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domingo, 30 de março de 2025

Você conhece a história de Jerônimo Mendonça?

 


Jerônimo nasceu na cidade de Ituiutaba (MG), em uma família com grandes dificuldades materiais e teve uma infância normal.

Até os 15 anos de idade, Jerônimo frequentou a Igreja Presbiteriana onde fazia palestras. Porém, depois da morte da avó materna, ele sentiu a necessidade de conhecer mais sobre a vida além-túmulo.

Foi quando conheceu a Doutrina Espírita, da qual se tornou adepto e passou a dirigir reuniões e eventos voltados aos necessitados.

Aos 17 anos, quando se revelou um bom jogador de futebol, começou a sentir os sintomas da doença que acabaria por imobilizá-lo, a artrite reumatoide. Aos 19 começou a usar muletas e, sem encontrar uma cura na medicina, parou de trabalhar. Então, ele foi gradativamente a uma cadeira de rodas e depois a uma cama ortopédica. Somando-se a isto tudo, ele teve perda gradativa da visão e problemas cardíacos. Apesar das grandes dificuldades, ele sempre mantinha o bom ânimo e dava conselhos a milhares de pessoas que vinham lhe pedir conselhos. Ele viajou o Brasil inteiro graças a um leito anatômico projetado para ele. (cama ortopédica)

Escreveu os livros: Crepúsculo de um Coração, Cadeira de Rodas, Nas pegadas de um Anjo, Escada de Luz, De mãos dadas com Jesus e Quatorze anos depois (em coautoria). Deixou apontamentos que foram organizados por Maria Gertrudes, o livro póstumo FLORES DO CORAÇÃO.

Fundou o Lar Espírita Pouso do Amanhecer, creche destinada às crianças carentes, em Ituiutaba. Construiu o Centro Espírita Seareiros de Jesus, o Centro Espírita na zona rural Manoel Augusto da Silva, uma gráfica e uma Biblioteca.

Após 50 anos de profícua existência, desencarnou este homem maravilhoso que somente fez o bem às criaturas, sentindo dores não se queixava, solitário em seu leito, não reclamava e a todos atendia com a mesma presteza.

O Gigante Deitado”, apelido dado por seus amigos e pela imprensa, e é o titulo do livro compilado por Jane Martins Vilela. Dele extraímos o seguinte e expressivo texto: 

“Imagine o leitor, um homem totalmente paralítico, num leito há mais de 30 anos, sem mover o pescoço, cego há vinte anos, com terríveis dores no peito, necessitando do peso de quilos de areia para suportar essas dores! Esse homem resignado e sereno viajou pelo Brasil afora proferindo palestras, cantando, consolando e orientando centenas de pessoas”.

 

Extraído do site Fundação Espírita Jerônimo Mendonça

https://www.fejm.com.br/?sec=sobre-jeronimo-mendonca








terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Você conhece a história de Fabiano de Cristo?

 

Fabiano de Cristo nasceu em 8 de fevereiro de 1676, em Soengas, norte de Portugal. Conforme o costume católico de dar-se às crianças o nome do santo em cujo dia nascem, o menino recebeu, na pia batismal, o nome de João, porque, naquele dia, a Igreja celebrava a festa litúrgica de São João da Mata.

 A infância de João Barbosa foi simples. Família pobre, cinco irmãs. Tomava conta do pequeno rebanho de ovelhas do pai. Trabalhava de sol a sol, dormia muito cedo, acordava com a aurora.

 (...) No final do século XVII, a novidade mais ambiciosa que os marinheiros traziam a Portugal era a descoberta abundante do ouro em Minas Gerais. Conseguiu dois sócios e com eles partiu de Portugal para os sonhos do Brasil.

 Aportou João na cidade do Rio de Janeiro, mas fixou residência na Vila de Parati, porta de entrada para as minas. Tornou-se negociante da carreira das minas. Suas atividades estavam relacionadas ao comércio, importação e exportação, que ele conhecia bem, em função de suas experiências na cidade do Porto. Em poucos anos, João já estava senhor de pequena fortuna.

Com 28 anos de idade, fazia parte da Irmandade do Santíssimo Sacramento, vinculara-se ao pároco da Paroquial Igreja da Vila de Parati. Muito devoto das almas do purgatório, conseguiu erguer a Irmandade da Boa Morte. Longe de cair como miserável cativo da avareza, João Barbosa era conhecido em Parati pela sua generosidade.

(...) Livre de todos os bens terrenos, no dia 8 de novembro de 1704, João Barbosa apresentou-se à portaria do antigo Convento de São Bernardino de Sena, em Angra dos Reis. Foi admitido como noviço. No dia 12 de novembro de 1705, João Barbosa mudou o nome de João para Fabiano e o de Barbosa pelo de Cristo, passando a ser Frei Fabiano de Cristo.

 No final do ano de 1705, foi transferido de Angra dos Reis para o Rio de Janeiro para ser o porteiro do Convento de Santo Antônio. Três ou quatro anos mais tarde, deixou a portaria do convento para desempenhar uma nova função, que consumiria os 38 anos restantes de sua vida - a de enfermeiro.

Embora não tivesse preparação especial para a função de enfermeiro, a caridade e o esforço pessoal substituíam as deficiências. No tratamento aos enfermos, se evidenciava sua caridade. Praticamente levava sua vida junto aos doentes, a tal ponto que nem sequer tinha um quarto próprio.

Por longo tempo, contentava-se em dormir em qualquer lugar da enfermaria, para que, dia e noite, pudesse estar à disposição dos doentes. Assim, pouco dormia.

