Leia conosco:
- Identidade dos Espíritos nas Comunicações
- Qualificação de Santo Aplicada a Certos Espíritos
- Os falsos Profetas da Erraticidade
- Obreiro Sem Fé - Fonte Viva
- Em Oração
Leia conosco:
IDENTIDADE DOS ESPÍRITOS NAS COMUNICAÇÕES PARTICULARES
Por que os Espíritos evocados por
um sentimento de afeição muitas vezes se recusam a dar provas certas de sua
identidade?
Compreende-se
todo o valor ligado às provas de identidade da parte dos Espíritos que nos são
caros; esse sentimento é muito natural e parece, desde que os Espíritos podem manifestar-se,
que lhes deve ser muito fácil atestar a sua personalidade. A falta de provas
materiais, sobretudo para certas pessoas que não conhecem o mecanismo da
mediunidade, isto é, a lei das relações entre os Espíritos e os homens, é uma
causa de dúvida e de cruel incerteza. Embora tenhamos tratado várias vezes desta
questão, vamos examiná-la novamente, para responder a algumas perguntas que nos
são dirigidas.
Nada
temos a acrescentar ao que foi dito sobre a identidade dos Espíritos que vêm
unicamente para a nossa instrução e que deixaram a Terra há algum tempo.
Sabe-se que ela não pode ser atestada de maneira absoluta e que se deve limitar
a julgar o valor da linguagem.
A
identidade só pode ser constatada com certeza para os Espíritos partidos
recentemente, cujo caráter e hábitos se refletem em suas palavras. Nestes a
identidade se revela por mil particularidades de detalhe. Algumas vezes a prova
ressalta de fatos materiais, característicos, mas na maioria das vezes, de
nuanças da própria linguagem e de uma porção de pequenos nadas que, por serem
pouco salientes, não são menos significativos.
Muitas
vezes as comunicações deste gênero encerram mais provas do que se pensa e que
se descobrem com mais atenção e menos prevenções. Infelizmente, na maior parte
do tempo não se contentam com que o Espírito quer ou pode dar; querem provas à sua
maneira; ou lhe pedem que diga ou faça tal coisa, lembre um nome ou um fato,
num momento dado, sem pensar nos obstáculos que, por vezes, a isto se opõem, e
paralisam a sua boa vontade.
Depois,
obtido o que se deseja, muitas vezes querem mais; acham que não é ainda
bastante concludente; depois de um fato, pedem outro e mais outro. Numa
palavra, nunca são suficientes para convencer. É então que o Espírito, muitas
vezes fatigado por essa insistência, cessa completamente de se manifestar,
esperando que a convicção chegue por outros meios. Mas muitas vezes, também,
sua abstenção lhe é imposta por uma vontade superior, como punição ao
solicitante muito exigente, e também como prova para a sua fé, porquanto, se
por algumas decepções e por não obter o que quer, viesse a abandonar os Espíritos,
esses por sua vez o abandonariam, deixando-o mergulhado nas angústias e
torturas da dúvida, felizes quando seu abandono não tem consequências mais
graves.
Mas,
numa imensidade de casos, as provas materiais de identidade são independentes
da vontade do Espírito, e do desejo que este tem de as dar. Isto se deve à
natureza, ou ao estado do instrumento pelo qual se comunica. Há na faculdade
mediúnica uma variedade infinita de nuanças, que tornam o médium apto ou impróprio
à obtenção de tais ou quais efeitos que, à primeira vista, parecem idênticos e
que, no entanto, dependem de influências fluídicas diferentes. O médium é como
um instrumento de cordas múltiplas: não pode dar som pelas cordas que faltam.
(...)
É
de notar que as provas de identidade vêm quase sempre espontaneamente, no
momento em que menos se pensa, ao passo que são dadas raramente quando pedidas.
Capricho da parte do Espírito? Não; há uma causa material. Ei-la:
As
disposições fluídicas que estabelecem as relações entre o Espírito e o médium
oferecem nuances de extrema delicadeza, inapreciáveis aos nossos sentidos e que
variam de um momento a outro no mesmo médium. Muitas vezes um efeito que não é
possível num instante desejado, sê-lo-á uma hora, um dia, uma semana mais
tarde, porque as disposições ou a energia das correntes fluídicas terão mudado.
Acontece aqui como na fotografia, onde uma simples variação na intensidade ou
na direção da luz é suficiente para favorecer ou impedir a reprodução da imagem.
