Venha refletir conosco:
- A obra messiânica de redenção é obra de educação
- Cuidar do corpo e do espírito
- Na lembrança dos mortos
- Pelas obras
- Oração pelos entes queridos
- Agenda espírita
- Campanhas
Venha refletir conosco:
Vamos definir a pessoa e a missão de Jesus, valendo-nos,
para isso, da sua própria declaração, segundo consta dos Evangelhos.
Desejando que aqueles homens humildes e bons que
escolhera para seus colaboradores soubessem quem ele era e donde procedera,
interrogou-os, certa vez, indagando: Quem diz o povo que eu sou? Eles
retrucaram: Dizem que sois um dos antigos profetas que ressuscitou. E, vós
outros, prosseguiu o Senhor, quem dizeis que eu sou? Pedro, adiantando-se aos
demais, respondeu: Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo.
Jesus, confirmando a resposta do velho pescador,
acrescenta: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, pois não foi a carne nem o
sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus...
Sabemos, portanto, quem é Jesus, pelo testemunho celeste
que veio por intermédio de Pedro: é o Cristo, isto é, o ungido, o escolhido,
Filho de Deus vivo.
Ungido e escolhido para quê? Qual a missão que lhe foi
confiada e quais as relações entre ele, o Filho, e o Pai celestial?
Jesus mesmo nos esclarece sobre este ponto, quando,
ressuscitado, diz a Madalena, que pretende lançar-se aos seus pés e abraçá-lo:
Não me toques, ainda não subi para o meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso
Deus. Logo, o Deus de Jesus é o Deus da Humanidade, o Pai comum de todos os
homens, sem nenhuma distinção.
Quanto ao compromisso que veio desempenhar neste orbe,
nós o vemos claramente através da atitude que ele assumiu na sociedade terrena.
Que fez Jesus? Começou reunindo algumas pessoas simples, arrebanhadas das
camadas humildes, e foi-lhes ministrando lições e ensinamentos por meio de
parábolas singelas, prédicas e discursos vazados em linguagem popular,
cimentando com exemplos edificantes todas as doutrinas que transmitia.
A novidade da sua escola consistia particularmente na
divulgação destes princípios: Todos os homens são filhos de Deus, têm todos
essa mesma origem. Da paternidade divina, decorre, como corolário natural, a
fraternidade humana, isto é, todos os homens são irmãos. Portanto, devem
amar-se reciprocamente agindo em tudo segundo a lei de solidariedade.
No entanto, apesar da clareza, lisura e concisão de tal
doutrina, são grandes as dificuldades em torná-la acessível à mente e ao
coração humanos.
Verdades tão naturais, duma lógica irretorquível,
comprovadas pelo testemunho de fatos incontestes, escritas em caracteres
palpitantes no grande livro da Vida, contudo, continuam sendo objeto de
controvérsias, discutidas por uns, rejeitadas por outros.
Ora, a missão de Jesus é precisamente comprovar aquele
asserto, vencer os obstáculos conquistando a Humanidade. Essa obra, sendo de
redenção porque visa libertar o homem dos liames que o prendem à animalidade,
cujos vestígios, nele, são patentes, é, por isso mesmo, obra de educação.
Daí por que Jesus arrogou a si a denominação de Mestre,
considerando aqueles que o acompanhavam como discípulos. Consignemos que foi o
único título com que se adornou, e nenhum outro. Quando, certa vez, o chamaram
“bom”, retrucou: Bom, só há um, que é Deus. Quando o disseram rei, repeliu
peremptoriamente aquele qualificativo, declarando: O meu reino não é deste
mundo. Apenas quis ser Mestre, e disso fez questão, advertindo os seus
discípulos que só a ele o considerassem como tal. Eu sou o vosso Mestre, dizia,
a ninguém mais concedais essa prerrogativa.
O papel que cabe ao mestre é educar. Entendemos por
educação o desenvolvimento dos poderes psíquicos ou anímicos que todos
possuímos em estado latente, como herança havida dAquele de quem todos nós
procedemos.
Pestalozzi define assim a matéria ora em apreço: Educação
é o desenvolvimento harmônico de todas as faculdades do indivíduo.
A instrução, portanto, faz parte da educação, por isso
que se refere aos meios e processos empregados no sentido de orientar o
indivíduo na aquisição de conhecimentos sobre determinada disciplina. A
instrução dirige-se conseguintemente à inteligência. E a educação sob seu
prisma intelectual, bem como a ginástica, os exercícios e esportes, criteriosa e
convenientemente orientados, resumem o que denominamos “educação física”, cuja
importância na esfera da higiene está perfeitamente comprovada.
Ao cultivarmos, porém, esta ou aquela faculdade do Espírito,
resta que não desdenhemos as demais. A monocultura é desaconselhada em todo e
qualquer terreno.
Em matéria educacional, são desastrosos os efeitos da
concentração unilateral de esforços visando determinada cultura em detrimento e
com menoscabo das demais.
Verifica-se, em geral, por parte dos pais, uma grande
preocupação — até certo ponto muito louvável — sobre a educação dos filhos no
que respeita à inteligência. Querem vê-los sobraçando um pergaminho, aureolados
por um título que os habilite ao exercício duma profissão distinta, a qual, não
só lhes assegure a independência econômica — o que importa, sem dúvida, em
justa aspiração — mas que proporcione, sobretudo, riqueza, fama e glória. O
futuro da prole é visto desse prisma utilitário e vaidoso que encerra, segundo
semelhante critério, o alfa e o ômega da vida.
