sábado, 30 de outubro de 2021

Mais Luz - Edição 550

 Venha refletir conosco:


  • A obra messiânica de redenção é obra de educação
  • Cuidar do corpo e do espírito
  • Na lembrança dos mortos
  • Pelas obras 
  • Oração pelos entes queridos
  • Agenda espírita
  • Campanhas


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sexta-feira, 29 de outubro de 2021

A obra messiânica de redenção é obra de educação

 


Vamos definir a pessoa e a missão de Jesus, valendo-nos, para isso, da sua própria declaração, segundo consta dos Evangelhos.

Desejando que aqueles homens humildes e bons que escolhera para seus colaboradores soubessem quem ele era e donde procedera, interrogou-os, certa vez, indagando: Quem diz o povo que eu sou? Eles retrucaram: Dizem que sois um dos antigos profetas que ressuscitou. E, vós outros, prosseguiu o Senhor, quem dizeis que eu sou? Pedro, adiantando-se aos demais, respondeu: Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo.

Jesus, confirmando a resposta do velho pescador, acrescenta: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, pois não foi a carne nem o sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus...

Sabemos, portanto, quem é Jesus, pelo testemunho celeste que veio por intermédio de Pedro: é o Cristo, isto é, o ungido, o escolhido, Filho de Deus vivo.

Ungido e escolhido para quê? Qual a missão que lhe foi confiada e quais as relações entre ele, o Filho, e o Pai celestial?

Jesus mesmo nos esclarece sobre este ponto, quando, ressuscitado, diz a Madalena, que pretende lançar-se aos seus pés e abraçá-lo: Não me toques, ainda não subi para o meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Logo, o Deus de Jesus é o Deus da Humanidade, o Pai comum de todos os homens, sem nenhuma distinção.

Quanto ao compromisso que veio desempenhar neste orbe, nós o vemos claramente através da atitude que ele assumiu na sociedade terrena. Que fez Jesus? Começou reunindo algumas pessoas simples, arrebanhadas das camadas humildes, e foi-lhes ministrando lições e ensinamentos por meio de parábolas singelas, prédicas e discursos vazados em linguagem popular, cimentando com exemplos edificantes todas as doutrinas que transmitia.

A novidade da sua escola consistia particularmente na divulgação destes princípios: Todos os homens são filhos de Deus, têm todos essa mesma origem. Da paternidade divina, decorre, como corolário natural, a fraternidade humana, isto é, todos os homens são irmãos. Portanto, devem amar-se reciprocamente agindo em tudo segundo a lei de solidariedade.

No entanto, apesar da clareza, lisura e concisão de tal doutrina, são grandes as dificuldades em torná-la acessível à mente e ao coração humanos.

Verdades tão naturais, duma lógica irretorquível, comprovadas pelo testemunho de fatos incontestes, escritas em caracteres palpitantes no grande livro da Vida, contudo, continuam sendo objeto de controvérsias, discutidas por uns, rejeitadas por outros.

Ora, a missão de Jesus é precisamente comprovar aquele asserto, vencer os obstáculos conquistando a Humanidade. Essa obra, sendo de redenção porque visa libertar o homem dos liames que o prendem à animalidade, cujos vestígios, nele, são patentes, é, por isso mesmo, obra de educação.

Daí por que Jesus arrogou a si a denominação de Mestre, considerando aqueles que o acompanhavam como discípulos. Consignemos que foi o único título com que se adornou, e nenhum outro. Quando, certa vez, o chamaram “bom”, retrucou: Bom, só há um, que é Deus. Quando o disseram rei, repeliu peremptoriamente aquele qualificativo, declarando: O meu reino não é deste mundo. Apenas quis ser Mestre, e disso fez questão, advertindo os seus discípulos que só a ele o considerassem como tal. Eu sou o vosso Mestre, dizia, a ninguém mais concedais essa prerrogativa.

O papel que cabe ao mestre é educar. Entendemos por educação o desenvolvimento dos poderes psíquicos ou anímicos que todos possuímos em estado latente, como herança havida dAquele de quem todos nós procedemos.

Pestalozzi define assim a matéria ora em apreço: Educação é o desenvolvimento harmônico de todas as faculdades do indivíduo.

A instrução, portanto, faz parte da educação, por isso que se refere aos meios e processos empregados no sentido de orientar o indivíduo na aquisição de conhecimentos sobre determinada disciplina. A instrução dirige-se conseguintemente à inteligência. E a educação sob seu prisma intelectual, bem como a ginástica, os exercícios e esportes, criteriosa e convenientemente orientados, resumem o que denominamos “educação física”, cuja importância na esfera da higiene está perfeitamente comprovada.

Ao cultivarmos, porém, esta ou aquela faculdade do Espírito, resta que não desdenhemos as demais. A monocultura é desaconselhada em todo e qualquer terreno.

Em matéria educacional, são desastrosos os efeitos da concentração unilateral de esforços visando determinada cultura em detrimento e com menoscabo das demais.