Um poeta fará versos à vontade? Não; precisa de inspiração. Se não estiver em
disposição favorável, por mais que perscrute o cérebro, nada obterá.
Perguntai-lhe por quê? Nas evocações, o Espírito deixado à vontade se prevalece
das disposições que encontra no médium, aproveita o momento propício; mas
quando essas disposições não existem, não pode mais que o fotógrafo, na
ausência da luz. Portanto, nem sempre pode, mau grado seu desejo, satisfazer
instantaneamente a um pedido de provas de identidade. Eis por que é preferível
esperá-las a solicitá-las.
Além
disso, é preciso considerar que as relações fluídicas que devem existir entre o
Espírito e o médium jamais se estabelecem completamente desde a primeira vez; a
assimilação não se faz senão com o tempo e gradualmente. Daí resulta que, inicialmente,
o Espírito sempre experimenta uma dificuldade que influi na clareza, na
precisão e no desenvolvimento das comunicações; mas, quando o Espírito e o
médium estão habituados um ao outro; quando seus fluidos estão identificados,
as comunicações se dão naturalmente, porque não há mais resistências a vencer.
Por
aí se vê quantas considerações devem ser levadas em conta no exame das
comunicações. É por falta de o fazer e de conhecer as leis que regem esses
tipos de fenômenos que muitas vezes se pede o que é impossível. É absolutamente
como se alguém, que não conhecesse as leis da eletricidade, se admirasse que o
telégrafo pudesse experimentar variações e interrupções e concluísse que a
eletricidade não existe.
O
fato da constatação da identidade de certos Espíritos é um acessório no vasto
conjunto dos resultados que o Espiritismo abarca; mesmo que tal constatação
fosse impossível, nada prejulgaria contra as manifestações em geral, nem contra
as consequências morais daí decorrentes. Seria preciso lamentar os que
privassem das consolações que ela proporciona, por não ter obtido uma
satisfação pessoal, pois isto seria sacrificar o todo à parte.
QUALIFICAÇÃO DE SANTO APLICADA A CERTOS ESPÍRITOS
Num
grupo de província, tendo-se apresentado um Espírito sob o nome de “São José,
santo, três vezes santo”, isto deu ensejo a que se fizesse a seguinte pergunta:
Um
Espírito, mesmo canonizado em vida, pode dar-se a qualificação de santo, sem
faltar à humildade, que é um dos apanágios da verdadeira santidade e,
invocando-o, permite que lhe deem esse título? O Espírito que o toma deve, por
esse fato, ser tido por suspeito?
Um
outro Espírito respondeu:
“Deveis
rejeitá-lo imediatamente, pois equivaleria a um grande capitão que se vos
apresentasse exibindo pomposamente seus numerosos feitos de armas, antes de
declinar o seu, ou a um poeta que começasse por se gabar de seus talentos.
Veríeis nessas palavras um orgulho despropositado. Assim deve ser com homens que
tiveram algumas virtudes na Terra e que foram julgados dignos de canonização.
Se se apresentarem a vós com humildade, crede neles; se vierem se fazendo
preceder de sua santidade, agradecei e nada perdereis. O encarnado não é santo
porque foi canonizado: só Deus é santo, porque só ele possui todas as
perfeições. Vede os Espíritos superiores, que conheceis pela sublimidade de
seus ensinamentos: eles não ousam dizer-se santos; qualificam-se simplesmente
de Espíritos de verdade”.
Esta
resposta demanda algumas retificações. A canonização não implica a santidade no
sentido absoluto, mas simplesmente um certo grau de perfeição. Para alguns a qualificação
de santo tornou-se uma espécie de título banal, fazendo parte integrante do
nome, para os distinguir de seus homônimos, ou que lhes dão por hábito. Santo
Agostinho, São Luís, São Tomé, podem, pois, antepor o nome santo à sua assinatura,
sem que o façam por um sentimento de orgulho, que seria tanto mais descabido em
Espíritos superiores que, melhor que os outros, não fazem nenhum caso das
distinções dadas pelos homens. Dar-se-ia o mesmo com os títulos nobiliárquicos
ou as patentes militares. Seguramente aquele que foi duque, príncipe ou general
na Terra não o é mais no mundo dos Espíritos e, no entanto, assinando, poderão
tomar essas qualificações, sem que isto tenha consequência para o seu caráter.
