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sexta-feira, 15 de março de 2024

Ao encontro do Mestre

 

Meu caro Átila,

A senda do discípulo do Senhor está aberta.

Na retaguarda, é o pretérito de sombras.

À esquerda, surge o território incendiado das paixões.

À direita, aparece o gelado desfiladeiro da indiferença.

Nossa única porta de ação construtiva é a da frente.

Através dela é preciso marchar, amealhando amor e sabedoria ao preço de renunciação e serviço constantes.

Não te atemorizem, pois, os golpes da sombra.

Refletir a luz do Cristo, em nós, na antiga arena da luta humana, é o nosso objetivo essencial.

Dilatemos, acima de tudo, a nossa capacidade receptiva, assimilando as forças superconscientes que fluem de cima para a regeneração do conteúdo de nossa individualidade.

Comunhão integral com Jesus é a nossa meta.

Para alcançá-la, tudo o que não seja Amor, em suas manifestações, deve ser esquecido.

Não te detenhas.

Avança, por dentro do próprio coração, entendendo a excelsitude do sacrifício.

Na estrada que trilhamos, milhares de companheiros amontoam recursos de ouro e pedra para a aquisição de dor e arrependimento. Outros continuam povoando os celeiros do tempo, com os monstros da insensatez.

Que a voz do Mestre vibre total na acústica de nossa alma, a fim de que os desvarios da ilusão não nos aniquilem a sagrada oportunidade de escalar o monte redentor. Ofereçamos a claridade da prece a todos os que desçam provisoriamente no escuro castelo das horas perdidas.

E adiantemo-nos, não no carro da evidência pessoal, mas no laborioso esforço da purificação, convictos de que em nosso reajustamento com Jesus permanece o soerguimento do mundo.

Quando a alma abriga, enfim, o Divino Hóspede, profunda transformação se opera no sistema espiritual de cada um.

Os olhos jazem incapacitados para a descoberta do mal.

Os ouvidos permanecem atentos às mensagens de sabedoria.

Os pensamentos se concentram invariavelmente no bem.

A palavra tece harmonia e felicidade em todos os recantos.

As mãos agem, incessantemente, sob a inspiração de ordem superior.

O coração, sobretudo, irradia bênçãos de compreensão e fraternidade, onde quer que se encontre, por estrela consciente a resplandecer nas teias da carne, e o império do Amor se estabelece no destino, consolidando a obra de sublimação eterna.

Sigamos, pois, pelo calvário da ressurreição sem desfalecer.

Na ordem material da Terra, vemos constantemente o homem a esperar pelo mundo, quando em verdade, o mundo vive esperando pelo homem, observando ainda que a alma aguarda Jesus, ao passo que o Senhor, de braços compassivos, aguarda a nossa alma, cheio de magnanimidade e esperança.

Movimentemo-nos, pois, à procura do Mestre e o Mestre virá, tolerante e sublime, ao nosso encontro.

Agostinho / Chico Xavier
Livro: Sentinelas da luz



quinta-feira, 29 de julho de 2021

Liderança

 


Alvo de estudo desde a remota Antiguidade, a liderança permanece como tema atual que pode ser conceituado como a capacidade de alguém, denominado líder, conduzir uma equipe para a produção de resultados.

Líder é diferente de chefe.

O primeiro se esforça para manter a equipe motivada, trabalhando integradamente com ela; por dar exemplo de boa conduta, moral e ética; por preservar o bom relacionamento interpessoal, realizando periódicas avaliações (feedbacks) construtivas que visam o crescimento da equipe.

O segundo concentra esforços na administração de recursos organizacionais, colocando o elemento humano em segundo plano; age mais como um “comandante” que, em geral, superestima a si mesmo e o papel que ocupa na instituição; gosta de se colocar sob holofotes e, na maioria das vezes, é autoritário e centralizador do poder. Neste contexto, o líder é respeitado, o chefe é temido.

Acredita-se, atualmente, que um meio-termo entre ambos apresentaria a liderança ideal, porque o líder-chefe teria o necessário senso crítico para desempenhar o papel que lhe compete, conforme o conceito de David Carraher, cientista sênior da Universidade de Cambridge, Massachusetts (EUA), e professor de Psicologia da Universidade de Pernambuco:

Um indivíduo que possui a capacidade de analisar e discutir problemas inteligente e racionalmente, sem aceitar, de forma automática, suas próprias opiniões ou opiniões alheias, é indivíduo dotado de senso crítico.

Não obstante, a liderança pode apresentar alguns senões, ainda que o líder possua grande poder de influenciação e até realize algo bom ou útil. Eis como Emmanuel compreende o significado de liderança positiva:

A liderança real no caminho da vida não tem alicerces em recursos amoedados.

Não se encastela simplesmente em notoriedade de qualquer natureza.

Não depende unicamente de argúcia ou sagacidade.

Nem é fruto de erudição pretensiosa.

A chefia durável pertence aos que se ausentam de si mesmos, buscando os semelhantes para servi-los...

