sábado, 30 de novembro de 2019
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
Jesus e você
Nosso Mestre não se serviu de condições excepcionais no mundo
para exaltar a Luz da Verdade e a Bênção do Amor.
Em razão disso, não aguarde renovação exterior na vida diária,
para ajudar.
Comece imediatamente a própria sublimação.
Jesus não tinha uma pedra onde recostar a cabeça.
Se você dispõe de mínimo recurso, já possui mais que Ele.
Jesus, em seu tempo, não desfrutou qualquer expressão social.
Se você detém algum estudo ou título, está em situação
privilegiada.
Jesus esperou até aos trinta nos para servir mais
decisivamente.
Se você é jovem e pode ser útil, usufrui magnífica
oportunidade.
Jesus partiu aos trinta e três anos.
Se você vive na idade amadurecida e dispõe do ensejo de
auxiliar, agradeça ao Alto, dando mais de si mesmo.
Jesus não contou com os familiares nas tarefas a que se
propôs.
Se você convive em paz no recinto doméstico, obtendo alguma
cooperação em favor dos outros, bendiga sempre essa dádiva inestimável.
Jesus não encontrou ninguém que o amparasse na hora difícil.
Se você recebe o apoio de alguém nos momentos críticos, saiba
ser grato.
Jesus nada pôde escrever.
Se você consegue grafar pensamentos na expansão do bem,
colabore sem tardança para a felicidade de todos.
Vemos, assim, que a vida real nasce e evolui no Espírito
eterno e não depende de aparências para projetar-se no rumo da perfeição.
Jesus segue à frente de nós. Se você deseja acertar, basta
apenas segui-lo.
Sigamo-lo pois.
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André Luiz / Chico Xavier – Livro: O Espírito da
Verdade
Paz do mundo e paz do Cristo
“A
paz vos deixo, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.” Jesus
(João, 14:27.)
É indispensável não confundir a paz do
mundo com a paz do Cristo.
A calma do plano inferior pode não
passar de estacionamento.
A serenidade das esferas mais altas
significa trabalho divino, a caminho da Luz Imortal.
O mundo consegue proporcionar muitos
acordos e arranjos nesse terreno, mas somente o Senhor pode outorgar ao
espírito a paz verdadeira.
Nos círculos da carne, a paz das
nações costuma representar o silêncio provisório das baionetas; a dos
abastados inconscientes é a preguiça improdutiva e incapaz; a dos que se
revoltam, no quadro de lutas necessárias, é a manifestação do desespero
doentio; a dos ociosos sistemáticos é a fuga ao trabalho; a dos arbitrários é
a satisfação dos próprios caprichos; a dos vaidosos é o aplauso da
ignorância; a dos vingativos é a destruição dos adversários; a dos maus é a
vitória da crueldade; a dos negociantes sagazes é a exploração inferior; a
dos que se agarram às sensações de baixo teor é a viciação dos sentidos; a
dos comilões é o repasto opulento do estômago, embora haja fome espiritual no
coração.
Há muitos ímpios, caluniadores,
criminosos e indiferentes que desfrutam a paz do mundo. Sentem-se
triunfantes, venturosos e dominadores no século. A ignorância endinheirada, a
vaidade bem vestida e a preguiça inteligente sempre dirão que seguem muito
bem.
Não te esqueças, contudo, de que a paz
do mundo pode ser, muitas vezes, o sono enfermiço da alma. Busca, desse modo,
aquela paz do Senhor, paz que excede o entendimento, por nascida e cultivada,
portas a dentro do espírito, no campo da consciência e no santuário do
coração.
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Livro Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier –
Lição 105
Os mártires do Espiritismo
A respeito da questão dos milagres do Espiritismo, que nos
tinha sido proposta e que foi tratada em nosso último número, também nos
propuseram esta pergunta: “Os mártires selaram com o próprio sangue a verdade
do Cristianismo. Onde estão os mártires do Espiritismo?”
