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quarta-feira, 27 de março de 2024

O réu da cruz

 

Em meio às perseguições

Da noite fria e sem luz,

Meus amigos do Evangelho,

Lembrai-vos do Réu da Cruz.

 

Sem que alguém lhe concedesse

O canto amigo de um lar,

Nasceu numa estrebaria

Por servir e por amar.

 

Desde a infância humilde e pobre

Na casa de Nazaré,

Trabalhava todo o dia

Entre os formões de José.

 

Ele, o Príncipe da Luz,

Caminho, Vida e Verdade,

Fez-se escravo pequenino

No serviço à humanidade.

 

Foi Messias generoso

Da bondade e do perdão,

Trazendo ao mundo oprimido

A grande renovação.

 

Serviu aos ricos e aos pobres,

Ao infeliz, ao sofredor,

Devotou-se a toda gente

Em sua missão de amor.

 

Revelou a paz do Reino

Da verdade e da Bonança,

Fez brilhar na Terra escura

Novo lume de esperança.

 

À cegueira dos caminhos

Trouxe a luz pura e imortal,

Pelo Evangelho da Vida

Curou a lepra do mal.

 

Expulsou a treva espessa,

Viveu a bondade imensa,

Trouxe a bênção da fé viva,

Trabalhou sem recompensa.

 

Mas, em troca dos tesouros

De sua abnegação,

Recebeu pedras e espinhos

De dor e incompreensão.

 

Foi traído e processado,

Encarcerado e ferido,

Ele, o Mestre da Verdade,

Foi o grande escarnecido.

 

Se também sois humilhados,

Lembrai-vos d’Aquele Réu,

Que foi à cruz pelo crime

De abrir a visão do Céu.

 

Casimiro Cunha / Chico Xavier

Livro: Coletânea do Além



quinta-feira, 21 de março de 2024

Cenáculo divino

 

Na subida cristã, procura o asilo

Que o coração cansado te oferece,

Lá dentro a fé sublime refloresce

Aureolada de júbilo tranquilo.

 

Para atender ao Mestre, para ouvi-Lo,

Acende, fervoroso, a luz da prece…

E que teu sonho, em lágrimas, se expresse

No mais santo e mais íntimo sigilo.

 

Verte a agonia amarga do teu peito

Nas dadivosas mãos do amigo Eleito

E alça o dorido olhar de peregrino!

 

E eis que Jesus, na bênção que te acalma,

Surgirá redivivo na tua alma

Convertida em cenáculo divino.

 

Auta de Souza / Chico Xavier

Livro: Cartas do Coração



quarta-feira, 13 de março de 2024

Servir sempre

 

Se procuras a extinção

Das dores, por onde vais,

Mantém a disposição

De servir um tanto mais.

 

Sofres crises a granel,

Impedimentos gerais,

Para vencê-los, não fujas

De servir um tanto mais.

 

Pretendes viver acima

Das aflições em que cais,

Não desertes do dever

De servir um tanto mais.

 

Carregas lutas em casa,

Provações descomunais,

Por tua paz, não desistas

De servir um tanto mais.

 

Encontras pedras, injúrias,

Ofensas, erros brutais…

Não te afastes do programa

De servir um tanto mais.

 

Tua vida necessita

De mudanças radicais?

Não menosprezes o ensejo

De servir um tanto mais.

 

Angústias do coração

Em tempestades morais?

Inventa novos recursos

De servir um tanto mais.

 

Se quisermos atingir

As Luzes Celestiais,

Aprendamos com Jesus

Que servir nunca é demais.

 

Casimiro Cunha / Chico Xavier

Livro: Correio fraterno



terça-feira, 5 de março de 2024

Refúgio

 

Às vezes, dizes, coração amigo:

— “Como guardar-me em paz, na agitação do mundo?