Em visita à cidade de Goiânia (GO), em 1974, Chico Xavier é entrevistado, oferecendo-nos inspirada resposta à pergunta: “Na opinião da espiritualidade, como definir a verdadeira liderança”?

Temos, com toda certeza, lideranças as mais respeitáveis e por elas nos orientamos no mundo para a sustentação da ordem, da segurança, do trabalho e do proveito em favor de todos, mas a liderança genuína, segundo Nosso Senhor Jesus Cristo, é sempre aquela que Ele define no próprio Evangelho:

“E aquele que desejar ser o maior, que se faça o servidor de todos”. (Mateus, 20:27.)

A resposta dada por Chico põe em relevo não só as necessárias características do líder (sustentação da ordem, da segurança, do trabalho e do proveito em favor de todos), segundo a atual concepção de liderança-chefia, mas aponta sobretudo o ideal que deve ser atingido pelos verdadeiros líderes:

“[...] aquele que desejar ser o maior, que se faça o servidor de todos”. (Mateus, 20:27.)

São orientações que não devem ser banalizadas porque, relendo todo o texto evangélico, no qual o versículo 27 está inserido, vemos a importância da citação de Chico Xavier para uma melhor compreensão do ensino de Jesus.

Nos versículos 20 a 26, Mateus descreve o encontro do Mestre nazareno com a mãe dos filhos de Zebedeu (João e Tiago Maior) que, tal como acontece a todos nós, limitados pelos benefícios transitórios da vida no plano físico, pede ao Senhor:

Dize que, no teu Reino, estes meus dois filhos se assentem um à tua direita e o outro à tua esquerda. (Mateus, 20:20 e 21.)

Parece até que a história é recente, quando constatamos as diferentes manifestações de fisiologismo na sociedade. Fisiologismo, por definição, refere-se à relação de poder em que ações e decisões são tomadas em troca de favores e outros benefícios de interesse pessoal, em detrimento do bem comum.

Entretanto, o próprio Jesus, o maior de todos os líderes, o governador do planeta Terra, se coloca como simples servidor, que dispensa tratamento especial:

Da mesma forma que o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. (Mateus, 20:28).

As instituições espíritas apresentam, em princípio, todas as condições necessárias de se transformarem em exemplos organizacionais, pois têm como referência as orientações do Evangelho de Jesus e os ensinamentos da Doutrina Espírita. É por isso que Divaldo Franco ensina, com muita propriedade, qual é o papel do dirigente espírita:

É de muita relevância o papel do dirigente espírita, porque ele, de certo modo, apresenta as ansiedades da comunidade que o elege para a tarefa. Ele, porém, ao invés de ser o chefe da casa é o trabalhador mais devotado do grupo. É o companheiro da exemplificação, principalmente da tolerância, da compreensão e do devotamento, para que o seu fruto seja de boa qualidade e estimule ao bem os neófitos, os que estão chegando e aqueles outros que já colaboram, de modo a levar adiante os postulados que a Casa defende e que ele abraçou espontaneamente.

Nem sempre a pessoa mais culta, a mais influente, ou a que mais se destaca, é a mais indicada para nos liderar, sobretudo na Casa Espírita, como pondera Allan Kardec:

[...] Assim, a alma de um poderoso da Terra pode mais tarde animar o mais humilde operário e vice-versa, porque, entre os homens, as posições sociais guardam, frequentemente, relação inversa com a elevação dos sentimentos morais. Herodes era rei, e Jesus, carpinteiro.

Ken Blanchard e Phill Hodges, autores do livro Lidere com Jesus, comentam com aguda sensibilidade o momento atual vivido pela sociedade, pregando que a solução é liderar com Jesus:

O mundo está precisando desesperadamente de um modelo de liderança diferente. A mídia nos despeja diariamente inúmeros casos de valores abandonados, de confiança traída, de exploração e de manipulação cometidos por pessoas importantes e influentes. Líderes de países e corporações usam seus cargos em benefício próprio, enquanto uma incalculável multidão definha na pobreza e na falta de esperança. Líderes religiosos escandalizam os crentes, comprometem igrejas e provocam ceticismo, revolta e decepção.

Famílias se dissolvem deixando marcas em seus membros, e as relações de amizade são rompidas por causa de interesses puramente pessoais.

Espíritas, precisamos conhecer mais o Evangelho e o Espiritismo, incorporando os seus postulados à nossa conduta. Comecemos, por exemplo, por rever a parábola do mordomo/administrador infiel (Lucas, 16:1 a 13), que simboliza a má liderança. No versículo dois, o Mestre chama a atenção do administrador para a responsabilidade do compromisso por ele assumido, dizendo-lhe: “Dá conta da tua administração” (Lucas, 16:2). Emmanuel assim comenta esta parábola:

Na essência, cada homem é servidor pelo trabalho que realiza na obra do supremo Pai, e, simultaneamente, é administrador, porquanto cada criatura humana detém possibilidades enormes no plano em que moureja.