Alguns assinam: aquele que, quando vivo na Terra, foi o duque de tal. O
sentimento do Espírito se revela pelo conjunto de suas comunicações e por
sinais inequívocos em sua linguagem. É assim que não nos podemos enganar sobre
aquele que começa por se dizer: “São José, santo, três vezes santo”. Só isto
bastaria para revelar um Espírito impostor, adornando-se com o nome de São
José. Assim, ele pôde ver, graças ao conhecimento dos princípios da doutrina,
que sua velhacaria não encontrou ingênuos no círculo onde quis introduzir-se.
O
Espírito que ditou a comunicação acima é, pois, muito absoluto no que concerne
à qualificação de santo e não está certo quando diz que os Espíritos superiores
se dizem simplesmente Espíritos de verdade, qualificação que não passaria de um
orgulho disfarçado sob outro nome, e que poderia induzir em erro, se tomado ao
pé da letra, porque nenhum se pode vangloriar de possuir a verdade absoluta,
nem a santidade absoluta. A qualificação
de Espírito de verdade não pertence senão a um só, (grifo nosso) e pode ser considerada como nome próprio; está
especificada no Evangelho. Aliás, esse Espírito se comunica raramente e apenas
em circunstâncias especiais. Devemos pôr-nos em guarda contra os que se adornam
indevidamente com esse título: são fáceis de reconhecer, pela prolixidade e
pela vulgaridade de sua linguagem.
Allan Kardec – Revista Espírita – julho/1856
Os falsos profetas não se encontram
unicamente entre os encarnados. Há-os também, e em muito maior número, entre os
Espíritos orgulhosos que, aparentando amor e caridade, semeiam a desunião e
retardam a obra de emancipação da Humanidade, lançando-lhe de través seus sistemas
absurdos, depois de terem feito que seus médiuns os aceitem. E, para melhor
fascinarem àqueles a quem desejam iludir, para darem mais peso às suas teorias,
se apropriam sem escrúpulo de nomes que só com muito respeito os homens
pronunciam.
São eles que espalham o fermento dos
antagonismos entre os grupos, que os impelem a isolarem-se uns dos outros e a
olharem-se com prevenção.
Isso por si só bastaria para os
desmascarar, pois, procedendo assim, são os primeiros a dar o mais formal
desmentido às suas pretensões. Cegos, portanto, são os homens que se deixam cair
em tão grosseiro embuste.
Há, porém, muitos outros meios de
serem reconhecidos. Espíritos da categoria em que eles dizem achar-se têm de
ser não só muito bons, como também eminentemente racionais. Pois bem:
passai-lhes os sistemas pelo crivo da razão e do bom senso e vede o que
restará. Convinde, pois, comigo, em que, todas as vezes que um Espírito indica,
como remédio aos males da Humanidade ou como meio de conseguir-se a sua
transformação, coisas utópicas e impraticáveis, medidas pueris e ridículas; quando
formula um sistema que as mais rudimentares noções da Ciência contradizem, não pode
ser senão um Espírito ignorante e mentiroso.
Por outro lado, crede que, se nem
sempre os indivíduos apreciam a verdade, esta é apreciada sempre pelo bom senso
das massas, constituindo isso mais um critério. Se dois princípios se
contradizem, achareis a medida do valor intrínseco de ambos, verificando qual
dos dois encontra mais ecos e simpatias. Fora, com efeito, ilógico admitir-se
que uma doutrina cujo número de adeptos diminua progressivamente seja mais
verdadeira do que outra que veja o dos seus em contínuo aumento. Querendo que a
verdade chegue a todos, Deus não a confina num círculo acanhado: fá-la surgir
em diferentes pontos, a fim de que por toda a parte a luz esteja ao lado das
trevas.
Repeli sem condescendência todos esses
Espíritos que se apresentam como conselheiros exclusivos, pregando a separação
e o insulamento. São quase sempre Espíritos vaidosos e medíocres, que procuram
impor-se a homens fracos e crédulos, prodigalizando-lhes exagerados louvores, a
fim de os fascinar e de tê-los dominados. São, geralmente, Espíritos sequiosos
de poder e que, déspotas públicos ou nos lares, quando vivos, ainda querem vítimas
para tiranizar depois de terem morrido. Em geral, desconfiai das comunicações
que trazem um caráter de misticismo e de singularidade, ou que prescrevem
cerimônias e atos extravagantes. Há sempre, nesses casos, motivo legítimo de
suspeição (...). – Erasto, discípulo
de Paulo (Paris, 1862.)
