sábado, 11 de maio de 2024
quinta-feira, 18 de abril de 2024
Dia Nacional do Espiritismo
"O Espiritismo é uma ciência que trata da Natureza, origem e
destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal."
Allan Kardec.
O
lançamento de O livro dos espíritos, em 18 de abril de 1857, marca o início da
divulgação da Doutrina Espírita no mundo. São 167 anos de história que, a
partir de 2023, entrou para o calendário comemorativo oficial do Brasil com a
lei nº 14.354, publicada em 31 de maio de 2022 no Diário Oficial da União,
decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pela presidência da república, que instituiu a data como Dia Nacional do Espiritismo.
domingo, 31 de março de 2024
quinta-feira, 7 de março de 2024
sexta-feira, 12 de janeiro de 2024
Tópicos da mediunidade
Fortaleçamos o
entendimento, conservando a confiança na Divina Bondade. Nenhuma razão para
agravar problemas íntimos quando a mediunidade aparece. A mediunidade com Jesus
requer firmeza e trabalho ativo de nossa colaboração na seara espírita.
Jesus está
conosco e Nele nos cabe depositar toda a fé. Alegremos o coração; procuremos
arejar os pensamentos e prossigamos adiante!
* * *
A mediunidade
é condição espiritual, sempre com imenso nexo no passado da alma. É preciso nos
mantenhamos valorosos e pacientes, no serviço gradativo de nossa transformação
para o Bem. Ajudemo-nos a nós mesmos. Não esmoreçamos!
Ergue-se a
casa, elemento a elemento. Seja qual for a dificuldade psíquica, não fujamos ao
trabalho. O estudo ilumina, mas só a caridade sustenta.
Não nos
sintamos cansados da luta. Sirvamos, e a mediunidade com expressivo conteúdo de
provação, será para nós o caminho sublime para nosso campo de paz e luz.
* * *
Para que o
nosso desenvolvimento mediúnico avance com o acerto necessário, não nos doa ao
coração o imperativo da cooperação, em favor dos irmãos sofredores mais
necessitados do ponto de vista moral. Isso é impositivo da caridade cristã a
que não devemos fugir, na certeza de que amparando a eles, nossos amigos menos
felizes, estaremos ajudando a nós mesmos. Fé e confiança!
* * *
Continuemos
empenhando a confiança no Senhor da Vida e, o coração e a força à tarefa.
Pelo exercício
salutar das faculdades mediúnicas, as nossas energias estarão recebendo
precioso acréscimo de bênçãos.
Guardemos o
coração tranquilo e valoroso! Prossigamos trabalhando mediunicamente com o
entusiasmo habitual. Confiemos na Misericórdia Divina e esperemos sempre o
melhor das mãos de Jesus!
* * *
A fidelidade
às nossas tarefas espirituais, com o estudo e a caridade a nos apoiarem o
esforço, é a nossa bênção de saúde e reequilíbrio completo.
Trabalhemos! O
desdobramento de nossas forças mediúnicas com Jesus merecerá sempre a melhor
atenção de nossos Amigos Espirituais.
* * *
Confiança e
bom ânimo! Prossigamos em nossas abençoadas tarefas mediúnicas e, através do
serviço aos nossos irmãos encarnados e desencarnados, novas energias nos
felicitarão o caminho.
* * *
Sempre que
trabalhemos, guardando a fé viva, na certeza de que Deus, na bênção do tempo,
auxiliar-nos-á na solução de todos os problemas e lutas, as nossas tarefas
mediúnicas prosseguirão amparadas com segurança.
* * *
Com nossas
forças mediúnicas canalizadas no trabalho edificante de que temos nós
necessidade, com a bênção do Alto, nos surpreenderemos mais robustos e serenos,
equilibrados e tranquilos. Prossigamos! Não nos faltará o apoio dos Instrutores
da Vida Maior. Socorrer os desencarnados sofredores é socorrer a nós mesmos! Continuemos
tocados de bom ânimo, na certeza de que o Senhor nos abençoará sempre e sempre.
* * *
Prossigamos em
nossas tarefas mediúnicas de vez que as bênçãos de hoje, na Seara do Bem,
ser-nos-ão, amanhã, generoso celeiro de paz e luz!
Bezerra de
Menezes / Chico Xavier – Livro: Apelos cristãos
sexta-feira, 5 de janeiro de 2024
A Gênese
Introdução
À primeira edição publicada em janeiro de 1868
Esta nova obra
é mais um passo avante nas consequências e aplicações do Espiritismo. Assim
como seu título indica, ela tem por objeto o estudo de pontos, até hoje, diversamente
interpretados e comentados: A Gênese, os milagres e as predições, em suas
relações com as novas leis que decorrem da observação dos fenômenos espíritas.
Dois
elementos, ou, se o quiserem, duas forças regem o Universo: o elemento
espiritual e o elemento material; da ação simultânea desses dois princípios
nascem os fenômenos especiais, que são naturalmente inexplicáveis se fizermos
abstração de um dos dois, absolutamente como a formação da água seria
inexplicável se fizéssemos abstração de um dos seus dois elementos
constituintes: o oxigênio e o hidrogênio.