Tendes, pois, muita pressa em ver os espíritas na fogueira e
atirados às feras, o que leva a supor que boa vontade não vos faltaria se
isto ainda pudesse acontecer. Quereis, a todo custo, promover o Espiritismo à
categoria de uma religião! Notai que ele jamais teve essa pretensão; nunca se
colocou como rival do Cristianismo, do qual declara ser filho; que combate
seus mais cruéis inimigos: o ateísmo e o materialismo. Ainda uma vez, é uma
filosofia que repousa sobre as bases fundamentais de toda religião e na moral
do Cristo; se renegasse o Cristianismo, ele se desmentiria e se suicidaria.
São seus inimigos que o apresentam como uma nova seita, que lhe deram
sacerdotes e sumo-sacerdotes.
De tanto gritarem que é uma religião, as pessoas acabarão por
crer.
É preciso ser uma religião para possuir seus mártires? A
Ciência, as artes, o gênio, o trabalho e as ideias novas não tiveram, em
todas as épocas, os seus mártires?
Não ajudam a fazer mártires os que apontam os espíritas como
reprovados, como párias de quem se deve fugir ao contato? Os que sublevam
contra eles a populaça ignorante a ponto de lhes tirar os meios de
subsistência, esperando vencê-los pela fome, em falta de boas razões? Bela
vitória se o conseguissem! Mas a semente está lançada e germina em toda
parte; se for abafada num ponto, crescerá em cem outros. Tentai, pois, ceifar
a terra inteira!
Deixemos, porém, que falem os Espíritos encarregados de
responder à questão.
I
Pedistes milagres e hoje pedis mártires! Já existem os mártires
do Espiritismo: entrai nas casas e os vereis. Exigis perseguidos: abri, pois,
o coração desses fervorosos adeptos da ideia nova, que lutam contra os
preconceitos, com o mundo, muitas vezes até com a família! Como seus corações
sangram e se enchem quando seus braços se estendem para abraçar um pai, uma
mãe, um irmão ou uma esposa e não recebem, como paga de suas carícias e de
seus transportes, senão sarcasmos, sorrisos de desdém e desprezo! Os mártires
do Espiritismo são os que, a cada passo, ouvem estas palavras insultuosas:
louco, insensato, visionário!... E durante muito tempo terão de suportar
essas afrontas da incredulidade e outros sofrimentos ainda mais amargos; mas
a sua recompensa será bela, porque se o Cristo mandou preparar um lugar
soberbo para os mártires do Cristianismo, o que prepara aos mártires do
Espiritismo será ainda mais brilhante. Mártires do Cristianismo na infância,
marchavam para o suplício com coragem e resignação, porque não contavam
sofrer senão dias, horas e segundos do martírio, aspirando depois a morte
como única barreira a transpor para viver a vida celeste. Os mártires do Espiritismo
não devem buscar nem desejar a morte; devem sofrer tanto tempo quanto praza a
Deus deixá-los na Terra, e não ousam julgar-se dignos dos puros gozos
celestes logo que deixam a vida.
Oram e esperam, murmurando palavras de paz, de amor e de perdão
aos que os torturam, enquanto aguardam novas encarnações nas quais poderão
resgatar suas faltas passadas.
O Espiritismo se elevará como um templo soberbo. No começo os
degraus serão difíceis de subir; mas, transpostos os primeiros degraus, os
Espíritos bons ajudarão a vencer os outros até um lugar plano e reto que
conduz a Deus.
Ide, ide, filhos, pregar o Espiritismo! Pedem mártires: vós
sois os primeiros que o Senhor marcou, pois sois apontados a dedo e tratados
como loucos e insensatos, por causa da verdade!
Mas, eu vo-lo digo, em breve vai chegar a hora da luz; então,
não mais haverá perseguidores nem perseguidos: sereis todos irmãos e o mesmo
banquete reunirá opressores e oprimidos!
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Santo Agostinho – Revista Espírita – abril / 1862
sábado, 23 de novembro de 2019
Ideias preconcebidas
Temos-vos dito muitas
vezes que investiguem as comunicações que vos são dadas, submetendo-as à
análise da razão, e que não tomeis sem exame as inspirações que vêm agitar o
vosso Espírito, sob a influência de causas por vezes muito difíceis de constatar
pelos encarnados, entregues a distrações sem-número.