Andava rezando na enfermaria com os pés descalços, alegando que, com as sandálias, acordaria os enfermos. Afirmava que era necessária a observância do silêncio. Por mais que procurasse ocultar, muitos testemunharam suas virtudes, exemplificadas na humildade, obediência e na dedicação.

Com o correr do tempo, o corpo de Frei Fabiano foi sentindo o peso da idade e dos sacrifícios, na forma de sofrimentos físicos que o crucificaram por mais ou menos 30 anos. A causa inicial desses sofrimentos foi uma erisipela, que causava inchação e cruciantes sofrimentos nas pernas, acentuadamente na esquerda, qualificada como mais que monstruosa. Na perna direita se lhe originou uma grande e horrorosa chaga, que vertia continuamente copioso pus. Ainda nas pernas, sofreu em seguida de outro incômodo não menos doloroso: um quisto.

 Frei Fabiano atingira a casa dos 70 anos de idade. O mês de outubro de 1747 trouxe agravamento em seu estado de saúde. Desde o dia 14, Frei Fabiano já anunciava que partiria em três dias. Nesses três dias, Fabiano, na enfermaria, alenta ânimos desfalecidos. Pensa chagas abertas e sorri, em doce e terna alegria, na despedida aos doentes. Beija crianças. Afaga velhos esbatidos pela dor. Encoraja os que choram. Ampara os desesperançados.

Tal como ele próprio havia previsto, desencarna no dia 17 de outubro de 1747.

 

 

Fonte: Site FEP – Federação Espírita do Paraná



sábado, 1 de fevereiro de 2025

Você conhece a história da "Dama da Caridade"?

 

Benedita Fernandes nasceu em 27 de junho de 1883, em Campos Novos de Cunha, São Paulo, filha de escravos. Teve infância pobre e difícil. Não se tem registros da data exata de quando, em desequilíbrio, abandonou a casa dos pais.

Em 1903, perambulava pelas ruas de Penápolis, São Paulo, causando tantos incômodos à população que, considerada louca, foi recolhida à cadeia pública. Nessa época, não existia nenhum cuidado ou tratamento específico aos loucos das ruas, senão a reclusão.

Portadora de pertinaz obsessão, recebeu os cuidados do carcereiro Padial, que a alimentava e protegia.  E João Marcheze, espírita e fundador do Centro Espírita Discípulos de Jesus, lhe aplicava passes, aliados aos ensinos da Doutrina Espírita.

Com esse tratamento, Benedita recobrou a consciência e partiu para Araçatuba, onde foi acolhida por um casal de amigos, que a ajudou quando completamente desorientada pela mediunidade que aflorava. Depois de uma forte crise psíquica, ela recebeu um chamado libertador, cuja voz dizia: “Benedita, se prometer consagrar-te inteiramente aos enfermos e pobres sairás curada daqui.”

Uniu-se então a outras mulheres simples da comunidade para a fundação do Centro Espírita Paz, Amor e Caridade e, em 1932, foi fundada a Associação das Senhoras Cristãs, tendo Benedita como presidente.

Depois, surgiram a Casa da Criança e o Asilo Dr. Jaime de Oliveira. Em 1933, por exigência dos órgãos governamentais essas instituições foram desativadas e transformadas em Sanatório. Ali havia uma tríade: associações filantrópicas, o movimento espírita, e a psiquiatria.

Benedita exerceu liderança política e social tanto no âmbito das associações filantrópicas quanto no movimento espírita local.

Foi responsável pela implementação das primeiras políticas públicas de saúde mental em Araçatuba e, provavelmente, a pioneira dos Hospitais Psiquiátricos Espíritas.

A mulher simples, filha de escravos e semianalfabeta se transformou em pioneira da assistência social espírita em toda a região Noroeste do Estado de São Paulo e quiçá de todo o Brasil, pois muitas de suas políticas foram usadas mais tarde em outras regiões.

As atividades lideradas por Benedita representaram um marco no movimento espírita de Araçatuba. Sua dedicação tornou-se conhecida e era grande o número de necessitados da região e até de lugares longínquos que a procuravam.

Aos domingos, passeava com as crianças pelas praças e ruas centrais da cidade.

Conta-se que, um dia, Benedita Fernandes viu jogado a um monturo, morto, e quase devorado por urubus, o corpo de um mendigo, seu conhecido. Jurou que jamais alguém ficaria sem o seu amparo. Passou a recolhê-los e abrigá-los, quando em crise. Os dementes avançavam para ela que se sentava, os acalmava com preces, passes, boas palavras. Eles ficavam calmos, pacificados pela força irresistível do amor.

O Prefeito da cidade passou a auxiliá-la com recursos financeiros, mas um dia, o dinheiro parou de chegar. Ela foi falar com ele, que lhe disse não ter mais verba. Benedita voltou para casa e liberou todos os loucos. Em breves horas, o problema estava resolvido, a verba voltou para que pudesse atender aos pobres e necessitados.

Certa feita, as crianças não tinham o que comer. Benedita explicou-lhes que se elas fossem ao portão, Jesus as auxiliaria. Elas se postaram à entrada do Lar. Passou um homem chamado Ricieri. Era um tripeiro, vendedor de vísceras de animais. Ele perguntou o que elas faziam ali: “Estamos esperando Jesus para nos dar de comer.” Ele lhes respondeu: “Digam para a mãezinha de vocês que Jesus chegou!”

Daquele dia em diante, com as sobras do tripeiro, não houve mais fome por lá. Ainda, ele falava aos fregueses daquele pequeno abrigo e muitos passaram a auxiliar.

Mãe Dita, como era conhecida, se dedicou, ainda, à mediunidade e evangelização das crianças.

