saíram os fariseus e começaram a disputar com ele, pedindo-lhe, para o tentarem, um sinal do Céu.” (Marcos, 8:11)

No Espiritismo cristão, de quando em quando aparecem aprendizes do Evangelho sumamente interessados em atender a certas requisições, no capítulo da fenomenologia psíquica.
Exigem sinais do Céu, tangíveis, incontestáveis.
Na maioria das vezes, porém, a movimentação não passa de simples repetição do gesto dos fariseus antigos.
Médiuns e companheiros outros, em grande número, não se precatam de que os pedidos de demonstrações celestes são formulados, quase que invariavelmente, em obediência a propósitos inferiores.
Há ilações lógicas no assunto, que importa não desprezarmos.
Se um espírito permanece encarnado na Terra, como poderá fornecer sinais de Júpiter? Se as solicitações dessa natureza, endereçadas ao próprio Cristo, foram situadas no âmbito das tentações, com que argumento poderão impô-las os discípulos novos aos seus amigos do invisível?
Ao invés disso, aliás, os aprendizes fiéis devem estar preparados para o trabalho demonstrativo de Jesus, na Terra.
É óbvio que o cristão não possa provocar uma tela mágica sobre as nuvens errantes, mas pode revelar como se exerce o ministério da fraternidade no mundo.
Não poderá desdobrar a paisagem total onde se movimentam as criaturas desencarnadas, em outros campos vibratórios; entretanto, está habilitado a prestar colaboração intensiva no esclarecimento dos homens do presente e do futuro.
Quem reclama sinais do Céu será talvez ignorante ou portador de má-fé; contudo, o seguidor da Boa Nova que procura satisfazer o insensato é distraído ou louco.
Se te requisitam demonstrações exóticas, replica, resoluto, que não foste designado para a produção de maravilhas e esclarece a teu irmão que permaneces determinado a aprender com o Mestre a ciência da Vida Abundante, a fim de ofereceres à Terra o teu sinal de amor e luz, inquebrantável na fé, para não sucumbir às tentações.

Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap.145