O Espiritismo,
demonstrando a existência do mundo espiritual e suas relações com o mundo
material, dá a chave de uma imensidade de fenômenos incompreendidos e, por isso
mesmo, considerados como inadmissíveis por uma certa classe de pensadores. Esses
fatos são abundantes nas Escrituras, e é por não conhecerem a lei que os rege,
que os comentadores dos dois campos opostos tornam sem cessar ao mesmo círculo
de ideias, uns fazendo abstração dos dados positivos da ciência e os outros do
princípio espiritual, não podendo chegar a uma solução racional.
Essa solução
está na ação recíproca do Espírito e da matéria. Ela tira, é verdade, à maioria
desses fatos seu caráter sobrenatural; mas qual é melhor: admiti-los como
resultado das leis da Natureza, ou lhes rejeitar tudo de fato? Sua rejeição
absoluta resulta [na rejeição] daquela base mesma do edifício, enquanto que sua
admissão a esse título, não suprimindo senão os acessórios, deixa essa base
intacta. É por isso que o Espiritismo conduz tanta gente à crença em verdades
que elas antes consideravam como utopias.
Esta obra é,
pois, como já o dissemos, um complemento das aplicações do Espiritismo, de um
ponto de vista especial. Os materiais se achavam prontos, ou, pelo menos,
elaborados desde longo tempo; mas, ainda não chegara o momento de serem
publicados. Era necessário, primeiramente, que as ideias destinadas a lhes
servirem de base houvessem atingido a maturidade e, além disso, levassem em
conta a oportunidade das circunstâncias. O Espiritismo não tem mistérios, nem
teorias secretas; tudo deve ser dito em plena luz do dia, a fim de que todos o
possam julgar com conhecimento de causa; cada coisa, entretanto, tem que vir a
seu tempo, para vir seguramente. Uma solução dada à ligeira, antes da
elucidação completa da questão, seria mais uma causa de atraso que de avanço. Na
de que aqui se trata, a importância do assunto nos impunha o dever de evitar
qualquer precipitação.
Antes de
entrarmos em matéria, pareceu-nos necessário definir claramente os papéis
respectivos dos Espíritos e dos homens na elaboração da nova doutrina; essas
considerações preliminares, que a escoimam de toda ideia de misticismo, fazem
objeto do primeiro capítulo, intitulado: Caracteres da revelação espírita.
Pedimos séria atenção para esse ponto, porque, de certo modo, aí está o nó da
questão.
Sem embargo da
parte que incumbe à atividade humana na elaboração desta doutrina, a iniciativa
[da obra] pertence aos Espíritos, não constitui, porém, a opinião pessoal de
nenhum deles; ela é, e não pode deixar de ser, a resultante do seu ensino
coletivo e concordante. Somente nesta condição, pode-se dizer a doutrina dos
Espíritos, doutro modo, não seria mais do que a doutrina de um Espírito, e ela
não teria senão o valor de uma opinião pessoal.
Generalidade e
concordância no ensino, tal é o caráter essencial da doutrina, a condição mesma
da sua existência, donde resulta que todo princípio que ainda não haja recebido
a consagração do controle da generalidade não pode ser considerado como parte integrante
dessa mesma doutrina, mas como uma simples opinião isolada, da qual o
Espiritismo não pode assumir a responsabilidade.
Essa
coletividade concordante da opinião dos Espíritos, passada; ao demais, pelo
critério da lógica, é o que faz a força da Doutrina Espírita e lhe assegura a
perpetuidade. Para que ela mudasse, seria necessário que a universalidade dos
Espíritos mudasse de opinião e que eles viessem um dia dizer o contrário do que
eles disseram; pois que ela tem sua fonte [de origem] no ensino dos Espíritos,
para que ela sucumbisse, seria necessário que os Espíritos deixassem de
existir. É também o que fará que sempre prevaleça sobre os sistemas pessoais,
que não têm, como ela, suas raízes por toda parte. (...)
domingo, 31 de dezembro de 2023
domingo, 24 de dezembro de 2023
sexta-feira, 22 de dezembro de 2023
Natal simbólico
Harmonias
cariciosas atravessavam a paisagem, quando o lúcido mensageiro continuou:
— Cada
Espírito é um mundo onde o Cristo deve nascer…
Fora loucura
esperar a reforma do mundo, sem o homem reformado. Jamais conheceremos povos
cristãos, sem edificarmos a alma cristã…
Eis por que o
Natal do Senhor se reveste de profunda importância para cada um de nós em
particular.
Temos conosco
oceanos de bênçãos divinas, maravilhosos continentes de possibilidades,
florestas de sentimentos por educar, desertos de ignorância por corrigir,
inumeráveis tribos de pensamentos que nos povoam a infinita extensão do mundo
interior. De quando em quando, tempestades renovadoras varrem-nos o íntimo,
furacões implacáveis atingem nossos ídolos mentirosos.
Quantas vezes,
o interesse egoístico foi o nosso perverso inspirador?
Examinando a
movimentação de nossas ideias próprias, verificamos que todo princípio nobre
serviu de precursor ao conhecimento inicial do Cristo.