Tornou-se uma das pioneiras do atual movimento de unificação dos espíritas quando fundou, aos 30 de agosto de 1940, a União Espírita Regional da Noroeste, sendo eleita sua presidente.

Mantinha correspondência com Cairbar Schutel, que publicava notícias sobre o trabalho dela, no jornal O Clarim. Era visitada por lideranças expressivas como João Leão Pitta e Leopoldo Machado.

Sentiu-se mal às 23 horas do dia 8 de outubro de 1947, quando conversava com as crianças, aconselhando-as. Desencarnou à uma hora e trinta minutos do dia 9, vítima de colapso por insuficiência cardíaca.

Retornou da Espiritualidade, através da psicografia de Divaldo Pereira Franco, oferecendo mensagens, que foram enfeixadas no livro Terapêutica de Emergência, editora LEAL.

Uma mulher tida como louca tornou-se a Dama da Caridade, marcou uma época e tornou-se referência histórica dos hospitais psiquiátricos espíritas.

 

Fonte: Jornal Mundo Espírita – setembro/2019


Veja mais aqui:




O programa “Bem na hora” da SBT fez um documentário em 4 capítulos sobre a história desta benfeitora. Confira:



                        





sábado, 4 de janeiro de 2025

Você conhece a história de Scheilla?

 

Conta-se que em 1948, durante uma reunião de materialização, pelo médium Peixotinho, materializou-se (de corpo inteiro) um espírito de extraordinário fulgor. 

Apresentava-se como uma mulher loira, cabelos longos em tranças, olhos azuis esverdeados muito brilhantes e que exalava forte perfume de rosas (característica sempre presente desse espírito tão iluminado). Mostrou-se ser muito inteligente e com ricos sentimentos. 

Era a Irmã Scheilla.

Daquele momento em diante, ela passou a atuar nas reuniões espíritas do grupo de Peixotinho no atendimento aos doentes que procuravam a ajuda do médium.

Scheilla, sempre cuidadosa e amorosa, materializava (com o apoio da mediunidade de Peixotinho, Chico Xavier e outros) muitos elementos em matéria concreta e outros em matéria sutil (instrumentos e aparatos médicos). Divaldo Franco conta detalhadamente uma intervenção que ela fez em sua garganta, na casa de Chico Xavier, curando-o de um grave problema. (Veja aqui o relato).

Através destas experiências com Peixotinho e seu grupo, com Chico Xavier, com Divaldo Franco – que ofereceram sua mediunidade e trabalharam e foram tratados por ela, sabe-se de pelo menos duas de suas reencarnações.

Na França, foi Joana Francisca Frémio. Casou-se aos vinte anos com o Barão de Chantal, passando a se chamar Baronesa de Chantal. Tiveram quatro filhos. Seu marido desencarnou muito jovem e ela então, dedicou-se as orações, a cuidar dos filhos e dos necessitados. Em 1604, submeteu-se ao Bispo de Genebra (S. Francisco de Salles) e juntos fundaram a Congregação de Visitação de Maria, criando 87 conventos. Mais tarde São Vicente de Paulo se juntou a ordem, que era mantida com muitas dificuldades. Desencarnou em 1641 e foi canonizada pela igreja católica em 1767 com o nome de Santa Joana de Chantal.

Na Alemanha do século XX, foi Scheilla Fritz. Enfermeira na segunda guerra mundial que desencarnou em 1943 na cidade de Hamburgo, durante um bombardeio aéreo.

Conta-se que na atualidade, continua seu trabalho fraternal como coordenadora numa determinada colônia espiritual, nas regiões próximas ao Brasil.

Além disso, Chico Xavier e João Nunes Maia psicografaram muitas obras de Scheilla, assim como outros médiuns por ela eleitos.

Espírito de grande luz, dedicada ao trabalho de Jesus na terra, deixou muitas mensagens de orientação e conforto para todos nós.                      

Texto extraído (e adaptado) do site da Associação Espírita Luz e Paz.





sábado, 30 de novembro de 2024

Você conhece a história de Meimei?

 

Seu nome, quando encarnada na Terra, era Irma de Castro. Viveu de 22 de outubro de 1922 a 1º de outubro de 1946. Nasceu na cidade mineira de Mateus Leme e desencarnou em Belo Horizonte.

 Manifestou precocemente acentuada inteligência, meiguice, modéstia e amor às letras. Era de beleza invulgar.

Tinha quatro irmãos: Ruth, Alaíde, Danilo e Carmem e ficou órfã de pai (Adolfo Castro) com apenas 5 anos. Sua mãe era D. Mariana de Castro.

 Apesar de seu enorme amor aos estudos, por motivos de saúde, teve de abandonar o Curso Normal no segundo ano (Escola Normal de Itaúna).

 Mais tarde, com sua irmã Alaíde, transferiu-se para Belo Horizonte para trabalhar e lá conheceu Arnaldo Rocha, com quem se casou aos 22 anos de idade. Apesar de muito querer um filhinho que lhe viesse abençoar o lar, isto não foi possível.

 Tendo lido um romance, onde o personagem chinês tratava sua companheira pelo nome de Meimei (quer dizer "amor puro"), passou a tratar assim o marido e este também assim a tratava na intimidade.

 O problema que muitas vezes antes se manifestara nos rins (nefrite) irrompeu com muita força, a ponto de lhe cegar uma das vistas e ela desencarnou, dois anos após o enlace.

 O esposo, bastante abatido, procurou Francisco Cândido Xavier, e este, que morava na cidade de Pedro Leopoldo, recebeu uma mensagem dela em que assinava Meimei, fato que todos ignoravam, já que este nome carinhoso só era do conhecimento do casal. Arnaldo tornou-se então um colaborador do Chico e fundou o Centro Espírita Meimei.

