quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
Ano Novo, homem novo
“E não vos conformeis a este
mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” – Paulo.
(Romanos, 12:2.)
A chegada de um novo ano costuma representar a esperança
de novas oportunidades para a Humanidade.
A possibilidade de renovar planos, sonhos e metas para os
365 dias seguintes reflete, muitas vezes, a renovação de posturas do indivíduo
diante da vida, convidando-o a um olhar diferenciado e à renovação de ideais,
sentimentos e ações.
As pessoas depositam esperanças no novo ano para a
construção de uma nova sociedade; e compreendemos que a nova sociedade
deposita, igualmente, esperanças em pessoas novas e renovadas para a mesma
finalidade.
León Denis, o Filósofo do Espiritismo, apresenta-nos
importante alerta sobre essa temática em seu livro Depois da morte:
[...] Para uma sociedade nova é necessário homens novos.
Por isso, a educação desde a infância é de importância capital.
Dar as boas-vindas
a um novo ano representa abrir-se à possibilidade de novas experiências e
aprendizagens, fortalecendo valores e transformando más inclinações em boas
atitudes, ações consideradas fundamentais para a formação de “homens novos”. A educação
é apontada como essencial ao processo de evolução do Espírito, por proporcionar
a reforma íntima, a reorganização de sentimentos, o amadurecimento de ideias e
o alinhamento existencial do indivíduo com os objetivos reencarnatórios estabelecidos.
Nesse sentido, Vinícius, pseudônimo de Pedro de Camargo,
autor de várias obras espíritas de temática educativa, em seu livro O mestre na
educação, sintetiza:
A vida tem uma finalidade clara e positiva, que é a evolução.
Esta se processa nos seres conscientes e responsáveis mediante renovações
íntimas, constantes e progressivas. Semelhante fenômeno denomina-se Educação.
Em continuidade à reflexão, ainda expressa:
[...] Do interior do homem velho cumpre tirar o homem
novo, a nova mentalidade cujo objetivo será desenvolver o amor na razão direta
do combate às multiformes modalidades em que o egoísmo se desdobra. [...]
O contínuo e ascendente processo de aprendizagem e
desenvolvimento apresenta-se dinâmico, permeado por experiências individuais e
potencializado pelos diferentes conhecimentos construídos ao longo da
trajetória individual. Sob a ótica do aprimoramento espiritual, pode-se
conceber a renovação íntima como a tradução dos ensinamentos de amor em
atitudes compatíveis com a vivência cristã, renovando-as.
Nesse fio condutor, Emmanuel, no livro Palavras de
Emmanuel, reitera o valor educativo para o desenvolvimento social e aponta-nos
a relevância do investimento na alma infantil, ao questionar:
Como esperar o aprimoramento da Humanidade, sem a melhoria
do Homem, e como aguardar o Homem renovado, sem o amparo à criança?
Diante de tais referências, percebe-se que as
possibilidades de renovação humana não se dão apenas pela sucessão de novos
anos, minudenciados em oportunidades diárias de aperfeiçoamento, mas igualmente
pela sucessão de novas encarnações, zelosamente planejadas, com vistas à
evolução espiritual do ser.
Similarmente, a postura da criança mediante as novas
experiências reencarnatórias garante-lhe a posição de aprendiz e,
consequentemente, proporciona-lhe o contínuo aprimoramento, visto que “encarnando,
com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais
acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para
o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo”.
Nesse processo, compreende-se a tarefa da Evangelização Espírita
Infantojuvenil, desde a tenra idade, como relevante ação promotora do
autoaprimoramento, por meio do estudo, da prática e da difusão da Doutrina
Espírita junto aos seres recém-chegados ao mundo físico que, a despeito de se
encontrarem envoltos em pequena vestimenta física, surpreendem-nos com seus
grandes sonhos e ideias, bem como com sua abertura aos novos ensinamentos da
vida.
Conforme nos alerta Vianna de Carvalho:
[...] à Evangelização Espírita Infantojuvenil cabe a indeclinável
tarefa educacional de preparar os futuros cidadãos desde cedo, habilitando-os
com as sublimes ferramentas do conhecimento e do amor para o desempenho dos
compromissos que lhes cumprirá atender, edificando a nova sociedade do amanhã.
