sexta-feira, 2 de abril de 2021
sábado, 27 de março de 2021
Biografia do Sr. Allan Kardec
É ainda sob o golpe
da dor profunda que nos causou a prematura partida do venerável fundador da
Doutrina Espírita, que nos abalançamos a uma tarefa, simples e fácil para suas
mãos sábias e experientes, mas cujo peso e gravidade nos esmagariam, se não contássemos
com o auxílio eficaz dos Espíritos bons e com a indulgência dos nossos
leitores.
Quem, dentre nós,
poderia, sem ser tachado de presunçoso, lisonjear-se de possuir o espírito de método
e organização de que se mostram iluminados todos os trabalhos do mestre? Só a
sua pujante inteligência podia concentrar tantos materiais diversos,
triturá-los e transformá-los, para os espalhar em seguida, como orvalho
benfazejo, sobre as almas desejosas de conhecer e de amar.
Incisivo, conciso,
profundo, sabia agradar e fazer compreendido numa linguagem simples e elevada,
ao mesmo tempo, tão distanciada do estilo familiar quanto das obscuridades da
metafísica.
Multiplicando-se
incessantemente, pudera até agora bastar a tudo. Entretanto, o cotidiano
alargamento de suas relações e o contínuo desenvolvimento do Espiritismo lhe
faziam sentir a necessidade de reunir em torno de si alguns auxiliares
inteligentes e preparava simultaneamente a nova organização da Doutrina e de seus
labores, quando nos deixou, para ir, num mundo melhor, receber a sanção da
missão que desempenhara e coletar elementos para uma nova obra de devotamento e
sacrifício.
Era sozinho!...
Chamar-nos-emos legião e, por muito fracos e inexperientes que sejamos,
nutrimos a convicção íntima de que nos conservaremos à altura da situação, se,
partindo dos princípios estabelecidos e de incontestável evidência, nos consagrarmos
a executar, tanto quanto nos seja possível e de acordo com as necessidades do
momento, os projetos que ele pretendia realizar no futuro.
Enquanto nos
mantivermos nas suas pegadas e todos os de boa vontade se unirem, num esforço
comum pelo progresso e pela regeneração intelectual e moral da Humanidade,
conosco estará o Espírito do grande filósofo a nos secundar com a sua influência
poderosa, dado lhe seja possível suprir à nossa insuficiência e nos possamos
mostrar dignos do seu concurso, dedicando-nos à obra com a mesma abnegação e a
mesma sinceridade que ele, embora sem tanta ciência e inteligência.
Em sua bandeira,
inscrevera o mestre estas palavras:
Trabalho,
solidariedade, tolerância. Sejamos, como ele, infatigáveis; sejamos acordemente
com os seus anseios, tolerantes e solidários e não temamos seguir-lhe o
exemplo, reconsiderando, quantas vezes forem precisas, os princípios ainda
controvertidos. Apelemos ao concurso e às luzes de todos. Tentemos avançar,
antes com segurança e certeza, do que com rapidez, e não ficarão infrutíferos os
nossos esforços se, como estamos persuadidos, e seremos os primeiros a dar
disso exemplo, cada um cuidar de cumprir o seu dever, pondo de lado todas as
questões pessoais, a fim de contribuir para o bem geral.
Sob auspícios mais
favoráveis não poderíamos entrar na nova fase que se abre para o Espiritismo,
do que dando a conhecer aos nossos leitores, num rápido escorço, o que foi, durante
toda a sua vida, o homem íntegro e honrado, o sábio inteligente e fecundo, cuja
memória se transmitirá aos séculos vindouros com a auréola dos benfeitores da Humanidade.
Nascido em Lyon, a 3
de outubro de 1804, de uma família antiga que se distinguiu na magistratura e
na advocacia, Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail) não seguiu essas carreiras.
Desde a primeira juventude, sentiu-se inclinado ao estudo das ciências e da
filosofia.