Tanto fel ao redor!… Tanta gente em perigo!…

Tantas tribulações sem que se saiba, a fundo,

De que modo evitar a invasão desmedida

Das nuvens de aflição que atormentam a vida!…”

 

E contigo outras almas no caminho

Padecem sob o impacto violento

Das lâminas brutais do sofrimento

Que lhes ferem o ser, desolado e sozinho…

 

Aqui, alguém lastima um coração querido

Que ficou para trás, exânime e caído

Em trágicos enganos;

Ali tombam, a golpes desumanos

Dos chamados engenhos do progresso,

Existências repletas de esperança,

Ante as brechas de sombra em que a morte se lança

Entre o ouro e o sucesso…

 

Dos recursos plebeus aos valores mais altos,

Sobram as provações que chegam, de imprevisto,

No clamoroso misto

De sequestros e assaltos.

 

Nos lares em geral, sob múltiplos níveis,

As desvinculações de pessoas amadas

São lesões e feridas desatadas

Para as almas sensíveis.

 

Assemelha-se a Terra à nave firme e atenta,

Sob rude tormenta.

 

Entretanto, alma boa,

Em plena luta que te aperfeiçoa,

Podes deter a paz contigo, estrada afora,

Prendendo-te ao dever que em tudo nos melhora.

 

Todo trabalho são é lúcido recanto

Que se nos faz refúgio aprazível e santo.

 

Um lar para servir,

Um filho a proteger,

A nobre preleção enviada ao porvir,

A página a escrever,

Um doente a zelar,

O trecho musical que se tem a compor,

O campo a cultivar

E o serviço do bem que é mensagem de amor…

 

Tudo isso, na terra, é cobertura,

Sustentando o equilíbrio da criatura.

Se buscas, em verdade, a paz, no dia a dia,

Coloca a tua fonte de alegria

E todos os impulsos que são teus

No trabalho que o mundo te confia

Porque o trabalho é sempre uma Bênção de Deus.

 

Maria Dolores / Chico Xavier

Livro: Caminhos do amor



quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

À mulher brasileira

 

Missionárias da Terra do Cruzeiro,

Companheiras de nobres semeadores,

Acendei a fé viva em resplendores,

Reconfortando o mundo sem roteiro.

 

O Brasil é o pacífico Celeiro

De nova luz aos povos sofredores,

Onde a fraternidade espalha as flores

Da imortal primavera do Cordeiro.

 

Mães, esposas e irmãs de nossa terra,

Cooperai contra o ódio, contra a guerra,

Nas tradições de paz de nossa história!

 

Sede no grande Lar Americano,

Vanguardeiras do Cristo Soberano,

Nas conquistas de amor da eterna glória.

 

Pedro de Alcântara / Chico Xavier

Livro: Nosso Livro



quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Mensagem de vigilância

 

Se buscas em tua fé

Roteiros de paz e luz,

Afeiçoa a própria vida

Às instruções de Jesus.

 

Não vale apenas saber.

O aprendizado cristão

Reclama de todos nós

Esforço e edificação.

 

Palavras, prantos, discursos,

Merecem todo o respeito,

Mas são zero se lhes falta

Caminho nobre e direito.

 

Muitos sabem todo o texto

Que a Santa Escritura encerra,

Mas vivem segundo a carne,

Colados ao pó da terra.

 

Notamos por toda a parte,

Nos Templos do mundo inteiro,

Grandes lobos que se ocultam

Em fina lã de cordeiro.

 

Há serpes ao pé do altar

De mente escura e cruel,

Raposas que dão balidos

Gemendo com voz de mel.

 

Há vasos alabastrinos

Conservando essência impura.

E há venenos escondidos

Em cálices de ternura.

 

São almas que a sombra envolve

Em que a mentira faz centro.

Revelam flores por fora

Guardando abismos por dentro.

 

As teorias sem fatos

Ao povo faminto em prece

São promessas enganosas

De pão que desaparece.

 

Todos temos fantasias

De Caim, Judas, Pilatos,

Mas nunca seremos livres

Sem Jesus em nossos atos.

 

Façamos, pois, cada dia,

Bendita e nova cruzada,

Oferecendo ao Senhor

Nossa vida transformada.

 

Sem Cristo no pensamento,

Sem Evangelho na ação,

Jamais veremos na Terra

O dia da redenção.

 

Casimiro Cunha / Chico Xavier

Livro: Gotas de Luz