Há evidentemente uma ilusão nesta maneira de ver e
proceder. Somos, nós os pais, vítimas do egoísmo, esse pecado original com que
todos nascemos e do qual dificilmente nos vamos desvencilhando. Orgulhamo-nos
com o diploma empunhado pelos herdeiros do nosso nome. Queremos vê-los alvo de
aplausos e louvores, seja, embora, na órbita dum intelectualismo vazio e
estéril. A nossa vaidade sente-se lisonjeada com isso, dando-nos a falsa
impressão de havermos cumprido perfeitamente o nosso dever com relação àqueles
que a Providência Divina nos confiou para que os orientássemos na sua caminhada
pela estrada da vida. Não cogitamos, senão perfunctoriamente, daquilo que
concerne às qualidades morais, à formação e consolidação do caráter, a direção,
em suma, que levará nossos filhos a criarem personalidade própria; não curamos
de fazê-los homens de bem, independentes e honestos, com aquele mesmo interesse
e afã que empregamos na ilustração do seu intelecto. Preocupamo-nos muito mais
com o cérebro do que com o coração. Fazemos tudo para enriquecê-los da
sabedoria livresca, deixando-os, às vezes, pobres de sentimentos.
Isto não quer dizer, apressamo-nos em declarar, que nós,
os pais, menosprezemos a virtude deixando de reconhecer o valor da educação
moral: absolutamente não. O que se dá é que geralmente se imagina que o ser
bom, justo e verdadeiro; o ser probo, sincero e amorável, não requer
aprendizagem. Supomos que tudo isso seja coisa tão natural e comezinha que não
constitui matéria de ensino! Imagina-se que essa parte da educação,
incontestavelmente a mais excelente, há de efetuar-se por si mesma, à revelia
de cuidados, dispensando o aparelhamento requerido para outras modalidades de
educação.
Tal o grande erro generalizado que é preciso corrigir. A
ideia de geração espontânea é quimérica. Do nada, nada se tira.
Tudo o que germina, germina duma semente. Tudo o que
evolve, evolve dum germe ou embrião. Não podemos esperar que aflorem na alma da
mocidade qualidades nobres e elevadas sem que, previamente, tenhamos feito ali
a sua sementeira.
Honestidade, espírito de justiça, noção do dever são como
as artes, e até mesmo os misteres mais simples, virtudes que se adquirem tal
como é adquirido o saber neste ou naquele ramo das especulações científicas.
Tudo depende de estudo, experiência e tirocínio. As ciências requerem
aprendizado.
O saber e a virtude são expressões daquela riqueza
inacessível aos estragos da traça, à pilhagem dos ladrões, e que a própria
morte não logrará arrebatar, por isso que representa o fruto do trabalho e do
esforço próprio e individual. Daí decorre a legitimidade e a inalienabilidade
da sua posse.
Os contemporâneos de Jesus, perplexos diante da sabedoria
e do poder revelados por ele, diziam: Como sabe este, letras sem haver
aprendido? Não somos hoje tão ingênuos como os daquela geração, supondo que
seja só este meio onde ora nós nos achamos, o único propício para aprender, e
que só este planetoide de categoria inferior constitui campo propício para o
Espírito atuar e agir desenvolvendo suas incalculáveis e maravilhosas
possibilidades. O erro geocêntrico que fazia da Terra o centro do Universo,
passou. Ninguém mais sustenta essa absurdidade. Podemos, pois, firmar este
postulado: aquele que revela conhecimento e virtudes, caráter reto e íntegro,
conquistou-os, aqui ou alhures, não importa onde, nem quando: constata-se o
fato.
O patrimônio científico, como o moral, é sempre resultado
da educação. A sementeira do bem e da verdade, do amor e da justiça, nunca se
perde. Sua germinação pode ser imediata ou remota, porém jamais falhará. A obra
da redenção humana é obra de educação. Jesus é o divino educador. Ele crê
piamente na eficiência dessa obra, à qual consagrou a sua vida. Sim, Jesus nos
deu a sua vida, não só no sentido do sacrifício cruento pela causa da nossa
redenção, como na acepção de votar-se, de dedicar-se continuamente ao
desempenho de tão ingente encargo. E de que maneira vem ele se desobrigando
dessa incumbência? Ensinando, influindo e atuando na alma humana, através dos
Espíritos de luz incorporados à Igreja triunfante que do Alto Jesus dirige. E o
que ensinou e continua ensinando o excelso Mestre? Que diga por nós a
eloquência do inolvidável tribuno sacro, o grande Antônio Vieira:
“Vindo a sabedoria divina em pessoa, e descendo do Céu à
Terra a ser Mestre dos homens, a nova cadeira que instituiu nesta grande
universidade do mundo, e a ciência que professou foi só ensinar a ser bom e
justo, santo, numa palavra, e nenhuma outra.