Verificou-se a
vinda de Jesus numa época de recenseamento.
Alcançamos a
transformação essencial justamente em fase de contas espirituais com a nossa
própria consciência, seja pela dor ou pela madureza de raciocínio.
Não havia
lugar para o Senhor.
Nunca
possuímos espaço mental para a inspiração divina, absorvidos de ansiedades do
coração ou limitados pela ignorância.
A única
estalagem ao Hóspede Sublime foi a Manjedoura.
Não oferecemos
ao pensamento evangélico senão algumas palhas misérrimas de nossa boa vontade,
no lugar mais escuro de nossa mente.
Surge o
Infante Celestial dentro da noite.
Quase sempre,
não sentimos a Bondade do Senhor senão no ápice das sombras de nossas
inquietações e falências.
A estrela
prodigiosa rompe as trevas no grande silêncio.
Quando o
gérmen do Cristo desponta em nossas almas, a estrela da divina esperança
desafia nossas trevas interiores, obscurecendo o passado, clareando o presente
e indicando o porvir.
Animais em
bando são as primeiras visitas ao Enviado Celeste.
Na soledade de
nossa transformação moral, em face da alvorada nova, os sentimentos
animalizados de nosso ser são os primeiros a defrontar o ideal do Mestre.
Chegam
pastores que se envolvem na intensa luz dos anjos que velam o berço divino.
Nossos
pensamentos mais simples e mais puros aproximam-se da ideia nova,
contagiando-se da claridade sublime, oriunda dos gênios superiores que nos
presidem aos destinos e que se acercam de nós, afugentando a incompreensão e o
temor.
Cantam
milícias celestiais.
No instante de
nossa renovação em Cristo, velhos companheiros nossos, já redimidos, exultam de
contentamento na Esfera superior, dando glória a Deus e bendizendo os Espíritos
de boa vontade.
Divulgam os
pastores a notícia maravilhosa.
Nossos
pensamentos, felicitados pelo impulso criador de Jesus, comunicam-se entre si,
organizando-se para a vida nova.
Surge a visita
inesperada dos magos.
Sentindo-nos a
modificação, o mundo observa-nos de modo especial.
Os servos
fiéis, como Simeão, expressam grande júbilo, mas revelam apreensões justas,
declarando que o Menino surgira para a queda e elevação de muitos em Israel.
Acalentamos o
pensamento renovador, no recesso d’alma, para a destruição de nossos ídolos de
barro e desenvolvimento dos germens de espiritualidade superior.
Ferido na
vaidade e na ambição, Herodes determina a morte do Pequenino Emissário.
A ignorância
que nos governa, desde muitos milênios, trabalha contra a ideia redentora,
movimentando todas as possibilidades ao seu alcance.
Conserva-se
Jesus na casa simples de Nazaré.
Nunca
poderemos fornecer testemunho à Humanidade, antes de fazê-lo junto aos nossos,
elevando o espírito do grupo a que Deus nos conduziu.
Trabalha o
Pequeno Embaixador numa carpintaria.
Em toda
realização superior, não poderemos desdenhar o esforço próprio.
Mais tarde, o
Celeste Menino surpreende os velhos doutores.
O pensamento
cristão entra em choque, desde cedo, com todas as nossas antigas convenções
relativas à riqueza e à pobreza, ao prazer e ao sofrimento, à obediência e à
mordomia, à filosofia e à instrução, à fé e à ciência.
Trava-se,
então, dentro de nosso mundo individual, a grande batalha.
A essa altura,
o mensageiro fez longa pausa.
Flores de luz
choviam de mais alto, como alegrias do Natal, banhando-nos a fronte. Os demais
companheiros e eu aguardávamos, ansiosos, a continuação da mensagem sublime;
entretanto, o missionário generoso sorriu paternalmente e rematou:
— Aqui termino
minhas humildes lembranças do Natal simbólico. Segundo observais, o Evangelho
de Nosso Senhor não é livro para os museus, mas roteiro palpitante da vida.
Irmão X (Humberto
de Campos)
Livro: Pontos
e contos
sexta-feira, 8 de dezembro de 2023
A visão dos Espíritos sobre o Esperanto
Francisco
Valdomiro Lorenz, admirável linguista e poliglota, espírita e esperantista,
após o seu desencarne, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, trouxe-nos
importantes informações sobre o ascendente espiritual do Esperanto, em
mensagens contidas no livro Esperanto como Revelação – Esperanto kiel
Revelacio, editado pela IDE.
Em suas
mensagens Lorenz revela os preparativos e o trabalho de uma equipe de elevados
Espíritos, ligados aos cinco continentes e coordenados por um Espírito que ele
denomina um gênio da fraternidade humana, indicado por Jesus.
Concluído o
projeto, na espiritualidade, esse elevado Espírito reencarna na cidade de
Bialistoque, província de Grodno, na Polônia, em 15 de dezembro de 1859 e
recebe o nome de Lázaro Luís Zamenhof.