Mordomo do mundo não é somente aquele que encanece os cabelos, à frente dos interesses coletivos, nas empresas públicas ou particulares, combatendo tricas mil, a fim de cumprir a missão a que se dedica.

Cada inteligência da Terra dará conta dos recursos que lhe foram confiados.

A fortuna e a autoridade não são valores únicos de que devemos dar conta hoje e amanhã.

Encerrando a sua mensagem, o Benfeitor espiritual apresenta uma indagação, um aconselhamento e uma previsão, ótimo roteiro para todos nós, espíritas e não espíritas:

Que fazes, portanto, dos talentos preciosos que repousam em teu coração, em tuas mãos e no teu caminho? Vela por tua própria tarefa no bem, diante do Eterno, porque chegará o momento em que o Poder divino te pedirá: “Dá conta de tua administração”.

 

 Marta Antunes Moura / Vice-presidente da Federação Espírita Brasileira –– 

Revista Reformador-agosto / 2013

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Deus não se vinga

 


O que precede não passa de um preâmbulo destinado a servir de introdução a outras ideias. Falei-vos de ideias preconcebidas, mas há outras além das que vêm das inclinações do inspirado; há as que são consequência de uma instrução errônea, de uma interpretação acreditada num tempo mais ou menos longo, que tiveram sua razão de ser numa época em que a razão humana estava insuficientemente desenvolvida e que, passadas ao estado crônico, só podem ser modificados por esforços heroicos, sobretudo quando têm para si a autoridade do ensino religioso e de livros reservados. Uma destas ideias é esta: Deus se vinga. Que um homem, ferido em seu orgulho, em sua pessoa ou em seus interesses, se vingue, isto se concebe; embora culpado tal vingança está dentro dos limites das imperfeições humanas. Mas um pai que se vinga nos filhos levanta a indignação geral, porque cada um sente que um pai, encarregado da tarefa de criar os seus filhos, pode corrigir-lhes os erros e os defeitos por todos os meios ao seu alcance, mas a vingança lhe é interdita, sob pena de tornar-se estranho a todos os direitos da paternidade.

Sob o nome de vindita pública, a sociedade que desaparece vingava-se dos culpados; a punição infligida, muitas vezes cruel, não passava de vingança sobre as más ações do homem perverso; ela não se preocupava absolutamente com a reabilitação desse homem, deixando a Deus o cuidado de o punir ou de o perdoar. Bastava-lhe ferir pelo terror, que julgava salutar, os futuros culpados. A sociedade que surge não pensa mais assim; se ainda não age em vista da reeducação do culpado, ao menos compreende o que a vingança contém de odioso por si mesma; salvaguardar a sociedade contra os ataques de um criminoso lhe basta e, ajudada pelo temor de um erro judiciário, em breve a pena capital desaparecerá dos vossos códigos.

Se hoje a sociedade se julga muito forte em frente a um culpado para se deixar tomar pela cólera e dele vingar-se, como quereis que Deus, participando de vossas fraquezas, se deixe tomar por um sentimento irascível e fira por vingança um pecador chamado ao arrependimento? Crer na cólera divina é um orgulho da Humanidade, que se imagina pesar bastante na balança divina.

Se a planta do vosso jardim não se desenvolve a contento, ireis encolerizar-vos e vos vingar dela? Não; se puderdes a soerguereis, apoiá-la-eis em estacas e, se necessário, a transplantareis, mas não vos vingareis. Assim faz Deus.

Vingar-se, Deus? Que blasfêmia! Que amesquinhamento da grandeza divina! Quanta ignorância da distância infinita que separa o Criador da criatura! Quanto esquecimento de sua bondade e de sua justiça! Deus viria, numa existência em que não vos resta nenhuma lembrança dos vossos erros passados, fazer-vos pagar muito caro as faltas cometidas numa época apagada em vosso ser!

Não, não! Deus não age assim; ele entrava o impulso de uma paixão funesta, corrige o orgulho inato por uma humildade forçada, retifica o egoísmo do passado pela urgência de uma necessidade presente, que leva a desejar a existência de um sentimento que o homem nem conheceu, nem experimentou. Como pai, corrige, mas, também como pai, Deus não se vinga.

Guardai-vos dessas ideias preconcebidas de vingança celeste, detritos perdidos de um erro antigo. Guardai-vos dessas tendências fatalistas, cuja porta está aberta para vossas doutrinas novas e que vos conduziriam diretamente ao quietismo oriental. A parte de liberdade do homem já não é bastante grande para diminuí-la ainda mais por crenças errôneas; quanto mais sentirdes vossa liberdade, sem dúvida maior será a vossa responsabilidade e tanto mais os esforços de vossa vontade vos conduzirão adiante, na senda do progresso.

 

Pascal / Médium: Sr. X... -  Lyon, novembro de 1863 –– Revista Espírita-maio/1865

sexta-feira, 7 de maio de 2021

No apostolado feminino

 


O apostolado das Mães é o serviço silencioso com o Céu, em que apenas a Sabedoria Divina pode ajuizar com exatidão.