Aproximar crianças e jovens da mensagem de Jesus e dos
ensinamentos espíritas, instrumentalizando-os em conhecimento e amor,
solidifica, indubitavelmente, as bases de sua fé raciocinada, fortalecendo-os
ante os desafios e posicionamentos a que são convidados a assumir ao longo da
jornada terrena.
Guillon Ribeiro considera tal aspecto como de especial
seriedade e relevo, ao apresentar expressivo convite aos que abraçam a tarefa
de orientação das almas infantojuvenis:
Auxiliemos a todos, favorecendo, sobretudo, a criança e o
jovem a um melhor posicionamento diante da vida, em face da reencarnação.
Somente assim plasmaremos desde agora os alicerces de uma
nova Humanidade para o mundo porvindouro.
Renovemo-nos, pois, em alegria e paz, nas tarefas abraçadas
junto à Evangelização Espírita Infantojuvenil e nos ideais propulsores de todas
as ações da vida, e inspiremo-nos, em cada dia do próximo ano, nas oportunas
reflexões de Emmanuel:
Abre as portas de tua alma a tudo o que seja útil, nobre,
belo e santificante, e, de braços devotados ao serviço da Boa-Nova, pela Terra
regenerada e feliz, sigamos com a vanguarda dos nossos benfeitores ao encontro
do Divino Amanhã.
Muita paz a todos e Feliz Ano Novo!
Departamento de Infância e Juventude / FEB
Erguer e ajudar
“E ele, dando-lhe a mão, a levantou”. (Atos dos Apóstolos, 9:41)
Muito significativa a lição dos Atos,
quando Pedro restaura a irmã Dorcas para a vida.
Não se contenta o apóstolo em
pronunciar palavras lindas aos seus ouvidos, renovando-lhe as forças gerais.
Dá-lhe as mãos para que se levante.
O ensinamento é dos mais simbólicos.
Observamos muitos companheiros a se
reerguerem para o conhecimento, para a alegria e para a virtude, banhados pela
divina claridade do Mestre, e que podem levantar milhares de criaturas para a
Esfera Superior.
Para isso, porém, não bastará a
predicação pura e simples. O sermão é, realmente, um apelo sublime, do qual não
prescindiu o próprio Cristo, mas não podemos esquecer que o Celeste Amigo, se
doutrinou no monte, igualmente no monte multiplicou os pães para o povo
esfaimado, restabelecendo-lhe o ânimo.
Nós, os que nos achávamos mortos na
ignorância, e que hoje, por acréscimo da Misericórdia Infinita, já podemos
desfrutar algumas bênçãos de luz, precisamos estender o serviço de socorro aos
demais.
Não nos desincumbiremos, porém, da
tarefa salvacionista, simplesmente pronunciando alguns discursos admiráveis.
É imprescindível usar nossas mãos nas
obras do bem.
Esforço dos braços significa atividade
pessoal.
Sem o empenho de nossas energias, na
construção do Reino Espiritual com o Cristo, na Terra, debalde alinharemos
observações excelentes em torno das preciosidades da Boa Nova ou das
necessidades da redenção humana.
Encontrando o nosso irmão, caído na
estrada, façamos o possível por despertá-lo com os recursos do verbo
transformador, mas não olvidemos que, para trazê-lo de novo à vida construtiva,
será indispensável, segundo a inesquecível lição de Pedro, estender-lhe fraternalmente
as nossas mãos.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 033
Prece
Senhor Jesus,
Dai-nos o poder de operar a própria
conversão para que o Teu Reino de Amor seja irradiado do centro de nós mesmos!
Contigo em nós, converteremos:
A treva em claridade,
A dor em alegria,
O ódio em amor,
A descrença em fé viva,
A dúvida em certeza,
A maldade em bondade,
A ignorância em compreensão e
sabedoria,
A dureza em ternura,
A fraqueza em força,
O egoísmo em cântico fraterno,
O orgulho em humildade,
O torvo mal em Infinito Bem.
Sabemos, Senhor,
Que, de nós mesmos,
Somente possuímos a inferioridade
De que nos devemos desvencilhar,
Mas, unidos a Ti,
Somos galhos frutíferos na árvore dos
séculos,
Que as tempestades da experiência
Jamais deceparão...