Educado na Escola de
Pestalozzi, em Yverdun (Suíça), tornou-se um dos mais eminentes discípulos
desse célebre professor e um dos zelosos propagandistas do seu sistema de educação,
que tão grande influência exerceu sobre a reforma do ensino na França e na
Alemanha.
Dotado de notável
inteligência e atraído para o ensino, pelo seu caráter e pelas suas aptidões
especiais, já aos quatorze anos ensinava o que sabia àqueles dos seus
condiscípulos que haviam aprendido menos do que ele. Foi nessa escola que lhe desabrocharam
as ideias que mais tarde o colocariam na classe dos homens progressistas e
livres-pensadores.
Nascido sob a
religião católica, mas educado num país protestante, os atos de intolerância
que por isso teve de suportar, no tocante a essa circunstância, cedo o levaram
a conceber a ideia de uma reforma religiosa, na qual trabalhou em silêncio
durante longos anos com o intuito de alcançar a unificação das crenças.
Faltava-lhe, porém,
o elemento indispensável à solução desse grande problema.
O Espiritismo veio,
a seu tempo, imprimir-lhe especial direção aos trabalhos.
Concluídos seus
estudos, voltou para a França.
Conhecendo a fundo a
língua alemã, traduziu para a Alemanha diferentes obras de educação e de moral
e, o que é muito característico, as obras de Fénelon, que o tinham seduzido de modo
particular. (...)
“Pelo ano de 1855, posta em foco a questão das
manifestações dos Espíritos, Allan Kardec se entregou a observações
perseverantes sobre esse fenômeno, cogitando principalmente de lhe deduzir as consequências
filosóficas.
Entreviu, desde
logo, o princípio de novas leis naturais: as que regem as relações entre o
mundo visível e o mundo invisível.
Reconheceu, na ação
deste último, uma das forças da Natureza, cujo conhecimento haveria de lançar
luz sobre uma imensidade de problemas tidos por insolúveis, e lhe compreendeu o
alcance, do ponto de vista religioso.
“Suas obras
principais sobre esta matéria são: O Livro dos Espíritos, referente à parte
filosófica, e cuja primeira edição apareceu a 18 de abril de 1857; O Livro dos
Médiuns, relativo à parte experimental e científica (janeiro de 1861); O
Evangelho segundo o Espiritismo, concernente à parte moral (abril de 1864); O
Céu e o Inferno, ou a Justiça de Deus segundo o Espiritismo (agosto de 1865); A
Gênese, os milagres e as predições (janeiro de 1868); a Revista Espírita,
jornal de estudos psicológicos, periódico mensal começado a 1o de janeiro de
1858. Fundou em Paris, a 1o de abril de 1858, a primeira Sociedade espírita
regularmente constituída, sob a denominação de Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas, cujo fim exclusivo era o estudo de quanto possa contribuir para o progresso
da nova ciência. Allan Kardec se defendeu, com inteiro fundamento, de coisa
alguma haver escrito debaixo da influência de ideias preconcebidas ou
sistemáticas. Homem de caráter frio e calmo, observou os fatos e de suas
observações deduziu as leis que os regem. Foi o primeiro a apresentar a teoria
relativa a tais fatos e a formar com eles um corpo de doutrina, metódico e
regular.
“Demonstrando que os
fatos erroneamente qualificados de sobrenaturais se acham submetidos a leis,
ele os incluiu na ordem dos fenômenos da Natureza, destruindo assim o último
refúgio do maravilhoso e um dos elementos da superstição.
“Durante os
primeiros anos em que se tratou de fenômenos espíritas, estes constituíram
antes objeto de curiosidade, do que de meditações sérias. O Livro dos Espíritos
fez que o assunto fosse considerado sob aspecto muito diverso.
Abandonaram-se as mesas
girantes, que tinham sido apenas um prelúdio, e começou-se a atentar na
doutrina, que abrange todas as questões de interesse para a Humanidade.