Verifica-se, em geral, por parte dos pais, uma grande preocupação — até certo ponto muito louvável — sobre a educação dos filhos no que respeita à inteligência. Querem vê-los sobraçando um pergaminho, aureolados por um título que os habilite ao exercício duma profissão distinta, a qual, não só lhes assegure a independência econômica — o que importa, sem dúvida, em justa aspiração — mas que proporcione, sobretudo, riqueza, fama e glória. O futuro da prole é visto desse prisma utilitário e vaidoso que encerra, segundo semelhante critério, o alfa e o ômega da vida.

Há evidentemente uma ilusão nesta maneira de ver e proceder. Somos, nós os pais, vítimas do egoísmo, esse pecado original com que todos nascemos e do qual dificilmente nos vamos desvencilhando. Orgulhamo-nos com o diploma empunhado pelos herdeiros do nosso nome. Queremos vê-los alvo de aplausos e louvores, seja, embora, na órbita dum intelectualismo vazio e estéril. A nossa vaidade sente-se lisonjeada com isso, dando-nos a falsa impressão de havermos cumprido perfeitamente o nosso dever com relação àqueles que a Providência Divina nos confiou para que os orientássemos na sua caminhada pela estrada da vida. Não cogitamos, senão perfunctoriamente, daquilo que concerne às qualidades morais, à formação e consolidação do caráter, a direção, em suma, que levará nossos filhos a criarem personalidade própria; não curamos de fazê-los homens de bem, independentes e honestos, com aquele mesmo interesse e afã que empregamos na ilustração do seu intelecto. Preocupamo-nos muito mais com o cérebro do que com o coração. Fazemos tudo para enriquecê-los da sabedoria livresca, deixando-os, às vezes, pobres de sentimentos.

Isto não quer dizer, apressamo-nos em declarar, que nós, os pais, menosprezemos a virtude deixando de reconhecer o valor da educação moral: absolutamente não. O que se dá é que geralmente se imagina que o ser bom, justo e verdadeiro; o ser probo, sincero e amorável, não requer aprendizagem. Supomos que tudo isso seja coisa tão natural e comezinha que não constitui matéria de ensino! Imagina-se que essa parte da educação, incontestavelmente a mais excelente, há de efetuar-se por si mesma, à revelia de cuidados, dispensando o aparelhamento requerido para outras modalidades de educação.

Tal o grande erro generalizado que é preciso corrigir. A ideia de geração espontânea é quimérica. Do nada, nada se tira.

Tudo o que germina, germina duma semente. Tudo o que evolve, evolve dum germe ou embrião. Não podemos esperar que aflorem na alma da mocidade qualidades nobres e elevadas sem que, previamente, tenhamos feito ali a sua sementeira.

Honestidade, espírito de justiça, noção do dever são como as artes, e até mesmo os misteres mais simples, virtudes que se adquirem tal como é adquirido o saber neste ou naquele ramo das especulações científicas. Tudo depende de estudo, experiência e tirocínio. As ciências requerem aprendizado.

O saber e a virtude são expressões daquela riqueza inacessível aos estragos da traça, à pilhagem dos ladrões, e que a própria morte não logrará arrebatar, por isso que representa o fruto do trabalho e do esforço próprio e individual. Daí decorre a legitimidade e a inalienabilidade da sua posse.

Os contemporâneos de Jesus, perplexos diante da sabedoria e do poder revelados por ele, diziam: Como sabe este, letras sem haver aprendido? Não somos hoje tão ingênuos como os daquela geração, supondo que seja só este meio onde ora nós nos achamos, o único propício para aprender, e que só este planetoide de categoria inferior constitui campo propício para o Espírito atuar e agir desenvolvendo suas incalculáveis e maravilhosas possibilidades. O erro geocêntrico que fazia da Terra o centro do Universo, passou. Ninguém mais sustenta essa absurdidade. Podemos, pois, firmar este postulado: aquele que revela conhecimento e virtudes, caráter reto e íntegro, conquistou-os, aqui ou alhures, não importa onde, nem quando: constata-se o fato.

O patrimônio científico, como o moral, é sempre resultado da educação. A sementeira do bem e da verdade, do amor e da justiça, nunca se perde. Sua germinação pode ser imediata ou remota, porém jamais falhará. A obra da redenção humana é obra de educação. Jesus é o divino educador. Ele crê piamente na eficiência dessa obra, à qual consagrou a sua vida. Sim, Jesus nos deu a sua vida, não só no sentido do sacrifício cruento pela causa da nossa redenção, como na acepção de votar-se, de dedicar-se continuamente ao desempenho de tão ingente encargo. E de que maneira vem ele se desobrigando dessa incumbência? Ensinando, influindo e atuando na alma humana, através dos Espíritos de luz incorporados à Igreja triunfante que do Alto Jesus dirige. E o que ensinou e continua ensinando o excelso Mestre? Que diga por nós a eloquência do inolvidável tribuno sacro, o grande Antônio Vieira:

“Vindo a sabedoria divina em pessoa, e descendo do Céu à Terra a ser Mestre dos homens, a nova cadeira que instituiu nesta grande universidade do mundo, e a ciência que professou foi só ensinar a ser bom e justo, santo, numa palavra, e nenhuma outra.