Assim, pois, Mestre amoroso,
Digna-te amparar-nos
A fim de que nos elevemos,
Ao encontro de tuas mãos sábias e
compassivas,
Que nos erguerão da inutilidade,
Para o serviço da cooperação Divina,
Agora e para sempre.
Assim seja.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Correio Fraterno
sábado, 25 de dezembro de 2021
Mais Luz - Edição 558
Leia conosco nesta edição:
ü Votos de Ano Novo de um Espírita de
Leipzig
ü Advento do Espírito de Verdade
ü Poema: Irmão
ü A boa parte – Fonte Viva
ü Oramos
sexta-feira, 24 de dezembro de 2021
Votos de Ano Novo de um Espírita de Leipzig
Um espírita de Leipzig mandou
imprimir, em língua alemã, a seguinte mensagem, cuja tradução temos o prazer de
dar.
MEUS VOTOS DE FELIZ ANO NOVO A TODOS
OS ESPÍRITAS
E ESPIRITUALISTAS DE LEIPZIG
Também a vós que vos chamais materialistas, porque só quereis
conhecer a matéria, eu seria tentado a vos enviar os meus votos de felicidade,
mas temo que considerareis isto como uma ousadia de um estranho, que não tem o
direito de ser contado entre vós.
É diferente com os espiritualistas, que estão no mesmo terreno
que os espíritas, no que respeita à imortalidade da alma, à sua individualidade
e ao seu estado feliz ou infeliz depois da morte.
Os espiritualistas e os espíritas reconhecem em cada
homem uma alma irmã da sua e, por isto, me dão o direito de lhes enviar meus votos.
Uns e outros agradecem ao Senhor pelo ano que acaba de passar e esperam que,
sustentados por sua graça, tenham coragem para suportar a prova dos dias
aziagos e a força de trabalhar o seu aperfeiçoamento, domando as más paixões.
A vós, caros espíritas, irmãos e irmãs conhecidos e desconhecidos,
eu vos desejo particularmente um ano feliz, porque recebestes de Deus, para a
vossa peregrinação terrena, um grande apoio no Espiritismo. A religião a todos
veio trazer a fé, e bem-aventurados os que a conservaram. Infelizmente, ela
está extinta num grande número; é por isso que Deus envia uma nova arma para
combater a incredulidade, o orgulho e o egoísmo, que tomam proporções cada vez
maiores. Essa arma nova é a comunicação com os Espíritos; por ela temos a fé,
porque nos dá a certeza da vida da alma e nos permite lançar um olhar na outra
vida; reconhecemos, assim, a vaidade da felicidade terrestre, e temos a solução
das dificuldades que nos faziam duvidar de tudo, mesmo da existência de Deus.
Disse Jesus aos seus discípulos: “Muitas coisas teria ainda
a vos dizer, mas não o poderíeis suportar”. Hoje, tendo a Humanidade
progredido, pode compreendê-las. Eis por que Deus nos deu a ciência do
Espiritismo, e a prova de que a Humanidade está madura para esta ciência, é que
esta ciência existe. É inútil negar e zombar, como outrora era inútil negar e
zombar dos fatos adiantados por Copérnico e Galileu. Então esses fatos eram tão
pouco conhecidos quanto o são agora os do mundo dos Espíritos.
Como outrora, os primeiros opositores são os sábios, até
o dia em que, vendo-se isolados, reconhecerão humildemente que as novas descobertas,
como o vapor, a eletricidade e o magnetismo, que outrora eram desconhecidos,
não são a última palavra das leis da Natureza. Serão responsáveis perante as
gerações futuras por não terem acolhido a ciência nova como uma irmã das
outras, e por tê-la repelido como loucura.
É verdade que ela não ensina nada de novo proclamando a vida da alma, pois o Cristo já falou dela; mas o Espiritismo levanta todas as dúvidas e lança uma nova luz sobre esta questão. Entretanto, guardemo-nos de considerar como inúteis os ensinamentos do Cristianismo, e de os crer substituídos pelo Espiritismo; ao contrário, fortifiquemo-nos na fonte das verdades cristãs, para as quais o Espiritismo não é senão um novo facho, a fim de que nossa inteligência e nosso orgulho não nos desencaminhem. O Espiritismo nos ensina, antes de qualquer coisa, que “Sem o amor e a caridade, não há felicidade”, isto é, que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Apoiando-se nesta verdade cristã, ele abre o caminho para a realização desta palavra do Cristo: “Um só rebanho e um só pastor”.