Ser mãe é ser anjo na carne, heroína desconhecida, oculta à multidão, mas identificada pelas mãos de Deus.

Ele conhece o holocausto das mães sofredoras e desoladas e sustenta-lhes o ânimo através de processos maravilhosos de sua sabedora infinita, assim como alimenta a seiva recôndita das árvores benfeitoras.

Um instituto doméstico, em muitos casos, é cadinho purificador.

Aí dentro, as opiniões fervilham na contenda inútil das palavras, sem edificações úteis; velhos ódios surgem à tona das discussões e sentimentos, que deveriam permanecer esquecidos para sempre, aparecem à superfície das situações, embora muitas vezes imanifestos nos entendimentos verbais.

O que nos interessa, porém, é a nossa redenção.

O sacrifício é a nossa abençoada oportunidade de iluminação.

Sabemos, no entanto, que para o carinho maternal, o combate é intraduzível.

Na batalha sem sangue no coração.

No espinheiro ignorado.

Na dor que os olhos não visitam.

O devotamento feminino será sempre o manancial do conforto e da benção.

Quando se interrompe o curso dessa fonte divina, ainda mesmo temporariamente, a vida do lar sofre ameaças cruéis.

As experiências no sexo masculino conferem à alma um senso maior de liberdade ante os patrimônios da vida, e o homem sente maior dificuldade para apreciar as questões do sentimento como convém.

Para os que se confundem na enganosa claridade dos dias terrenos, a existência carnal é somente recurso a incentivar paixões e alegrias mentirosas, todavia, para quantos fixem o problema da eternidade, com a crença renovadora no altar do espírito, a romagem planetária é divino aprendizado para a redenção. O lar terreno é a antecâmara do Lar Divino, quando lhe aproveitamos as bênçãos do trabalho santificante, porque, na realidade, se o martelo e o buril são os elementos que aprimoram a pedra, a dor e o serviço são as forças que nos aperfeiçoam a alma.

Trabalhar e sofrer são talvez os maiores bens que nossa alma pode recolher nos pedregulhos da Terra.

Toda dor é renascimento, toda renúncia é elevação e toda morte é ressurreição na verdade.

O Tesouro Divino não se empobrece e, para Deus, os filhos mais ricos são aqueles que canalizaram os recursos do serviço a bem de todos, sem cristalizarem a fortuna amoedada nos cofres de ferro, que às vezes, cedo se convertem nos fantasmas de angústia além do sepulcro.

Aqui, entendemos, com clareza mais ampla, o caminho da eternidade.

Mais vale semear rosas entre espinhos para a colheita do futuro, que nos inebriarmos no presente, com as rosas efêmeras dos enganos terrestres, preparando a seara de espinhos na direção do porvir.

Não percamos o dia para que o tempo não nos desconheça.

A dificuldade é nossa benção.

Amemos, trabalhando nas sombras de hoje, a fim de que possamos penetrar em companhia do Amor, na divina luz do Amanhã.

Agar / Chico Xavier – Livro: Mãe

sábado, 17 de abril de 2021

Banquete

 Oferecido pelos espíritas lioneses ao Sr. Allan Kardec

19 de setembro de 1860


Nesta reunião íntima e familiar, um dos membros, Sr. Guillaume, houve por bem expor os sentimentos dos espíritas lioneses na alocução que segue. Lendo-a, compreenderão que devemos ter hesitado em publicá-la na Revista, malgrado o desejo que nos foi expresso. Assim, não foi senão cedendo a instâncias que concordamos, temendo, por outro lado, que a recusa pudesse ser interpretada como falta de reconhecimento aos testemunhos de simpatia que recebemos. Rogamos, pois, aos leitores, que façam abstração da pessoa, vendo, nessas palavras, apenas uma homenagem prestada à doutrina.

 

“Ao Sr. Allan Kardec; ao zeloso propagador da Doutrina Espírita! 

“É graças à sua coragem, às suas luzes e à sua dedicada perseverança que devemos a felicidade de estar hoje reunidos neste banquete simpático e fraterno. 

 “Que todos os espíritas lioneses jamais esqueçam que, se têm a felicidade de sentir-se melhorados, apesar de todas as influências perniciosas que muitas vezes desviam o homem da senda do bem, devem-no ao O Livro dos Espíritos. 

“Se sua existência se suavizou, se seu coração está mais depurado e mais afetuoso; se dele expulsaram a cólera e a vingança, devem-no ao O Livro dos Espíritos. 

“Se, na vida privada, suportam com coragem os revezes da fortuna; se repelem todos os meios baseados na astúcia e na mentira para adquirir os bens terrenos, devem-no ao O Livro dos Espíritos, que os fez compreender a prova e acendeu-lhes a luz que dissipa as trevas. 

“Se um dia, que talvez não esteja longe, os homens se tornarem humanos, fraternos e dedicados a uma mesma fé; se, para eles, a caridade não mais for uma palavra vã, isso ainda deverão ao O Livro dos Espíritos, ditado pelos melhores dentre eles ao Sr. Allan Kardec, escolhido para espalhar a luz. 