A retórica deixou-a aos Túlios e aos Demóstenes; a filosofia, aos Platões e aos Aristóteles; as matemáticas, aos Ptolomeus e aos Euclides; a médica, aos Apolos e aos Esculápios; a jurisprudência, aos Sólons e aos Licurgos, e, para si, tomou só a ciência de salvar e tornar bons os homens."

Eis aí a matéria, a disciplina que ainda não aprendemos. Sem o seu conhecimento não solucionaremos os nossos problemas, tanto do presente como do futuro. Duvidar, descrer dessa ciência e dessa arte que se chama educação, arte e ciência que têm por fim transformar o indivíduo, é negar a evidência da evolução, essa lei incoercível, fartamente comprovada em todos os planos da Natureza, em todas as fases da Vida no seu curso infinito e progressivo.

Fora da educação, dessa educação que se transmuda em cada indivíduo em autoeducação, não há redenção possível. Tudo o mais que se tem propalado neste terreno não passa de pura fantasia. Quando o homem nota e percebe em si mesmo, no seu interior, o influxo da força renovadora da evolução, começa a colaborar conscientemente com Deus na formação da sua própria individualidade. Ruy Barbosa, num magistral discurso que pronunciou na Festa do Trabalho, teve esta feliz inspiração: O Criador, disse ele, começa e a criatura acaba a criação de si própria. A segunda criação, a do homem pelo homem, assemelha, às vezes, em maravilhas, à mesma criação do homem pelo divino Criador.

Realmente, é isso precisamente o que se dá. O homem é coautor dessa entidade misteriosa que é ele mesmo. Nascemos de Deus, fonte inexaurível da Vida, e renascemos todos os dias, em nós mesmos, através das transformações por que passamos mediante a influência da autoeducação, cumprindo-se assim aquele célebre imperativo de Jesus: Sede perfeitos como o vosso Pai celestial é perfeito.

A confusão ora reinante na sociedade resulta do descaso a que se tem votado tão magna questão. Os males que flagelam a humanidade contemporânea procedem da descrença, do cepticismo e da falta de confiança na eficiência da educação moral. O mundo está em crise, crise de dignidade. Desta se originam as outras. Não é de sábios que carecemos. Os problemas da inteligência estão, por assim dizer, resolvidos conforme atesta o surto imenso de progresso material atingido. Não obstante, o momento que atravessamos é dos mais angustiosos. Os grandes financistas e economistas não solucionam o problema do pão. Os estadistas de renome não resolvem satisfatoriamente o problema político. Os sociólogos de alta envergadura mostram-se impotentes diante dos problemas sociais tais como o pauperismo, o crime, o vício e a enfermidade. Por quê? Certamente porque lhes falta a percepção íntima das grandes realidades da Vida, dessa Vida que não começa no berço nem termina no túmulo; percepção que só se alcança através do culto sincero da verdade; que só se aprende sondando os arcanos da consciência e auscultando a sua voz; que só se logra no estudo e na meditação da ciência da moral, que é a ciência do coração.

Não é de conhecimentos que precisam os homens da atualidade, responsáveis pela situação aflitiva dos dias que correm: é de sentimento!

Inteligência desenvolvida e culta, desacompanhada do senso moral, constitui sério perigo para a sociedade. Os grandes males que convulsionam o mundo não procedem dos analfabetos e dos ignaros, elementos mais ou menos inconscientes que agem como instrumentos; que não dispõem de meios e recursos para levarem a cabo as empresas maléficas de exploração, de escravatura e de opressões. São as inteligências cultas e traquejadas, sem moralidade e sem fé, divorciadas do verdadeiro sentimento religioso, que urdem e executam os planas diabólicos de usurpação de direitos, de espoliações e de tirania das consciências.

Todos sabem disso. É um fato que ninguém contesta. Mas, não basta sabermos, é preciso agirmos. Conhecer a origem dos males que nos afetam, não é tudo: é necessário atacá-los no seu reduto, desalojá-los para vencê-los. Não nos iludamos, pois: devemos cuidar da educação do nosso coração com o mesmo interesse e esmero que cuidamos do nosso cérebro. Se é vergonhosa a ignorância intelectual, mais ainda é a ignorância moral. Nem todos podem ser sábios, mas todos podem ser bons. A bondade também é força, e a mais poderosa e fecunda de todas, porque é força que constrói, é força que edifica. É com ela que removeremos os obstáculos e as pedras de tropeço do caminho da nossa evolução, na conquista de todos os bens, na escalada às regiões luminosas onde a Vida é eterna, e o amor, sem restrições nem intermitências, reina em todas as almas, oh! vós que sois pais, lembrai-vos da vossa responsabilidade como mentores dos vossos filhos, oh! vós, que sois preceptores e mestres, pesai bem o compromisso que assumis no desempenho da tarefa a que vos dedicais. Pais e mestres, cerrai fileiras dando as mãos uns aos outros, como legítimos expoentes do lar e da escola, as duas colunas em que a sociedade se apoia, os dois templos augustos, os dois santuários onde se exerce o verdadeiro sacerdócio.