 Muitos são os fatos narrados envolvendo a interferência amorosa de Meimei que, muitas vezes, é vista pelos médiuns vestida de noiva, com a invulgar beleza, que lhe é peculiar.

Existem muitos livros ditados por Meimei através de Chico Xavier. Entre outros: Pai Nosso, Amizade, Palavras do Coração, Cartilha do Bem, Evangelho em Casa, Deus Aguarda e Mãe.

 

Federação Espírita do Paraná


segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Você conhece a história de Palminha?

 

As informações que chegaram até nós deste espírito tão querido foram trazidas pelo médium Ênio Wendling por audição mediúnica de relato feito pelo espírito de José Grosso. Palminha recebeu esse nome porque quando se manifestava em reuniões de efeitos físicos batia palmas e de suas mãos saíam raios de luz.

(...) Viemos de longe, de passadas eras e vamos falar sobre nosso irmão chamado, carinhosamente, Palminha, simplesmente Palminha. Hoje, nessa altura de sua caminhada espiritual, deseja firmemente desempenhar como vem fazendo a tarefa da fraternidade sob a égide de Jesus. Busquemos reportar marcantes épocas da vida desse querido amigo.

(...) Teve reencarnações na Tartária e, após essa existência, viveu nos Bálcãs e reencontrou um espírito muito querido na Germânia: o nosso José Grosso. Pertenceu também ao grupo dos seguidores de Alarico VIII.

Após esse período, Palminha desejava ardentemente modificações mais profundas em seu espírito. Vieram então reencarnações mais suaves, tranquilas e religiosas na França, Espanha e Brasil.

Não podemos deixar de citar a encarnação de Palminha no Brasil como Antônio da Silva, um dos nove filhos do casal Gerônimo e Francisca e irmão de José da Silva (José Grosso). Assim como o irmão, pertencia também a um dos bandos da época, na década de trinta no Nordeste que lutavam contra a miséria e a desigualdade, mas que também levavam muita dor e sofrimento às populações das cidades. Desencarnou com ferimentos no cerco policial nas imediações da cidade de Floriano, no Piauí. Consta que tentava fugir quando foi alvejado, correu sem perceber que seu corpo ficara para trás, quando voltou e constatou que havia desencarnado. Não é sabido quanto tempo levou até ser amparado pelos espíritos de Joseph, Sheilla e José Grosso. Com o passar do tempo, foi convocado a cooperar nas reuniões do grupo Sheilla, em Belo Horizonte.

Em sucessivas reencarnações, nosso Irmão Palminha experimentou derrotas, conquistas e sofrimentos atrozes. Mas hoje considera o momento um oásis de bênçãos na tarefa junto aos companheiros espíritas do Brasil e da Fraternidade.

Sua identificação espiritual com os companheiros encarnados é grande. Quer ser lembrado somente como Palminha. Seus objetivos se encontram no apostolado do bem na simplicidade consciente e responsável do espírito que deseja valorizar o atual momento que estamos vivendo, pois são marcos decisórios para a sua evolução e a de todos nós. O nosso querido Palminha é incansável trabalhador na seara do bem. 

 

Trechos de relato recebido pelo médium Ênio Wendling na Fraternidade Espírita Irmão Glacus.

Fonte: FEIG



quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Você conhece a história de José Grosso?

No ano de 1896, em território brasileiro, nos recantos áridos do Ceará, em pequeno lugarejo próximo a Crato, nasceu como José da Silva, tendo como pais Gerônimo e Francisca, pais de outros 8 filhos. No princípio da década de 1930, os rumores invadiram toda a vastidão do sofrido Nordeste. Miséria, seca, sofrimentos, falta de tudo. Nessa época alguns homens se apropriaram dos bens dos ricos para distribuí-los aos pobres, e isso empolgou muito o coração de José da Silva que em seu íntimo sonhava, como de resto todos os sertanejos nordestinos, com uma terra de paz, sem fome e com a justiça amparando também os pobres e fracos. Essa turba de homens tinha como chefe Lampião. Animado por esses anseios, se integrou ao grupo, por ocasião de sua passagem pela região de Orós (hoje município do estado do Ceará).

Mas, com a convivência com o bando, José da Silva, então conhecido como José Grosso, percebeu que eles extrapolavam nas suas aspirações. Em desacordo com as atitudes do grupo mudou seu comportamento, apesar de não delatar os companheiros de bando às autoridades policiais, passou a alertar as cidades que seriam invadidas para que as pessoas (especialmente mulheres e crianças) não fossem violentadas e assassinadas. Esse comportamento levou Lampião a perfurar-lhe os olhos com uma faca, vingando-se da traição sofrida. José Grosso perdido na mata com infecção generalizada desencarnou em 1936 aos 40 anos de idade sem ter notícia alguma de sete dos seus irmãos. Conhecia apenas o paradeiro de um único irmão, que hoje conhecemos como Palminha e que na época vivia o mesmo tipo de vida, mas pertencendo a outro grupo.

Afirma-se que após o seu desencarne esteve algum tempo vagando em cegueira no plano espiritual sendo amparado pelo espírito Nina Arueira. Ficou por longos anos sob a orientação do Espírito Sheilla e de Joseph Gleber, que tiveram vínculos com ele na Germânia, e também sob a orientação do Espírito Glacus.

Em 1949, acontece sua primeira manifestação no Centro Espírita Oriente em Belo Horizonte. Teria então afirmado ser “folha caída dos ventos do Norte”. Também levado por Scheilla e Joseph começou a manifestar-se no Grupo Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro, através de alguns médiuns principalmente através do extraordinário médium de efeitos físicos conhecido como Peixotinho (Francisco Peixoto Lins).