Pela própria
intuição e, naturalmente, com o auxílio dos amigos espirituais, ele reconstitui
o idioma da fraternidade e, como idioma internacional, publica-o em 26 de julho
de 1887, com o pseudônimo de Dr. Esperanto.
O trabalho
mais visível da Espiritualidade não para por aí.
No Brasil, o
Esperanto recebe grande apoio da Federação Espírita Brasileira, e um dos seus
diretores, Ismael Gomes Braga, torna-se vigoroso pilar na consolidação e
divulgação do Esperanto em terras brasileiras. Como gramático, escritor,
tradutor, produz obras reconhecidas pelos esperantistas de todos os
continentes.
Em periódicos
contatos com o admirável e inesquecível médium Francisco Cândido Xavier, ele
tem oportunidade de receber mensagens de diferentes Espíritos esperantistas,
animando-o a prosseguir na implantação desse projeto de Jesus para a fraterna
comunicação entre as pessoas e as nações. Transcrevemos algumas.
Emmanuel: “...
Em tuas lutas, meu irmão, não te sinta abandonado. Devotados samideanos
(co-idealistas) do Além colaboram contigo em teus esforços.
A missão do
Esperanto é grandiosa e profunda junto à coletividade humana.” (Revista
Reformador de 1939.)
A seguir, em
19-01-1940, novamente Emmanuel vem animar e informar Ismael: “... o Esperanto é
uma força que atua para união e harmonia, com o facilitar que se estabeleça a
permuta de valores do pensamento, em forma universalista.
... o
Esperanto é lição de fraternidade. Aprendamo-la..., com muita propriedade digo,
“aprendamo-la”, porque somos companheiros vossos que, havendo conquistado a
expressão universal do pensamento, vos desejamos o mesmo bem espiritual, de
modo a organizarmos na Terra os melhores movimentos de unificação”. (Reformador
de fevereiro de 1940.)
Novamente,
pela mediunidade ímpar de F. C. Xavier, o Espírito João Ernesto traz o
estímulo: “... Nós, os companheiros esperantistas e espíritas, prosseguimos na
mesma luta abençoada, incentivando a fraternidade humana e a redenção da
humanidade.
Quanto estiver
em tuas mãos e possibilidades, distribui o entusiasmo, a esperança e a alegria
no grande campo do Esperanto e do Espiritismo no Brasil”. (Reformador de julho
de 1946.)
O dedicado
espírita e esperantista José Machado Tosta, pela psicografia de F. C. Xavier,
assinala: “... Muitas vezes, embora não me surpreendas a colaboração indireta,
demoro-me contigo, trabalhando na Causa que nos identifica.
...
Espiritismo e Esperanto, nossos dois grandes movimentos, são forças vivas e
atuantes da elevação e da confraternização. Continuemos a prestar-lhes nosso
concurso fiel”. (Reformador de janeiro de 1947.)
Sentimos,
assim, o irretorquível aval que a Espiritualidade Superior dá para a divulgação
do Esperanto e do Espiritismo.
Aylton Paiva
Fonte: O Consolador – Revista Semanal de Divulgação Espírita
Aprenda Esperanto:
Kurso de Esperanto - https://kurso.com.br/index.php
Lernu - https://lernu.net/
Esperanto em 12 dias - https://esperanto12.net/pt/
Programa Mia Amiko - https://pma.esperanto.org.br/
sexta-feira, 27 de outubro de 2023
Dia dos mortos
Você já
parou para pensar no sentimento que move as criaturas diante da morte de um ser
querido?
Se você
nunca teve essa experiência, dificilmente conseguirá pensar devidamente.
É que a
morte ainda no Ocidente é uma grande hidra. As criaturas têm um medo terrível
da morte e do morrer.
Muito
pouca gente se dá conta de que a morte é o reverso da medalha da vida. Para que
nós tenhamos vida, há necessidade de que haja morte.
No
planeta material em que nós nos encontramos, todas as vezes em que nós falamos
do fenômeno da vida, só o falamos porque esse fenômeno está atrelado ao da
morte. Para que alguma coisa viva, outra coisa terá que morrer. Para que a
planta viva, a semente morre. Para que o pão apareça, temos que triturar o
grão.
Dessa
maneira, para que nós, seres humanos, vivamos, temos que matar tantas plantas
para nos alimentar, alguns animais que alimentam a nossa mesa. Temos que
digerir, que deglutir uma quantidade enorme de partículas de vida que estão
pelo espaço, pelo ar que respiramos. Temos que gastar uma quantidade muito
grande de oxigênio para podermos sobreviver.
A morte significa
muito pouco no conjunto da vida. Afinal de contas, quando nós pensamos nesse
fenômeno do morrer e aprendemos que a morte é consequência do desgaste dos órgãos,
nos apercebemos de que começamos a morrer no momento em que nascemos, quando
somos dados à luz e temos que respirar com os nossos próprios pulmões. Aí
começa o fenômeno da queima, do desgaste do órgão, da morte. Quando nós
pensamos nisso, então, temos que ver que a morte é um fenômeno hiper natural.
Tudo que
nasce morre, tudo que é matéria no mundo se transforma, e uma das formas de
transformação nós chamamos de morte.