As ideias puras que,
por assim dizer, flutuam no espaço (segundo a ideia platônica), levadas pelos
Espíritos, nem sempre podem alojar-se sozinhas e isoladas no cérebro dos
vossos médiuns. Muitas vezes encontram o lugar ocupado por ideias preconcebidas,
que se espalham com o jacto da inspiração, perturbando-o e transformando-o de
maneira inconsciente, é verdade, mas algumas vezes de maneira bastante
profunda para que a ideia espiritual se ache, assim, inteiramente
desnaturada.
A inspiração encerra
dois elementos: o pensamento e o calor fluídico destinado a excitar o
Espírito do médium, dando-lhe o que chamais a verve da composição. Se a
inspiração encontrar o lugar ocupado por uma ideia preconcebida, da qual o
médium não pode ou não quer desligar-se, nosso pensamento fica sem intérprete
e o calor fluídico se gasta em estimular uma ideia que não é nossa. Quantas
vezes em vosso mundo egoísta e apaixonado temos trazido o calor e a ideia!
Desdenhais a ideia, que vossa consciência deveria fazer-vos reconhecer e vos
apoderais do calor, em benefício de vossas paixões terrenas, por vezes
dilapidando o bem de Deus em proveito do mal. Assim, quantas contas terão de prestar
um dia todos os advogados das causas equivocadas!
Sem dúvida seria
desejável que as boas inspirações pudessem sempre dominar as ideias
preconcebidas. Mas, então, entravaríamos o livre-arbítrio da vontade do homem
e, assim, este último escaparia à responsabilidade que lhe pertence. Mas se
somos apenas os conselheiros auxiliares da Humanidade, quantas vezes nos
devemos felicitar, quando nossa ideia, batendo à porta de uma consciência
estreita, triunfa da ideia preconcebida e modifica a convicção do inspirado!
Entretanto, não se deveria crer que nosso auxílio mal-empregado não traísse
um pouco o mau uso que dele podem fazer. A convicção sincera encontra acentos
que, partidos do coração, chegam ao coração; a convicção simulada pode satisfazer
as convicções apaixonadas, vibrando em uníssono com a primeira, mas traz um
frio particular que deixa a consciência malsatisfeita e revela uma origem
duvidosa.
Quereis saber de onde
vêm os dois elementos da inspiração mediúnica? A resposta é fácil: a ideia
vem do mundo extraterrestre – é a inspiração própria do Espírito. Quanto ao
calor fluídico da inspiração, nós o encontramos e o tomamos em vós mesmos; é
a parte quintessenciada do fluido vital em emanação; algumas vezes nós a
tomamos do próprio inspirado, quando este é dotado de certo poder fluídico,
ou mediúnico, como dizeis; na maioria das vezes nós o tomamos em seu
ambiente, na emanação de benevolência, de que está mais ou menos cercado. É
por isto que se pode dizer com razão que a simpatia torna eloquente.
Se refletirdes
atentamente nestas causas, encontrareis a explicação de muitos fatos que a
princípio causam admiração, mas dos quais cada qual possui uma certa
intuição. Só a ideia não bastaria ao homem, se não se lhe desse o poder de
exprimi-la. O calor é para a ideia o que o perispírito é para o Espírito, o
que o vosso corpo é para a alma. Sem o corpo a alma seria impotente para agitar
a matéria; sem o calor, a ideia seria impotente para comover os corações.
A conclusão desta
comunicação é que jamais deveis abdicar de vossa razão, ao examinardes as
inspirações que vos são submetidas. Quanto mais o médium tem ideias
adquiridas, mais é ele suscetível de ideias preconcebidas, mais deve fazer
tábula rasa de seus próprios pensamentos, abandonar as influências que o agitam
e dar à sua consciência a abnegação necessária a uma boa comunicação.
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Pascal - Revista
Espírita Espírita – maio / 1865
Nos mesmos pratos
“E ele, respondendo, disse: O que
mete comigo a mão no prato, esse me há de trair.” (Mateus, 26:23)
Toda ocorrência, na missão de Jesus, reveste-se de profunda expressão simbólica.