Desde então o Espírito José Grosso, o “cangaceiro do bem”, vem cooperando junto a vários movimentos espíritas integrando as hostes espirituais onde transitam outros espíritos benfazejos que viveram no sofrido.


* Parte do Relato feito pelo médium Ênio Wendling intuído pelo Irmão Palminha.

Fonte: FEIG




sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Yvonne do Amaral Pereira

 


Às seis horas da manhã do dia 24 de dezembro de 1900, na pequena Vila de Santa Tereza de Valença (hoje Rio das Flores), Estado do Rio de Janeiro, renascia em lar espírita Yvonne do Amaral Pereira, primogênita do casal Manoel José Pereira Filho e Elisabeth do Amaral Pereira. Yvonne teve cinco irmãos, além de outro mais velho, filho do primeiro casamento de sua mãe.

Seu pai, pequeno comerciante, homem generoso de coração e desprendido dos bens materiais, faliu por três vezes por favorecer a clientela em prejuízo próprio. Tornou-se, pouco depois, funcionário público, de cujos modestos proventos viveu até sua desencarnação, em 1935.

Yvonne viveu em lar pobre e modesto. Aprendeu com os pais a servir os mais necessitados, pois em sua casa eram acolhidos com carinho pobres criaturas sem recursos, inclusive mendigos.

Contam seus biógrafos que, com 29 dias de nascida, depois de um acesso de tosse, sobreveio uma sufocação que a deixou como morta, em estado de catalepsia. Permaneceu nesse estado durante seis horas. O médico e o farmacêutico atestaram morte por sufocação. O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda e vestido branco e azul, e o caixão encomendado. A mãe, que não acreditava que a filha estivesse morta, retirou-se para um aposento, onde orou fervorosamente a Maria de Nazaré, pedindo que a situação fosse definida. Instantes depois, a criança acordou aos prantos.

A infância de Yvonne foi povoada por fenômenos espíritas, muitos deles narrados no livro 'Recordações da Mediunidade'. Aos quatro anos, ela já se comunicava com os Espíritos, que considerava pessoas normais, encarnadas. Duas entidades lhe eram particularmente caras. O espírito Charles, que fora seu pai carnal e a quem considerava como tal - devido a lembranças vivas de uma encarnação passada -, foi seu orientador durante toda a sua vida, inclusive nas atividades mediúnicas. E o espírito Roberto de Canalejas, que fora médico espanhol em meados do século XIX, outra entidade pela qual a médium nutria profundo afeto e com quem tinha ligações espirituais de longa data.

Mais tarde, na vida adulta, manteria contatos mediúnicos regulares com outras entidades evoluídas, como o Dr. Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco e Frédéric Chopin. (...)

(...) A sua mediunidade, porém, foi diversificada. Foi médium psicógrafa e receitista, assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes, Charles, Roberto de Canalejas e Bittencourt Sampaio. Possuía mediunidade de efeitos físicos, chegando a realizar algumas sessões de materialização, mas nunca sentiu atração por esta modalidade mediúnica. Os trabalhos que mais gostava de fazer, no campo da mediunidade, eram os de desdobramento, incorporação e receituário homeopático. Nessa última atividade trabalhou em diversos centros espíritas de várias cidades em que morou durante seus 54 anos de labor mediúnico.

Como médium psicofônica, pode entrar em contato com obsessores, obsidiados e suicidas, aos quais devotava um carinho especial, sendo que muitos deles tornaram-se espíritos amigos. Costumava ler nos periódicos e jornais nomes de suicidas e orava por eles constantemente, catalogando-os num livro de preces criado por ela. Era o que fazia como forma de reparação ao seu suicídio pretérito por afogamento. Passado algum tempo, muitos deles vinham agradecer-lhe as orações e davam-lhe fortes abraços passeando com ela de braços dados pelo casarão em que morava, sem que ela, confusa, soubesse distinguir se o visitante era encarnado ou desencarnado.

Pelo desdobramento noturno Yvonne Pereira visitava o mundo espiritual, amparada por seus orientadores, coletando as crônicas, contos e romances com os quais hoje nos deleitamos.

Deixou 20 obras de sua lavra mediúnica, entre as quais Memórias de um Suicida, considerada por Chico Xavier a que melhor retrata a profundeza do Umbral. Este livro, ditado pelo espírito Camilo Castelo Branco, que usou o pseudônimo Camilo Cândido Botelho, foi recebido em 1926, mas editado somente 30 anos depois, em 1956, pela Federação Espírita Brasileira (FEB). (...)

(...) Foi esperantista convicta e trabalhou arduamente na sua propaganda e difusão, através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no Brasil quanto no exterior.

Yvonne Pereira serviu como médium de 1926 a 1980, quando um acidente vascular cerebral impossibilitou-a para a atividade mediúnica. Sempre humilde, terna e vivaz, morava num casarão em Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro, em companhia de sua irmã casada, Amália Pereira Lourenço, também espírita.

Na noite de 9 de março de 1984, vitimada por trombose, desencarnou durante uma cirurgia a que se submetera no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi sepultado no Cemitério de Inhaúma. Tinha 83 anos e mantivera-se solteira, cumprindo dignamente o mandato mediúnico exercido com amor e total devotamento ao semelhante.