Assim, pois, caros irmãos e irmãs espíritas, permiti que,
aos meus votos pelo Ano Novo, eu ainda junte esta prece: Que jamais abuseis do
poder de comunicação com o mundo espiritual.
Não esqueçamos que, conforme a lei sobre a qual repousam
nossas relações com os Espíritos, os maus não estão excluídos das comunicações.
Se é difícil constatar a identidade de um Espírito que não conhecemos, é fácil
distinguir os bons dos maus. Estes podem ocultar-se sob a máscara da
hipocrisia, mas um bom espírita sempre os reconhece; eis por que não devemos
ocupar-nos dessas coisas levianamente, porque podemos nos tornar joguete de Espíritos
maus, embora inteligentes, como por vezes são encontrados no mundo dos
encarnados. Se compararmos nossas comunicações com as que são obtidas nas
reuniões dos espíritas fervorosos e sinceros, logo saberemos reconhecer se
estamos no bom caminho. Os Espíritos elevados se fazem reconhecer por sua linguagem,
que é a mesma em toda parte, sempre de acordo com o Evangelho e a razão humana.
O meio de se preservar dos Espíritos maus é, primeiramente,
fazer uma prece sincera a Deus; em segundo lugar, jamais empregar o Espiritismo
para as coisas materiais. Os Espíritos maus estão sempre prontos a satisfazer a
todos os pedidos e, por vezes, se dizem coisas justas, geralmente enganam com
intenção ou por ignorância, porque os Espíritos inferiores não sabem mais do
que sabiam na sua existência terrestre. Os Espíritos bons, ao contrário, nos
ajudam em nossos esforços a nos melhorarmos e nos dão a conhecer a vida
espiritual, a fim de que possamos assimilá-la à nossa. Tal o objetivo para onde
devem tender todos os espíritas sinceros.
Adolf, conde Poninski - Leipzig, 1o de janeiro de 1868
Fonte: Revista Espírita – fevereiro/1868
A boa parte
“Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada”. Jesus (Lucas, 10:42)
Não te esqueças da “boa parte” que
reside em todas as criaturas e em todas as coisas.
O fogo destrói, mas transporta consigo
o elemento purificador.
A pedra é contundente, mas consolida a
segurança.
A ventania açoita impiedosa, todavia,
ajuda a renovação.
A enxurrada é imundície, entretanto,
costuma carrear o adubo indispensável à sementeira vitoriosa.
Assim também há criaturas que, em se
revelando negativas em determinados setores da luta humana, são extremamente
valiosas em outros.
A apreciação unilateral é sempre
ruinosa.
A imperfeição completa, tanto quanto a
perfeição integral, não existem no plano em que evoluímos.
O criminoso, acusado por toda a gente,
amanhã pode ser o enfermeiro que te estende o copo d’água.
O companheiro, no qual descobres agora
uma faixa de trevas, pode ser depois o irmão sublimado que te convida ao bom
exemplo.
A tempestade da hora em que vivemos é,
muitas vezes, a fonte do bem-estar das horas que vamos viver.
Busquemos o lado melhor das situações,
dos acontecimentos e das pessoas.
“Maria escolheu a boa parte, que não
lhe será tirada” — disse-nos o Senhor.
Assimilemos a essência da divina
lição.
Quem procura a “boa parte” e nela se
detém, recolhe no campo da vida o tesouro espiritual que jamais lhe será
roubado.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 032
Oramos
Senhor, neste ano que se inicia...
“Não te pedimos a isenção das provas
necessárias, mas apelamos para sua misericórdia, a fim de que as nossas forças
consigam superá-las.
Não te rogamos a supressão dos
problemas que nos afligem a estrada; no entanto, esperamos o apoio do teu amor,
para que lhes confiramos a devida solução com base em nosso próprio esforço.
Não te solicitamos o afastamento dos
adversários que nos entravam os passos e obscurecem o caminho; todavia,
contamos com o teu amparo de modo que aprendamos a acatá-los, aproveitando-lhes
o concurso.