“À união sincera dos espíritas lioneses! À Sociedade Espírita Parisiense, cuja irradiação a todos esclareceu, verdadeira sentinela avançada, incumbida de desbravar a estrada difícil do progresso! Paris é o cérebro do Espiritismo, como Lyon merece, por sua união, seu trabalho, suas luzes e seu amor, ser o seu coração.

“Quando o coração e o espírito estiverem unidos na mesma fé, para alcançar o mesmo objetivo, logo só haverá na França irmãos amorosos e dedicados. Cresçamos, pois, pela união no amor, e em breve os nossos sentimentos, os nossos princípios cobrirão o mundo inteiro. O Espiritismo, senhoras e senhores, é o único meio para chegarmos prontamente ao Reino de Deus.

 “Honra à Sociedade Espírita Parisiense! Honra ao Sr. Allan Kardec, o fundador e o primeiro elo da grande corrente espírita!”

Guillaume

 

Resposta do Sr. Allan Kardec 

[…] Seus adversários [do Espiritismo] só o combatem porque não o compreendem. Cabe a nós, aos verdadeiros espíritas, aos que veem no Espiritismo algo além de experiências mais ou menos curiosas, fazê-lo compreendido e espalhado, tanto pregado pelo exemplo quanto pela palavra.

O Livro dos Espíritos teve como resultado fazer ver o seu alcance filosófico. Se esse livro tem algum mérito, seria presunção minha orgulhar-me disso, porquanto a Doutrina que encerra não é criação minha. Toda honra do bem que ele fez pertence aos sábios Espíritos que o ditaram e quiseram servir-se de mim. Posso, pois, ouvir o elogio, sem que seja ferida a minha modéstia, e sem que o meu amor-próprio por isso fique exaltado. Se eu quisesse prevalecer-me disto, por certo teria reivindicado a sua concepção, em vez de atribuí-la aos Espíritos; e se pudesse duvidar da superioridade daqueles que cooperaram, bastaria considerar a influência que ele exerceu em tão pouco tempo, só pelo poder da lógica, sem contar com nenhum dos meios materiais próprios para superexcitar a curiosidade.

 Revista Espírita – outubro/1860

 


Salve O Livro dos Espíritos

18 de abril de 2021 – 164 anos

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Os clarins anunciadores

 


Nesta manhã, embora já esperássemos, todos ouvimos emocionados os clarins anunciadores e a sua música melancólica, informando-nos que o amado planeta se encontra na mais difícil crise espiritual dos últimos séculos.

Iniciava-se com dores infinitas que já vinham assinalando a cultura e a civilização com sucessivas guerras locais devastadoras e alucinados programas de divertimentos extravagantes quanto grosseiros.

A drogadição vinha, há décadas, consumindo a juventude, e vícios degradantes dominavam a sociedade que combatia a família, a educação, a saúde e os meios de dignificação humana. O bafio pestilento exteriorizado pelo materialismo dominador das massas zombava de Deus, na condição de mito superado, e a figura de Jesus e Sua Doutrina, como as personagens dos Seus dias, que O acompanhavam, sendo objeto de escárnio e desdém...

Em nome da arte e da cultura, vivia-se a bacanal em toda parte com a anuência das autoridades ou por elas estimulada, e graves transtornos de conduta formavam uma sociedade desarrazoada e venal.

Os valores éticos, a princípio, surdamente, depois vulgarizando através de veículos de comunicação tradicional e virtual, eram anulados como castradores da liberdade, e a necessidade de igualdade com as minorias de todos os aspectos favorecia a libertinagem desmedida. Pessoas cultas e aparentemente sensatas de repente sentiam necessidade de quebrar os limites, a que denominavam como tabus, e desnudavam-se em nome da nova ordem, animalizando mais o ser humano e humanizando os animais.

Disparates de toda espécie tornavam-se motivos de brigas intérminas e qualquer postura de equilíbrio era vista como remanescente da chamada decadência de comportamento ultramoderno.

Os jogos políticos atingiam chocantes aberrações de furtos e roubos, predominando o cinismo de criaturas declaradas sem honra em face dos crimes cometidos e divulgados.

As universidades negavam a finalidade para a qual foram edificadas pelas civilizações transatas, dominadas pelos revolucionários perversos que os políticos insanos colocavam para desviarem a juventude, seduzindo com programas ateus e depravados, em que os instintos primitivos eram exaltados até a consumpção das energias devoradas pelos interesses de corruptos e de corruptores.

Sentia-se no ar, em toda parte, que algo iria acontecer, porque a decadência moral e intelectual havia chegado à situação insustentável.

Pensou-se que o monstro da guerra seria uma solução para diminuição da população da Terra, como sucedera anteriormente, e os laboratórios de investigação científica, a, pretexto de penetrar na vida microbiana para melhor estudar a saúde e resguardá-la, também estabeleceram códigos secretos de se criarem vírus tenebrosos, partindo-se da cepa de algumas enfermidades. E neste século surgiram epidemias, algumas transformadas em pandemias, que continuam devorando vidas aos milhares.