“SURSUM CORDA!” (erguei os corações) Elevemo-nos acima das vulgaridades da época. Desembaracemo-nos das farandulagens (túnica) do homem velho. Enverguemos a túnica do homem novo, do homem do futuro. Renasçamos para o porvir que será o resultado do labor presente. Sacudamos o pó da estrada percorrida. Abandonemos, de vez, as superstições e as utopias com respeito à nossa redenção. Sem educação porfiada, paciente e perseverante nada conseguiremos de positivo na obra da emancipação espiritual. Não é com pílulas e xaropes que se resolve o problema da saúde: é com higiene, no seu sentido amplo e lato. Não será com as consolidadas paulistas ou minoras nem com as loterias que equilibraremos as nossas finanças avariadas: há de ser com trabalho e economia. Não é com maquilagens e artifícios semelhantes que alcançaremos beleza e relativo prolongamento da mocidade: é obedecendo e respeitando a Natureza, cultivando bons costumes, hábitos honestos e pensamentos puros. Não é, finalmente, esposando crendices e condescendendo com preconceitos, rituais e cerimônias cuja essência se desfaz ao sopro do raciocínio, que lograremos a nossa salvação: é pela obra da autoeducação exercida com perseverança, sem esmorecimentos, com decidida vontade de nos espiritualizarmos, de nos aperfeiçoarmos continuamente.

Façamos ponto, citando as palavras autorizadas de Léon Denis sobre este momentoso assunto:

“Como a educação da alma é objeto da Vida, importa em resumir seus preceitos em palavras: aumentar tudo quanto for intelectual e elevado. Lutar, combater, sofrer pelo bem dos homens e dos mundos. Iniciar seus semelhantes nos esplendores do verdadeiro e do belo. Amar a Verdade e a Justiça, praticar para com todos a caridade, a benevolência — tal o segredo da felicidade presente e futura, tal o Dever, tal é a fé que Cristo legou à Humanidade”.

O problema do Brasil, disse o saudoso e humanitário facultativo Dr. Miguel Couto, é um só: Educação.

Parodiando o ilustre cientista patrício, diremos nós: Esse problema não é só do Brasil, é da Humanidade. Sendo o de cada um de nós, é o problema de todos, é o problema universal, por isso que é mediante a autoeducação que se processa a evolução dos seres livres, conscientes e racionais.

 

Pedro de Camargo – Livro: O mestre na educação – Capítulo 2

Pelas obras

 “E que os tenhais em grande estima e amor por causa da sua obra”. Paulo (I Tessalonicenses, 5:13)

 

Esta passagem de Paulo, na Primeira Epístola aos Tessalonicenses, é singularmente expressiva para a nossa luta cotidiana.

Todos experimentamos a tendência de consagrar a maior estima apenas àqueles que leiam a vida pela cartilha dos nossos pontos de vista. Nosso devotamento é sempre caloroso para quantos nos esposem os modos de ver, os hábitos enraizados e os princípios sociais; todavia, nem sempre nossas interpretações são as melhores, nossos costumes os mais nobres e nossas diretrizes as mais elogiáveis.

Daí procede o impositivo de desintegração da concha do nosso egoísmo para dedicarmos nossa amizade e respeito aos companheiros, não pela servidão afetiva com que se liguem ao nosso roteiro pessoal, mas pela fidelidade com que se norteiam em favor do bem comum.

Se amamos alguém tão só pela beleza física, é provável encontremos amanhã o objeto de nossa afeição a caminho do monturo.

Se estimamos em algum amigo apenas a oratória brilhante, é possível esteja ele em aflitiva mudez, dentro em breve.

Se nos consagramos a determinada criatura só porque nos obedeça cegamente, é provável estejamos provocando a queda de outros nos mesmos erros em que temos incidido tantas vezes.

É imprescindível aperfeiçoar nosso modo de ver e de sentir, a fim de avançarmos no rumo da vida Superior.

Busquemos as criaturas, acima de tudo, pelas obras com que beneficiam o tempo e o espaço em que nos movimentamos, porque, um dia, compreenderemos que o melhor raramente é aquele que concorda conosco, mas é sempre aquele que concorda com o Senhor, colaborando com ele, na melhoria da vida, dentro e fora de nós.

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 024

Oração pelos entes queridos

 


Senhor Jesus!

Concedeste-nos os entes queridos por tesouros que nos emprestas.

Ensina-nos a considerá-los e aceitá-los em sua verdadeira condição de filhos de Deus, tanto quanto nós, com necessidades e esperanças semelhantes às nossas.

Faze-nos, porém, observar que aspiram a gêneros de felicidade diferentes da nossa e ajuda-nos a não lhes violentar o sentimento em nome do amor no propósito inconsciente de escravizá-los aos nossos pontos de vista. Quando tristes, transforma-nos em bênçãos capazes de apoiá-los na restauração da própria segurança e, quando alegres ou triunfantes nos ideais que abraçam, não nos deixes na sombra do egoísmo ou da inveja, mas, sim, ilumina-nos o entendimento para que lhes saibamos acrescentar a paz e a esperança.

Conserva-nos no respeito que lhes devemos, sem exigir-lhes testemunhos de afeto ou de apreço, em desacordo com os recursos de que disponham.

Auxilia-nos a ser gratos pelo bem que nos fazem, sem reclamar-lhes benefícios ou vantagens, homenagens ou gratificações que não nos possam proporcionar.