Não te imploramos imunidades contra as
desilusões que porventura nos firam, mas exortamos o teu auxílio a fim de que
lhes aceitemos sem rebeldia a função edificante e libertadora.
Não te suplicamos para que se nos livre
o coração de penas e lágrimas; contudo, rogamos à tua benevolência para que
venhamos a sobrestar-lhes o amargor, assimilando-lhes as lições!
Senhor, que saibamos agradecer a tua
proteção e a tua bondade nas horas de alegria e de triunfo; entretanto, que nos
dias de aflição e de fracasso, possamos sentir conosco a luz de tua vigilância e
de tua benção!”...
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Correio Fraterno
quinta-feira, 23 de dezembro de 2021
sábado, 18 de dezembro de 2021
Mais Luz - Edição 557
Leia conosco:
· Elegia do Natal
· Ante o Evangelho: Advento do
Espírito de Verdade
· Poema: Lembrança do Natal – Auta de
Souza
· Lavradores – Livro: Fonte Viva
· Oração de Natal
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
Elegia do Natal
Antes dEle tudo eram sombras de ignorância, de astúcia e
de perversidade.
O ser humano encontrava-se reduzido à condição de hilota,
estorcegando em sofrimentos inimagináveis.
O predomínio da força trabalhava em favor da hediondez e
do crime, enquanto os valores éticos permaneciam desconhecidos, e quando
identificados alguns, eram totalmente desrespeitados.
Nunca faltaram, porém, no planeta terrestre, as presenças
dos Espíritos nobres que desceram às escuras paisagens para acender a luz do
discernimento e oferecer as diretrizes da justiça.
Orgulhosos, aqueles que foram Seus contemporâneos,
fizeram-se surdos e cegos às Suas mensagens, permanecendo iludidos pela
prepotência, preferindo esmagar os povos que encontravam pela frente, sem
qualquer sentimento de humanidade ou de compaixão...
Os carros da guerra espalhavam o horror, enquanto a fome
e a hediondez campeavam à solta, esmagando vidas que não dispunham de
oportunidade de desenvolver-se.
A juventude louçã e as arbitrárias condições em que
alguns indivíduos se encontravam, deles faziam títeres e condutores insanos das
massas quase asselvajadas.
É certo que floresceram também a filosofia, as artes, o
espiritualismo e as musas desceram várias vezes do Olimpo de cada povo,
cantando a beleza, a sabedoria, a bondade e, vez que outra, o amor...
Generalizada a opressão, a sociedade podia ser dividida
em apenas três grupos: vencidos, vencedores e não conquistados...
As condições de primarismo então vigentes, tornavam a
existência humana de breve curso, durante o qual se deveria fruir de todos os
prazeres imagináveis, custassem todo e qualquer sacrifício exigido.
Honra e dignidade valiam o preço da vergonha.
Havia, sim, exceções, que constituíam oásis morais de
esperança no imenso deserto dos sentimentos.
As gerações sucediam-se enganadas e enganadoras, como
contínuas camadas de areia sopradas pelos ventos ardentes dos tempos de
desespero.
Foi nesse cenário moral torpe, embora a magia encantadora
da Natureza, que Jesus nasceu.
A sua chegada à Terra, precedida pelos cânticos
sinfônicos dos seres angélicos e dos mensageiros da paz, criou uma psicosfera
até então desconhecida, iniciando-se um período especial para a sociedade.
Espontâneo como as aragens perfumadas do amanhecer, Ele
chegou suavemente e se instalou nos corações.
Nobre como uma labareda crepitante, Ele deu início ao
incêndio que faria arder as construções do mal.
Gentil como o sorriso das flores, derramou claridades
diamantinas, vencendo a escuridão vigente.
Bom como um favo de mel, adoçou as vidas que defrontou
pelos caminhos, que passaram a cultivar a bondade e o amor em Sua memória.
Terno como a esperança, enriqueceu de alegria todos
aqueles que se Lhe acercaram.
O Seu Natal é o poema de alegria que vem dos Céus na
direção da Terra atormentada, tornando-se um hino de perene beleza, que se
sobrepõe à algazarra da zombaria e à balbúrdia do sofrimento...