A retórica deixou-a aos Túlios e aos Demóstenes; a
filosofia, aos Platões e aos Aristóteles; as matemáticas, aos Ptolomeus e aos
Euclides; a médica, aos Apolos e aos Esculápios; a jurisprudência, aos Sólons e
aos Licurgos, e, para si, tomou só a ciência de salvar e tornar bons os
homens."
Eis aí a matéria, a disciplina que ainda não aprendemos.
Sem o seu conhecimento não solucionaremos os nossos problemas, tanto do
presente como do futuro. Duvidar, descrer dessa ciência e dessa arte que se
chama educação, arte e ciência que têm por fim transformar o indivíduo, é negar
a evidência da evolução, essa lei incoercível, fartamente comprovada em todos
os planos da Natureza, em todas as fases da Vida no seu curso infinito e
progressivo.
Fora da educação, dessa educação que se transmuda em cada
indivíduo em autoeducação, não há redenção possível. Tudo o mais que se tem
propalado neste terreno não passa de pura fantasia. Quando o homem nota e
percebe em si mesmo, no seu interior, o influxo da força renovadora da
evolução, começa a colaborar conscientemente com Deus na formação da sua própria
individualidade. Ruy Barbosa, num magistral discurso que pronunciou na Festa do
Trabalho, teve esta feliz inspiração: O Criador, disse ele, começa e a criatura
acaba a criação de si própria. A segunda criação, a do homem pelo homem,
assemelha, às vezes, em maravilhas, à mesma criação do homem pelo divino
Criador.
Realmente, é isso precisamente o que se dá. O homem é coautor
dessa entidade misteriosa que é ele mesmo. Nascemos de Deus, fonte inexaurível
da Vida, e renascemos todos os dias, em nós mesmos, através das transformações
por que passamos mediante a influência da autoeducação, cumprindo-se assim
aquele célebre imperativo de Jesus: Sede perfeitos como o vosso Pai celestial é
perfeito.
A confusão ora reinante na sociedade resulta do descaso a
que se tem votado tão magna questão. Os males que flagelam a humanidade
contemporânea procedem da descrença, do cepticismo e da falta de confiança na
eficiência da educação moral. O mundo está em crise, crise de dignidade. Desta
se originam as outras. Não é de sábios que carecemos. Os problemas da inteligência
estão, por assim dizer, resolvidos conforme atesta o surto imenso de progresso
material atingido. Não obstante, o momento que atravessamos é dos mais
angustiosos. Os grandes financistas e economistas não solucionam o problema do
pão. Os estadistas de renome não resolvem satisfatoriamente o problema
político. Os sociólogos de alta envergadura mostram-se impotentes diante dos
problemas sociais tais como o pauperismo, o crime, o vício e a enfermidade. Por
quê? Certamente porque lhes falta a percepção íntima das grandes realidades da
Vida, dessa Vida que não começa no berço nem termina no túmulo; percepção que
só se alcança através do culto sincero da verdade; que só se aprende sondando
os arcanos da consciência e auscultando a sua voz; que só se logra no estudo e
na meditação da ciência da moral, que é a ciência do coração.
Não é de conhecimentos que precisam os homens da
atualidade, responsáveis pela situação aflitiva dos dias que correm: é de
sentimento!
Inteligência desenvolvida e culta, desacompanhada do
senso moral, constitui sério perigo para a sociedade. Os grandes males que
convulsionam o mundo não procedem dos analfabetos e dos ignaros, elementos mais
ou menos inconscientes que agem como instrumentos; que não dispõem de meios e
recursos para levarem a cabo as empresas maléficas de exploração, de
escravatura e de opressões. São as inteligências cultas e traquejadas, sem
moralidade e sem fé, divorciadas do verdadeiro sentimento religioso, que urdem
e executam os planas diabólicos de usurpação de direitos, de espoliações e de
tirania das consciências.
Todos sabem disso. É um fato que ninguém contesta. Mas,
não basta sabermos, é preciso agirmos. Conhecer a origem dos males que nos
afetam, não é tudo: é necessário atacá-los no seu reduto, desalojá-los para
vencê-los. Não nos iludamos, pois: devemos cuidar da educação do nosso coração
com o mesmo interesse e esmero que cuidamos do nosso cérebro. Se é vergonhosa a
ignorância intelectual, mais ainda é a ignorância moral. Nem todos podem ser
sábios, mas todos podem ser bons. A bondade também é força, e a mais poderosa e
fecunda de todas, porque é força que constrói, é força que edifica. É com ela
que removeremos os obstáculos e as pedras de tropeço do caminho da nossa evolução,
na conquista de todos os bens, na escalada às regiões luminosas onde a Vida é
eterna, e o amor, sem restrições nem intermitências, reina em todas as almas, oh!
vós que sois pais, lembrai-vos da vossa responsabilidade como mentores dos
vossos filhos, oh! vós, que sois preceptores e mestres, pesai bem o compromisso
que assumis no desempenho da tarefa a que vos dedicais. Pais e mestres, cerrai
fileiras dando as mãos uns aos outros, como legítimos expoentes do lar e da
escola, as duas colunas em que a sociedade se apoia, os dois templos augustos,
os dois santuários onde se exerce o verdadeiro sacerdócio.