Esclarece-nos para que lhes vejamos unicamente as qualidades, ajudando-nos a nos determos nisso, entendendo que os prováveis defeitos de que se mostrem ainda portadores desaparecerão no amparo de Tua bênção.

E, se algum dia, viermos a surpreender alguns deles em experiências menos felizes, dá-nos a força de compreender que não será reprovando ou condenando que lhes conquistaremos os corações, e sim entregando-os a Ti, através da oração, porque apenas Tu, Senhor, podes sondar o íntimo de nossas almas e guiar-nos o passo para o reequilíbrio nas Leis de Deus.

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Preces e orações.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Educação integral

 

A importância da educação transcende ao que lhe tem sido atribuído, face ao imediatismo dos objetivos que os métodos aplicados perseguem.

A falta de estrutura moral do educador - isto é, o equilíbrio psicológico e afetivo, as noções de responsabilidade e dever, a abnegação em favor do aprendiz, a paciência para repetir a lição até impregnar o ouvinte, sem irritação nem reprimenda, e o amor - constitui fator adverso ao êxito do empreendimento que é base de vida na construção do homem integral.

Quando se educa, são canalizados os valores latentes no indivíduo para o seu progresso, fornecendo os recursos que facultam a germinação dessas potências que dormem no cerne do ser.

Educar é libertar com responsabilidade e consciência de atitudes em relação ao educando, a si mesmo, ao próximo e à Humanidade.

Quando se reprime e se impõem condicionamentos pela violência, uma reação em cadeia provoca a irrupção da revolta que explode em atos de agressividade que asselvaja.

A tarefa da educação é, sobretudo, de iluminação de consciência, mediante a informação e a vivência do conhecimento que se transmite.

Quem educa evita a manifestação da delinquência e do desequilíbrio social, estabelecendo metas de promoção da vida.

A punição significa falência na área educativa.

A repressão representa insegurança educacional.

A reprovação demonstra fracasso metodológico.

*

O educando é material maleável, que aguarda modelagem própria para fixar os caracteres que conduzem à perfeição.

O educador cria hábitos, estimula atitudes, desenvolve aptidões, conduz. É o guia, hábil e gentil, ensinando sempre pela palavra e pelo exemplo, não se cansando nunca do ministério que abraça.

A escola é o prosseguimento do lar, e este é a escola abençoada na qual se fixam os valores condizentes com a dignidade e o engrandecimento ético-moral do ser.

*

A educação é fenômeno presente em todas as épocas. O pajé que ensina, o guru que orienta, o mestre que transmite lições, são educadores diversos através dos tempos.

A verdadeira educação ocorre no íntimo do indivíduo, sendo um processo verdadeiramente transformador.

Qual semente que sai do fruto e semelhante à vida que esplende saindo da semente, quando os fatores são-lhe propícios, a educação é mecanismo semelhante da vida a serviço da Vida.

É certo que o homem se apresenta imperfeito, por enquanto, todavia é, potencialmente, perfeito, e, à educação, compete o papel de o desenvolver.

A divina semente que n'Ele jaz, a educação põe a germinar.

Sempre se educa e se sai educado, quando se está atento e predisposto ao ensino e à aprendizagem.

Todos somos educadores e educandos, conscientemente ou não.

A educação, porém, há que ser integral, do homem total.

Jesus, o Educador por Excelência, prossegue, paciente, amando-nos e educando-nos, havendo aceito apenas o título de Mestre, porque, em verdade O é.

 Joanna de Ângelis / Divaldo Franco – Livro: Momentos de meditação – Capítulo 2

Ante o sublime

 “Não faças tu comum o que Deus purificou”. (Atos dos Apóstolos, 10:15)

 

Existem expressões no Evangelho que, à maneira de flores a se salientarem num ramo divino, devem ser retiradas do conjunto para que nos deslumbremos ante o seu brilho e perfume peculiares.

A voz celeste, que se dirige a Simão Pedro, nos Atos, abrange horizontes muito mais vastos que o problema individual do apóstolo.

O homem comum está rodeado de glórias na Terra, entretanto, considera-se num campo de vulgaridades, incapaz de valorizar as riquezas que o cercam.

Cego diante do espetáculo soberbo da vida que lhe emoldura o desenvolvimento, tripudia sobre as preciosidades do mundo, sem meditar no paciente esforço dos séculos que a Sabedoria Infinita utilizou no aperfeiçoamento e na seleção dos valores que o rodeiam.

Quantos milênios terá exigido a formação da rocha?

Quantos ingredientes se harmonizam na elaboração de um simples raio de sol?

Quantos óbices foram vencidos para que a flor se materializasse?

Quanto esforço custou a domesticação das árvores e dos animais?

Quantos séculos terá empregado a Paciência do Céu na estruturação complexa da máquina orgânica em que o Espírito encarnado se manifesta?

A razão é luz gradativa, diante do sublime.

Não te esqueças, meu irmão, de que o Senhor te situou a experiência terrestre num verdadeiro paraíso, onde a semente minúscula retribui na média do infinito por um e onde águas e flores, solo e atmosfera te convidam a produzir, em favor da multiplicação dos Tesouros Eternos.