Um dos
modos pelos quais as coisas se transformam é a morte. Morre a montanha de
minério, para que surja a montanha de barro, por exemplo. Morre a ostra para
que nasça a pérola. E dessa forma, nós verificamos sempre essa dualidade, vida
e morte, esse claro-escuro da vida e da morte que nos acompanha.
Então,
valeria a pena pensarmos, nesse dia em que as nossas sociedades ocidentais homenageiam
os seus mortos.
Chamamos
Dia dos Mortos, chamamos Dia de Finados, não importa, o que importa é que
dedicamos um dia para prestar homenagem aos nossos antepassados, aos nossos
amigos, aos nossos afetos, aos amores nossos que já demandaram o Mais Além, que
já cruzaram essa aduana de cinzas da imortalidade.
E, no
Dia de Finados encontramos tanta gente verdadeiramente mobilizada por
sentimentos de fraternidade, de ternura, de amor, que vão aos cemitérios, que
vão aos Campos Santos, na busca de homenagear aos seus seres queridos. Merece
todo respeito essa iniciativa.
Nada
obstante percebemos quanto que vamos ficando escravizados dessa situação,
imaginando, supondo, pelos aprendizados que fizemos das nossas religiões, ou
pelas coisas que ouvimos falar aqui e ali, que os nossos mortos estão lá. Chegamos
a ouvir as pessoas dizerem: Eu vou visitar a cova do meu pai. Eu vou visitar a
sepultura de minha mãe. Como se ali estivesse o seu pai, como se ali a sua mãe
estivesse.
Nada
obstante, leiamos inscrições tumulares do tipo Aqui jaz Fulano de Tal, mas não
é verdade. O Fulano de Tal que nós queremos homenagear não jaz ali na
sepultura. Ali estão seus despojos, ali estão seus restos mortais. É como se
nós tirássemos uma roupa imprestável e atirássemos essa roupa na lixeira. Esquecemos
dela, deixamos que o tempo cumpra o seu papel. Nenhum de nós teria a ideia, de
todos os dias, ir lá visitar a roupa velha e imprestável, atirada no monturo. Então,
nada obstante esse respeito com que nós, cristãos, encaremos essa relação com
os mortos, com o morrer, por mais que nós estejamos com esse intuito de
homenagear aos nossos seres queridos, será muito importante criarmos o hábito
de pensar neles vivos.
Ali na
cova, na sepultura, não jazem nossos entes queridos. Eles jazem, eles vivem, eles
vibram, na nossa intimidade, nos nossos pensamentos. Eles se movem no Mundo dos
Espíritos.
Ao
pensar nos nossos mortos, cabe ter essa certeza de que os nossos mortos vivem, eles
não estão jazendo nos sepulcros. Imaginemos que coisa grotesca será imaginar
nossos seres amados enterrados na sepultura com os seus despojos! Vale a pena
pensar numa gaiola vazia, donde o pássaro já se foi. Vale a pena pensar nisso!
Então, o
nosso corpo físico, durante um tempo mais ou menos largo, serve-nos de morada, serve-nos
como uma gaiola que, ao mesmo tempo que nos ajuda a aprender, a crescer, também
é um instrumento através do qual resgatamos aquilo que devemos em face da vida,
coloquemos em ordem a nossa consciência com as Leis Divinas.
Logo, o
Dia de Finados, o Dia dos Mortos deveria ser um dia sim, de homenagem aos
nossos seres queridos, mas de outra maneira. Aprendermos a fazer um
levantamento de como se acham nossas disposições na vida, se estamos vivendo de
acordo com os ensinamentos de nossa mãe, de nosso pai, se os estamos
homenageando, glorificando seus nomes, pelo tipo de criatura que sejamos: dignas,
nobres, amigas, fraternas, operosas, dedicadas ao bem. Afinal de contas, de que
outra maneira, melhor nós poderíamos homenagear os nossos mortos?
Nem
sempre levando flores para enfeitar os sepulcros onde se acham seus despojos. Aqueles
recursos das flores, quantas vezes poderiam ser transformados, em nome dos
nossos mortos, em leite para uma criança pobre, em pães para o necessitado, em
remédios para um doente que não os pode comprar, em cadernos para que alguma criança
aprenda.
Nós
podemos converter aquela quantidade enorme de cera que compramos para queimar
nos cemitérios, que não vai levar a lugar algum os nossos mortos, que não
precisam de cera queimada, converter isso em alimento, em roupa, em agasalho, em
material escolar, em medicação, em acompanhamento, em homenagem aos nossos
mortos. Quando presenteássemos uma criança com o kit de material escolar, nós
poderíamos dizer a ela, caso ela entendesse, ou aos seus pais: Faça uma prece
por Fulano de Tal, que é meu filho, que é meu pai, que é minha mãe, que é meu
irmão, ou meu amigo.
Nós
teríamos formas tão mais agradáveis, tão mais felizes, de homenagear os nossos
mortos. E cantar, e brincar, e nos alegrar, como eles gostavam que nós
fizéssemos. No Além, eles continuam gostando.