A Divindade, através dos Seus prepostos, providenciou reencarnações de apóstolos da caridade, de missionários do conhecimento, de sábios da tecnologia para melhorar as condições de vida no planeta, de embaixadores da Vida espiritual e proclamadores do amor, do respeito à vida em todas as suas expressões, e eles sensibilizaram milhões de seres que anelavam pelo bem e pela Verdade. Entretanto, suas vozes, exemplos e abnegação não lograram diminuir a força dos arbitrários da Luz Divina, que abraçando doutrinas perversas, ampliaram o seu campo de obstinação no mal e arrebanharam as mentes jovens, em razão das famílias destruídas, das uniões sexuais imaturas, dos cidadãos inescrupulosos dominadores...

Os enfrentamentos têm sido contínuos e os inimigos do bem, disfarçados em servidores da imortalidade em que se homiziam, para continuarem envenenando as massas com as suas ironias e argumentações odientas, utilizam-se da Imprensa marrom e suspeita, perturbando as mentes dignas com notícias falsas, bem trabalhadas para confundirem. E têm conseguido com facilidade e comportamento feroz.

Perde-se muito tempo com dialética vazia e combates antifraternos, separando as pessoas do mesmo clã por ideologias políticas e criminosas, enquanto os males surgem inesperadamente.

É o que está acontecendo neste momento de provações e expiações individuais e coletivas, que ameaçam a existência humana no planeta confiado a Jesus para alçar o mundo de regeneração.

Em razão da continuidade de comportamento insano dos seres rebeldes e negligentes, as forças do bem anuem com a grande aflição da peste que varre a Terra em seus quadrantes.

Cenas de horror são ridicularizadas, orientações elevadas são desconsideradas com zombaria, sacrifício e abnegação dos Espíritos dedicados que se encontram na linha de frente não têm recebido o merecido reconhecimento do Estado, em alguns lugares, nem das massas enfermas da alma e ambiciosas na Terra.

Alastra-se a peste, recordando-se a denominada negra do período medieval, em que a Igreja, intolerante e irresponsável através do seu representante máximo, propôs a Inquisição, e mais de um milhão de vidas foram ceifadas cruelmente por serem acusadas como hereges... Logo depois, outro Papa anunciou que os gatos eram portadores da figura satânica, e os felinos foram perseguidos de maneira inclemente mortos com impiedade... Como efeito natural, os ratos multiplicaram-se terrivelmente e, portadores de pulgas infectadas, contaminaram a Terra, especialmente a Europa, destruindo milhões de existências.

De alguma forma, ocorre hoje o mesmo fenômeno; ao combater-se, ou parecer fazê-lo, as paixões políticas arruínam os países, e os sobreviventes do vírus da Covid-19 serão dizimados pela miséria e pelo abandono.

- É certo que nada poderá obstaculizar o progresso do planeta terrestre e da sua sociedade.

Esses acontecimentos e outros de natureza sísmica e cósmica darão lugar a maior soma de sofrimento humano, enquanto facultarão também a presença dos apóstolos da caridade e do amor, da fraternidade e do bem, formando a família da misericórdia em socorro a todas as vítimas, sejam aquelas que padeçam a contaminação ou chorem as perdas afetivas e/ou as misérias de outras expressões.

Ninguém conseguirá fugir ao determinismo do sofrimento, embora não tenham diretamente razões, mas por solidariedade e compaixão.

Avizinha-se a hora em que das colônias espirituais descerão ao planeta em desolação as equipes socorristas em nome de Jesus, mergulhando em reencarnações redentoras e atendimentos específicos durante a atual e as demais calamidades que venham a acontecer.

Todos estamos convidados ao serviço de amor e de caridade aos nossos irmãos do amado planeta Gaia, na tradição grega.

Somente o sentimento de amor, conforme o expressou Jesus e o viveu, logrará modificar as paisagens humanas neste momento.

Nesse terrível confronto entre o bem e o mal, muitas criaturas sem maturidade psicológica robotizam-se, sem definição, seguindo a trajetória das forças em antagonismo, inimizando-se umas com as outras.

As esperanças cristãs estão centradas no Consolador com a sublime mensagem de Vida imperecível e o comportamento digno na vilegiatura carnal. Benfeitores abnegados recusam-se a ascender, de forma a continuarem auxiliando a Humanidade iluminada pelo Cruzeiro do Sul, mas que prefere as sombras da ignorância e da crueldade, teimando em olvidar que a jornada física é de efêmera duração.

Observemos o que sucedeu às civilizações do passado, cuja glória se transformou em memórias vagas, e suas grandiosas construções ruíram e hoje servem de amparo a serpentes e aracnídeos perigosos, ou foram arrastadas pelas águas oceânicas à sua profundeza.

O tempo terrestre é relativo aos movimentos do planeta no seu giro infindável sobre si mesmo e em torno do Sol, sob a direção do Celeste Governador que o guia desde os dias longínquos de nebulosa de gases incandescentes.

