(...) Querer é poder! O poder da vontade é
ilimitado. O homem, consciente de si mesmo, de seus recursos latentes, sente
crescerem suas forças na razão dos esforços. Sabe que tudo o que de bem e bom
desejar há de, mais cedo ou mais tarde, realizar-se inevitavelmente, ou na
atualidade ou na série das suas existências, quando seu pensamento se puser de
acordo com a Lei Divina. E é nisso que se verifica a palavra celeste: "A
Fé transporta montanhas."
Não é consolador e belo poder dizer: Sou uma
inteligência e uma vontade livres; a mim mesmo me fiz, inconscientemente,
através das idades; edifiquei lentamente minha individualidade e liberdade, e
agora conheço a grandeza e a força que há em mim. Amparar-me-ei nelas; não
deixarei que uma simples dúvida as empane por um instante sequer e, fazendo uso
delas com o auxílio de Deus e de meus irmãos do Espaço, elevar-me-ei acima de
todas as dificuldades; vencerei o mal em mim; desapegar-me-ei de tudo o que me
acorrenta às coisas grosseiras para levantar o voo para os mundos felizes.
Vejo claramente o caminho que se desenrola e que
tenho de percorrer. Este caminho atravessa a extensão ilimitada e não tem fim;
mas, para guiar-me na Estrada Infinita, tenho um guia seguro — a compreensão da
lei de vida, progresso e amor que rege todas as coisas; aprendi a conhecer-me,
a crer em mim e em Deus. Possuo, pois, a chave de toda elevação e, na vida
imensa que tenho diante de mim, conservar-me-ei firme, inabalável na vontade de
enobrecer-me e elevar-me, cada vez mais; atrairei, com o auxílio de minha
inteligência, que é filha de Deus, todas as riquezas morais e participarei de
todas as maravilhas do Cosmo.
Minha vontade chama-me: "Para frente,
sempre para frente, cada vez mais conhecimento, mais vida, vida divina!" E
com ela conquistarei a plenitude da existência, construirei para mim uma
personalidade melhor, mais radiosa e amante. Saí para sempre do estado inferior
do ser ignorante, inconsciente de seu valor e poder; afirmo-me na independência
e dignidade de minha consciência e estendo a mão a todos os meus irmãos,
dizendo-lhes: "Despertai de vosso pesado sono; rasgai o véu material que
vos envolve, aprendei a conhecer-vos, a conhecer as potências de vossa alma e a
utilizá-las. Todas as vozes da Natureza, todas as vozes do Espaço vos bradam:
'Levantai-vos e marchai! Apressai-vos para a conquista de vossos
destinos'."
A todos vós que vergais ao peso da vida, que,
julgando-vos sós e fracos, vos entregais à tristeza, ao desespero ou que
aspirais ao nada, venho dizer: "O nada não existe; a morte é um novo
nascimento, um encaminhar para novas tarefas, novos trabalhos, novas colheitas;
a vida é uma comunhão universal e eterna que liga Deus a todos os seus filhos”.
A vós todos, que vos credes gastos pelos
sofrimentos e decepções, pobres seres aflitos, corações que o vento áspero das
provações secou; Espíritos esmagados, dilacerados pela roda de ferro da
adversidade, venho dizer-vos: “Não há alma que não possa renascer, fazendo
brotar novas florescências. Basta-vos querer para sentirdes o despertar em vós
de forças desconhecidas. Crede em vós, em vosso rejuvenescimento em novas
vidas; crede em vossos destinos imortais. Crede em Deus, Sol dos sóis, foco
imenso, do qual brilha em vós uma centelha, que se pode converter em chama
ardente e generosa”!
“Sabei que todo homem pode ser bom e feliz; para
vir a sê-lo basta que o queira com energia e constância. A concepção mental do
ser, elaborada na obscuridade das existências dolorosas, preparada pela vagarosa
evolução das idades, expandir-se-á à luz das vidas superiores e todos
conquistarão a magnífica individualidade que lhes está reservada”.
"Dirigi incessantemente vosso pensamento
para esta verdade: que podeis vir a ser o que quiserdes. E sabei querer ser
cada vez maiores e melhores. Tal é a noção do progresso eterno e o meio de
realizá-lo; tal é o segredo da força mental, da qual emanam todas as forças
magnéticas e físicas. Quando tiverdes conquistado este domínio sobre vós
mesmos, não mais tereis que temer os retardamentos nem as quedas, nem as
doenças, nem a morte; tereis feito de vosso eu inferior e frágil uma alta e
poderosa individualidade!"
Leon Denis – Livro: o problema do ser, do destino e da dor