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo XXI – Haverá falsos cristos e falsos profetas – item 10
“…e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. (Tiago, 2:18)
Em todos os lugares, vemos o obreiro
sem fé, espalhando inquietação e desânimo.
Devota-se a determinado empreendimento
de caridade e abandona-o, de início, murmurando:
— “Para quê? O mundo não presta”.
Compromete-se em deveres comuns e, sem
qualquer mostra de persistência, se faz demissionário de obrigações
edificantes, alegando:
Não nasci para o servilismo desonroso.
Aproxima-se da fé religiosa, para
desfrutar-lhe os benefícios, entretanto, logo após, relega-a ao esquecimento,
asseverando:
— “Tudo isto é mentira e complicação”.
Se convidado a posição de evidência,
repete o velho estribilho:
— “Não mereço! Sou indigno!...”
Se trazido a testemunhos de humildade,
afirma sob manifesta revolta:
— “Quem me ofende assim”?
E transita de situação em situação,
entre a lamúria e a indisciplina, com largo tempo para sentir-se perseguido e
desconsiderado.
Em toda parte, é o trabalhador que não
termina o serviço por que se responsabilizou ou o aluno que estuda
continuadamente, sem jamais aprender a lição.
Não te concentres na fé sem obras, que
constitui embriaguez perigosa da alma, todavia, não te consagres à ação, sem fé
no Poder Divino e em teu próprio esforço.
O servidor que confia na Lei da Vida
reconhece que todos os patrimônios e glórias do Universo pertencem a Deus. Em
vista disso, passa no mundo, sob a luz do entusiasmo e da ação no bem
incessante, completando as pequenas e grandes tarefas que lhe competem, sem
enamorar-se de si mesmo na vaidade e sem escravizar-se às criações de que terá
sido venturoso instrumento.
Revelemos a nossa fé, através das
nossas obras na felicidade comum e o Senhor conferirá à nossa vida o
indefinível acréscimo de amor e sabedoria, de beleza e poder.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 026
Senhor Jesus!
Esta é a casa em que nos honorificas a
confiança, permitindo-nos cooperar contigo no serviço aos semelhantes, em favor
de nós mesmos.
Faze-nos sentir que nos concedes aqui
um educandário da alma, em função de nosso próprio burilamento para a
imortalidade vitoriosa.
Ilumina-nos o entendimento, a fim de
que possamos discernir os teus desígnios de nossos desejos.
Ensina-nos a receber todos aqueles que
nos batam às portas, na condição de mensageiros da tua bondade, capazes de
instruir-nos no amor que nos legaste.
Ajuda-nos, para que venhamos a ser
bálsamo aos que sofrem, escora aos que esmorecem, coragem aos abatidos e paz
aos que jazem no desespero.
Nos dias obscuros ou intranquilos,
quando as nossas imperfeições não nos consintam perceber-te as diretrizes, sê,
por misericórdia, a luz que nos oriente em rumo certo.
Nas horas de incerteza ou perturbação,
sê o equilíbrio que nos reajuste sentimentos e raciocínios.
Induze-nos a reconhecer que os mais
fortes de nós, somos o apoio dos mais fracos; os mais cultos, o auxílio dos
menos cultos; os sãos, o socorro devido aos doentes e que todos quantos já
puderam entesourar as luzes do caráter cristão devem ser, diante de Ti, o
amparo de quantos ainda não conseguem apresentar o padrão de vida espiritual elevado
e nobre tanto quanto desejam.
Senhor!
Abençoa-nos e que, junto ao benemérito
patrono deste lar da paz e da bênção, possamos nós também aprender a servir-te,
servindo o próximo, hoje e sempre.
Assim seja!
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Educandário de Luz
Esta questão nos foi dirigida por um de nossos correspondentes
e a ela respondemos por meio de outra pergunta:
Seria bom publicar tudo quanto dizem e pensam os homens?
Quem quer que possua uma noção do Espiritismo, por mais superficial
que seja, sabe que o mundo invisível é composto de todos os que deixaram na
Terra o envoltório visível. Entretanto, pelo fato de se haverem despojado do
homem carnal, nem por isso os Espíritos se revestiram da túnica dos anjos.