Logo mais, formaremos nossas caravanas de socorro, porquanto já estão tomadas as providências para receber os irmãos que desencarnarem sob a trágica tempestade viral.

Ao terminarmos a nossa elucidação, formar-se-ão grupos sob direções especiais adrede programadas, para o trabalho em conjunto com todos os grupos espirituais de comunidades socorristas que operam em favor do planeta.

Recordemos da orientação do Senhor Jesus ao encaminhar os setenta à Galileia: “Eu vos mando como ovelhas brandas para conviver com lobos rapaces”...

Certamente se referia aos irmãos desencarnados, que se comprazem na geração do terror e das lamentáveis obsessões aos deambulantes do corpo físico. Nestes dias de horror, também eles, nossos irmãos infelizes, comprazem-se em atormentar antigos desafetos, desafetos que se dizem do Senhor Jesus, a Quem perseguem tresvariados e odientos.

Eles também estão organizados para os embates do momento, por considerarem-no excelente para os fins desprezíveis a que se dedicam.

Formando uma nuvem espiritual, semeiam a desordem e a incompreensão nas almas já aturdidas em si mesmas, perseguindo-as com tenaz insistência.

Atividades severas nos aguardam em nome do amor, a fim de preservarem as nossas comunidades dos assaltos perigosos do mal em hordas asselvajadas e dispormos em condições para recebermos os recém-desencarnados que possamos trazer para nossos diversos setores socorristas.

À semelhança dos dias de guerras hediondas, estamos diante de uma ainda mais perigosa, em face da sua singularidade, como ocorreu nos dias do passado...

 Irmão Antúlio

 Manoel Philomeno de Miranda / Divaldo Franco – Livro: No rumo do mundo de regeneração


sábado, 19 de dezembro de 2020

Jesus: Estrela de Primeira Grandeza

 


Aqueles dias eram semelhantes aos atuais. Os valores éticos encontravam-se pervertidos pelo poder temporal dos dominadores transitórios do mundo.

A sociedade estorcegava nas aflições decorrentes da prepotência de uns, da perversidade de outros, da ignorância da grande maioria.

Louvava-se a força em detrimento da razão.

Cantavam-se hinos à glória terrestre com desprezo pelos códigos morais propiciadores de dignidade.

As criaturas submetiam-se às injunções das circunstâncias, tentando sobreviver à tirania dos governadores que mudavam de nome e prosseguiam com as mesmas crueldades.

Saía-se de um para outro regime de ignomínia e insânia com a mesma naturalidade.

Tudo era lícito, desde que apoiado na governança arbitrária que se impunha.

O monstro das guerras contínuas devorava os povos mais fracos, que eram submetidos à escravidão e à morte.

A traição e a infâmia davam-se as mãos em festival de hediondez.

Embora Roma homenageasse os artistas, os poetas, os filósofos que iluminavam o século de Otaviano, prestigiava com destaque os espetáculos sórdidos a que se atiravam o patriciado e o povo sedentos de prazer e de loucuras.

Os seus domínios estendiam-se por quase todo o mundo conhecido, embora temida e detestada.

As suas legiões estavam assentadas nas mais diferentes regiões da Terra, esmagando vidas e destruindo esperanças.

O Sol nunca brilhara no planeta sem que estivesse iluminando uma possessão do império invencível.

Havia grandeza em toda parte e miséria abundante ao seu lado, competindo vergonhosamente.

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Mas hoje também é assim.

As glórias da inteligência e do conhecimento, da ciência e da tecnologia confraternizam com a decadência da moral e dos valores de enobrecimento humano.

O terrorismo e a guerra encontram-se por toda parte, destruindo vidas e civilizações.

O planeta aquecido e desrespeitado agoniza, experimentando a própria destruição imposta pelos seus habitantes insensatos, embora poderosos...

 Os idealistas que amam os apóstolos do bem que trabalham pela renovação da sociedade, quando não desconsiderados, são tidos por dementes e alucinados.

Enquanto isso, a soberba, a mediocridade, a astúcia, tomam conta das multidões que desvairam, impondo os seus códigos de valores perversos que logo são aceitos pelas legiões de criaturas sem norte, destituídas de consciência moral.

Há também, é certo, almas grandiosas que lutam com acendrado amor e sacrifício, a fim de modificar as ocorrências danosas, tentando implantar novos significados psicológicos direcionados à felicidade, mas que são insuficientes para vencer os múltiplos segmentos da sociedade em desconserto.

Admira-se o Bem, mas pratica-se o Mal.

Preconiza-se a saúde e estabelecem-se programas de desequilíbrio emocional, geradores das doenças de vário porte.

O futuro glorioso, decantado pelas conquistas invulgares da modernidade, está sombreado pelo medo, aturdido pela ansiedade e caracterizado pela solidão dos indivíduos que constituem a mole humana.

Naqueles dias difíceis, na Palestina sofrida e submetida às paixões de César e aos caprichos de Herodes, o Grande, nasceu Jesus.