“Data do
aparecimento de O Livro dos Espíritos a fundação do Espiritismo que, até então,
só contara com elementos esparsos, sem coordenação, e cujo alcance nem toda
gente pudera apreender. A partir daquele momento, a doutrina prendeu a atenção
dos homens sérios e tomou rápido desenvolvimento. Em poucos anos, aquelas ideias
conquistaram numerosos aderentes em todas as camadas sociais e em todos os
países. Esse êxito sem precedentes decorreu sem dúvida da simpatia que tais ideias
despertaram, mas também é devido, em grande parte, à clareza com que foram
expostas e que é um dos característicos dos escritos de Allan Kardec.
“Evitando as
fórmulas abstratas da Metafísica, ele soube fazer que todos o lessem sem
fadiga, condição essencial à vulgarização de uma ideia. Sobre todos os pontos
controversos, sua argumentação, de cerrada lógica, poucas ensanchas oferece à refutação
e predispõe à convicção. As provas materiais que o Espiritismo apresenta da
existência da alma e da vida futura tendem a destruir as ideias materialistas e
panteístas. Um dos princípios mais fecundos dessa doutrina e que deriva do
precedente é o da pluralidade das existências(...)
Conservara-se,
todavia, em estado de hipótese e de sistema, enquanto o Espiritismo lhe demonstra
a realidade e prova que nesse princípio reside um dos atributos essenciais da
Humanidade. Dele promana a explicação de todas as aparentes anomalias da vida
humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais, facultando ao
homem saber donde vem, para onde vai, para que fim se acha na Terra e por que
aí sofre.
“As ideias inatas se
explicam pelos conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores; a marcha dos
povos e a da Humanidade, pela ação dos homens dos tempos idos e que revivem,
depois de terem progredido; as simpatias e antipatias, pela natureza das
relações anteriores. Essas relações, que religam a grande família humana de
todas as épocas, dão por base, aos grandes princípios de fraternidade, de
igualdade, de liberdade e de solidariedade universal, as próprias leis da
Natureza e não mais uma simples teoria.
“Em vez do postulado: Fora da Igreja não há
salvação, que alimenta a separação e a animosidade entre as diferentes seitas religiosas
e que há feito correr tanto sangue, o Espiritismo tem como divisa: Fora da
Caridade não há salvação, isto é, a igualdade entre os homens perante Deus, a
tolerância, a liberdade de consciência e a benevolência mútua.
“Em vez da fé cega,
que anula a liberdade de pensar, ele diz: Fé inabalável só o é a que pode
encarar face a face a razão, em todas as épocas da Humanidade. À fé, uma base
se faz necessária e essa base é a inteligência perfeita daquilo em que se tem
de crer. Para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega
já não é para este século.
É precisamente ao
dogma da fé cega que se deve o ser hoje tão grande o número de incrédulos,
porque ela quer impor-se e exige a abolição de uma das mais preciosas
faculdades do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio.” (O Evangelho segundo o Espiritismo.)
Trabalhador
infatigável, sempre o primeiro a tomar da obra e o último a deixá-la, Allan
Kardec sucumbiu, a 31 de março de 1869, quando se preparava para uma mudança de
local, imposta pela extensão considerável de suas múltiplas ocupações. Diversas
obras que ele estava quase a terminar, ou que aguardavam oportunidade para vir
a lume, demonstrarão um dia, ainda mais, a extensão e o poder das suas
concepções.
Morreu conforme
viveu: trabalhando. Sofria, desde longos anos, de uma enfermidade do coração,
que só podia ser combatida por meio do repouso intelectual e pequena atividade material.
Consagrado, porém, todo inteiro à sua obra, recusava-se a tudo o que pudesse
absorver um só que fosse de seus instantes, à custa das suas ocupações
prediletas. Deu-se com ele o que se dá com todas as almas de forte têmpera: a
lâmina gastou a bainha.
O corpo se lhe
entorpecia e se recusava aos serviços que o Espírito lhe reclamava, enquanto
este último, cada vez mais vivo, mais enérgico, mais fecundo, ia sempre
alargando o círculo de sua atividade.