Cada dia, louva o Senhor que te agraciou com as oportunidades valiosas e com os dons divinos.

Pensa, estuda, trabalha e serve.

Não suponhas comum o que Deus purificou e engrandeceu.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 023

Prece

 


Senhor!

Nesta hora em que todos procuramos um caminho de paz e amor para viver e conviver e também para sobreviver às nossas próprias dificuldades, nós Te rogamos apoio.

Rogamos, Amado Jesus, que nos abençoe e conserva-nos na fé viva em Ti. Não nos deixes o coração tresmalhado nas vacilações do caminho terrestre ou na agressividade exagerada que tantas vezes nos surpreendem depois da infância e da adolescência, nas quais aprendemos a pedir-Te a bênção no colo de nossas mães!

Disseste-nos que aqueles que não se fizerem crianças não serão dignos do Reino de Deus. Faze-nos, pois, simples de coração! Ajuda-nos a considerar que precisamos trabalhar uns pelos outros. Que todos somos chamados para nos tolerarmos reciprocamente em nossas dificuldades e problemas, a fim de que a nossa vida possa produzir paz, luz, amor e alegria, no progresso a que estamos destinados por Ti, em nome do nosso Pai Supremo!

Ampara-nos! Que nossos templos dedicados à Tua memória, seja qual for a faixa de conhecimento e veneração em que nos expressemos, sejam preservados, agora e no futuro, a fim de que, por eles e com eles, venhamos a construir, na Terra, a nossa felicidade imortal.

Chico Xavier – Livro: Preces e orações 

Prece proferida na entrevista realizada por Hebe Camargo, a 17 de setembro de 1973, no Horto Florestal Paulistano, para o seu programa da TV Record, Canal 7, São Paulo.

sábado, 16 de outubro de 2021

Boletim Mais Luz - Edição 548

 Leia conosco a edição 548 do Boletim Eletrônico Mais Luz!

Vamos refletir sobre a educação na família e mais...

Conheça nossa programação e as campanhas desenvolvidas no meio espírita.

https://mailchi.mp/c98d8a4c6b11/boletim-mais-luz

Além da tela - Dicas de filmes da FEB

 


A nossa indicação desse mês é o filme Os Outros. Dirigido e roteirizado por Alejandro Amenábar, o longa conta a história de Grace, interpretada por Nicole Kidman, que decide se mudar para uma mansão isolada com seus dois filhos que têm uma rara doença que os impede de receber luz direta do sol. Esse fato dá ao roteiro um toque bem peculiar, já que as janelas e portas sempre estão fechadas, fazendo com que todos vivam em total escuridão. Como vivem sozinhos, todos seguem regras, nunca abrindo uma porta sem fechar a outra, mas tudo muda quando decidem contratar empregados para a casa e estes acabam por quebrar as regras, trazendo diversas consequências para a trama. 

O filme é ambientado durante a 2ª Guerra Mundial e traz para reflexão temas como: desencarnação, vida após a morte, mediunidade, conflitos familiares, entre outros. Prepare uma pipoca, junte a família e aproveite a nossa dica do mês do Além da Tela!

Fonte: https://www.febnet.org.br

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Educação na família

 

A Educação Espírita, como bem frisou Kardec, se inicia nas famílias espíritas. Exemplos cristãos, reencarnação, compreensão de Deus, amor, fraternidade, possibilidade de intercâmbio entre encarnados e desencarnados, fazem parte dos conhecimentos que os pais devem ministrar aos seus filhos.

Os pais espíritas utilizarão os recursos da prece, do Evangelho no Lar e do passe. Dedicar-se-ão, ainda, ao auxílio às casas espíritas.

Não farão do filho um tirano doméstico, ou um inadaptado para o mundo. Mas o encaminharão para as escolas de evangelização espírita. Não colocarão as crianças em escolas protestantes ou católicas, não por preconceitos tolos, mas para não confundi-las.

É grande o número de pais espíritas que levam seus filhos às aulas de evangelização espírita, aos sábados e domingos, e permitem que eles aprendam religião católica ou protestante, durante a semana. A criança acredita nos pais, mas também nos professores, e se interroga: afinal, quem está com a razão? Como conciliar opiniões tão diversas?

Isso é horrível para a criança.

Uma vez por semana, a família espírita se reunirá para fazer o Evangelho no Lar. Não é um ritual, mas uma disciplina que permitirá a nossa ligação com o mundo espiritual. Após o Evangelho, a família poderá analisar, à luz do Espiritismo, os problemas atuais que preocupam sobretudo os jovens: a guerra, a fome, o desemprego, as injustiças sociais, a falta de amor. A compreensão da reencarnação e da lei de Ação e Reação facultará o entendimento do “porquê” das dificuldades do mundo em que vivemos.

Os pais espíritas explicarão aos seus filhos que não somos robôs.

Que podemos modificar o nosso destino, atenuar as nossas provas e transformar para melhor o mundo à nossa volta. Esforço de evolução não é esperar, inerte, pelo auxílio divino, acreditando que tudo lhe será dado. É modificar-se, através do amor e com energia. Gandhi é o exemplo do indivíduo que entendeu, como ninguém, a necessidade de agir no mundo que o rodeava. É o exemplo de não aceitarmos tudo, e “deixar como está, para ver como fica”.