“SURSUM CORDA!” (erguei os corações)
Elevemo-nos acima das vulgaridades da época. Desembaracemo-nos das
farandulagens
(túnica) do homem velho. Enverguemos a
túnica do homem novo, do homem do futuro. Renasçamos para o porvir que será o
resultado do labor presente. Sacudamos o pó da estrada percorrida. Abandonemos,
de vez, as superstições e as utopias com respeito à nossa redenção. Sem
educação porfiada, paciente e perseverante nada conseguiremos de positivo na
obra da emancipação espiritual. Não é com pílulas e xaropes que se resolve o
problema da saúde: é com higiene, no seu sentido amplo e lato. Não será com as
consolidadas paulistas ou minoras nem com as loterias que equilibraremos as
nossas finanças avariadas: há de ser com trabalho e economia. Não é com
maquilagens e artifícios semelhantes que alcançaremos beleza e relativo
prolongamento da mocidade: é obedecendo e respeitando a Natureza, cultivando bons
costumes, hábitos honestos e pensamentos puros. Não é, finalmente, esposando
crendices e condescendendo com preconceitos, rituais e cerimônias cuja essência
se desfaz ao sopro do raciocínio, que lograremos a nossa salvação: é pela obra
da autoeducação exercida com perseverança, sem esmorecimentos, com decidida
vontade de nos espiritualizarmos, de nos aperfeiçoarmos continuamente.
Façamos ponto, citando as palavras autorizadas de Léon
Denis sobre este momentoso assunto:
“Como a educação da alma é objeto da Vida, importa em
resumir seus preceitos em palavras: aumentar tudo quanto for intelectual e
elevado. Lutar, combater, sofrer pelo bem dos homens e dos mundos. Iniciar seus
semelhantes nos esplendores do verdadeiro e do belo. Amar a Verdade e a Justiça,
praticar para com todos a caridade, a benevolência — tal o segredo da
felicidade presente e futura, tal o Dever, tal é a fé que Cristo legou à
Humanidade”.
O problema do Brasil, disse o saudoso e humanitário
facultativo Dr. Miguel Couto, é um só: Educação.
Parodiando o ilustre cientista patrício, diremos nós:
Esse problema não é só do Brasil, é da Humanidade. Sendo o de cada um de nós, é
o problema de todos, é o problema universal, por isso que é mediante a
autoeducação que se processa a evolução dos seres livres, conscientes e
racionais.
Pedro de Camargo – Livro: O mestre na educação – Capítulo 2
“E que os tenhais em grande estima e amor por causa da sua obra”. Paulo (I Tessalonicenses, 5:13)
Esta passagem de Paulo, na Primeira
Epístola aos Tessalonicenses, é singularmente expressiva para a nossa luta
cotidiana.
Todos experimentamos a tendência de
consagrar a maior estima apenas àqueles que leiam a vida pela cartilha dos
nossos pontos de vista. Nosso devotamento é sempre caloroso para quantos nos
esposem os modos de ver, os hábitos enraizados e os princípios sociais; todavia,
nem sempre nossas interpretações são as melhores, nossos costumes os mais
nobres e nossas diretrizes as mais elogiáveis.
Daí procede o impositivo de
desintegração da concha do nosso egoísmo para dedicarmos nossa amizade e
respeito aos companheiros, não pela servidão afetiva com que se liguem ao nosso
roteiro pessoal, mas pela fidelidade com que se norteiam em favor do bem comum.
Se amamos alguém tão só pela beleza
física, é provável encontremos amanhã o objeto de nossa afeição a caminho do
monturo.
Se estimamos em algum amigo apenas a
oratória brilhante, é possível esteja ele em aflitiva mudez, dentro em breve.
Se nos consagramos a determinada
criatura só porque nos obedeça cegamente, é provável estejamos provocando a
queda de outros nos mesmos erros em que temos incidido tantas vezes.
É imprescindível aperfeiçoar nosso
modo de ver e de sentir, a fim de avançarmos no rumo da vida Superior.
Busquemos as criaturas, acima de tudo,
pelas obras com que beneficiam o tempo e o espaço em que nos movimentamos, porque,
um dia, compreenderemos que o melhor raramente é aquele que concorda conosco,
mas é sempre aquele que concorda com o Senhor, colaborando com ele, na melhoria
da vida, dentro e fora de nós.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 024
Senhor Jesus!
Concedeste-nos os entes queridos por
tesouros que nos emprestas.
Ensina-nos a considerá-los e aceitá-los
em sua verdadeira condição de filhos de Deus, tanto quanto nós, com
necessidades e esperanças semelhantes às nossas.
Faze-nos, porém, observar que aspiram
a gêneros de felicidade diferentes da nossa e ajuda-nos a não lhes violentar o
sentimento em nome do amor no propósito inconsciente de escravizá-los aos
nossos pontos de vista. Quando tristes, transforma-nos em bênçãos capazes de apoiá-los
na restauração da própria segurança e, quando alegres ou triunfantes nos ideais
que abraçam, não nos deixes na sombra do egoísmo ou da inveja, mas, sim,
ilumina-nos o entendimento para que lhes saibamos acrescentar a paz e a esperança.
Conserva-nos no respeito que lhes
devemos, sem exigir-lhes testemunhos de afeto ou de apreço, em desacordo com os
recursos de que disponham.