Ninguém, que jamais se Lhe equipare, na forma como veio e
na maneira como permaneceu no meio da estúrdia e perturbada multidão.
A música dos seres celestes na Sua noite assinalou com
insuperável sonoridade o planeta.
É verdade que, depois dEle, ainda permaneceram idênticas
paisagens morais no mundo...
A diferença, porém, consiste no conhecimento que Ele
propiciou para que todos aqueles que desejem vida, tenham-na em abundância.
Alargou as fronteiras da vida para além da morte e fez-se
ponte para vencer o aparente abismo existente, facultando a conquista da
plenitude.
O Natal de Jesus é, desse modo, o momento culminante dos
esponsais do ser humano com a Consciência Cósmica.
A partir dessa ocasião sublime, a criatura humana passou
a dispor dos equipamentos e recursos específicos para a aquisição da
felicidade, em qualquer situação em que se encontre.
Já não lhe devem importar em demasia as coisas, a
aparência, os petrechos que ficam ao lado da disjunção cadavérica, mas os
tesouros inapreciados, que são os sentimentos edificantes, os pensamentos
ditosos, as ações amorosas.
Neste Natal, canta uma elegia de amor a Jesus,
celebrando-Lhe o aniversário com a tua transformação moral para melhor,
mantendo a tua aliança com Ele e levando-O em forma de bondade e de
misericórdia a todos aqueles que cambaleiam nas sombras da dor, da revolta e do
esquecimento social...
Comemora, pois o teu Natal, de forma diferente,
recordando-te da singela manjedoura que se transformou com Ele em um palácio
sideral.
Joanna de Angelis / Divaldo Franco – Livro: Atitudes Renovadas
Lavradores
“O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos”. Paulo (II Timóteo, 2:6)
Há lavradores de toda classe.
Existem aqueles que compram o campo e
exploram-no, através de rendeiros suarentos, sem nunca tocarem o solo com as
próprias mãos.
Encontramos em muitos lugares os que
relegam a enxada à ferrugem, cruzando os braços e imputando à chuva ou ao solo o
fracasso da sementeira que não vigiam.
Somos defrontados por muitos que
fiscalizam a plantação dos vizinhos, sem qualquer atenção para com os trabalhos
que lhes dizem respeito.
Temos diversos que falam
despropositadamente com referência a inutilidades mil, enquanto vermes
destruidores aniquilam as flores frágeis.
Vemos numerosos acusando a terra como
incapaz de qualquer produção, mas negando à gleba que lhes foi confiada a
bênção da gota d’água e o socorro do adubo.
Observamos muitos que se dizem
possuídos pela dor de cabeça, pelo resfriado ou pela indisposição e perdem a
sublime oportunidade de semear.
A Natureza, no entanto, retribui a
todos eles com o desengano, a dificuldade, a negação e o desapontamento.
Mas o agricultor que realmente
trabalha, cedo recolhe a graça do celeiro farto.
E assim ocorre na lavoura do espírito.
Ninguém logrará o resultado excelente,
sem esforçar-se, conferindo à obra do bem o melhor de si mesmo.
Paulo de Tarso, escrevendo numa época
de senhores e escravos, de superficialidade e favoritismo, não nos diz que o
semeador distinguido por César ou mais endinheirado seria o legítimo detentor
da colheita, mas asseverou, com indiscutível acerto, que o lavrador dedicado às
próprias obrigações será o primeiro a beneficiar-se com as vantagens do fruto.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 031
Oração de Natal
Senhor Jesus!
Agradecemos o teu Natal repleto de
esperança e de luz que nos impele a sair de nós mesmos, ao encontro de
companheiros em necessidades maiores que as nossas.
Agradecemos-te o pão que nos deste
para repartir e o agasalho que nos enviaste para vestir os nossos irmãos
expostos à noite.
Entretanto, comparecemos diante de ti
rogando-te mais ainda...