Nessa luta desigual
não podia a matéria resistir eternamente. Acabou sendo vencida: rompeu-se o
aneurisma e Allan Kardec caiu fulminado. Um homem houve de menos na Terra; mas,
um grande nome tomava lugar entre os que ilustraram este século; um grande
Espírito fora retemperar-se no Infinito, onde de todos os que ele consolara e
esclarecera lhe aguardavam impacientes a volta!
“A morte, dizia, faz
pouco tempo, redobra os seus golpes nas fileiras ilustres!... A quem virá ela
agora libertar?”
Ele foi, como tantos
outros, recobrar-se no Espaço, procurar elementos novos para restaurar o seu
organismo gasto por uma vida de incessantes labores. Partiu com os que serão os
fanais da nova geração, para voltar em breve com eles a continuar e acabar a
obra deixada em dedicadas mãos.
O homem já aqui não
está; a alma, porém, permanecerá entre nós. Será um protetor seguro, uma luz a
mais, um trabalhador incansável que as falanges do Espaço conquistaram. Como na
Terra, sem ferir a quem quer que seja, ele fará que cada um lhe ouça os
conselhos oportunos; abrandará o zelo prematuro dos ardorosos, amparará os
sinceros e os desinteressados e estimulará os tíbios. Vê agora e sabe tudo o
que ainda há pouco previa! Já não está sujeito às incertezas, nem aos
desfalecimentos e nos fará partilhar da sua convicção, fazendo-nos tocar com o
dedo a meta, apontando-nos o caminho, naquela linguagem clara, precisa, que o tornou
aureolado nos anais literários.
Já não existe o
homem, repetimo-lo. Entretanto, Allan Kardec é imortal e a sua memória, seus
trabalhos, seu Espírito estarão sempre com os que empunharem forte e
vigorosamente o estandarte que ele soube sempre fazer respeitado.
Uma individualidade
pujante constituiu a obra. Era o guia e o farol de todos. Na Terra, a obra
substituirá o obreiro. Os crentes não se congregarão em torno de Allan Kardec;
congregar-se-ão em torno do Espiritismo, tal como ele o estruturou e, com os seus
conselhos, sua influência, avançaremos, a passos firmes, para as fases ditosas
prometidas à Humanidade regenerada.
Revista Espírita – maio/1869
Plataforma do Mestre
“Ele salvará seu
povo dos pecados deles.” (Mateus, 1:21)
Em
verdade, há dois mil anos, o povo acreditava que Jesus seria um comandante
revolucionário, como tantos outros, a desvelar-se por reivindicações políticas,
à custa da morte, do suor e das lágrimas de muita gente.
Ainda
hoje, vemos grupos compactos de homens indisciplinados que, administrando ou
obedecendo, se reportam ao Cristo, interpretando-o qual se fora patrono de
rebeliões individuais, sedento de guerra civil.
Entretanto,
do Evangelho não transparece qualquer programa nesse sentido.
Que
Jesus é o Divino Governador do Planeta não podemos duvidar.
O
que fará Ele do mundo redimido ainda não sabemos, porque ao soldado humílimo
são defesos os planos do General.
A
Boa Nova, todavia, é muito clara, quanto à primeira plataforma do Mestre dos
mestres. Ele não apresentava títulos de reformador dos hábitos políticos, viciados
pelas más inclinações de governadores e governados de todos os tempos.
Anunciou-nos
a celeste revelação que Ele viria salvar-nos de nossos próprios pecados,
libertar-nos da cadeia de nossos próprios erros, afastando-nos do egoísmo e do
orgulho que ainda legislam para o nosso mundo consciencial.
Achamo-nos,
até hoje, em simples fase de começo de apostolado evangélico Cristo libertando
o homem das chagas de si mesmo, para que o homem limpo consiga purificar o
mundo.
O
reino individual que puder aceitar o serviço liberatório do Salvador encontrará
a vida nova.
Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 174
sábado, 20 de março de 2021
Conselhos de família
(Primeira sessão)
Foi perguntado ao
Espírito protetor da família se ele podia dar alguns conselhos aos membros
presentes; ele respondeu:
Sim. Tenham
confiança em Deus e procurem instruir-se nas verdades imutáveis e eternas que
lhes ensina o livro divino da Natureza.