 Trechos extraídos do site da União Espírita Mineira – Leia na íntegra






sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Frederico Fígner

 

Frederico Fígner (2 de dezembro de 1866 – 19 de janeiro de 1947) nasceu em Milewko, na então Tchecoslováquia. Migrou para os Estados Unidos quando Thomas Edison lançou um aparelho que registrava e reproduzia sons por meio de cilindros giratórios. Fascinado pela novidade levou esta novidade para o Brasil em 1891. Passou por Manaus, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife e Salvador, até chegar ao Rio de Janeiro em 1892. Já falando e entendendo um pouquinho de português abriu a primeira loja, conhecida como Casa Edison, onde abriu o primeiro estúdio de gravação e varejo de discos do Brasil, em 1900. Apesar das limitações técnicas esta foi uma revolução para a música popular brasileira.

Foi apresentado à Doutrina Espírita por Pedro Sayão, filho de Antônio Luís Sayão. Trabalhou ajudando os necessitados e fez parte da Federação Espírita Brasileira, como vice-presidente, tesoureiro e membro do Conselho Fiscal.

Em 1920 perdeu a filha e, ouvindo falar da médium de efeitos físicos, Ana Prado, foi a Belém do Pará com a esposa. No dia 1º de Abril de 1921, embarcou com toda a família e participou de sessões relatadas no livro do Dr. Nogueira de Faria, intitulado “O Trabalho dos Mortos”.

O jornalista Viriato Correia (1884-1967) assim descreve Frederico Fígner: “Aos oitenta anos tinha as vibrações, os entusiasmos, as vivacidades das juventudes estouvadas. Quem o via pelas ruas, suado, chapéu atirado para a nuca, falando aqui, falando ali, numa pressa de moço de recados, pensava estar vendo um ganhador que, em cima da hora, corria para não perder a hora do negócio. No entanto, não era para ganhar que ele vivia a correr. Rico, muito rico, não precisava entregar-se à vassalagem do ganho. Corria para servir os outros, corria para ir ao encontro dos necessitados.” 

 

Fonte FEB Facebook


sábado, 18 de novembro de 2023

Amélie-Gabrielle Boudet

 


Amélie-Gabrielle Boudet (futura Sra. Kardec) nasceu em Thiais, cidade do menor e mais populoso Departamento francês – o Sena, em 23 de novembro de 1795. Filha única de Julien-Louis Boudet, proprietário e antigo tabelião, e de Julie-Louise Seigneat de Lacombe, era conhecida na intimidade familiar pelo diminutivo Gaby.

Aliando desde cedo grande vivacidade e forte interesse pelos estudos, não foi um problema para os pais, que, a par de fina educação moral, lhe proporcionaram apurados dotes intelectuais. Após cursar o colégio primário, estabeleceu-se em Paris com a família, ingressando numa Escola Normal, de onde saiu diplomada em professora de 1ª classe.

De acordo com o Dr. Canuto de Abreu, a senhorinha Amélie foi, também, professora de Letras e Belas Artes, trazendo de encarnações passadas a tendência inata, por assim dizer, para a poesia e o desenho. Culta e inteligente, chegou a dar à luz três obras: Contos Primaveris (1825); Noções de Desenho (1826), e O Essencial em Belas Artes (1828).

Vivendo em Paris, no mundo das letras e do ensino, quis o Destino que a Srta. Amélie deparasse com o Professor Hippolyte Denizard Rivail.

De estatura baixa, mas bem proporcionada, de olhos pardos e serenos, gentil e graciosa, vivaz nos gestos e na palavra, denunciando inteligência admirável, Amélie Boudet, aliando ainda a todos esses predicados um sorriso terno e bondoso, logo se fez notar pelo circunspecto Prof. Rivail, em quem reconheceu, de imediato, um homem verdadeiramente superior, culto, polido e reto.

Casaram-se, então, no dia 6 de fevereiro de 1832. Amélie tinha nove anos mais que o Prof. Rivail, mas tal era a sua jovialidade física e espiritual, que a olhos vistos aparentava a mesma idade do marido. Jamais essa diferença constituiu entrave à felicidade de ambos.

Após concluir seus estudos com Pestalozzi, o Prof. Rivail fundara em Paris um Instituto Técnico, com orientação baseada nos métodos pestalozzianos. Madame Rivail associou-se ao esposo na difícil tarefa educacional que ele vinha desempenhando no referido Instituto há mais de cinco anos.

Em 1835, o casal sofreu doloroso revés. O Instituto foi obrigado a cerrar suas portas e a entrar em liquidação. Possuindo, porém, esposa altamente compreensiva, resignada e corajosa, fácil lhe foi sobrepor-se a esses tormentosos acontecimentos. Amparando-se mutuamente, ambos se lançaram a maiores trabalhos. Durante o dia, enquanto Rivail se encarregava da contabilidade de casas comerciais, sua esposa colaborava de alguma forma na preparação dos cursos gratuitos que haviam organizado na própria residência, e que funcionaram de 1835 a 1840.

À noite, novamente juntos, não se davam a descanso justo e merecido, mas improdutivo. Além de escrever novas obras de ensino, que, aliás, tiveram grande aceitação, o Prof. Rivail realizava traduções de obras clássicas, preparava para os cursos de Lévi-Alvarès, frequentados por toda a juventude parisiense do bairro de São Germano, e se dedicava, ainda, em dias certos da semana, juntamente com sua esposa, a lecionar as matérias estatuídas para cursos gratuitos a crianças e jovens.

Amélie Boudet era dessas mulheres boas, nobres e puras, e que, despojadas das vaidades mundanas, descobrem no matrimônio missões nobilitantes a serem desempenhadas. Nos cursos públicos de Matemáticas e Astronomia que o Prof. Rivail semanalmente lecionou, de 1843 a 1848, e aos quais assistiram não só alunos, mas também professores, no “Liceu Polimático” que fundou e dirigiu até 1850, não faltou em tempo algum o auxílio eficiente e constante de sua dedicada consorte.

