sábado, 27 de março de 2021

Biografia do Sr. Allan Kardec

 


É ainda sob o golpe da dor profunda que nos causou a prematura partida do venerável fundador da Doutrina Espírita, que nos abalançamos a uma tarefa, simples e fácil para suas mãos sábias e experientes, mas cujo peso e gravidade nos esmagariam, se não contássemos com o auxílio eficaz dos Espíritos bons e com a indulgência dos nossos leitores.

Quem, dentre nós, poderia, sem ser tachado de presunçoso, lisonjear-se de possuir o espírito de método e organização de que se mostram iluminados todos os trabalhos do mestre? Só a sua pujante inteligência podia concentrar tantos materiais diversos, triturá-los e transformá-los, para os espalhar em seguida, como orvalho benfazejo, sobre as almas desejosas de conhecer e de amar.

Incisivo, conciso, profundo, sabia agradar e fazer compreendido numa linguagem simples e elevada, ao mesmo tempo, tão distanciada do estilo familiar quanto das obscuridades da metafísica.

Multiplicando-se incessantemente, pudera até agora bastar a tudo. Entretanto, o cotidiano alargamento de suas relações e o contínuo desenvolvimento do Espiritismo lhe faziam sentir a necessidade de reunir em torno de si alguns auxiliares inteligentes e preparava simultaneamente a nova organização da Doutrina e de seus labores, quando nos deixou, para ir, num mundo melhor, receber a sanção da missão que desempenhara e coletar elementos para uma nova obra de devotamento e sacrifício.

Era sozinho!... Chamar-nos-emos legião e, por muito fracos e inexperientes que sejamos, nutrimos a convicção íntima de que nos conservaremos à altura da situação, se, partindo dos princípios estabelecidos e de incontestável evidência, nos consagrarmos a executar, tanto quanto nos seja possível e de acordo com as necessidades do momento, os projetos que ele pretendia realizar no futuro.

Enquanto nos mantivermos nas suas pegadas e todos os de boa vontade se unirem, num esforço comum pelo progresso e pela regeneração intelectual e moral da Humanidade, conosco estará o Espírito do grande filósofo a nos secundar com a sua influência poderosa, dado lhe seja possível suprir à nossa insuficiência e nos possamos mostrar dignos do seu concurso, dedicando-nos à obra com a mesma abnegação e a mesma sinceridade que ele, embora sem tanta ciência e inteligência.

Em sua bandeira, inscrevera o mestre estas palavras:

Trabalho, solidariedade, tolerância. Sejamos, como ele, infatigáveis; sejamos acordemente com os seus anseios, tolerantes e solidários e não temamos seguir-lhe o exemplo, reconsiderando, quantas vezes forem precisas, os princípios ainda controvertidos. Apelemos ao concurso e às luzes de todos. Tentemos avançar, antes com segurança e certeza, do que com rapidez, e não ficarão infrutíferos os nossos esforços se, como estamos persuadidos, e seremos os primeiros a dar disso exemplo, cada um cuidar de cumprir o seu dever, pondo de lado todas as questões pessoais, a fim de contribuir para o bem geral.

Sob auspícios mais favoráveis não poderíamos entrar na nova fase que se abre para o Espiritismo, do que dando a conhecer aos nossos leitores, num rápido escorço, o que foi, durante toda a sua vida, o homem íntegro e honrado, o sábio inteligente e fecundo, cuja memória se transmitirá aos séculos vindouros com a auréola dos benfeitores da Humanidade.

Nascido em Lyon, a 3 de outubro de 1804, de uma família antiga que se distinguiu na magistratura e na advocacia, Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail) não seguiu essas carreiras. Desde a primeira juventude, sentiu-se inclinado ao estudo das ciências e da filosofia.

Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdun (Suíça), tornou-se um dos mais eminentes discípulos desse célebre professor e um dos zelosos propagandistas do seu sistema de educação, que tão grande influência exerceu sobre a reforma do ensino na França e na Alemanha.

Dotado de notável inteligência e atraído para o ensino, pelo seu caráter e pelas suas aptidões especiais, já aos quatorze anos ensinava o que sabia àqueles dos seus condiscípulos que haviam aprendido menos do que ele. Foi nessa escola que lhe desabrocharam as ideias que mais tarde o colocariam na classe dos homens progressistas e livres-pensadores.