Dificilmente o ataque de estranhos poderia provocar o Calvário doloroso.
Os juízes do Sinédrio, pessoalmente, não se achavam habilitados a
movimentar o sinistro assunto, nem os acusadores gratuitos do Mestre
poderiam, por si mesmos, efetuar o processo infamante.
Reclamava-se alguém que fraquejasse e traísse a si mesmo.
A ingratidão não é planta de campo contrário.
O infrator mais temível, em todas as boas obras, é sempre o amigo transviado,
o companheiro leviano e o irmão indiferente.
Não obstante o respeito que devemos a Judas redimido, convém recordar a lição,
em favor do serviço de vigilância, não somente para os discípulos em aprendizado,
a fim de que não fracassem, como também para os discípulos em testemunho para
que exemplifiquem com o Senhor, compreendendo, agindo e perdoando.
Nas linhas do trabalho cristão, não é demais aguardar grandes lutas e grandes
provas, considerando-se, porém, que as maiores angústias não procederão de
círculos adversos, mas justamente da esfera mais íntima, quando a inquietação
e a revolta, a leviandade e a imprevidência penetram o coração daqueles que
mais amamos.
De modo geral, a calúnia e o erro, a defecção e o fel não partem de
nossos opositores declarados, mas, sim, daqueles que se alimentam conosco,
nos mesmos pratos da vida. Conserve-se cada discípulo plenamente informado,
com respeito a semelhante verdade, a fim de que saibamos imitar o Senhor, nos
grandes dias.
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Livro
Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier – Lição 104
Dias difíceis
Há dias que parecem não
ter sido feitos para ti.
Amontoam-se tantas
dificuldades, inúmeras frustrações e incontáveis aborrecimentos, que chegas a
pensar que conduzes o globo do mundo sobre os ombros dilacerados.
Desde cedo, ao te
ergueres do leito, pela manhã, encontras a indisposição moral do companheiro
ou da companheira, que te arremessa todos os espinhos que o mau humor
conseguiu acumular ao longo da noite.
Sentes o travo do fel
despejado em tua alma, mas crês que tudo se modificará nos momentos
seguintes.
Sais à rua, para
atender a esse ou àquele compromisso cotidiano, e te defrontas com a agrestia
de muitos que manejam veículos nas vias públicas e que os convertem em armas
contra os outros; constatas o azedume do funcionário ou do balconista que te
atende mal, ou vês o cinismo de negociantes que anseiam por te entregar
produtos de má qualidade a preços exorbitantes, supondo-te imbecil. Mesmo
assim, admites que, logo, tudo se alterará, melhorando as situações em torno.
Encontras-te com
familiares ou pessoas amigas que te derramam sobre a mente todo o quadro dos
problemas e tragédias que vivenciam, numa enxurrada de tormentos, perturbando
a tua harmonia ainda frágil, embora não te permitam desabafar as tuas
angústias, teus dramas ou tuas mágoas represadas na alma. Em tais
circunstâncias, pensas que deves aguardar que essas pessoas se resolvam com a
vida até um novo encontro.
São esses os dias em
que as palavras que dizes recebem negativa interpretação, o carinho que
ofereces é mal visto, tua simpatia parece mero interesse, tuas reservas são
vistas como soberba ou má vontade. Se falas, ou se calas, desagradas.
Em dias assim, ainda
quando te esforces por entender tudo e a todos, sofres muito e a costumeira
tendência, nessas ocasiões, é a da vitimação automática, quando se passa a
desenvolver sentimentos de autopiedade.
No entanto, esses dias
infelizes pedem-nos vigilância e prece fervorosa, para que não nos percamos
nesses cipoais de pensamentos, de sentimentos e de atitudes perturbadores.
São dias de avaliação,
de testes impostos pelas regentes leis da vida terrena, desejosas de que te
observes e verifiques tuas ações e reações à frente das mais diversas
situações da existência.