Todas essas realizações e outras mais, a bem do povo, se originaram das palestras costumeiras entre os dois cônjuges, mas, como salientou a Condessa de Ségur, deve-se principalmente à mulher, as inspirações que os homens concretizam. No que toca à Madame Rivail, além de conselheira, ela foi a inspiradora de vários projetos que o marido pôs em execução. Aliás, é o que confirma o Sr. P.J. Leymarie (que com ambos estivera) ao declarar que Kardec tinha em grande consideração as opiniões de sua esposa. (...)

 

Fonte: https://www.uemmg.org.br/biografias/amelie-gabrielle-boudet



sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Manoel Philomeno de Miranda

 


Manoel Philomeno de Baptista de Miranda nasceu no dia 14 de novembro de 1876, em Jangada, Município do Conde, no Estado da Bahia. Foram seus pais Manoel Baptista de Miranda e Umbelina Maria da Conceição.

Mais conhecido como Philomeno de Miranda, diplomou-se pela Escola Municipal da Bahia (hoje Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia), colando grau na turma de 1910, como ‘Bacharel em Comércio e Fazenda’.  Exerceu sua profissão com muita probidade, sendo um exemplo de operosidade no campo profissional. Ajudava sempre aqueles que o procuravam, pudessem ou não retribuir os seus serviços. Foi tão grande em sua conduta, como na modéstia.

Em 1914, foi debilitado por uma enfermidade pertinaz, e tendo recorrido a diversos médicos, sem qualquer resultado positivo, foi curado pelo médium Saturnino Favila, na cidade de Alagoinhas, com passes e água fluidificada, complementando a cura com alguns remédios da Flora Medicinal.

Nessa época, indo a Salvador, conheceu José Petitinga, que o convidou a frequentar a União Espírita Baiana. A partir daí, Philomeno de Miranda interessou-se pelo estudo e prática do Espiritismo, tornando-se um dos mais firmes adeptos de seus ensinamentos. Fiel discípulo de Petitinga, foi autêntico diplomata no trato com o Movimento Espírita da Bahia, com capacidade para resolver todos os assuntos pertinentes às Casas Espíritas. A serviço da causa, visitava periodicamente as Sociedades Espíritas, da Capital e do Interior, procurando soluções para qualquer dificuldade.

Delicado, educado, porém decidido na luta, não dava trégua aos ataques descabidos, arremetidos por religiosos e cientistas que tentavam destruir o trabalho dos espíritas. Na União Espírita Baiana (hoje Federação Espírita do Estado da Bahia), exerceu os cargos de 2º Secretário, de 1921 a 1922, e de 1º Secretário, de 1922 a 1939, juntamente com José Petitinga e uma plêiade de grandes trabalhadores.

Dedicou-se com muito carinho às reuniões mediúnicas, especialmente, às de desobsessão.  Achava imprescindível que as instituições espíritas se preparassem convenientemente para o intercâmbio espiritual, sendo de bom alvitre que os trabalhadores das atividades desobsessivas se resguardassem ao máximo, na oração, na vigilância e no trabalho superior. Salientava a importância do trabalho da caridade, para se precaverem de sofrer ataques das entidades que se sentem frustradas nos planos nefastos de perseguições. É o caso de muitas Casas Espíritas que, a título de falta de preparo, se omitem dos trabalhos mediúnicos.

Mesmo modesto, não pôde impedir que suas atividades sobressaíssem nas diversas frentes de trabalho que empreendeu em favor da Doutrina. Na literatura escreveu Resenha do Espiritismo na Bahia e Excertos que justificam o Espiritismo, que publicou omitindo o próprio nome. Em resposta ao Padre Huberto Rohden, publicou um opúsculo intitulado Por que sou Espírita.

Philomeno de Miranda foi eleito Presidente da União Espírita Baiana, em substituição a José Petitinga, quando este desencarnou, em 25 de março de 1939, em Salvador. Por mais de vinte e quatro anos consecutivos, Miranda vinha trabalhando na Federativa, em especial, na administração, no socorro espiritual como grande doutrinador, e nos serviços da caridade, zelando sempre pelo bom nome da Doutrina, com todo o desvelo de que era possuído. Sofrendo do coração, subia as escadas a fim de não faltar às sessões, sempre animado e sorrindo. Queria extinguir-se no seu cumprimento.

Seu desencarne ocorreu no dia 14 de julho de 1942. Na antevéspera, o devotado trabalhador da Seara do Cristo, impossibilitado de comparecer fisicamente à lide na Federativa Espírita Baiana, assim o disse, segundo relata A. M. Cardoso e Silva: “Agora sim! Não vou porque não posso mais. Estou satisfeito porque cumpri o meu dever. Fiz o que pude... o que me foi possível. Tome conta dos trabalhos, conforme já determinei.”

Querido de quantos o conheceram, até o último instante demonstrou a firmeza da tranquilidade dos justos, proclamando e testemunhando a grandeza imortal da Doutrina Espírita.

 

Fonte: Sítio da UEM (https://www.uemmg.org.br/biografias/manoel-philomeno-de-miranda)

 


sábado, 25 de março de 2023

Chico Xavier, quem é você?

 


AUTOBIOGRAFIA

 

P. — Chico Xavier, ao final deste Programa, que teve a pretensão de mostrar, se não toda, pelo menos parte de sua vida, nós lhe perguntamos: Chico Xavier, quem é você?

 

R. — Meu caro Tharsis, embora seja avesso às informações autobiográficas, não posso deixar de me estender um tanto na resposta à questão que a sua bondade suscita.