Nascido sob a religião católica, mas educado num país protestante, os atos de intolerância que por isso teve de suportar, no tocante a essa circunstância, cedo o levaram a conceber a ideia de uma reforma religiosa, na qual trabalhou em silêncio durante longos anos com o intuito de alcançar a unificação das crenças.

Faltava-lhe, porém, o elemento indispensável à solução desse grande problema.

O Espiritismo veio, a seu tempo, imprimir-lhe especial direção aos trabalhos.

Concluídos seus estudos, voltou para a França.

Conhecendo a fundo a língua alemã, traduziu para a Alemanha diferentes obras de educação e de moral e, o que é muito característico, as obras de Fénelon, que o tinham seduzido de modo particular. (...)

 “Pelo ano de 1855, posta em foco a questão das manifestações dos Espíritos, Allan Kardec se entregou a observações perseverantes sobre esse fenômeno, cogitando principalmente de lhe deduzir as consequências filosóficas.

Entreviu, desde logo, o princípio de novas leis naturais: as que regem as relações entre o mundo visível e o mundo invisível.

Reconheceu, na ação deste último, uma das forças da Natureza, cujo conhecimento haveria de lançar luz sobre uma imensidade de problemas tidos por insolúveis, e lhe compreendeu o alcance, do ponto de vista religioso.

“Suas obras principais sobre esta matéria são: O Livro dos Espíritos, referente à parte filosófica, e cuja primeira edição apareceu a 18 de abril de 1857; O Livro dos Médiuns, relativo à parte experimental e científica (janeiro de 1861); O Evangelho segundo o Espiritismo, concernente à parte moral (abril de 1864); O Céu e o Inferno, ou a Justiça de Deus segundo o Espiritismo (agosto de 1865); A Gênese, os milagres e as predições (janeiro de 1868); a Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos, periódico mensal começado a 1o de janeiro de 1858. Fundou em Paris, a 1o de abril de 1858, a primeira Sociedade espírita regularmente constituída, sob a denominação de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cujo fim exclusivo era o estudo de quanto possa contribuir para o progresso da nova ciência. Allan Kardec se defendeu, com inteiro fundamento, de coisa alguma haver escrito debaixo da influência de ideias preconcebidas ou sistemáticas. Homem de caráter frio e calmo, observou os fatos e de suas observações deduziu as leis que os regem. Foi o primeiro a apresentar a teoria relativa a tais fatos e a formar com eles um corpo de doutrina, metódico e regular.

“Demonstrando que os fatos erroneamente qualificados de sobrenaturais se acham submetidos a leis, ele os incluiu na ordem dos fenômenos da Natureza, destruindo assim o último refúgio do maravilhoso e um dos elementos da superstição.

“Durante os primeiros anos em que se tratou de fenômenos espíritas, estes constituíram antes objeto de curiosidade, do que de meditações sérias. O Livro dos Espíritos fez que o assunto fosse considerado sob aspecto muito diverso.

Abandonaram-se as mesas girantes, que tinham sido apenas um prelúdio, e começou-se a atentar na doutrina, que abrange todas as questões de interesse para a Humanidade.

“Data do aparecimento de O Livro dos Espíritos a fundação do Espiritismo que, até então, só contara com elementos esparsos, sem coordenação, e cujo alcance nem toda gente pudera apreender. A partir daquele momento, a doutrina prendeu a atenção dos homens sérios e tomou rápido desenvolvimento. Em poucos anos, aquelas ideias conquistaram numerosos aderentes em todas as camadas sociais e em todos os países. Esse êxito sem precedentes decorreu sem dúvida da simpatia que tais ideias despertaram, mas também é devido, em grande parte, à clareza com que foram expostas e que é um dos característicos dos escritos de Allan Kardec.

“Evitando as fórmulas abstratas da Metafísica, ele soube fazer que todos o lessem sem fadiga, condição essencial à vulgarização de uma ideia. Sobre todos os pontos controversos, sua argumentação, de cerrada lógica, poucas ensanchas oferece à refutação e predispõe à convicção. As provas materiais que o Espiritismo apresenta da existência da alma e da vida futura tendem a destruir as ideias materialistas e panteístas. Um dos princípios mais fecundos dessa doutrina e que deriva do precedente é o da pluralidade das existências(...)

Conservara-se, todavia, em estado de hipótese e de sistema, enquanto o Espiritismo lhe demonstra a realidade e prova que nesse princípio reside um dos atributos essenciais da Humanidade. Dele promana a explicação de todas as aparentes anomalias da vida humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais, facultando ao homem saber donde vem, para onde vai, para que fim se acha na Terra e por que aí sofre.