Encontramo-los de todos os graus de conhecimento e de ignorância, de moralidade
e de imoralidade; eis o que não devemos perder de vista. Não esqueçamos que
entre os Espíritos, assim como na Terra, há seres levianos, estouvados e
zombeteiros; pseudossábios, vãos e orgulhosos, de um saber incompleto;
hipócritas, malvados e, o que nos pareceria inexplicável, se de algum modo não
conhecêssemos a fisiologia desse mundo, existem os sensuais, os ignóbeis e os devassos,
que se arrastam na lama. Ao lado disto, tal como ocorre na Terra, temos seres
bons, humanos, benevolentes, esclarecidos, de sublimes virtudes; como, porém,
nosso mundo não se encontra nem na primeira, nem na última posição, embora mais
vizinho da última que da primeira, resulta que o mundo dos Espíritos compreende
seres mais avançados intelectual e moralmente que os nossos homens mais
esclarecidos, e outros que ainda estão abaixo dos homens mais inferiores.
Desde que esses seres têm um meio patente de comunicar-se
com os homens, de exprimir os pensamentos por sinais inteligíveis, suas
comunicações devem ser o reflexo de seus sentimentos, de suas qualidades ou de
seus vícios. Serão levianas, triviais, grosseiras, mesmo obscenas, sábias,
sensatas e sublimes, conforme seu caráter e sua elevação. Revelam-se por sua
própria linguagem; daí a necessidade de não se aceitar cegamente tudo quanto
vem do mundo oculto, e submetê-lo a um controle severo.
Com as comunicações de certos Espíritos, do mesmo modo
que com os discursos de certos homens, poderíamos fazer uma coletânea muito
pouco edificante. Temos sob os olhos uma pequena obra inglesa, publicada na
América, que é a prova disto, e cuja leitura, podemos dizer, uma mãe não
recomendaria à filha. Eis a razão por que não a recomendamos aos nossos
leitores. Há pessoas que acham isso engraçado e divertido. Que se deliciem na intimidade,
mas que o guardem para si mesmas. O que é ainda menos concebível é se
vangloriarem de obter comunicações indecorosas; é sempre indício de simpatias
que não podem ser motivo de vaidade, sobretudo quando essas comunicações são espontâneas e persistentes, como
acontece a certas pessoas. Sem dúvida isto nada prejulga em relação à sua
moralidade atual, porquanto
encontramos criaturas atormentadas por esse gênero de obsessão, ao qual de modo
algum se pode prestar o seu caráter.
Entretanto, este efeito deve ter uma causa, como todos os
efeitos; se não a encontramos na existência presente, devemos buscá-la numa
vida anterior. Se não estiver em nós, estará fora de nós, mas sempre nos
achamos nessa situação por algum motivo, ainda que seja pela fraqueza de
caráter. Conhecida a causa, depende de nós fazê-la cessar.
Ao lado dessas comunicações francamente más, e que chocam
qualquer ouvido delicado, outras há que são simplesmente triviais ou ridículas.
Haverá inconvenientes em publicá-las? Se forem dadas pelo que valem, serão
apenas impróprias; se o forem como estudo do gênero, com as devidas precauções,
os comentários e os corretivos necessários, poderão mesmo ser instrutivas,
naquilo que contribuírem para tornar conhecido o mundo espiritual em todos os
seus aspectos. Com prudência e habilidade tudo pode ser dito; o mal é dar como
sérias coisas que chocam o bom senso, a razão e as conveniências. Neste caso, o
perigo é maior do que se pensa. Em primeiro lugar, essas publicações têm o
inconveniente de induzir em erro as pessoas que não estão em condições de
aprofundá-las nem de discernir o verdadeiro do falso, especialmente numa
questão tão nova como o Espiritismo. Em segundo lugar, são armas fornecidas aos
adversários, que não perdem tempo em tirar desse fato argumentos contra a alta
moralidade do ensino espírita; porque, insistimos, o mal está em considerar
como sérias coisas que constituem notórios absurdos. Alguns mesmos podem ver
uma profanação no papel ridículo que emprestamos a certas personagens
justamente veneradas, e às quais atribuímos uma linguagem indigna delas.