Ele contém toda a
lei de Deus, e os que sabem ler e o compreendem são os únicos a seguirem o
verdadeiro caminho da sabedoria.
Que nada do que
vejam seja negligenciado, porquanto cada coisa traz em si um ensinamento e
deve, pelo uso do raciocínio, elevar a alma para Deus e dele aproximá-la.
Em tudo quanto ferir
a inteligência, procurem sempre distinguir o bem do mal: o primeiro, para o
praticar; o segundo, para o evitar.
Antes de formular um
julgamento, voltem sempre o pensamento para o ETERNO, que os guiará ao bem, E
NÃO OS ENGANARÁ JAMAIS.
(Segunda
sessão)
Boa-noite,
meus filhos. Se me amais, procurai instruir-vos; reuni-vos muitas vezes com
este pensamento.
Ponde vossas ideias em comum: é um excelente meio, pois em geral não comunicamos senão as coisas que julgamos boas; temos vergonha das más.
Assim, são guardadas em segredo ou só são comunicadas aos que queremos tornar cúmplices. Distinguem-se os bons dos maus pensamentos, porque os primeiros podem, sem nenhum receio, ser transmitidos a todo o mundo, ao passo que os últimos não poderiam, sem perigo, ser comunicados senão a alguns.
Quando vos vier um pensamento, para julgar de seu valor perguntai-vos se podeis torná-lo público sem inconveniente e se não fará mal: se vossa consciência vo-lo autorizar, não temais, vosso pensamento é bom.
Dai-vos mutuamente bons conselhos, tendo em vista somente o bem daquele a quem os dais, e não o vosso.
Vossa recompensa estará no prazer que experimentareis por terdes sido úteis. A união dos corações é a mais fecunda fonte de felicidades; e, se muitos homens são infelizes, é que só procuram a felicidade para si mesmos.
Ela lhes escapa precisamente porque julgam encontrá-la somente no egoísmo. Digo a felicidade e não a fortuna, porquanto esta última só tem servido como sustentáculo à injustiça, e o objetivo da existência é a justiça.
Se a justiça fosse praticada entre os homens, o mais afortunado seria aquele que realizasse maior soma de boas obras.
Se, pois, quiserdes tornar-vos ricos, meus filhos, praticai muitas ações boas.
Pouco importam os bens do mundo; não é a satisfação da carne que se deve buscar, mas a da alma.
Aquela é efêmera; esta é eterna.
Por hoje é bastante.
Meditai estes conselhos e esforçai-vos para pô-los em prática: aí se encontra o caminho da salvação.
Conselhos ditados numa reunião íntima,
por um Espírito eminentemente superior e benevolente
Revista Espírita – janeiro/1860
O pão divino
“Moisés não vos deu
o pão do Céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do Céu.”
Jesus (João, 6:32)
Toda
arregimentação religiosa na Terra não tem escopo maior que o de preparar as
almas, ante a grandeza da vida espiritual.
Templos
de pedra arruínam-se.
Princípios
dogmáticos desaparecem.
Cultos
externos modificam-se.
Revelações
ampliam-se.
Sacerdotes
passam.
Todos
os serviços da fé viva representam, de algum modo, aquele pão que Moisés
dispensou aos hebreus, alimento valioso sem dúvida, mas que sustentava o corpo
apenas por um dia, e cuja finalidade primordial é a de manter a sublime oportunidade
da alma em busca do verdadeiro pão do Céu.
O
Espiritismo Evangélico, nos dias que correm, é abençoado celeiro desse pão. Em
suas linhas de trabalho, há mais certeza e esperança, mais entendimento e alegria.
Esteja,
porém, cada companheiro convencido de que o esforço pessoal no pão divino para
a renovação, purificação e engrandecimento da alma há de ser culto dominante no
aprendiz ou prosseguiremos nas mesmas obscuridades mentais e emocionais de
ontem.