“As ideias inatas se explicam pelos conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores; a marcha dos povos e a da Humanidade, pela ação dos homens dos tempos idos e que revivem, depois de terem progredido; as simpatias e antipatias, pela natureza das relações anteriores. Essas relações, que religam a grande família humana de todas as épocas, dão por base, aos grandes princípios de fraternidade, de igualdade, de liberdade e de solidariedade universal, as próprias leis da Natureza e não mais uma simples teoria.

 “Em vez do postulado: Fora da Igreja não há salvação, que alimenta a separação e a animosidade entre as diferentes seitas religiosas e que há feito correr tanto sangue, o Espiritismo tem como divisa: Fora da Caridade não há salvação, isto é, a igualdade entre os homens perante Deus, a tolerância, a liberdade de consciência e a benevolência mútua.

“Em vez da fé cega, que anula a liberdade de pensar, ele diz: Fé inabalável só o é a que pode encarar face a face a razão, em todas as épocas da Humanidade. À fé, uma base se faz necessária e essa base é a inteligência perfeita daquilo em que se tem de crer. Para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é para este século.

É precisamente ao dogma da fé cega que se deve o ser hoje tão grande o número de incrédulos, porque ela quer impor-se e exige a abolição de uma das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio.”  (O Evangelho segundo o Espiritismo.)

Trabalhador infatigável, sempre o primeiro a tomar da obra e o último a deixá-la, Allan Kardec sucumbiu, a 31 de março de 1869, quando se preparava para uma mudança de local, imposta pela extensão considerável de suas múltiplas ocupações. Diversas obras que ele estava quase a terminar, ou que aguardavam oportunidade para vir a lume, demonstrarão um dia, ainda mais, a extensão e o poder das suas concepções.

Morreu conforme viveu: trabalhando. Sofria, desde longos anos, de uma enfermidade do coração, que só podia ser combatida por meio do repouso intelectual e pequena atividade material. Consagrado, porém, todo inteiro à sua obra, recusava-se a tudo o que pudesse absorver um só que fosse de seus instantes, à custa das suas ocupações prediletas. Deu-se com ele o que se dá com todas as almas de forte têmpera: a lâmina gastou a bainha.

O corpo se lhe entorpecia e se recusava aos serviços que o Espírito lhe reclamava, enquanto este último, cada vez mais vivo, mais enérgico, mais fecundo, ia sempre alargando o círculo de sua atividade.

Nessa luta desigual não podia a matéria resistir eternamente. Acabou sendo vencida: rompeu-se o aneurisma e Allan Kardec caiu fulminado. Um homem houve de menos na Terra; mas, um grande nome tomava lugar entre os que ilustraram este século; um grande Espírito fora retemperar-se no Infinito, onde de todos os que ele consolara e esclarecera lhe aguardavam impacientes a volta!

“A morte, dizia, faz pouco tempo, redobra os seus golpes nas fileiras ilustres!... A quem virá ela agora libertar?”

Ele foi, como tantos outros, recobrar-se no Espaço, procurar elementos novos para restaurar o seu organismo gasto por uma vida de incessantes labores. Partiu com os que serão os fanais da nova geração, para voltar em breve com eles a continuar e acabar a obra deixada em dedicadas mãos.

O homem já aqui não está; a alma, porém, permanecerá entre nós. Será um protetor seguro, uma luz a mais, um trabalhador incansável que as falanges do Espaço conquistaram. Como na Terra, sem ferir a quem quer que seja, ele fará que cada um lhe ouça os conselhos oportunos; abrandará o zelo prematuro dos ardorosos, amparará os sinceros e os desinteressados e estimulará os tíbios. Vê agora e sabe tudo o que ainda há pouco previa! Já não está sujeito às incertezas, nem aos desfalecimentos e nos fará partilhar da sua convicção, fazendo-nos tocar com o dedo a meta, apontando-nos o caminho, naquela linguagem clara, precisa, que o tornou aureolado nos anais literários.

Já não existe o homem, repetimo-lo. Entretanto, Allan Kardec é imortal e a sua memória, seus trabalhos, seu Espírito estarão sempre com os que empunharem forte e vigorosamente o estandarte que ele soube sempre fazer respeitado.