Quando perceberes que muita
coisa à tua volta passa a emitir um som desarmônico aos teus ouvidos; se
notares que escolhendo direito ou esquerdo não escapas da ácida crítica, o
teu dever será o de te ajustares ao bom senso. Instrui-te com as situações e
acumula o aprendizado das horas, passando a observar bem melhor as
circunstâncias que te cercam, para que melhor entendas, para que, enfim,
evoluas.
Não te olvides de que
ouvimos a voz do Mestre Nazareno, há distanciados dois milênios, a dizer-nos:
No mundo só tereis aflições...
Conhecedores dessa
realidade, abrindo a alma para compreender que a cada dia basta o seu mal...,
tratarás de te recompor, caso tenha-se deixado ferir por tantos petardos,
quando o ideal teria sido agir como o bambuzal diante da ventania. Curvar-se,
deixar passar o vendaval, a fim de te reergueres com tranquilidade, passado o
momento difícil.
Há, de fato, dias
difíceis, duros, caracterizando o teu estádio de provações indispensáveis ao
teu processo de evolução. A ti, porém, caberá erguer a fronte buscando o rumo
das estrelas formosas, que ao longe brilham, e agradecer a Deus por poderes
afrontar tantos e difíceis desafios, mantendo-te firme, mesmo assim.
Nos dias difíceis da
tua existência, procura não te entregares ao pessimismo, nem ao lodo do
derrotismo, evitando alimentar todo e qualquer sentimento de culpa, que te
inspirariam o abandono dos teus compromissos, o que seria teu gesto mais
infeliz.
Põe-te de pé, perante
quaisquer obstáculos, e sê fiel aos teus labores, aos deveres de aprender,
servir e crescer, que te trouxeram novamente ao mundo terrestre.
Se lograres a superação
suspirada, nesses dias sombrios para ti, terás vencido mais um embate no rol
dos muitos combates que compõem a pauta da guerra em que a Terra se encontra
engolfada.
Confia na ação e no
poder da luz, que o Cristo representa, e segue com entusiasmo para a
conquista de ti mesmo, guardando-te em equilíbrio, seja qual for ou como for
cada um dos teus dias.
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Camilo / Raul Teixeira,
em 30.12.2002, na Sociedade Espírita Fraternidade, Niterói-RJ – Fonte: www.raulteixeira.com.br
Efeméride: Nascimento de Amélie-Gabrielle Boudet
Amélie-Gabrielle Boudet foi professora de Letras e Belas Artes, artista plástica e autora das obras “Contos Primaveris” (1825), “Noções de Desenho” (1826) e “O essencial em Belas Artes” (1828). Foi esposa de Hippolyte-Léon-Denizard Rivail, o Codificador da Doutrina Espírita, sob o pseudônimo de Allan Kardec.
"Sexo e Destino" - Andrezinho fala sobre responsabilidade
O avatar da Microcampanha “A Vida no Mundo Espiritual”, Andrezinho, aborda a consciência e a responsabilidade do conhecimento, lição presente em “Sexo e Destino”, a décima segunda obra da série.
O livro foi ditado por André Luiz a Chico Xavier e a Waldo Vieira, e completa 54 anos de lançamento em 2019.
O livro foi ditado por André Luiz a Chico Xavier e a Waldo Vieira, e completa 54 anos de lançamento em 2019.
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
A imortalidade
Como pode um homem, e
um homem inteligente, não crer na imortalidade da alma e, consequentemente,
numa vida futura, que não é outra senão a do Espiritismo? Em que se tornariam
esse amor imenso que a mãe devota ao filho, esses cuidados com que o cerca na
infância, essa atitude esclarecida que o pai dedica à educação desse ser bem-amado?
Tudo isso seria, então, aniquilado no momento da morte ou da separação?
Seríamos, assim,
semelhantes aos animais, cujo instinto é admirável, sem dúvida, mas que não
cuidam de sua progênie com ternura senão até o momento em que ela cessa de
ter necessidade dos cuidados maternos?
Chegado esse momento,
os pais abandonam os filhos e tudo está acabado: o corpo está criado, a alma
não existe.