Antes de Gandhi, um homem louro e doce, deu o exemplo de como lutar contra as injustiças. O Meigo Nazareno soube usar de energia, quando verberou os fariseus chamando-os de “sepulcros caiados por fora e cheios de podridão por dentro”, acrescentando, ainda: “sereis lançados nas trevas exteriores, e aí haverá choro e ranger de dentes”.

Como bem diz Herculano Pires, evoluir não é ficar indiferente, com falsas atitudes de humildade e amor. Isso é ser igual aos fariseus. Evoluir é desenvolver a energia amorosa de Jesus, de Paulo de Tarso, de Gandhi, da Madre Teresa de Calcutá, de Joana d’Arc e de tantos outros que iluminaram o mundo com seus exemplos edificantes.

Como alguns membros da família espírita se acham, ainda, ligados às leis cármicas, à luz do Espiritismo se fortalecerão, e irão corrigir suas imperfeições e colaborar para um mundo melhor.

A função da família espírita é desenvolver, em casa, sob as claridades do Evangelho, todas as boas qualidades, as quais serão, posteriormente, colocadas em prática fora dela.

Uma nova Humanidade surgirá, sem barreiras geográficas.

Uma humanidade que praticará, realmente, as Leis de Deus. Não mais o “meu”, o “teu”. A “minha” família, a “tua” família, mas a compreensão da família espiritual, resumida num só rebanho, com um só pastor, de que nos fala o profeta.

Quando o lindo bebê surge em nossa casa e começa a se desenvolver, o dever de todos os membros da família é auxiliá-lo na sua sociabilidade. Infelizmente, o que vemos é estimular-lhe o egoísmo. Se ele faz malcriações, todos acham graça. Se bate, exige, não empresta os brinquedos, a família se encanta com a sua personalidade forte. Logo se transforma numa criatura exigente, depois em um adolescente difícil, e finalmente em um adulto insuportável. De quem a culpa? Dos pais, dos tios, de todos os que incentivaram as tendências inferiores do reencarnado. A finalidade da educação é, exatamente, desenvolver as tendências boas e eliminar os defeitos trazidos de outras encarnações.

O mundo cruel de hoje é o produto do egoísmo que ainda existe nos corações. E se esse egoísmo vem de séculos, é comum encontrar estímulos na educação pragmática deste século.

A Educação Espírita, trazendo nova visão do mundo, auxiliará a formação da família espiritual.

A família espírita participará do Evangelho no Lar como fonte que é, da harmonização de seus membros. Não é um ritual, mas um momento de sintonia com o plano espiritual superior. É quando os corações, unidos, agradecerão a Deus todo o auxílio que lhes tem dispensado.

 

Heloísa Pires – Livro: Educação Espírita

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

A retribuição

 " Pedro disse-lhe: — E nós que deixamos tudo e te seguimos, que receberemos?"

(Mateus, 19:27)


A pergunta do apóstolo exprime a atitude de muitos corações nos templos religiosos.

Consagra-se o homem a determinado círculo de fé e clama, de imediato:

— "Que receberei?"

A resposta, porém, se derrama silenciosa, através da própria vida.

Que recebe o grão maduro, após a colheita?

O triturador que o ajuda a purificar-se.

Que prêmio se reserva à farinha alva e nobre?

O fermento que a transforma para a utilidade geral.

Que privilégio caracteriza o pão, depois do forno?

A graça de servir.

Não se formam cristãos para adornos vivos do mundo e sim para a ação regeneradora e santificante da existência.

Outrora, os servidores da realeza humana recebiam o espólio dos vencidos e, com eles, se rodeavam de gratificações de natureza física, com as quais abreviavam a própria morte.

Em Cristo, contudo, o quadro é diverso.

Vencemos, em’ companhia dele, para nos fazermos irmãos de quantos nos partilham a experiência, guardando a obrigação de ampará-los e ser-lhes úteis.

Simão Pedro, que desejou saber qual lhe seria a recompensa pela adesão à Boa Nova, viu, de perto, a necessidade da renúncia. Quanto mais se lhe acendrou a fé, maiores testemunhos de amor à Humanidade lhe foram requeridos. Quanto mais conhecimento adquiriu, a mais ampla caridade foi constrangido, até o sacrifício extremo.

Se deixaste, pois, por devoção a Jesus, os laços que te prendiam às zonas inferiores da vida, recorda que, por felicidade tua, recebeste do Céu a honra de ajudar, a prerrogativa de entender e a glória de servir.

 

Emmanuel/ Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 022

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Oração da criança

 


Amigo:

Ajuda-me agora, para que eu te auxilie depois. Não me relegues ao esquecimento, nem me condenes à ignorância ou à crueldade.

Venho ao encontro de tua aspiração, do teu convívio, de tua obra...

Em tua companhia estou na condição da argila nas mãos do oleiro.

Hoje, sou sementeira, fragilidade, promessa...

Amanhã, porém, serei tua própria realização.

Corrige-me, com amor, quando a sombra do erro envolver-me o caminho, para que a confiança não me abandone.

Protege-me contra o mal.

Ensina-me a descobrir o bem, onde estiver.