Uma individualidade pujante constituiu a obra. Era o guia e o farol de todos. Na Terra, a obra substituirá o obreiro. Os crentes não se congregarão em torno de Allan Kardec; congregar-se-ão em torno do Espiritismo, tal como ele o estruturou e, com os seus conselhos, sua influência, avançaremos, a passos firmes, para as fases ditosas prometidas à Humanidade regenerada.

Revista Espírita – maio/1869

Plataforma do Mestre

 

“Ele salvará seu povo dos pecados deles.” (Mateus, 1:21)


Em verdade, há dois mil anos, o povo acreditava que Jesus seria um comandante revolucionário, como tantos outros, a desvelar-se por reivindicações políticas, à custa da morte, do suor e das lágrimas de muita gente.

Ainda hoje, vemos grupos compactos de homens indisciplinados que, administrando ou obedecendo, se reportam ao Cristo, interpretando-o qual se fora patrono de rebeliões individuais, sedento de guerra civil.

Entretanto, do Evangelho não transparece qualquer programa nesse sentido.

Que Jesus é o Divino Governador do Planeta não podemos duvidar.

O que fará Ele do mundo redimido ainda não sabemos, porque ao soldado humílimo são defesos os planos do General.

A Boa Nova, todavia, é muito clara, quanto à primeira plataforma do Mestre dos mestres. Ele não apresentava títulos de reformador dos hábitos políticos, viciados pelas más inclinações de governadores e governados de todos os tempos.

Anunciou-nos a celeste revelação que Ele viria salvar-nos de nossos próprios pecados, libertar-nos da cadeia de nossos próprios erros, afastando-nos do egoísmo e do orgulho que ainda legislam para o nosso mundo consciencial.

Achamo-nos, até hoje, em simples fase de começo de apostolado evangélico Cristo libertando o homem das chagas de si mesmo, para que o homem limpo consiga purificar o mundo.

O reino individual que puder aceitar o serviço liberatório do Salvador encontrará a vida nova.

Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 174

sábado, 20 de março de 2021

Conselhos de família

 


(Primeira sessão)

Foi perguntado ao Espírito protetor da família se ele podia dar alguns conselhos aos membros presentes; ele respondeu:

Sim. Tenham confiança em Deus e procurem instruir-se nas verdades imutáveis e eternas que lhes ensina o livro divino da Natureza.

Ele contém toda a lei de Deus, e os que sabem ler e o compreendem são os únicos a seguirem o verdadeiro caminho da sabedoria.

Que nada do que vejam seja negligenciado, porquanto cada coisa traz em si um ensinamento e deve, pelo uso do raciocínio, elevar a alma para Deus e dele aproximá-la.

Em tudo quanto ferir a inteligência, procurem sempre distinguir o bem do mal: o primeiro, para o praticar; o segundo, para o evitar.

Antes de formular um julgamento, voltem sempre o pensamento para o ETERNO, que os guiará ao bem, E NÃO OS ENGANARÁ JAMAIS.

 

(Segunda sessão) 

Boa-noite, meus filhos. Se me amais, procurai instruir-vos; reuni-vos muitas vezes com este pensamento.

Ponde vossas ideias em comum: é um excelente meio, pois em geral não comunicamos senão as coisas que julgamos boas; temos vergonha das más.

Assim, são guardadas em segredo ou só são comunicadas aos que queremos tornar cúmplices. Distinguem-se os bons dos maus pensamentos, porque os primeiros podem, sem nenhum receio, ser transmitidos a todo o mundo, ao passo que os últimos não poderiam, sem perigo, ser comunicados senão a alguns.

Quando vos vier um pensamento, para julgar de seu valor perguntai-vos se podeis torná-lo público sem inconveniente e se não fará mal: se vossa consciência vo-lo autorizar, não temais, vosso pensamento é bom.

Dai-vos mutuamente bons conselhos, tendo em vista somente o bem daquele a quem os dais, e não o vosso.

Vossa recompensa estará no prazer que experimentareis por terdes sido úteis. A união dos corações é a mais fecunda fonte de felicidades; e, se muitos homens são infelizes, é que só procuram a felicidade para si mesmos.

Ela lhes escapa precisamente porque julgam encontrá-la somente no egoísmo. Digo a felicidade e não a fortuna, porquanto esta última só tem servido como sustentáculo à injustiça, e o objetivo da existência é a justiça.