Observações
de ordem fenomênica destinam-se ao olvido.
Afirmativas
doutrinárias elevam-se para o bem.
Horizontes
do conhecimento dilatam-se ao infinito.
Processos
de comunicação com o invisível progridem sempre. Médiuns sucedem-se uns aos
outros.
Se
procuras, pois, a própria felicidade, aplica-te com todas as energias ao aproveitamento
do pão divino que desce do Céu para o teu coração, através da palavra dos
benfeitores espirituais, e aprende a subir, com a mente inflamada de amor e
luz, aos inesgotáveis celeiros do pão celestial.
Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 173
Prece de aceitação
Se eu
pudesse, Jesus,
Queria
estar contigo
Para
ser a esperança realizada
De
quem vai pelo mundo, estrada a estrada,
Entre
a necessidade e o desabrigo...
Desejava
seguir-te, humildemente,
Sem
méritos embora,
Para
erguer-me em consolo de quem chora
Mostrando
o coração enfermo e descontente.
Queria
acompanhar-te nos recintos,
Onde a
dor leciona e aperfeiçoa
A fim
de ser conforto junto dela
E,
manejando a frase terna e boa
Afirmar
como a vida é grande e bela!...
Se
pudesse, Senhor, conversaria com todas as crianças
Para
dizer que não te cansas de criar alegria...
E
seria feliz ao converter-me em modesto recado,
Informando,
Jesus, a todos os velhinhos
Que
nunca estão sozinhos, porque segues conosco, lado a lado...
Se
dispusesse de recursos, queria ser a vela pequenina,
Acesa
no clarão do sol que levas,
De
modo a socorrer aos que jazem nas trevas,
Fugindo
sem razão, da bondade Divina...
Entretanto,
Senhor, sei das deficiências que carrego...
Venho
a ti como estou, por isto mesmo rogo:
Não me
deixes a sós por onde vou...
Se não
posso, Jesus, ser bondade, socorro, paz e luz,
Toma-me
o coração e, perdoando a minha imperfeição,
Esquece
tudo o que meu sonho almeja e ensina-me Senhor,
Com o
teu imenso amor, o que queres que eu seja.
Maria Dolores / Chico Xavier – Livro: Recanto de Paz
quinta-feira, 11 de março de 2021
Almoço Beneficente Delivery
Um novo normal
Vivemos
um período existencial caracterizado por comportamentos exóticos e agressivos
sob muitos aspectos considerados.
Ao
lado da pandemia exterminadora de Covid-19, há os impositivos de adaptação, a
fim de evitarmos o contágio perigoso.
Padrões
de conduta rigorosa nas linhas da higiene severa são impostos de forma a
diminuir e mesmo evitar o contágio da peste, embora não levados em
consideração, em face dos hábitos singulares de rebeldia das inumeráveis
criaturas acostumadas a comportar-se conforme melhor lhes apraz.
As
recomendações de cuidados nos relacionamentos são desconsideradas, e os grupos
renitentes prosseguem desafiadores.
No
desespero que se estabelece, como mecanismo de fuga surgem as condutas
estranhas, alguns crimes recebendo legalidade e os blocos de desafiadores
propondo um novo normal, mediante uma filosofia de negação do ético, assim como
do moral, que faculta aos instintos básicos predominância. Tal reação
desumaniza o indivíduo, que volve à condição primária da nudez agressiva, com
toques exclusivamente sensuais, ao desrespeito à ordem, típico da ignorância e
da brutalidade, não estabelecendo limites ao que denomina como liberdade, com
total desrespeito ao direito do outro.
Tudo
quanto anteriormente constituía dignidade, significava a identificação com
valores de elevação e de compostura vem sendo derrubado, culminando em
alienações e as agressões ao corpo, à emoção e à psique, e substituído pelo
direito do prazer de cada cidadão viver conforme as suas aspirações.
Inevitavelmente,
os exageros pelos cuidados com o corpo por grande parte da sociedade competem
com o abandono a ele, dando lugar aos fantasmas que deambulam pelos antros
infectos das drogas e do sexo pervertido.