Quantos
filhos que se foram para o Mais Além e suas mães começam a morrer aqui na Terra.
Não se tratam mais, não se cuidam mais, não os respeitam mais. Se seus filhos
gostavam de vê-las bem vestidas, bem cuidadas, alegres, joviais, em homenagem a
eles, no Dia dos Mortos e em todos os dias da vida, continuem assim, bem
cuidadas, dispostas, alegres. O que não nos impede a lágrima de saudade e nunca
a lágrima de revolta.
Se os
nossos filhos gostavam de saber que nós estamos envolvidos em atividade social,
em alguma atividade do bem, como voluntários, servindo numa escola, servindo
num velhanato, num hospital, vamos continuar a fazer isso em homenagem a eles, em
nome deles que de onde estiverem, nos aplaudirão, nos incentivarão.
Se
tivemos nossos entes queridos desencarnados em situações drásticas, pela
drogadição, pelo vírus do HIV ou pelo suicídio, mais motivos temos de rogar a
Deus por eles, de homenageá-los, fazendo toda a cota de bem que nos for
possível, em honra deles. Não tenhamos qualquer mágoa deles. Não imaginemos que
eles estejam perdidos para sempre. Nunca suponhamos que Deus os vá castigar por
sua fragilidade, porque Deus não é um juiz que sentencia. Deus é um Pai que
ama, e certamente, se nós estamos fazendo as coisas boas para homenagear no Dia
de Finados, ou ao longo dos dias do ano, os nossos amores que foram para o
Além, por vias naturais ou por alguma enfermidade, o que é que não faremos para
homenagear àqueles que saíram de maneira tão triste, tão lastimável da
convivência com o corpo físico.
Por isso
é que a nossa oração por eles deverá partir do nosso coração, do mais íntimo do
nosso ser, pensando em Deus como o Pai comum de todos nós, mas nos colocando
diante da vida de maneira muito operosa, nos tornando pessoas úteis, a fim de
que o Dia de Finados transcorra para nós como mais um dia em que homenageamos os
nossos seres queridos que demandaram o Mais Além, na vibração, na torcida, fazendo
os votos para que os nossos amores, que já se transformaram em estrelas, sejam
felizes nessas dimensões do Invisível, junto a Esse amor incomensurável de nosso Pai Celeste.
José Raul Teixeira
Transcrição do Programa Vida e Valores – Dia dos
Mortos – Canal FEP
sexta-feira, 20 de outubro de 2023
Meimei
Seu nome de batismo, aqui na Terra, foi IRMA CASTRO.
Nasceu a 22 de outubro de 1922, em Mateus Leme (Minas Gerais). Aos 2 anos de
idade sua família transferiu-se para Itaúna, MG. Constava de pai, mãe e 4
irmãos: Ruth (autora desta biografia), Carmen, Alaíde e Danilo. Os pais eram
Adolfo Castro e Mariana Castro.
Com 5 anos ficou órfã de pai. Meimei foi desde criança
diferente de todos pela sua beleza física e inteligência invulgar. Era alegre,
comunicativa, espirituosa, espontânea. O convívio com ela, em família, foi para
todos uma dádiva do Céu.
Cursou com facilidade o curso primário,
matriculando-se, depois na Escola Normal de Itaúna, porém, a moléstia que
sempre a perseguia desde pequena — nefrite — manifestou-se mais uma vez quando
cursava com brilhantismo o 2.º ano Normal. Sendo a primeira aluna da classe,
teve que abandonar os estudos. Mas, muito inteligente e ávida de conhecimentos,
foi apurando sua cultura através da boa leitura, fonte de burilamento do seu
espírito.
Onde quer que aparecesse era alvo de admiração de
todos. Irradiava beleza e encantamento, atraindo a atenção de quem a
conhecesse. Ela, no entanto, modesta, não se orgulhava dos dotes que Deus lhe
dera.
Profundamente caridosa, aproximava-se dos humildes com
a esmola que podia oferecer ou uma palavra de carinho e estímulo. Pura, no seu
modo simples de ser e proceder não era dada a conquistas próprias da sua idade,
apesar de ser extremamente bela.
Pertencia à digna sociedade de Itaúna. Algum tempo
depois, transferiu-se para Belo Horizonte, em companhia de uma das irmãs, Alaíde,
a fim de arranjar colocação (trabalho).
Estava num período bom de saúde, pois a moléstia de
que era portadora ia e vinha, dando-lhe até, às vezes, a esperança de que havia
se curado.
Foi nessa época que conheceu Arnaldo Rocha com quem se
casou aos 22 janeiros de idade. Viviam um lindo sonho de amor que durou 2 anos
apenas, quando adoeceu novamente.
Esteve acamada três meses, vítima da pertinaz doença —
nefrite crônica. Apesar de todos os esforços e desvelos do esposo, cercada de
médicos, veio a falecer no dia 1.º de outubro de 1946, em Belo Horizonte.
Logo depois, seu Espírito já esclarecido começou a manifestar-se
através de mensagens psicografadas por Francisco Cândido Xavier, e prossegue
nessa linda missão de esclarecimento e consolo, em páginas organizadas em
várias obras mediúnicas, que têm se espalhado por todo o Brasil e até além das
nossas fronteiras.