Auxilia-nos a ser gratos pelo bem que
nos fazem, sem reclamar-lhes benefícios ou vantagens, homenagens ou gratificações
que não nos possam proporcionar.
Esclarece-nos para que lhes vejamos unicamente
as qualidades, ajudando-nos a nos determos nisso, entendendo que os prováveis
defeitos de que se mostrem ainda portadores desaparecerão no amparo de Tua bênção.
E, se algum dia, viermos a surpreender
alguns deles em experiências menos felizes, dá-nos a força de compreender que
não será reprovando ou condenando que lhes conquistaremos os corações, e sim
entregando-os a Ti, através da oração, porque apenas Tu, Senhor, podes sondar o
íntimo de nossas almas e guiar-nos o passo para o reequilíbrio nas Leis de
Deus.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Preces e orações.
Reflita conosco sobre a "Educação integral", confira agenda, campanhas e mais...
A importância da educação transcende ao que lhe tem sido
atribuído, face ao imediatismo dos objetivos que os métodos aplicados
perseguem.
A falta de estrutura moral do educador - isto é, o
equilíbrio psicológico e afetivo, as noções de responsabilidade e dever, a
abnegação em favor do aprendiz, a paciência para repetir a lição até impregnar
o ouvinte, sem irritação nem reprimenda, e o amor - constitui fator adverso ao
êxito do empreendimento que é base de vida na construção do homem integral.
Quando se educa, são canalizados os valores latentes no
indivíduo para o seu progresso, fornecendo os recursos que facultam a
germinação dessas potências que dormem no cerne do ser.
Educar é libertar com responsabilidade e consciência de
atitudes em relação ao educando, a si mesmo, ao próximo e à Humanidade.
Quando se reprime e se impõem condicionamentos pela
violência, uma reação em cadeia provoca a irrupção da revolta que explode em
atos de agressividade que asselvaja.
A tarefa da educação é, sobretudo, de iluminação de
consciência, mediante a informação e a vivência do conhecimento que se
transmite.
Quem educa evita a manifestação da delinquência e do
desequilíbrio social, estabelecendo metas de promoção da vida.
A punição significa falência na área educativa.
A repressão representa insegurança educacional.
A reprovação demonstra fracasso metodológico.
*
O educando é material maleável, que aguarda modelagem
própria para fixar os caracteres que conduzem à perfeição.
O educador cria hábitos, estimula atitudes, desenvolve
aptidões, conduz. É o guia, hábil e gentil, ensinando sempre pela palavra e
pelo exemplo, não se cansando nunca do ministério que abraça.
A escola é o prosseguimento do lar, e este é a escola
abençoada na qual se fixam os valores condizentes com a dignidade e o
engrandecimento ético-moral do ser.
*
A educação é fenômeno presente em todas as épocas. O pajé
que ensina, o guru que orienta, o mestre que transmite lições, são educadores
diversos através dos tempos.
A verdadeira educação ocorre no íntimo do indivíduo,
sendo um processo verdadeiramente transformador.
Qual semente que sai do fruto e semelhante à vida que
esplende saindo da semente, quando os fatores são-lhe propícios, a educação é
mecanismo semelhante da vida a serviço da Vida.
É certo que o homem se apresenta imperfeito, por
enquanto, todavia é, potencialmente, perfeito, e, à educação, compete o papel
de o desenvolver.
A divina semente que n'Ele jaz, a educação põe a germinar.
Sempre se educa e se sai educado, quando se está atento e
predisposto ao ensino e à aprendizagem.
Todos somos educadores e educandos, conscientemente ou
não.
A educação, porém, há que ser integral, do homem total.
Jesus, o Educador por Excelência, prossegue, paciente,
amando-nos e educando-nos, havendo aceito apenas o título de Mestre, porque, em
verdade O é.
Joanna de Ângelis / Divaldo Franco – Livro: Momentos de meditação – Capítulo 2
“Não faças tu comum o que Deus purificou”. (Atos dos Apóstolos, 10:15)
Existem expressões no Evangelho que, à
maneira de flores a se salientarem num ramo divino, devem ser retiradas do
conjunto para que nos deslumbremos ante o seu brilho e perfume peculiares.
A voz celeste, que se dirige a Simão
Pedro, nos Atos, abrange horizontes muito mais vastos que o problema individual
do apóstolo.
O homem comum está rodeado de glórias
na Terra, entretanto, considera-se num campo de vulgaridades, incapaz de
valorizar as riquezas que o cercam.
Cego diante do espetáculo soberbo da
vida que lhe emoldura o desenvolvimento, tripudia sobre as preciosidades do mundo,
sem meditar no paciente esforço dos séculos que a Sabedoria Infinita utilizou
no aperfeiçoamento e na seleção dos valores que o rodeiam.
Quantos milênios terá exigido a
formação da rocha?
Quantos ingredientes se harmonizam na
elaboração de um simples raio de sol?
Quantos óbices foram vencidos para que
a flor se materializasse?
Quanto esforço custou a domesticação
das árvores e dos animais?
Quantos séculos terá empregado a
Paciência do Céu na estruturação complexa da máquina orgânica em que o Espírito
encarnado se manifesta?
A razão é luz gradativa, diante do
sublime.