Se a justiça fosse praticada entre os homens, o mais afortunado seria aquele que realizasse maior soma de boas obras.

Se, pois, quiserdes tornar-vos ricos, meus filhos, praticai muitas ações boas.

Pouco importam os bens do mundo; não é a satisfação da carne que se deve buscar, mas a da alma.

Aquela é efêmera; esta é eterna.

Por hoje é bastante.

Meditai estes conselhos e esforçai-vos para pô-los em prática: aí se encontra o caminho da salvação.

 

Conselhos ditados numa reunião íntima, por um Espírito eminentemente superior e benevolente

Revista Espírita – janeiro/1860


O pão divino

 

“Moisés não vos deu o pão do Céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do Céu.”

Jesus (João, 6:32)

Toda arregimentação religiosa na Terra não tem escopo maior que o de preparar as almas, ante a grandeza da vida espiritual.

Templos de pedra arruínam-se.

Princípios dogmáticos desaparecem.

Cultos externos modificam-se.

Revelações ampliam-se.

Sacerdotes passam.

Todos os serviços da fé viva representam, de algum modo, aquele pão que Moisés dispensou aos hebreus, alimento valioso sem dúvida, mas que sustentava o corpo apenas por um dia, e cuja finalidade primordial é a de manter a sublime oportunidade da alma em busca do verdadeiro pão do Céu.

O Espiritismo Evangélico, nos dias que correm, é abençoado celeiro desse pão. Em suas linhas de trabalho, há mais certeza e esperança, mais entendimento e alegria.

Esteja, porém, cada companheiro convencido de que o esforço pessoal no pão divino para a renovação, purificação e engrandecimento da alma há de ser culto dominante no aprendiz ou prosseguiremos nas mesmas obscuridades mentais e emocionais de ontem.

Observações de ordem fenomênica destinam-se ao olvido.

Afirmativas doutrinárias elevam-se para o bem.

Horizontes do conhecimento dilatam-se ao infinito.

Processos de comunicação com o invisível progridem sempre. Médiuns sucedem-se uns aos outros.

Se procuras, pois, a própria felicidade, aplica-te com todas as energias ao aproveitamento do pão divino que desce do Céu para o teu coração, através da palavra dos benfeitores espirituais, e aprende a subir, com a mente inflamada de amor e luz, aos inesgotáveis celeiros do pão celestial.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 173

Prece de aceitação

 


Se eu pudesse, Jesus,

Queria estar contigo

Para ser a esperança realizada

De quem vai pelo mundo, estrada a estrada,

Entre a necessidade e o desabrigo...

Desejava seguir-te, humildemente,

Sem méritos embora,

Para erguer-me em consolo de quem chora

Mostrando o coração enfermo e descontente.

Queria acompanhar-te nos recintos,

Onde a dor leciona e aperfeiçoa

A fim de ser conforto junto dela

E, manejando a frase terna e boa

Afirmar como a vida é grande e bela!...

Se pudesse, Senhor, conversaria com todas as crianças

Para dizer que não te cansas de criar alegria...

E seria feliz ao converter-me em modesto recado,

Informando, Jesus, a todos os velhinhos

Que nunca estão sozinhos, porque segues conosco, lado a lado...

Se dispusesse de recursos, queria ser a vela pequenina,

Acesa no clarão do sol que levas,

De modo a socorrer aos que jazem nas trevas,

Fugindo sem razão, da bondade Divina...

Entretanto, Senhor, sei das deficiências que carrego...

Venho a ti como estou, por isto mesmo rogo:

Não me deixes a sós por onde vou...

Se não posso, Jesus, ser bondade, socorro, paz e luz,

Toma-me o coração e, perdoando a minha imperfeição,

Esquece tudo o que meu sonho almeja e ensina-me Senhor,

Com o teu imenso amor, o que queres que eu seja.


Maria Dolores / Chico Xavier – Livro: Recanto de Paz

quinta-feira, 11 de março de 2021

Almoço Beneficente Delivery

 


O Centro Espírita Joseph Gleber precisa de você!
Compre um almoço e colabore na manutenção da Casa!
Será no dia 11/04 - domingo, e para segurança de todos será entregue em sua casa (com taxa) ou retirado na sede do Centro Espírita à rua Coronel Ramos, 55 - Fátima.
O cardápio conta com arroz, tropeiro, frango e salada, por apenas R$20,00. 
Caso queira, também será possível a compra de uma deliciosa sobremesa no valor de R$5,00 (torta de limão ou torta holandesa).
Sua colaboração é muito importante!