Seu nome “MEIMEI” (expressão chinesa que significa
“amor puro”) agora tão venerado como um “Espírito de Luz”; foi lhe dado em
vida, carinhosamente, pelo esposo Arnaldo Rocha.
Professora Ruth de Castro Mattos. (Irmã de Meimei.)
Belo Horizonte — 10 de maio de 1981.
(Biografia extraída do livro Palavras do Coração editado pela Cultura Espírita União.)
quinta-feira, 5 de outubro de 2023
Auto de fé em Barcelona. Apreensão dos livros.
21 de setembro de 1861. — (Em
minha casa; médium: Sr. d’A…)
A pedido do Sr. Lachâtre, então residente em
Barcelona, eu lhe enviara certa quantidade de O Livro dos Espíritos, de O Livro
dos Médiuns, das coleções da Revista Espírita, além de diversas obras e
brochuras espíritas perfazendo um total de cerca de 300 volumes. A expedição da
encomenda fora regularmente feita pelo seu correspondente em Paris, num caixão
que continha outras mercadorias e sem a menor infração da legalidade. À chegada
dos livros, fizeram que o destinatário pagasse os direitos de entrada, mas, antes
de os entregarem, houve que ser entregue uma relação das obras ao bispo, pois,
naquele país, a polícia de livraria competia à autoridade eclesiástica. O bispo
se achava então em Madri. Ao regressar, tomando conhecimento da relação dos
livros, ordenou que eles fossem apreendidos e queimados em praça pública pela
mão do carrasco. A execução da sentença foi marcada para 9 de outubro de 1861.
Se se houvesse tentado introduzir aquelas obras como
contrabando, a autoridade espanhola teria o direito de dispor delas à sua
vontade; mas, desde que absolutamente não havia fraude, nem surpresa, como o
provava o pagamento espontâneo dos direitos, fora de rigorosa justiça que se
ordenasse a reexportação dos volumes, uma vez que não convinha se lhes
admitisse a entrada. Ficaram, porém, sem resultado as reclamações apresentadas
por intermédio do Cônsul francês em Barcelona. O Sr. Lachâtre me perguntou se
valeria a pena recorrer à autoridade superior. Opinei por que se deixasse
consumar o ato arbitrário; entendi, porém, acertado ouvir a opinião do meu guia
espiritual.
Pergunta. (à Verdade) — Não ignoras, sem dúvida, o que
acaba de passar-se em Barcelona, com algumas obras espíritas. Quererás ter a
bondade de dizer-me se convirá prosseguir na reclamação para restituição delas?
Resposta. — Por direito, podes reclamá-las e
conseguirias que te fossem restituídas, se te dirigisses ao Ministro de
Estrangeiros da França. Mas, ao meu parecer, desse auto de fé resultará maior
bem do que o que adviria da leitura de alguns volumes. A perda material nada é,
a par da repercussão que semelhante fato produzirá em favor da Doutrina. Deves
compreender quanto uma perseguição tão ridícula, quanto atrasada, poderá fazer
a bem do progresso do Espiritismo na Espanha. A queima dos livros determinará
uma grande expansão das ideias espíritas e uma procura febricitante das obras
dessa doutrina. As ideias se disseminarão lá com maior rapidez e as obras serão
procuradas com maior avidez, desde que as tenham queimado. Tudo vai bem.
Obras póstumas — 2ª Parte.
***
"Assistiram ao Auto de Fé: um sacerdote com os
hábitos sacerdotais, empunhando a cruz numa mão e uma tocha na outra; um
escrivão encarregado de redigir a ata do Auto de Fé; um ajudante do escrivão;
um empregado superior da administração das alfândegas; três serventes da
alfândega, encarregados de alimentar o fogo; um agente da alfândega
representando o proprietário das obras condenadas pelo bispo.”
"Uma multidão incalculável enchia as calçadas e
cobria a imensa esplanada onde se erguia a fogueira. Quando o fogo consumiu os
trezentos volumes ou brochuras espíritas, o sacerdote e seus ajudantes se
retiraram, cobertos pelas vaias e maldições de numerosos assistentes, que
gritavam: Abaixo a Inquisição! Em seguida, várias pessoas se aproximaram da
fogueira e recolheram as suas cinzas."
Revista Espírita -
nov. de 1861: 'Resquícios da Idade Média'
***
Na Revista Espírita daquele mesmo mês, Kardec publicou
duas comunicações espirituais, dentre tantas, recebidas na Sociedade Parisiense
de Estudos Espíritas; a primeira foi assinada pelo Espírito Dollet, que havia
sido um livreiro do século XVI:
"O amor da verdade deve sempre fazer-se ouvir:
ela rompe o véu e brilha ao mesmo tempo por toda parte. O Espiritismo tornou-se
conhecido de todos; logo será julgado e posto em prática. Quanto mais
perseguições houver, tanto mais depressa esta sublime doutrina alcançará o
apogeu. Seus mais cruéis inimigos, os inimigos do Cristo e do progresso, atuam
de maneira que ninguém possa ignorar a permissão de Deus, dada àqueles que deixaram
esta Terra de exílio, de voltarem aos que amaram. Ficai certos: as fogueiras
apagar-se-ão por si mesmas; e se os livros são lançados ao fogo, o pensamento
imortal lhes sobrevive."
