sábado, 28 de dezembro de 2019

ANO NOVO – Novo Ano


Ao término de cada ano, damos guarida à ideia de que o novo ano será melhor, mais luminoso, mais profícuo. Novo Ano tivemos ontem, temo-lo agora, tê-lo-emos amanhã e depois, depois e sempre.
Novo Ano diz respeito à sequência natural da vida, ocasião de nos reorganizarmos, raciocinarmos sobre novas e atuais posições, como, por exemplo, melhor aproveitamento do tempo - esse mercado de oportunidades que nos foi concedido para a construção do bem, ótimo ensejo de semearmos o que iremos colher num futuro próximo. A hora que passa é preciosa demais para que lhe percamos a grandeza. Elaboremos, pois, o nosso calendário e aproveitemos os dias, as horas e os minutos para fazermos o máximo que nos for possível na sementeira do bem. O tempo é irreversível, não volta mais. Talvez, por isso mesmo, nos mundos felizes ou nos espaços siderais o tempo seja inexistente e os Espíritos vivam num eterno presente.
O tempo diz respeito a quem está em marcha e percebe que as coisas não são fixas ou permanentes. Eis porque no ser inteligente há ânsia, há busca, há desejo de refazer, recomeçar, repensar, esclarecer dúvidas ou incertezas. Vive-se ao sabor das surpresas do caminho. Somos felizes ou infelizes, até o instante em que percebemos a insatisfação ou por ela somos surpreendidos, ou despertamos para a realidade do que efetivamente somos.
Julgamos então ser nosso o equívoco quanto à felicidade que pensávamos haver alcançado, ou concluímos que não éramos tão infelizes quanto supúnhamos, e, nesse sentido, quanto mais imperfeito é o indivíduo, maior é a soma de suas insatisfações e menos estável é a sua felicidade, que é algo que construímos dentro de nós e que nada tem a ver com os bens materiais que são passageiros. A perfeição que buscamos alcançar pelo exercício diuturno do Evangelho conduz-nos direta e ininterruptamente aos gozos eternos e inconspurcáveis do Espírito. Perder tempo é, pois, obstacular a caminhada no roteiro da Luz.
Ano Novo significa mais um trecho que temos a percorrer em nossa caminhada na Crosta Planetária, uma ótima oportunidade para um balanço total de nossa vida. Isso sugere a ideia de viagem... Quando pensamos viajar, cogitamos logo de preparar a bagagem, pondo tudo em ordem, separando as coisas necessárias para levar. Prevenimos o numerário suficiente para as despesas, enfim, tomamos todas as medidas cabíveis para nos assegurar uma ida e uma volta isentas de embaraços. O Espiritismo, quando penetra em nossa intimidade, convida-nos a realizar duas grandes viagens:
- a primeira, para dentro de nós mesmos, em busca do autodescobrimento, através do qual conheceremos os equívocos a serem corrigidos e as conquistas salutares a serem ampliadas;
- a segunda, para fora de nós, em busca do outro, dos carentes e necessitados de nosso amor e compreensão que surgem com campo propício para a semeadura das descobertas anteriores.
Diante do ano que findou e de um que se inicia deve ser o bem, o amor a nossa meta. A transformação moral definitiva começa no desejo íntimo e concretiza-se na ação renovadora. Ninguém espere encontrar na vida um mar de rosas; necessário se faz aprendermos a lidar com as nossas emoções e sentimentos.
O desafio, porém, precisa ser enfrentado, mesmo à custa de lágrimas. A “boa luta”, a que Jesus se referiu, começa na coragem de mergulharmos no imo de nós mesmos, para alcançarmos o nosso propósito: vencer do princípio ao fim, do primeiro ao último dia do Ano Novo, observando uma conduta reta e a mais elevada possível, pensando tão somente no Bem que elegeremos para luz de nosso caminho. O que importa, em essência, não é propriamente a passagem de um ano para outro, coisa que sempre se deu e se dará à nossa revelia, e sim as condições da bagagem espiritual com que entramos no Ano Novo: para que ele seja realmente bom como o concebemos, precisamos renovar-nos.
Muita paz e um Ano Novo repleto de realizações.