Não te esqueças, meu irmão, de que o
Senhor te situou a experiência terrestre num verdadeiro paraíso, onde a semente
minúscula retribui na média do infinito por um e onde águas e flores, solo e
atmosfera te convidam a produzir, em favor da multiplicação dos Tesouros
Eternos.
Cada dia, louva o Senhor que te
agraciou com as oportunidades valiosas e com os dons divinos.
Pensa, estuda, trabalha e serve.
Não suponhas comum o que Deus
purificou e engrandeceu.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 023
Senhor!
Nesta hora em que todos procuramos um
caminho de paz e amor para viver e conviver e também para sobreviver às nossas
próprias dificuldades, nós Te rogamos apoio.
Rogamos, Amado Jesus, que nos abençoe
e conserva-nos na fé viva em Ti. Não nos deixes o coração tresmalhado nas
vacilações do caminho terrestre ou na agressividade exagerada que tantas vezes
nos surpreendem depois da infância e da adolescência, nas quais aprendemos a
pedir-Te a bênção no colo de nossas mães!
Disseste-nos que aqueles que não se
fizerem crianças não serão dignos do Reino de Deus. Faze-nos, pois, simples de
coração! Ajuda-nos a considerar que precisamos trabalhar uns pelos outros. Que
todos somos chamados para nos tolerarmos reciprocamente em nossas dificuldades e
problemas, a fim de que a nossa vida possa produzir paz, luz, amor e alegria,
no progresso a que estamos destinados por Ti, em nome do nosso Pai Supremo!
Ampara-nos! Que nossos templos dedicados
à Tua memória, seja qual for a faixa de conhecimento e veneração em que nos
expressemos, sejam preservados, agora e no futuro, a fim de que, por eles e com
eles, venhamos a construir, na Terra, a nossa felicidade imortal.
Chico Xavier – Livro: Preces e orações
Prece proferida na entrevista realizada por Hebe Camargo, a 17 de setembro de 1973, no Horto Florestal Paulistano, para o seu programa da TV Record, Canal 7, São Paulo.
Leia conosco a edição 548 do Boletim Eletrônico Mais Luz!
Vamos refletir sobre a educação na família e mais...
Conheça nossa programação e as campanhas desenvolvidas no meio espírita.
A nossa indicação desse mês é o filme Os Outros. Dirigido e roteirizado por Alejandro Amenábar, o longa conta a história de Grace, interpretada por Nicole Kidman, que decide se mudar para uma mansão isolada com seus dois filhos que têm uma rara doença que os impede de receber luz direta do sol. Esse fato dá ao roteiro um toque bem peculiar, já que as janelas e portas sempre estão fechadas, fazendo com que todos vivam em total escuridão. Como vivem sozinhos, todos seguem regras, nunca abrindo uma porta sem fechar a outra, mas tudo muda quando decidem contratar empregados para a casa e estes acabam por quebrar as regras, trazendo diversas consequências para a trama.
O filme é ambientado durante a 2ª Guerra Mundial e traz para reflexão temas como: desencarnação, vida após a morte, mediunidade, conflitos familiares, entre outros. Prepare uma pipoca, junte a família e aproveite a nossa dica do mês do Além da Tela!
Fonte: https://www.febnet.org.br
A Educação Espírita, como bem frisou Kardec, se inicia
nas famílias espíritas. Exemplos cristãos, reencarnação, compreensão de Deus,
amor, fraternidade, possibilidade de intercâmbio entre encarnados e
desencarnados, fazem parte dos conhecimentos que os pais devem ministrar aos
seus filhos.
Os pais espíritas utilizarão os recursos da prece, do
Evangelho no Lar e do passe. Dedicar-se-ão, ainda, ao auxílio às casas espíritas.
Não farão do filho um tirano doméstico, ou um inadaptado para
o mundo. Mas o encaminharão para as escolas de evangelização espírita. Não
colocarão as crianças em escolas protestantes ou católicas, não por
preconceitos tolos, mas para não confundi-las.
É grande o número de pais espíritas que levam seus filhos
às aulas de evangelização espírita, aos sábados e domingos, e permitem que eles
aprendam religião católica ou protestante, durante a semana. A criança acredita
nos pais, mas também nos professores, e se interroga: afinal, quem está com a
razão? Como conciliar opiniões tão diversas?
Isso é horrível para a criança.
Uma vez por semana, a família espírita se reunirá para
fazer o Evangelho no Lar. Não é um ritual, mas uma disciplina que permitirá a
nossa ligação com o mundo espiritual. Após o Evangelho, a família poderá
analisar, à luz do Espiritismo, os problemas atuais que preocupam sobretudo os
jovens: a guerra, a fome, o desemprego, as injustiças sociais, a falta de amor.
A compreensão da reencarnação e da lei de Ação e Reação facultará o
entendimento do “porquê” das dificuldades do mundo em que vivemos.
Os pais espíritas explicarão aos seus filhos que não
somos robôs.
Que podemos modificar o nosso destino, atenuar as nossas provas
e transformar para melhor o mundo à nossa volta. Esforço de evolução não é
esperar, inerte, pelo auxílio divino, acreditando que tudo lhe será dado. É
modificar-se, através do amor e com energia. Gandhi é o exemplo do indivíduo
que entendeu, como ninguém, a necessidade de agir no mundo que o rodeava. É o exemplo
de não aceitarmos tudo, e “deixar como está, para ver como fica”.