Um novo normal

 


Vivemos um período existencial caracterizado por comportamentos exóticos e agressivos sob muitos aspectos considerados.

Ao lado da pandemia exterminadora de Covid-19, há os impositivos de adaptação, a fim de evitarmos o contágio perigoso.

Padrões de conduta rigorosa nas linhas da higiene severa são impostos de forma a diminuir e mesmo evitar o contágio da peste, embora não levados em consideração, em face dos hábitos singulares de rebeldia das inumeráveis criaturas acostumadas a comportar-se conforme melhor lhes apraz.

As recomendações de cuidados nos relacionamentos são desconsideradas, e os grupos renitentes prosseguem desafiadores.

No desespero que se estabelece, como mecanismo de fuga surgem as condutas estranhas, alguns crimes recebendo legalidade e os blocos de desafiadores propondo um novo normal, mediante uma filosofia de negação do ético, assim como do moral, que faculta aos instintos básicos predominância. Tal reação desumaniza o indivíduo, que volve à condição primária da nudez agressiva, com toques exclusivamente sensuais, ao desrespeito à ordem, típico da ignorância e da brutalidade, não estabelecendo limites ao que denomina como liberdade, com total desrespeito ao direito do outro.

Tudo quanto anteriormente constituía dignidade, significava a identificação com valores de elevação e de compostura vem sendo derrubado, culminando em alienações e as agressões ao corpo, à emoção e à psique, e substituído pelo direito do prazer de cada cidadão viver conforme as suas aspirações.

Inevitavelmente, os exageros pelos cuidados com o corpo por grande parte da sociedade competem com o abandono a ele, dando lugar aos fantasmas que deambulam pelos antros infectos das drogas e do sexo pervertido.

As religiões são combatidas tenazmente em face dos males praticados por algumas delas no passado, e os seus líderes, fundadores e crentes são levados ao escárnio em situações deploráveis.

Numa análise perfunctória das civilizações, observamos que antes da decadência de algumas que dominaram o mundo ou parte dele, antes de serem consumidas pelos desastres, viveram essas mesmas tragédias oriundas da decadência moral, sucumbindo sob a desordem.

Jesus Cristo propôs um novo normal, que oferecia paz e plenitude, mas que a sociedade inverteu nas suas imposições apaixonadas e vis, chegando-se a este resultado trágico. O fanatismo e o autoritarismo dos seus líderes mataram a beleza e a estrutura do amor que lhes serviam de alicerce.

Na atualidade, o Espiritismo ressuscita o Evangelho, e um novo normal restaura a esperança de existência feliz.

Divaldo Pereira Franco

Artigo publicado no jornal A Tarde (BA), coluna Opinião, em 18 de fevereiro de 2021.

Fonte: www.febnet.org.br

Manjares

 

“Os manjares são para o ventre, e o ventre para os manjares; Deus, porém, aniquilara tanto um como os outros.” Paulo (I Coríntios, 6:13)

O alimento do corpo e da alma, no que se refere ao pão e à emoção, representa meio para a evolução e não o fim da evolução em si mesma.

Há criaturas, no entanto, que fazem do prato e do continuísmo simplista da espécie únicas razões de ser em toda a vida.

Trabalham para comer e procriam sem pensar. Quando se lhes fala do espírito ou da eternidade, bocejam despreocupadas, quando não trocam, aflitivamente, de assunto.

Efetivamente, a satisfação dos sentidos fisiológicos é para a alma o amparo que o solo e o adubo constituem para a semente.

Todavia, se a semente persiste em reter-se na cova para gozar as delícias do adubo, contrariando a Divina Lei, nunca se lhe utilizará a colaboração preciosa.

Valioso e indispensável à experiência física é o estômago.

Veneráveis e sublimes são as faculdades criadoras.

Urge, contudo, entender as necessidades do espírito imperecível.

Esclarecimento pelo estudo, crescimento mental pelo trabalho e iluminação pela virtude santificante são imperativos para o futuro estágio dos homens.

Quem gasta o tempo consagrando todas as forças da alma às fantasias do corpo, esquecendo-se de que o corpo deve permanecer a serviço da alma, cedo esbarrará na perturbação, na inutilidade ou na sombra.