Mas o homem não teria
uma alma, e uma alma imortal! E o gênio sublime, que só se pode comparar a
Deus, tanto d’Ele emana, esse gênio que gera prodígios, que cria obras
primas, seria aniquilado pela morte do homem!
Profanação! Não se pode
aniquilar assim as coisas que vêm de Deus. Um Rafael, um Newton, um Miguel Ângelo
e tantos outros gênios sublimes abarcam ainda o Universo em seu Espírito,
embora seus corpos não mais existam.
Não vos enganeis; eles
vivem e viverão eternamente. Quanto a se comunicarem convosco, é menos fácil
de admitir pela generalidade dos homens.
Somente pelo estudo e pela observação eles
podem adquirir a certeza de que isso é possível.
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Fénelon – Revista
Espírita - abril/1860
Perante a multidão
“E outros, zombando, diziam: Estão
cheios de mosto.” (Atos, 2:13)
A lição colhida pelos discípulos de Jesus, no Pentecostes, ainda é um símbolo
vivo para todos os aprendizes do Evangelho, diante da multidão.
A revelação da vida eterna continua em todas as direções.
Aquele “som como de um vento veemente e impetuoso” e aquelas “línguas de
fogo” a que se refere a descrição apostólica, descem até hoje sobre os continuadores
do Cristo, entre os filhos de todas as nações.
As expressões do Pentecostes dilatam-se, em todos os países, embora as vibrações
antagônicas das trevas.
Todavia, para milhares de ouvintes e observadores apenas funcionam alguns
raros apóstolos, encarregados de preservarem a divina luz.
Realmente, são inumeráveis aqueles que, consciente ou inconscientemente,
recebem os benefícios da celeste revelação; entretanto, não são poucos os zombadores
de todos os tempos, dispostos à irreverência e à ironia, diante da verdade.
Para esses, os leais seguidores do Mestre estão embriagados e loucos.
Não compreendem a humildade que se consagra ao bem, a fraternidade que dá sem
exigências descabidas e a fé que confia sempre, não obstante as tempestades.
É indispensável não estranhar o assédio desses pobres inconscientes, se
te dispões, efetivamente, a servir ao Senhor da Vida.
Cercar-te-ão o trabalho, acusando-te de bêbado; criticar-te-ão as
atitudes, chamando-te covarde; escutar-te-ão as palavras de amor, conservando
a ironia na boca. Para eles, a tua abnegação será envilecimento, a tua
renúncia significará incapacidade, a tua fé será interpretada à conta de
loucura.
Não hesites, porém, no espírito de serviço. Permaneces, como os
primeiros apóstolos, nas grandes praças, onde se acotovelam homens e
mulheres, ignorantes e sábios, velhos e crianças...
Aperfeiçoa tuas qualidades de recepção, onde estiveres, porque o Senhor
te chamou para intérprete de Sua Voz, ainda que os maus zombem de ti.
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O céu e o inferno
A genialidade de Allan
Kardec possibilitou a materialização da Doutrina Espírita na Terra.
Originário da sabedoria dos Espíritos Superiores, o Espiritismo foi
codificado pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail. Para assinar
as obras básicas que revelariam a mensagem de renovação social da Humanidade,
preferiu humildemente adotar o pseudônimo Allan Kardec. Este nome se deve a
uma encarnação sua como druida na época de Jesus.
A nova doutrina atesta
o caráter de revelação espiritual pelo registro em cinco livros. Como ocorreu
com a primeira revelação da Justiça personificada em Moisés (Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio) e a segunda revelação do Amor personificada
em Jesus (Evangelho segundo Mateus, Marcos, Lucas, João e Atos dos
Apóstolos), assim também se deu com a terceira revelação da Verdade, de
origem espiritual coletiva (O livro dos espíritos, O livro dos médiuns, O
evangelho segundo o espiritismo, O céu e o inferno e A gênese). Todas
registradas para a história em cinco livros principais, conhecidas como Torá,
Pentateuco ou Obras Básicas.