 Jurá Rodrigues - Revista Reformador - janeiro/1999

Um ano maravilhoso


Diz Jesus (Lucas 4:18-19): O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres. Enviou-me para apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos, pôr em liberdade os oprimidos e anunciar o ano aceitável do Senhor.
Coletivamente, envolvendo a Humanidade, podemos dizer que o ano aceitável do Senhor foi aquele em que a mensagem de Jesus começou a ser transmitida, no ano trinta da Era Cristã, segundo a cronologia estabelecida.
Individualmente, será aquele em que estivermos dispostos a aceitar Jesus em plenitude, buscando colocar em prática seus ensinamentos.
A orientação para essa vivência está contida nas excelências do Evangelho, que tem a sua síntese no Sermão da Montanha, o mais belo poema da Humanidade.
Nele temos o roteiro perfeito para cumprir a vontade de Deus e edificar o Reino Divino na Terra.
E o próprio Sermão da Montanha pode ser sintetizado, conforme a expressão de Jesus (Mateus, 7:12): Tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o assim também a eles.
Em favor dos homens, representados por familiares, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, transeuntes, e todos aqueles que cruzam nosso caminho, somos convocados a fazer o melhor, tanto quanto gostaríamos que eles o fizessem por nós.
Isso nos remete aos valores do perdão, da caridade, da solidariedade, da tolerância, da paciência e das demais virtudes evangélicas, que o Mestre não se cansou de ensinar e exemplificar ao longo de seu apostolado.
No empenho de servir os carentes de todos os matizes, há que considerar nossa integração em grupos de trabalho.
Aqueles que servem com eficiência, que produzem em benefício da coletividade, invariavelmente estão associados a outras pessoas, unidos por ideais comuns.
Há estímulos recíprocos em que nos beneficiamos e somos beneficiados, em relação ao serviço.
Se nos propomos, por exemplo, a visitar doentes num hospital, cumprindo solitariamente a tarefa, sempre haverá certo constrangimento na abordagem dos pacientes.
Por outro lado, dificilmente sustentaremos a assiduidade.
Se integrados num movimento de solidariedade, haverá sempre a segurança do grupo e o estímulo dos companheiros a nos cobrarem a presença.
Podemos estar dispostos a atender eventualmente o pobre que bate à nossa porta, ajudar um colega de serviço, atender à necessidade de um vizinho, visitar um doente…
Mas será sempre algo por demais elementar para nos situar como legítimos servidores.
É preciso dar regularidade e constância a esse empenho.
Para tanto, a melhor alternativa é o Centro Espírita, a escola abençoada das Almas, onde, num primeiro momento, aprendemos a raciocinar como Espíritos imortais em jornada de aprendizado pela Terra.
E se houver empenho de nossa parte nesse mister, logo perceberemos que ali está também a nossa abençoada oficina de trabalho, onde, unidos em torno do ideal comum de servir, integramo-nos nos abençoados serviços da solidariedade, que emprestam significado e objetivo à existência.
Uma boa proposta para o Ano Novo.
Integrando-nos nas atividades da Casa Espírita, participando de suas campanhas, contribuindo para seus serviços, estaremos fazendo de “2020”* um ano aceitável do Senhor, aquele ano maravilhoso em que, despertando para as realidades reveladas pela Doutrina Espírita, estejamos dispostos a arregaçar as mangas, buscando a glória de servir.

*2005 no original
 Richard Simonetti - Revista Reformador – janeiro / 2005

Palestras CEJG - Janeiro/2020


Nisto conheceremos

“Nisto conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.” (I João, 4:6.)

Quando sabemos conservar a ligação com a Paz Divina, apesar de todas as perturbações humanas:
· perdoando quantas vezes forem necessárias ao companheiro que nos magoa;
· esquecendo o mal para construir o bem;
· amparando com sinceridade aos que nos aborrecem;
· cooperando espiritualmente, através da ação e da oração, a benefício dos que nos perseguem e caluniam;
· olvidando nossos desejos particulares para servirmos em favor de todos;
· guardando a fé no Supremo Poder como luz inapagável no coração;
· perseverando na bondade construtiva, embora mil golpes da maldade nos assediem;
· negando a nós mesmos para que a bênção divina resplandeça em torno de nossos passos;
· carregando nossas dificuldades como dádivas celestes;
· recebendo adversários por instrutores;
· bendizendo as lutas que nos aperfeiçoam a alma, à frente da Esfera Maior;
· convertendo a experiência terrena em celeiros de alegrias para a Eternidade;
· descortinando ensejos de servir em toda parte;
· compreendendo e auxiliando sempre, sem a preocupação de sermos entendidos e ajudados;
· amando os nossos semelhantes qual temos sido amados pelo Senhor, sem expectativa de recompensa; então, conheceremos o espírito da verdade em nós, iluminando-nos a estrada para a redenção divina.