Para a comunidade dos aprendizes aplicados e prudentes, todavia, brilha no Evangelho o eloquente aviso de Paulo: “Os manjares são para o ventre e o ventre para os manjares; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros”.

 Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 172

Prece

 


Senhor Jesus!

Dai-nos o poder de operar a própria conversão,

Para que o Teu Reino de Amor seja irradiado

Do Centro de nós mesmos!

Contigo em nós, converteremos

A treva em claridade,

A dor em alegria,

O ódio em amor,

A descrença em fé viva,

A dúvida em certeza,

A maldade em bondade,

A ignorância em compreensão e sabedoria,

A dureza em ternura,

A fraqueza em força,

O egoísmo em cântico fraterno,

O orgulho em humildade,

O torvo mal em Infinito Bem.

Sabemos, Senhor,

Que, de nós mesmos,

Somente possuímos a inferioridade

De que nos devemos desvencilhar,

Mas, unidos a Ti,

Somos galhos frutíferos na árvore dos séculos,

Que as tempestades da experiência

Jamais deceparão...

Assim, pois, Mestre amoroso,

Digna-te amparar-nos

A fim de que nos elevemos,

Ao encontro de tuas mãos sábias e compassivas,

Que nos erguerão da inutilidade,

Para o serviço da cooperação Divina,

Agora e para sempre.

Assim seja.

André Luiz / Chico Xavier – Livro: Vida e caminho

Nova temporada de Estudos FEB/ EAD

 


Atenção para a nova temporada de Estudos FEB/ EAD. As inscrições vão até o dia 20 de março. O estudo começará em 29 de março e irá até 23 de maio. As inscrições serão encerradas antes, caso as vagas disponíveis sejam preenchidas. Faça sua inscrição: http://ead.febnet.org.br/course/index.php?categoryid=26


quinta-feira, 4 de março de 2021

Prece de amor

Amado Jesus!

Suplicando abençoes a nossa casa de fraternidade, esperamos por teu amparo, a fim de que saibamos colocar em ação o amor que nos deste.

Auxilia-nos a exercer a compaixão e o entendimento, ensinando-nos a esquecer o mal e a cultivar o bem, na paciência e na tolerância uns para com os outros.

Ajuda-nos a compreender e servir, para que a nossa fé não seja inútil.

Faze-nos aceitar na caridade o esquema de cada dia e induze-nos os braços ao trabalho edificante para que o nosso tempo não se torne vazio.

Sobretudo, Senhor, dá-nos humildade, a fim de que a humildade nos faça dóceis instrumentos nas tuas mãos.

E, agradecendo-te o privilégio do trabalho, em nosso templo de oração, louvamos a tua Infinita Bondade hoje e sempre.

Scheilla / Chico Xavier – Livro: Visão nova

No campo físico

 

“Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual.” Paulo (I Coríntios, 15:44)


Ninguém menospreze a expressão animal da vida humana, a pretexto de preservar-se na santidade.

A imersão da mente nos fluidos terrestres é uma oportunidade de sublimação que o espírito operoso e desperto transforma em estruturação de valores eternos.

A sementeira comum é símbolo perfeito.

O gérmen lançado à cova escura sofre a ação dos detritos da terra, afronta a lama, o frio, a resistência do chão, mas em breve se converte em verdura e utilidade na folhagem, em perfume e cor nas flores e em alimento e riqueza nos frutos.

Compreendamos, pois, que a semente não estacionou. Rompeu todos os obstáculos e, sobretudo, obedeceu à influência da luz que a orientava para cima, na direção do Sol.

A cova do corpo é também preciosa para a lavoura espiritual, quando nos submetemos à lei que nos induz para o Alto.

Toda criatura provisoriamente algemada à matéria pode aproveitar o tempo na criação de espiritualidade divina.

O apóstolo, todavia, é muito claro quando emprega o termo “semeia-se”.

Quem nada planta, quem não trabalha na elevação da própria vida, coagula a atividade mental e rola no tempo à maneira do seixo que avança quase inalterável, a golpes inesperados da natureza.

Quem cultiva espinhos, naturalmente alcançará espinheiros.

Mas, o coração prevenido que semeia o bem e a luz, no solo de si mesmo, espere, feliz, a colheita da glória espiritual.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 171

Deveres de agora

Enquanto respeitáveis pesquisadores investigam, infatigáveis, o problema da imortalidade da alma em laboratórios que obedecem às mais exigentes conquistas da técnica moderna, vês desfilarem à míngua de compaixão os «filhos do Calvário».