Antes de Gandhi, um homem louro e doce, deu o exemplo de como
lutar contra as injustiças. O Meigo Nazareno soube usar de energia, quando
verberou os fariseus chamando-os de “sepulcros caiados por fora e cheios de
podridão por dentro”, acrescentando, ainda: “sereis lançados nas trevas
exteriores, e aí haverá choro e ranger de dentes”.
Como bem diz Herculano Pires, evoluir não é ficar
indiferente, com falsas atitudes de humildade e amor. Isso é ser igual aos fariseus.
Evoluir é desenvolver a energia amorosa de Jesus, de Paulo de Tarso, de Gandhi,
da Madre Teresa de Calcutá, de Joana d’Arc e de tantos outros que iluminaram o
mundo com seus exemplos edificantes.
Como alguns membros da família espírita se acham, ainda, ligados
às leis cármicas, à luz do Espiritismo se fortalecerão, e irão corrigir suas
imperfeições e colaborar para um mundo melhor.
A função da família espírita é desenvolver, em casa, sob
as claridades do Evangelho, todas as boas qualidades, as quais serão, posteriormente,
colocadas em prática fora dela.
Uma nova Humanidade surgirá, sem barreiras geográficas.
Uma humanidade que praticará, realmente, as Leis de Deus.
Não mais o “meu”, o “teu”. A “minha” família, a “tua” família, mas a compreensão
da família espiritual, resumida num só rebanho, com um só pastor, de que nos
fala o profeta.
Quando o lindo bebê surge em nossa casa e começa a se
desenvolver, o dever de todos os membros da família é auxiliá-lo na sua sociabilidade.
Infelizmente, o que vemos é estimular-lhe o egoísmo. Se ele faz malcriações,
todos acham graça. Se bate, exige, não empresta os brinquedos, a família se
encanta com a sua personalidade forte. Logo se transforma numa criatura
exigente, depois em um adolescente difícil, e finalmente em um adulto insuportável.
De quem a culpa? Dos pais, dos tios, de todos os que incentivaram as tendências
inferiores do reencarnado. A finalidade da educação é, exatamente, desenvolver
as tendências boas e eliminar os defeitos trazidos de outras encarnações.
O mundo cruel de hoje é o produto do egoísmo que ainda
existe nos corações. E se esse egoísmo vem de séculos, é comum encontrar
estímulos na educação pragmática deste século.
A Educação Espírita, trazendo nova visão do mundo,
auxiliará a formação da família espiritual.
A família espírita participará do Evangelho no Lar como
fonte que é, da harmonização de seus membros. Não é um ritual, mas um momento
de sintonia com o plano espiritual superior. É quando os corações, unidos,
agradecerão a Deus todo o auxílio que lhes tem dispensado.
Heloísa Pires – Livro: Educação Espírita
" Pedro disse-lhe: — E nós que deixamos tudo e te seguimos, que receberemos?"
(Mateus, 19:27)
A pergunta do apóstolo exprime a
atitude de muitos corações nos templos religiosos.
Consagra-se o homem a determinado
círculo de fé e clama, de imediato:
— "Que receberei?"
A resposta, porém, se derrama
silenciosa, através da própria vida.
Que recebe o grão maduro, após a
colheita?
O triturador que o ajuda a purificar-se.
Que prêmio se reserva à farinha alva e
nobre?
O fermento que a transforma para a
utilidade geral.
Que privilégio caracteriza o pão,
depois do forno?
A graça de servir.
Não se formam cristãos para adornos
vivos do mundo e sim para a ação regeneradora e santificante da existência.
Outrora, os servidores da realeza
humana recebiam o espólio dos vencidos e, com eles, se rodeavam de
gratificações de natureza física, com as quais abreviavam a própria morte.
Em Cristo, contudo, o quadro é
diverso.
Vencemos, em’ companhia dele, para nos
fazermos irmãos de quantos nos partilham a experiência, guardando a obrigação
de ampará-los e ser-lhes úteis.
Simão Pedro, que desejou saber qual
lhe seria a recompensa pela adesão à Boa Nova, viu, de perto, a necessidade da
renúncia. Quanto mais se lhe acendrou a fé, maiores testemunhos de amor à
Humanidade lhe foram requeridos. Quanto mais conhecimento adquiriu, a mais
ampla caridade foi constrangido, até o sacrifício extremo.
Se deixaste, pois, por devoção a
Jesus, os laços que te prendiam às zonas inferiores da vida, recorda que, por
felicidade tua, recebeste do Céu a honra de ajudar, a prerrogativa de entender
e a glória de servir.
Emmanuel/ Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 022
Amigo:
Ajuda-me agora, para que eu te auxilie
depois. Não me relegues ao esquecimento, nem me condenes à ignorância ou à
crueldade.
Venho ao encontro de tua aspiração, do
teu convívio, de tua obra...
Em tua companhia estou na condição da
argila nas mãos do oleiro.
Hoje, sou sementeira, fragilidade,
promessa...
Amanhã, porém, serei tua própria
realização.
Corrige-me, com amor, quando a sombra
do erro envolver-me o caminho, para que a confiança não me abandone.
Protege-me contra o mal.
Ensina-me a descobrir o bem, onde
estiver.