Aqueles que estudaram a fundo a ciência espírita sabem
como se portar a esse respeito. Sabem que os Espíritos galhofeiros não têm o
menor escrúpulo de se adornarem de nomes respeitáveis; mas sabem também que
esses Espíritos não abusam senão daqueles que gostam de se deixar abusar, e que
não sabem ou não querem desmascarar
as suas astúcias pelos meios de controle que conhecemos. O público, que ignora
isso, vê apenas um absurdo oferecido seriamente à sua admiração, o que faz com
que diga: Se todos os espíritas são assim, merecem o epíteto com que foram agraciados.
Sem sombra de dúvida, esse julgamento não pode ser levado em consideração; vós
os acusais com justa razão de leviandade. Dizei a eles: Estudai o assunto e não
examineis apenas uma face da moeda. Entretanto, há tantas pessoas que julgam a priori, sem se darem ao trabalho de
virar a folha, sobretudo quando falta boa vontade, que é necessário evitar tudo
quanto possa dar motivos a decisões precipitadas, porquanto, se à má vontade
vier juntar-se a malevolência, o que é muito comum, ficarão encantadas de
encontrar o que criticar.
Mais tarde, quando o Espiritismo estiver mais vulgarizado,
mais conhecido e compreendido pelas massas essas publicações não terão maior
influência do que hoje teria um livro que encerrasse heresias científicas. Até
lá, nunca seria demasiada a circunspeção, visto haver comunicações que podem
prejudicar essencialmente a causa que querem defender, em intensidade superior
aos ataques grosseiros e às injúrias de certos adversários; se algumas fossem
feitas com tal objetivo, não alcançariam melhor êxito. O erro de certos autores
é escrever sobre um assunto antes de tê-lo aprofundando suficientemente, dando
lugar, desse modo, a uma crítica fundamentada. Queixam-se do julgamento
temerário de seus antagonistas, sem se darem conta de que muitas vezes são eles
mesmos que exibem uma falha na couraça. Aliás, malgrado todas as precauções,
seria presunção julgarem-se ao abrigo de toda crítica: primeiro, porque é
impossível contentar a todo o mundo; em segundo lugar, porque há pessoas que
riem de tudo, mesmo das coisas mais sérias, uns por seu estado, outros por seu caráter. Riem muito da religião, de sorte
que não é de admirar que riam dos Espíritos, que não conhecem. Se pelo menos
suas brincadeiras fossem espirituosas, haveria compensação. Infelizmente, em
geral não brilham nem pela finura, nem pelo bom gosto, nem pela urbanidade e
muito menos pela lógica. Façamos, então, o que de melhor estiver ao nosso
alcance. Pondo de nosso lado a razão e as conveniências, poremos de lado também
os trocistas.
Essas considerações serão facilmente compreendidas por
todos. Há, porém, uma não menos importante, que diz respeito à própria natureza
das comunicações espíritas, e que não devemos omitir: Os Espíritos vão aonde
acham simpatia e onde sabem que serão
ouvidos. As comunicações grosseiras e inconvenientes, ou simplesmente
falsas, absurdas e ridículas, não podem emanar senão de Espíritos inferiores: o
simples bom senso o indica. Esses Espíritos fazem o que fazem os homens que são
ouvidos complacentemente: ligam-se àqueles que admiram as suas tolices e, frequentemente,
se apoderam deles e os dominam a ponto de os fascinar e subjugar. A importância
que, pela publicidade, é concedida às suas comunicações, os atrai, excita e
encoraja. O único e verdadeiro meio de os afastar é provar-lhes que não nos
deixamos enganar, rejeitando impiedosamente, como apócrifo e suspeito, tudo que
não for racional, tudo que desmentir a superioridade que se atribui ao Espírito
que se manifesta e de cujo nome ele se reveste. Quando, então, vê que perde seu
tempo, afasta-se.
Acreditamos ter respondido suficientemente à pergunta do
nosso correspondente sobre a conveniência e a oportunidade de certas
publicações espíritas. Publicar sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem
dessa fonte seria, em nossa opinião, dar prova de pouco discernimento. Tal é,
pelo menos, a nossa opinião pessoal, que submetemos à apreciação daqueles que,
estando desinteressados pela questão,
podem julgar com imparcialidade, pondo de lado qualquer consideração
individual. Como todo mundo, temos o direito de externar a nossa maneira de
pensar sobre a ciência que constitui o objeto de nossos estudos, e de tratá-la
à nossa maneira, sem pretender impor nossas ideias a quem quer que seja, nem apresentá-las
como leis. Os que partilham a nossa maneira de ver é porque creem, como nós,
estar com a verdade. O futuro mostrará quem está errado ou quem tem razão.