Muitos companheiros atilados, empolgados pela terminologia complexa sugerida na sistemática da psicologia experimental, apresentam teses arrojadas, fixados a conceitos respeitáveis, e tu observas os descendentes da «Casa do Caminho», tresmalhados e tristes na faina do sofrimento, deambulando sem rota.

Parece-te, às vezes, que o complexo aparato dos laboratórios penetra o teu santuário de fé para interpretar as manifestações espirituais em linguagem nova, fazendo exigências a que se devem submeter os espíritos da caridade, de modo a atenderem impositivos intelectuais, no mesmo momento em que entidades atribuladas do além-túmulo batem angustiadas às portas da mediunidade, rogando palavras de consolo em nome de Jesus.

Momentos difíceis atravessas, considerando a valiosa bibliografia que te chega às mãos, sugerindo novas fórmulas de interpretação do amor em relação à comunicabilidade dos Espíritos, embora enxameiem ao teu lado os órfãos, as viúvas, os atribulados em abandono total, desejando comunicar-se contigo, espíritos também que são encarnados no domicílio da matéria.

Todavia, a mensagem cristã é tão suave e simples! Os ensinos do Rabi, que enflorescem as mais caras evocações cristãs da Humanidade, são um convite vigoroso para a manutenção do amor entre os homens! E os conceitos esflorados por Allan Kardec, na admirável Doutrina Consoladora, refletem, todos eles, o impositivo da transformação total do homem, à base do culto dos deveres de agora, todos os dias, para alcançar o ápice da evolução impostergável de todos nós.

É verdade que o homem então atinge as Altas Esferas sem as luminescências do conhecimento; da mesma forma ninguém evolui realmente sem a santificação dos sentimentos, através da conjugação do verbo amar, em todas as suas expressões.

Diante do poviléu esfaimado e aturdido, o Senhor solicitou aos companheiros o repasto de que dispunham, após o que multiplicou pães e peixes para todos eles; ao lado da mulher surpreendida no delito conjugal fatigada pelos próprios desencantos e humilhada pela massa em rebeldia, vitimada quase pela lapidação pública, o Senhor, depois de exprobrar o comportamento dos adúlteros presentes, disse-lhe com piedosa misericórdia: «Ninguém te condenou? Eu também não te condeno. Vai e não tornes a pecar»; após ouvir o relatório minudente sobre o culto dos deveres externos, apresentado por um jovem que ansiava encontrar o Reino de Deus e fruí-lo, o Mestre foi peremptório: «Vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, vem e segue-me»; a obsidiada, que transformara o corpo em instrumento de aflição, mas que se compungira ante a mensagem fascinante da Boa Nova, irrompendo, desesperada, na casa de Simão, que O hospedava momentaneamente, d'Ele recebeu a palavra de alento: «Por muito amares, os teus pecados te serão perdoados»; e ao ladrão, que no momento extremo Lhe rogara oportunidade de aportar, também, na Região da justiça, Ele acenou com a esperança próxima de recebê-lo oportunamente no Paraíso ...

Em todos os momentos da vida do incansável Seareiro do Amor, essas pequenas-grandes lições de toda hora, deveres de todo momento, constituíram a seara sublime da perene Boa Nova.

Dir-te-ão muitos que já não há campo para aquela vida de odor evangélico, qual a dos primeiros dias dos homens dos caminhos; falar-te-ão que é necessário aplicar a inteligência e os favores do conhecimento moderno e explicarão quanto à necessidade de utilizar a técnica para viver com tranquilidade e em plenitude do gozo.

Sem desconsideração às nobres conquistas do pensamento hodierno, ama, serve, aprimora teus ensinamentos e renova-te incessantemente.

Não descures de acender a luz do Evangelho na tua casa, não deixes de plantar uma árvore generosa e frutífera no caminho, não recuses a palavra gentil ao transeunte e, seguindo as pegadas de Jesus, embora a distância que medeia entre ti e Ele, faze-te, mesmo assim, mensagem viva do Evangelho, coroado pela luz da imortalidade, luz que haures na Revelação Espírita da atualidade, cumprindo com os teus deveres agora, a fim de penetrares no Reino dos Céus, desde este instante, mediante a tua integração no espírito vivo e atuante do Cristo.

 Joanna de Ângelis /Divaldo Pereira Franco - Livro: Lampadário Espírita