Se nos permites, nós te pedimos
socorro:
- para os corações desesperados;
- para os que se imobilizam no
orgulho, perguntando se existes;
- para os que se cristalizam na
sovinice, dando ideia de que trazem unicamente um cifrão por dentro da própria
alma;
- para os que se entregam à violência,
como se não tivessem de dar contas da selvageria com que arrasam a vida dos
semelhantes;
- para os que se confiam às paixões
descontroladas e envenenam corações sensíveis e afetuosos, para depois
atirá-los nos despenhadeiros do descrédito e do suicídio;
- para os que se transviam na vaidade
e se apresentam por donos da verdade com o objetivo de esmagar ou confundir os
outros;
- para os que se enquistam no egoísmo
da posse e se esquecem de que muitos companheiros de humanidade adoecem de
fome, depois de lhes baterem inutilmente às portas do coração;
- para os que abusam da autoridade,
pisando sobre a dor dos irmãos ainda fracos e necessitados;
- e para todos nós, Senhor, que te
buscamos, de alma e coração, conscientes de nossos próprios encargos, a fim de
que não nos falte a força precisa para amar-nos uns aos outros, no serviço que
nos confiaste, de modo que, realizando as tarefas de hoje, possamos encontrar
no tempo um amanhã mais feliz.
Augusto Cezar / Chico Xavier – Livro: Presença de Luz
sábado, 11 de dezembro de 2021
Mais Luz - Edição 556
Venha ler e refletir conosco:
- Jesus e amor
- Consolador prometido
- A Jesus
- Educa
- Mestre e Senhor
quinta-feira, 9 de dezembro de 2021
Jesus e amor
A figura humana de Jesus confirma a Sua procedência e
realização como o Ser mais perfeito e integral jamais encontrado na Terra.
Toda a Sua vida se desenvolveu num plano de integração
profunda com a Consciência Divina, conservando a individualidade em um perfeito
equilíbrio psicofísico.
Como consequência, transmitia confiança, porque possuía
um caráter com transparência diamantina, que nunca se submetia às injunções
vigentes, características de uma cultura primitiva, na qual predominavam o
suborno das consciências, o conservadorismo hipócrita, uma legislação tão
arbitrária quanto parcial e a preocupação formalística com a aparência em
detrimento dos valores legítimos do indivíduo.
Portador de uma lídima coragem, se insurgia contra a
injustiça onde e contra quem se apresentasse, nunca se omitindo, mesmo quando o
consenso geral atribuía legalidade ao crime.
Paciente e pacífico, mantinha-se em serenidade nas
circunstâncias mais adversas, e jovial, nos momentos de alta emotividade,
demonstrando a inteireza dos valores íntimos em ritmo de harmonia constante.
Numa sociedade agressiva e perversa, elegeu o amor como a
solução para todos os questionamentos, e o perdão irrestrito como terapêutica
eficaz para todas as enfermidades.
Não apenas ministrava-o através de palavras, mas,
sobretudo, mediante atitudes claras e francas, arriscando-se por dilatá-lo
especialmente aos infelizes, aos detestados, aos segregados, aos carentes.
Em momento algum submeteu-se às conveniências perniciosas
de raça, ideologia, partido e religião, em detrimento do amor indistinto quanto
amplo a todos que O cercavam ou O encontravam.
*
Por amor, elegeu um samaritano desprezado, para dele
fazer o símbolo da solidariedade.
Com amor, liberou uma mulher equivocada, tirando-lhe o
complexo de culpa.
Pelo amor, atendeu à estrangeira siro-fenícia que Lhe
pedia socorro para a enfermidade humilhante.
De amor estavam repletos Seu coração e Suas mãos para
esparzi-lo com os espezinhados, fosse um cobrador de Impostos, uma adúltera, o
filho pródigo, a viúva necessitada, ou a mãe enlutada.
Sempre havia amor em Sua trajetória, iluminando as vidas
e amparando as necessidades dos corpos, das mentes, das almas.
*
Compadecia-se de todos; no entanto, mantinha a energia
que educa, edifica, disciplina e salva.
Chorou sobre Jerusalém, invectivou a farsa farisaica,
advertiu os distraídos, condenou a hipocrisia e deu a própria vida em
holocausto de amor.
Nunca se perdeu em sentimentalismos pueris ou
agressividades rudes.
O amor norteava-lhe os passos, as palavras e os
pensamentos.
Tornou-se e prossegue como sendo o símbolo do amor
integral em favor da humanidade, à qual auspicia um sentimento humano profundo
e libertador.
Joanna de Ângelis / Divaldo Franco – Livro: Jesus e atualidade