Allan Kardec – Revista Espírita – novembro/1859
“Mas a graça foi dada a cada um de nós, segundo a medida do dom do Cristo”.
Paulo (Efésios, 4:7)
A alma humana, nestes vinte séculos de
Cristianismo, é uma consciência esclarecida pela razão, em plena batalha pela
conquista dos valores iluminativos.
O campo de luta permanece situado em
nossa vida íntima.
Animalidade versus espiritualidade.
Milênios de sombras cristalizadas
contra a luz nascente.
E o homem, pouco a pouco, entre as
alternativas de vida e morte, renascimento no corpo e retorno à atividade
espiritual, vai plasmando em si mesmo as qualidades sublimes, indispensáveis à
ascensão, e que, no fundo, constituem as virtudes do Cristo, progressivas em
cada um de nós.
Daí a razão de a graça divina ocupar a
existência humana ou crescer dentro dela, à medida que os dons de Jesus,
incipientes, reduzidos, regulares ou enormes nela se possam expressar.
Onde estiveres, seja o que fores,
procura aclimatar as qualidades cristãs em ti mesmo, com a vigilante atenção
dispensada à cultura das plantas preciosas, ao pé do lar.
Quanto à Terra, todos somos
suscetíveis de produzir para o bem ou para o mal.
Ofereçamos ao Divino Cultivador o vaso
do coração, recordando que se o "solo consciente" do nosso espírito
aceitar as sementes do Celeste Pomicultor, cada migalha de nossa boa vontade será
convertida em canal milagroso para a exteriorização do bem, com a multiplicação
permanente das graças do Senhor, ao redor de nós.
Observa a tua "boa parte" e
lembra que podes dilatá-la ao Infinito.
Não intentes destruir milênios de
treva de um momento para outro.
Vale-te do esforço de
autoaperfeiçoamento cada dia.
Persiste em aprender com o Mestre do
Amor e da Renúncia.
Não nos esqueçamos de que a Graça Divina
ocupará o nosso espaço individual, na medida de nosso crescimento real nos dons
do Cristo.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 025
Nós te agradecemos todas as bênçãos
com que nos clareias a estrada e nos reconfortas a vida, mas, em particular,
nós te agradecemos os obstáculos que permites encontrar, no relacionamento uns
com os outros, através dos quais exercitamos a prática do amor que nos legaste.
Muito obrigado, Senhor, pelos irmãos
que nos buscam desesperados pelo sofrimento, a ponto de agredir-nos as portas.
Muito obrigado pelos companheiros que
tentam desacreditar as nossas palavras, através de experimentos desconcertantes
e descaridosos com os médiuns que nos servem de instrumentos e que são
criaturas humanas, tão falíveis, quanto nós, os espíritos humanos desencarnados
de nossa condição.
Muito obrigado pelos amigos que nos
esmiúçam os erros, involuntariamente cometidos no intercâmbio espiritual,
exigindo que a gramática do mundo funcione acima dos nossos corações, com os
quais te registramos a sabedoria e a misericórdia.
Muito obrigado pelos estudiosos que
nos criticam negativamente os comunicados, a fim de solaparem a fé e a
esperança dos cooperadores simples e dedicados à seara do bem que nos aceitam.
Muito obrigado pelos irmãos que
experimentam extremas dificuldades para cultivarem a tolerância recíproca.
Muito obrigado pelos companheiros que
cruzam os braços diante dos problemas de nossos núcleos de serviço e deixam-nos
ficar como estão para verem, afinal como ficam.
Muito obrigado pelas almas sensíveis e
queridas, que se entregam a melindres e queixas, ofertando-nos mais trabalho,
embora adiando realizações importantes que nos cabem fazer.
E muito obrigado por todas as
criaturas que chegam, até nós, tangidas por amargas provações e que nos atiram
reclamações injustas e referências infelizes, porque, por todos esses irmãos é
que aprendemos o amor que nos ensinaste – o amor pelo qual reconhecemos quanto
nos amas, apesar das imperfeições que trazemos e que nos compete podar, com o
teu auxílio, a fim de nos ajustarmos com mais segurança no caminho para Deus.
Meimei / Chico Xavier – Livro: Aulas da vida