As
religiões são combatidas tenazmente em face dos males praticados por algumas
delas no passado, e os seus líderes, fundadores e crentes são levados ao
escárnio em situações deploráveis.
Numa
análise perfunctória das civilizações, observamos que antes da decadência de
algumas que dominaram o mundo ou parte dele, antes de serem consumidas pelos
desastres, viveram essas mesmas tragédias oriundas da decadência moral,
sucumbindo sob a desordem.
Jesus
Cristo propôs um novo normal, que oferecia paz e plenitude, mas que a sociedade
inverteu nas suas imposições apaixonadas e vis, chegando-se a este resultado
trágico. O fanatismo e o autoritarismo dos seus líderes mataram a beleza e a
estrutura do amor que lhes serviam de alicerce.
Na
atualidade, o Espiritismo ressuscita o Evangelho, e um novo normal restaura a
esperança de existência feliz.
Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde (BA), coluna Opinião, em 18 de fevereiro de 2021.
Fonte: www.febnet.org.br
Manjares
“Os manjares são
para o ventre, e o ventre para os manjares; Deus, porém, aniquilara tanto um
como os outros.” Paulo (I Coríntios, 6:13)
O
alimento do corpo e da alma, no que se refere ao pão e à emoção, representa
meio para a evolução e não o fim da evolução em si mesma.
Há
criaturas, no entanto, que fazem do prato e do continuísmo simplista da espécie
únicas razões de ser em toda a vida.
Trabalham
para comer e procriam sem pensar. Quando se lhes fala do espírito ou da
eternidade, bocejam despreocupadas, quando não trocam, aflitivamente, de
assunto.
Efetivamente,
a satisfação dos sentidos fisiológicos é para a alma o amparo que o solo e o
adubo constituem para a semente.
Todavia,
se a semente persiste em reter-se na cova para gozar as delícias do adubo,
contrariando a Divina Lei, nunca se lhe utilizará a colaboração preciosa.
Valioso
e indispensável à experiência física é o estômago.
Veneráveis
e sublimes são as faculdades criadoras.
Urge,
contudo, entender as necessidades do espírito imperecível.
Esclarecimento
pelo estudo, crescimento mental pelo trabalho e iluminação pela virtude
santificante são imperativos para o futuro estágio dos homens.
Quem
gasta o tempo consagrando todas as forças da alma às fantasias do corpo,
esquecendo-se de que o corpo deve permanecer a serviço da alma, cedo esbarrará
na perturbação, na inutilidade ou na sombra.
Para
a comunidade dos aprendizes aplicados e prudentes, todavia, brilha no Evangelho
o eloquente aviso de Paulo: “Os manjares são para o ventre e o ventre para os
manjares; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros”.
Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 172
Prece
Senhor Jesus!
Dai-nos
o poder de operar a própria conversão,
Para
que o Teu Reino de Amor seja irradiado
Do
Centro de nós mesmos!
Contigo
em nós, converteremos
A
treva em claridade,
A dor
em alegria,
O ódio
em amor,
A
descrença em fé viva,
A
dúvida em certeza,
A
maldade em bondade,
A
ignorância em compreensão e sabedoria,
A
dureza em ternura,
A
fraqueza em força,
O
egoísmo em cântico fraterno,
O
orgulho em humildade,
O
torvo mal em Infinito Bem.
Sabemos,
Senhor,
Que,
de nós mesmos,
Somente
possuímos a inferioridade
De que
nos devemos desvencilhar,
Mas,
unidos a Ti,
Somos
galhos frutíferos na árvore dos séculos,
Que as
tempestades da experiência
Jamais
deceparão...
Assim,
pois, Mestre amoroso,
Digna-te
amparar-nos
A fim
de que nos elevemos,
Ao
encontro de tuas mãos sábias e compassivas,
Que
nos erguerão da inutilidade,
Para o
serviço da cooperação Divina,
Agora
e para sempre.
Assim
seja.
André Luiz / Chico Xavier – Livro: Vida e caminho