Livro Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier – Lição 109

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Em busca do Mestre

Aos ouvidos da Alma atormentada, que lhe pedia a comunhão com Jesus, respondeu, generoso, o mensageiro celestial:
- Sim, em verdade reconheces no Cristo o Senhor, mas não te dispões a servi-lo...
Clamas por Ele, como sendo a Suma Compaixão, todavia, ainda te acomodas com a maldade...
Não te cansas de anunciá-lo por Luz dos Séculos, entretanto, não te afastas da sombra...
Dizes que Ele é o Amor Infinito, mas ainda te comprazes na agressividade e no ódio...
Afirmas aceitá-lo por Príncipe da Paz e não vacilas em favorecer a discórdia...
- Contudo - suplicou a Alma em pranto -, tenho fome de consolo, no aflitivo caminho em que se me alongam as provações... Que fazer para encontrar-lhe a presença redentora? ....
- Volta ao combate pela vitória do bem e não desfaleças! - acrescentou o emissário celeste.
- Ele é teu Mestre, a Terra é tua escola, o corpo de carne a tua ferramenta e a luta a nossa sublime oportunidade de aprender. Se já lhe recolheste a lição, sê um traço dEle, cada dia... Ama sempre, ainda que a fogueira da perseguição te elimine a esperança, estende os braços ao próximo, sem esmorecer, ainda que o fel das circunstâncias adversas te envenene a taça de solidariedade e carinho!...
Sê um raio de luz nas trevas e a mão abnegada que insiste no socorro fraternal, ainda mesmo nos lugares e nas situações em que os outros hajam desistido de auxiliar... Vai! Esquece-te e ajuda no silêncio, assim como no silêncio recolhes dEle o alento de cada instante! Não pretendas improvisar a santidade e nem esperes partilhar-lhe, de imediato, a glória sublime! Ouve! Basta que sejas um traço do Senhor, onde estiveres!...
Aos olhos da Alma supliciada desapareceu a figura do excelso dispensador dos Talentos Eternos.
Viu-se, de novo, religada ao corpo, sob desalento inexprimível...
Contudo, ergueu-se, enxugou os olhos doridos e, calando-se, procurou ser um traço do Mestre cada dia.
Correu, célere, o tempo.
Amou, tolerou, sofreu e engrandeceu-se...
O mundo feriu-a de mil modos, os invernos da experiência enrugaram-lhe a face e pratearam-lhe os cabelos, mas um momento surgiu em que os traços do Mestre como que se lhe gravaram no íntimo...
Viu Jesus, com todo o esplendor de sua beleza, no espelho da própria mente, no entanto, não dispunha de palavras para transmitir aos outros qualquer notícia do divino milagre...
Sabia tão somente que transportava no coração as estrelas da alegria e os tesouros do amor.

Chico Xavier / Meimei - Livro Instruções Pisicofônicas

“E A Vida Continua...”: Andrezinho e a Justiça Divina


O avatar da Microcampanha “A Vida no Mundo Espiritual”, Andrezinho, fala sobre as ações e escolhas dos seres em evolução e como funcionam os mecanismos da Justiça Divina. Tal ensinamento está presente no capítulo 13 do livro “E A Vida Continua...”, a décima terceira
obra da série.
Ditado por André Luiz e psicografado por Chico Xavier, o livro completa 51 anos de lançamento em 2019.

Operemos em Cristo

“E quanto fizerdes, por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus e Pai.” Paulo (Colossenses, 3:17)

A espera de resultados, depois de expressões e ações reconhecidamente elevadas, pode provocar enormes prejuízos em nossa romagem para a Suprema Luz.
Enquanto aguardamos manifestações alheias de gratidão ou melhoria, somos suscetíveis de paralisar nossas próprias obrigações, desviando-nos para o terreno escuro da maledicência ou do julgamento precipitado.
Quanto seja possível, distribuamos o bem, entregando nossas atividades ao Cristo, divino doador dos benefícios terrestres.
É perigoso estabelecer padrões de reconhecimento para corações alheios, ainda mesmo quando sejam preciosas joias do nosso escrínio espiritual. Em nossa expectação ansiosa por enxergar a soma de nossos gestos nobres, podemos parecer egoístas, ingratos e maldizentes.
Copiemos o pomicultor sensato.
Preparemos a terra, auxiliando-a e adubando-a.
Em seguida, lancemos ao solo sementes e mudas valiosas.
O serviço mais importante caberá ao Senhor da Vida. Ele cuidará das circunstâncias favoráveis no espaço e no tempo, desenvolvendo-nos a sementeira, ou anularnos-á o serviço, através de processos naturais, adiando a realização de nossos desejos, em virtude de razões que desconhecemos.
O pomicultor equilibrado trabalha com títulos de sincera confiança no Céu, ignorando, de maneira absoluta, se colherá flores ou frutos de suas obras, no quadro do imediatismo humano.
Ampara-se, todavia, na Providência Divina e trabalha sempre, a benefício de todos.
Cumpramos, assim, nossa tarefa, por mais alta ou mais humilde, operando invariavelmente em nome de Jesus.
Junto d’Ele, sejam para nós a glória de amar e o prazer de servir.

Livro Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier – Lição 108