A didática estruturação
kardequiana da principal e primeira obra espírita, O livro dos espíritos (1.
ed. 1857 e edição definitiva, a 2. ed., em 1860) deu origem aos outros quatro
livros do Pentateuco kardequiano. Da segunda parte do LE surgiu O livro dos
médiuns (1. ed. 1861 e edição definitiva, a 2. ed., em 1861). Da terceira
parte, O evangelho segundo o espiritismo (1. ed. 1864 e edição definitiva, a
3. ed., em 1866). Da quarta, O céu e o inferno (1. ed. 1865 e edição
definitiva, a 4. ed., em 1869). E a primeira parte deu origem ao livro A
gênese (1. ed. 1868 e edição definitiva, a 5. ed., em 1872).
Todas as cinco obras
são importantes. Entretanto, para destacar especificamente O céu e o inferno,
podemos resumir assim:
É uma das cinco obras
básicas da Codificação do Espiritismo. Seu principal escopo é explicar a
Justiça de Deus à luz da Doutrina Espírita. Objetiva demonstrar a imortalidade
do Espírito e a condição que ele usufruirá no Mundo Espiritual, como
consequência de seus próprios atos. Divide-se em duas partes: A primeira
estabelece um exame comparado das doutrinas religiosas sobre a vida após a
morte. Mostra fatos como a morte de crianças, acidentes coletivos e uma gama
de problemas que só a imortalidade da alma e a reencarnação explicam
satisfatoriamente. Kardec procura elucidar temas como: anjos, céu, demônios,
inferno, penas eternas, purgatório, temor da morte, a proibição mosaica sobre
a evocação dos mortos, dentre outros. Apresenta, também, a explicação
espírita contrária à doutrina das penas eternas. A segunda parte, resultante
de um trabalho prático, reúne exemplos acerca da situação da alma durante e
após a desencarnação. São depoimentos de criminosos arrependidos, de
Espíritos endurecidos, de Espíritos felizes, medianos, sofredores, suicidas e
em expiação terrestre.
Da primeira parte,
destacamos o capítulo 7, que apresenta o Código Penal da Vida Futura, em 33
artigos. Ali, aprendemos que o sofrimento do Espírito é inerente a sua
imperfeição. O uso inadequado do livre-arbítrio nos faz sofrer, mas o seu
correto uso conduz-nos à felicidade como resultante de nossas escolhas
acertadas. Kardec conclui o citado código com a assertiva de Jesus: “a cada
um segundo as suas obras”, como prerrogativa da Justiça de Deus.
Com a palavra o
Codificador no 33º artigo:
Em que pese à
diversidade de gêneros e graus de sofrimentos dos Espíritos imperfeitos, o
código penal da vida futura pode resumir-se nestes três princípios: 1. O
sofrimento é inerente à imperfeição. 2. Toda imperfeição, assim como toda
falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas consequências
naturais e inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade
nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta
ou indivíduo. 3. Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito
da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a futura
felicidade. A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra - tal é a
lei da Justiça Divina.
A abertura da segunda
parte traz um tratado sobre o passamento. Allan Kardec inicia com sua
peculiar arguição, sensata e provocativa:
A certeza da vida
futura não exclui as apreensões quanto à passagem desta para a outra vida. Há
muita gente que teme não a morte, em si, mas o momento da transição. Sofremos
ou não nessa passagem? Por isso se inquietam, e com razão, visto que ninguém
foge à lei fatal dessa transição. Podemos dispensar-nos de uma viagem neste
mundo, menos essa. Ricos e pobres, devem todos fazê-la, e, por dolorosa que
seja a franquia, nem posição nem fortuna poderiam suavizá-la.
O estudo das obras de
Allan Kardec nos dão segurança para o conhecimento da Doutrina Espírita em
seus fundamentos. A leitura de O céu e o inferno possibilita-nos conhecer
qual será a nossa situação no Mundo Espiritual após a desencarnação, e como
nos preparar para a transição do fenômeno natural e inevitável da morte, que
é o passaporte para a verdadeira Vida.
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Geraldo Campetti
Sobrinho - vice-presidente da Federação Espírita Brasileira
Fonte: www.febnet.org.br
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