Não me afastes de Deus e ajude-me a conservar o amor e o respeito que devo às pessoas, aos animais e às coisas que me cercam.

Não me negues tua boa vontade, teu carinho e tua paciência.

Tenho tanta necessidade do teu coração, quanto a plantinha tenra precisa da água para prosperar e viver.

Dá-me tua bondade e dar-te-ei cooperação.

De ti depende que eu seja pior ou melhor amanhã.


Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Antologia da criança

sábado, 9 de outubro de 2021

Mais Luz - Edição 547

 Leia conosco: Educação no lar, agenda espírita e muito mais.


https://mailchi.mp/446bac1583e8/boletim-mais-luz

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Educação no lar

 


A educação espírita começa no lar. Nas famílias espíritas é dever dos pais iniciar os filhos nos princípios doutrinários desde cedo. A falta de compreensão da doutrina faz que certas pessoas pensem que as crianças não devem preocupar-se com o assunto. Essas pessoas se esquecem de que os seus filhos necessitam de orientação espiritual e que essa orientação será tanto mais eficiente quanto mais cedo lhes for dada. Kardec, num trecho da Revista Espírita, conta como na França, já no seu tempo, a educação espírita no lar começava a produzir maravilhosos efeitos.

É preciso não esquecer que as crianças são espíritos reencarnados, espíritos adultos que se vestem, como ensina Kardec: "com a roupagem da inocência" para voltarem à Terra e iniciarem uma vida nova. Os espíritos que se reencarnam em famílias espíritas já vêm para esse meio para receberem desde cedo o auxílio de que necessitam. Os pais que, a pretexto de respeitar a liberdade de escolha de quem ainda não pode escolher, ou de não forçar os filhos a tomarem um rumo certo na vida, deixam de iniciar os filhos no Espiritismo, estão faltando com os seus deveres mais graves.

Ensinar às crianças o princípio da reencarnação, da lei de causas e efeitos, da presença do anjo-guardião em suas vidas, da comunicabilidade dos espíritos e assim por diante, é um dever inalienável dos pais. Pensar que isso pode assustar as crianças e criar temores desnecessários é ignorar que as crianças já trazem consigo o germe desses conhecimentos e também que estão mais próximos do mundo espiritual do que os adultos.

Descuidar da educação espírita dos filhos é negar-lhes a verdade. O maior patrimônio que os pais podem legar aos filhos é o conhecimento de uma doutrina que vai garantir-lhes a tranquilidade e a orientação certa no futuro. Os pais que temem dar educação espírita às crianças não têm uma noção exata do Espiritismo e por isso mesmo não confiam no valor da doutrina que esposam.

Porque razão os católicos e os protestantes podem ensinar aos filhos que existe o inferno e o diabo, que a condenação eterna os ameaça e que o anjo da guarda pode protegê-los, e o espírita não pode ensinar princípios muito mais confortadores e racionais? Se o medo do diabo e do inferno não traumatiza as crianças das religiões formalistas, por que razão o ensino de que não existe o inferno nem existe o diabo vai apavorá-las? Não há lógica nenhuma nessa atitude que decorre apenas de preconceitos ainda não superados pelos pais, na educação errônea que receberam quando crianças.

As crianças de hoje estão preparadas para enfrentar a realidade do novo mundo que está nascendo. Esse novo mundo tem por alicerce os fundamentos do Espiritismo, porque os princípios da doutrina estão sendo confirmados dia a dia pelas Ciências. A mente humana se abre neste século para o conhecimento racional dos problemas espirituais. Chegou o momento do Consolador prometido pelo Cristo. Os pais espíritas precisam compreender isso e iniciar sem temor os seus filhos na doutrina que lhes garantirá tranquilidade e confiança na vida nova que iniciam.

A melhor maneira de desenvolver a educação espírita no lar é organizar festinhas domingueiras com prece, recitativos infantis de tema evangélico, explicação de parábolas, canções espíritas e brincadeiras criativas, que ajudem a despertar a criatividade das crianças. Espiritismo é alegria, espontaneidade, sociabilidade. Essas festinhas preparam o espírito da criança para o aprendizado nas aulas dos Centros e para as aulas de Espiritismo na escola.

Esconder às crianças de hoje a verdade espírita é cometer um verdadeiro crime contra o seu progresso espiritual e a sua integração na cultura espírita do novo mundo que está nascendo. Que os pais espíritas não se furtem a esse dever. A educação no lar é a base de todo o processo posterior de educação escolar e de educação social, que os adolescentes e os jovens irão enfrentar na vida.

Não importa que alguns espíritas metidos a sabichões combatam a educação espírita. Deus os perdoará, porque eles não sabem o que fazem. O que importa é os pais se inteirarem de suas responsabilidades pessoais, que não podem transferir a ninguém, e tratem de cumpri-las.

Se forem realmente espíritas, os pais saberão quanto o Espiritismo lhes tem valido na vida. Que direito terão de negar aos filhos o conhecimento dessa doutrina que tanto bem lhes faz?

Quererão que os filhos se extraviem no materialismo e na irresponsabilidade que desgraça tantos jovens de hoje?

José Herculano Pires – Livro: Pedagogia Espírita