Não me afastes de Deus e ajude-me a
conservar o amor e o respeito que devo às pessoas, aos animais e às coisas que
me cercam.
Não me negues tua boa vontade, teu
carinho e tua paciência.
Tenho tanta necessidade do teu
coração, quanto a plantinha tenra precisa da água para prosperar e viver.
Dá-me tua bondade e dar-te-ei
cooperação.
De ti depende que eu seja pior ou
melhor amanhã.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Antologia da criança
Leia conosco: Educação no lar, agenda espírita e muito mais.
https://mailchi.mp/446bac1583e8/boletim-mais-luz
A educação espírita começa no lar. Nas famílias espíritas
é dever dos pais iniciar os filhos nos princípios doutrinários desde cedo. A
falta de compreensão da doutrina faz que certas pessoas pensem que as crianças
não devem preocupar-se com o assunto. Essas pessoas se esquecem de que os seus
filhos necessitam de orientação espiritual e que essa orientação será tanto
mais eficiente quanto mais cedo lhes for dada. Kardec, num trecho da Revista
Espírita, conta como na França, já no seu tempo, a educação espírita no lar
começava a produzir maravilhosos efeitos.
É preciso não esquecer que as crianças são espíritos
reencarnados, espíritos adultos que se vestem, como ensina Kardec: "com a
roupagem da inocência" para voltarem à Terra e iniciarem uma vida nova. Os
espíritos que se reencarnam em famílias espíritas já vêm para esse meio para
receberem desde cedo o auxílio de que necessitam. Os pais que, a pretexto de
respeitar a liberdade de escolha de quem ainda não pode escolher, ou de não
forçar os filhos a tomarem um rumo certo na vida, deixam de iniciar os filhos
no Espiritismo, estão faltando com os seus deveres mais graves.
Ensinar às crianças o princípio da reencarnação, da lei
de causas e efeitos, da presença do anjo-guardião em suas vidas, da
comunicabilidade dos espíritos e assim por diante, é um dever inalienável dos
pais. Pensar que isso pode assustar as crianças e criar temores desnecessários
é ignorar que as crianças já trazem consigo o germe desses conhecimentos e
também que estão mais próximos do mundo espiritual do que os adultos.
Descuidar da educação espírita dos filhos é negar-lhes a
verdade. O maior patrimônio que os pais podem legar aos filhos é o conhecimento
de uma doutrina que vai garantir-lhes a tranquilidade e a orientação certa no
futuro. Os pais que temem dar educação espírita às crianças não têm uma noção
exata do Espiritismo e por isso mesmo não confiam no valor da doutrina que
esposam.
Porque razão os católicos e os protestantes podem ensinar
aos filhos que existe o inferno e o diabo, que a condenação eterna os ameaça e
que o anjo da guarda pode protegê-los, e o espírita não pode ensinar princípios
muito mais confortadores e racionais? Se o medo do diabo e do inferno não
traumatiza as crianças das religiões formalistas, por que razão o ensino de que
não existe o inferno nem existe o diabo vai apavorá-las? Não há lógica nenhuma
nessa atitude que decorre apenas de preconceitos ainda não superados pelos
pais, na educação errônea que receberam quando crianças.
As crianças de hoje estão preparadas para enfrentar a
realidade do novo mundo que está nascendo. Esse novo mundo tem por alicerce os
fundamentos do Espiritismo, porque os princípios da doutrina estão sendo
confirmados dia a dia pelas Ciências. A mente humana se abre neste século para
o conhecimento racional dos problemas espirituais. Chegou o momento do
Consolador prometido pelo Cristo. Os pais espíritas precisam compreender isso e
iniciar sem temor os seus filhos na doutrina que lhes garantirá tranquilidade e
confiança na vida nova que iniciam.
A melhor maneira de desenvolver a educação espírita no
lar é organizar festinhas domingueiras com prece, recitativos infantis de tema
evangélico, explicação de parábolas, canções espíritas e brincadeiras
criativas, que ajudem a despertar a criatividade das crianças. Espiritismo é
alegria, espontaneidade, sociabilidade. Essas festinhas preparam o espírito da
criança para o aprendizado nas aulas dos Centros e para as aulas de Espiritismo
na escola.
Esconder às crianças de hoje a verdade espírita é cometer
um verdadeiro crime contra o seu progresso espiritual e a sua integração na
cultura espírita do novo mundo que está nascendo. Que os pais espíritas não se
furtem a esse dever. A educação no lar é a base de todo o processo posterior de
educação escolar e de educação social, que os adolescentes e os jovens irão
enfrentar na vida.
Não importa que alguns espíritas metidos a sabichões
combatam a educação espírita. Deus os perdoará, porque eles não sabem o que
fazem. O que importa é os pais se inteirarem de suas responsabilidades
pessoais, que não podem transferir a ninguém, e tratem de cumpri-las.
Se forem realmente espíritas, os pais saberão quanto o
Espiritismo lhes tem valido na vida. Que direito terão de negar aos filhos o
conhecimento dessa doutrina que tanto bem lhes faz?
Quererão que os filhos se extraviem no materialismo e na
irresponsabilidade que desgraça tantos jovens de hoje?
José
Herculano Pires – Livro: Pedagogia Espírita