Estrela de Primeira Grandeza que é, Jesus surgiu na noite das estúpidas e escuras ambições dos povos, para iluminar as consciências e despertar os sentimentos de humanidade, como dádiva de Deus respondendo às súplicas dos humilhados e esquecidos.

Passaram-se os tempos, foram sucedidos os criminosos de então por outros não menos odientos e, apesar disso, Sua luminosidade permanece até hoje.

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 É certo que outros homens e mulheres, tão infelizes quanto aqueles do Seu tempo, procuraram dominar o mundo utilizando-se da Sua claridade, mas, desequilibrados, produziram mais trevas e aumentaram os volumes de dor.

O carro inexorável do Tempo continuou a sua marcha, avançando na direção de outros períodos, enquanto os apaniguados do Mal, que se apresentaram nos espetáculos de luz, sucumbiram, vencidos pelos tormentos que escondiam nos tecidos da própria crueldade.

Ainda reina muita sombra na Terra. Mas amanhece dia novo.

A grande transição de mundo de provas e de expiações para mundo de regeneração, embora ainda assinale a presença do sofrimento e da desordem, do desrespeito pela vida e pela mãe-Terra, caracteriza a chegada de uma nova Era, impossível de ser detida.

O Bem triunfará, sem qualquer dúvida, sobre o Mal.

A verdade vencerá a mentira onde quer que essa se homizie.

A vida sobrepõe-se à morte, e a espiritualidade, por fim, reinará entre todos.

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 Conforme sucedeu naqueles dias, Jesus encontra-se novamente entre as Suas criaturas, repetindo a sinfonia das bem-aventuranças, conclamando as massas ao despertamento, antes que se agravem as circunstâncias e ocorrências não desejadas.

O Consolador que Ele prometera já veio e vence, com segurança, as barreiras impostas pela tirania e pelos indivíduos orgulhosos, vazios de sentimentos nobres, conquistando os corações e oferecendo-lhes esperanças de alegrias infindas.

Travam-se lutas acerbas em toda parte.

Os argonautas do amor nada temem e multiplicam-se sob a inspiração do Mestre, avançando, estoicos, no cumprimento do dever: renovar a humanidade através da própria transformação moral, que a todos permite neles ver a mensagem luminosa.

Sem dúvida, ainda predominam as trevas ameaçadoras que a Estrela de Primeira Grandeza vem diluindo de maneira compassiva e misericordiosa.

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Faze a tua parte, sem preocupação com o trabalho dos outros.

Desincumbe-te do teu dever ante a consciência, servindo ao Consolador, mesmo que te encontres incompreendido e crucificado nas traves invisíveis da perversidade dos áulicos do egoísmo e dos seus servos.

No próximo Natal, entoa o teu hino de amor, ajudando o teu próximo, em memória da Estrela que veio à Terra, para que não mais permaneça a sombra.

Será ideal que todos os dias da tua vida sejam uma homenagem ao Aniversariante esquecido, mas triunfante da maldade humana e da morte que Lhe foi imposta, demonstrando que Ele prossegue contigo edificando o mundo melhor, sem excluídos nem abandonados à própria sorte, porque estará com eles, por teu intermédio, amando-os com enternecimento e carinho.

 

Joanna de Angelis - Página psicografada por Divaldo Franco, do livro Dádivas do Natal, ed. Leal.

Fonte: www.divaldofranco.com.br

Rogativa de Natal

 


Senhor Jesus!

Quando chegaste à Terra, através dos panos da manjedoura, aguardava-te a Escritura como sendo a luz para os que jazem assentados nas trevas!...

E, em verdade, Senhor, as sombras dominavam o mundo inteiro...

Sombras no trabalho, em forma de escravidão...

Sombras na justiça, em forma de crueldade...

Sombras no templo, em forma de fanatismo...

Sombras na governança, em forma de tirania...

Sombras na mente do povo, em forma de ignorância e de miséria...

Pouco a pouco, no entanto, ao clarão de tua infinita bondade, quebraram-se as algemas da escravidão, transformou-se a crueldade em apreciáveis direitos humanos, transmudou-se o fanatismo em fé raciocinada, converteu-se a tirania em administração e, gradualmente, a ignorância e a miséria vão recebendo o socorro da escola e da solidariedade.

Entretanto, Senhor, ainda sobram trevas no amor, em forma de egoísmo!

Egoísmo no lar...

Egoísmo no afeto...

Egoísmo na caridade...

Egoísmo na prestação de serviço...

Egoísmo na devoção...

Mestre, dissipa o nevoeiro que nos obscurece ainda os horizontes e ensina-nos a amar como nos amaste, sem buscar vaidosamente naqueles que amamos o reflexo de nós mesmos, porque, somente em nos sentindo verdadeiros irmãos uns dos outros, é que atingiremos, com a pura fraternidade, a nossa ressurreição para sempre.


Emmanuel/Chico Xavier – Livro: Antologia mediúnica do Natal