Antes de tudo rogo as suas desculpas de companheiro uberabense, de distinto jornalista do nosso campo cultural, se vier a parecer pretensioso ou prolixo, o que realmente não desejo.

A pergunta que você me dirige não deixa de ser um tanto estranha, porque sendo eu um cidadão como qualquer outro, pertenço ao gênero humano e não me consta seja de praxe que esta ou aquela pessoa deva explicar quem venha ser, desde que esteja sempre circulando, qual me acontece, no relacionamento comum.

Mas, satisfazendo a sua curiosidade simpática, devo esclarecer ao prezado amigo que sou uma pessoa como tantas outras, com muitos erros na vida e alguns poucos acertos, sempre alimentando o sincero desejo de cumprir as minhas obrigações.

Não tenho qualquer privilégio material ou espiritual. No setor da profissão, trabalhei 4 anos numa fábrica de tecidos, outros 4 anos num pequeno armazém, com setores anexos de cozinha e horticultura; e outros 32 anos consecutivos no Ministério da Agricultura, no qual me aposentei na condição de escriturário, somando ao todo 40 anos de trabalho profissional.

Em mediunidade, especialmente na psicografia, completei agora, em 8 de julho corrente, meio século de atividades ininterruptas.

Psicografei até agora 150 livros, em nos referindo aos livros já publicados, que entreguei, sem qualquer remuneração, às Editoras Espíritas Cristãs, com o que reconheço estar cumprindo simplesmente um dever.

Materialmente, tenho atravessado longos períodos de moléstia física. Sou portador de luxação no olho esquerdo desde muitos anos e, em verdade, tenho recebido muito auxílio dos amigos espirituais nos tratamentos de saúde a que tenho me submetido, mas já passei por cinco cirurgias de grande porte, sempre pelas mãos de médicos cirurgiões humanos e amigos, submetendo-me a instruções médicas e a regimes hospitalares, como sucede a qualquer doente comum. A mediunidade não me deu imunidades contra doenças e tentações naturais na existência humana, porque ainda agora, numa ocorrência muito natural a qualquer pessoa com 67 janeiros de idade física, sou portador de um processo de angina, que me obriga a tratamento diário muito complexo.

Segundo você mesmo, caro amigo, pode observar, sou uma pessoa demasiadamente comum, sem pretensões a qualquer destaque, que nada fiz por merecer.

Devo esclarecer a você que não tenho o privilégio de viver o tempo ao meu dispor, de vez que, como acontece a qualquer pessoa que preza os compromissos, o relógio tem muita importância em minha vida, conquanto me sinta muito feliz quando possa sustentar essa ou aquela conversação com os amigos, o que para mim não é um prazer muito acessível, em virtude das muitas tarefas a que estou vinculado.

Para clarear, tanto quanto possível, a minha resposta à sua pergunta, esclareço que em matéria de estudos tive apenas o curso primário, na cidade de Pedro Leopoldo, onde nasci. Mas, naturalmente, ouvindo instruções e escrevendo instruções com o Espírito de Emmanuel e outros Espíritos amigos, desde 1927, é impossível que a minha inteligência, mesmo estreita quanto é, não obtivesse alguma evolução e algum aprimoramento em meio século de trabalho espiritual incessante.

Esclareço ainda a você que pertenço, morfologicamente, ao sexo masculino, e qual ocorre com as pessoas que sentem e pensam muito sobre as próprias responsabilidades, psicologicamente tenho os conflitos naturais, inerentes a essas mesmas pessoas, conflitos estes que procuro asserenar, tanto quanto possível, com o apoio da religião, pois não creio que possamos vencer as nossas tendências inferiores ou animalizantes sem fé em Deus, sem a prática de uma religião que nos controle os impulsos e nos eduque os sentimentos.

Passei por muitas lutas espirituais, desde tenra idade, em matéria de faculdades mediúnicas. Mas, com a Doutrina Espírita, em que Allan Kardec explica os ensinamentos de Jesus, há precisamente meio século, encontrei nas tarefas espíritas o equilíbrio possível, de que eu necessitava, para viver e conviver com os meus irmãos em humanidade e para trabalhar como qualquer cidadão que deseja ser útil à sua família e ao seu grupo social.

Informo ainda a você que o trabalho mediúnico foi sempre muito intenso em minha vida, e que continuo solteiro, sentindo-me feliz nessa condição.

Aproveito ainda o ensejo para dizer ao bom amigo que sou muito grato aos companheiros e autoridades que se referem, com tanta generosidade e carinho, ao meio século de serviço mediúnico que completei agora, mas esclareço a você, meu caro Tharsis, que se algum apontamento elogioso aparece aqui e ali, esse apontamento pertence ao Espírito de Emmanuel, e a outros Benfeitores Espirituais que se comunicam por meu intermédio, em minha condição simples de medianeiro espírita, e que de mim mesmo não passo de um médium muito falho em tudo, precisando sempre das preces e das vibrações de apoio das pessoas amigas, espíritas ou não espíritas, que possam fazer a caridade de orar em meu favor, para que eu possa cumprir o meu dever.

A você, meu caro amigo Tharsis, muito obrigado.

 

Francisco Cândido Xavier – Livro: Entender conversando

 

 

Entrevista concedida ao jornalista e radialista Tharsis Bastos de Barros, para um Programa comemorativo dos 50 anos de atividades mediúnicas ininterruptas de Francisco C. Xavier, intitulado: “Especial com Chico Xavier”, e levado ao ar pela Rádio Sete Colinas, de Uberaba, MG, em fins de julho de 1977.

 

NASCIMENTO CHICO XAVIER – 02/04/1910