Dollet
***
“Graças a esse zelo imprudente, todo o mundo na
Espanha vai ouvir falar do Espiritismo e quererá saber o que é ele; é tudo
quanto desejamos. Podem queimar-se livros, mas não se queimam ideias; as chamas
das fogueiras as superexcitam, em vez de abafar. Aliás, as ideias estão no ar,
e não há Pireneus bastante altos para as deter. Quando uma ideia é grande e
generosa encontra milhares de pulmões prestes a aspirá-la.”
Allan Kardec -
Revista Espírita, setembro de 1864 - “O novo bispo de Barcelona”
***
Referências: Obras póstumas, Revista Espírita nov/1861, cartilha Auto de fé de Barcelona (UEM)
quinta-feira, 28 de setembro de 2023
Lembrando Allan Kardec
Depois de se dirigir aos numerosos missionários da
Ciência e da Filosofia, destinados à renovação do pensamento do mundo no século
XIX, o Mestre aproximou-se do abnegado João Huss e falou, generosamente:
— Não serás portador de invenções novas, não te
deterás no problema de comodidade material à civilização, nem receberás a
mordomia do dinheiro ou da autoridade temporal, mas deponho-te nas mãos a
tarefa sublime de levantar corações e consciências.
A assembleia de orientadores das atividades terrestres
estava comovida. E ao passo que o antigo campeão da verdade e do bem se sentia
alarmado de santas comoções, Jesus continuava:
— Preparam-se os círculos da vida planetária a grandes
transformações nos domínios do pensamento. Imenso número de trabalhadores no
mundo, desprezando o sentido evolucionário da vida, crê na revolução e nos seus
princípios destruidores, organizando-lhe movimentos homicidas. Em breve, não
obstante nossa assistência desvelada, que neutralizará os desastres maiores, a
miséria e o morticínio se levantarão no seio de coletividades invigilantes. A
tirania campeará na Terra, em nome da liberdade, cabeças rolarão nas praças
públicas em nome da paz, como se o direito e a independência fossem frutos da
opressão e da morte. Alguns condutores do pensamento, desvairados de
personalismo destruidor, convertem a época de transição do orbe em turbilhão
revolucionário, envenenando o espírito dos povos. O sacerdócio organizado em
bases econômicas não pode impedir a catástrofe. A Filosofia e a Ciência
intoxicaram as próprias fontes de ação e conhecimento!… É indispensável
estabelecer providências que amparem a fé, preservando os tesouros religiosos
da criatura. Confio-te a sublime tarefa de reacender as lâmpadas da esperança
no coração da humanidade. O Evangelho do Amor permanece eclipsado no jogo de
ambições desmedidas dos homens viciosos!… Vai, meu amigo. Abrirás novos
caminhos à sagrada aspiração das almas, descerrando a pesada cortina de sombras
que vem absorvendo a mente humana. Na restauração da verdade, no entanto, não
esperes os louros do mundo, nem a compreensão de teus contemporâneos.
Meus enviados não nascem na Terra para serem servidos,
mas por atenderem às necessidades das criaturas. Não recebem palmas e homenagens,
facilidades e vantagens terrestres, contudo, minha paz os fortalece e
levanta-os, cada dia. Muitas vezes, não conhecem senão a dificuldade, o
obstáculo, o infortúnio, e não encontram outro refúgio além do deserto. É
preciso, porém, erigir o santuário da fé e caminhar sem repouso, apesar de
perseguições, pedradas, cruzes e lágrimas!…
Ante a emoção dos trabalhadores do progresso cultural
do orbe terrestre, o abnegado João Huss recebeu a elevada missão que lhe era
conferida, revelando a nobreza do servo fiel, entre júbilos de reconhecimento.
Daí a algum tempo, no albor do século XIX, nascia
Allan Kardec em Lyon, por trazer a divina mensagem.
Espírito devotado, jamais olvidou o compromisso
sublime. Não encontrou escolas de preparação espiritual, mas nunca menosprezou
o manancial de recursos que trazia em si mesmo. E como se quisera demonstrar
que as fontes do profetismo devem manar de todas as regiões da vida para
sustentáculo e iluminação do Espírito eterno, embora no quadro dos grandes
homens do pensamento, estimou desferir os primeiros voos de sua missão divina
na zona comum onde permanece a generalidade das criaturas. Consoante a previsão
do Cristo, a Revolução Francesa preparara com sangue o império das guerras
napoleônicas.
Enquanto os operários da cultura moderna lançavam
novas bases ao edifício do progresso mundial, o grande missionário, sem
qualquer preocupação de recompensa ou exibicionismo, dá cumprimento à tarefa
sublime. E foi assim que o século XIX, que recebeu a navegação a vapor, a
locomotiva, a eletrotipia, o telégrafo, o telefone, a fotografia, o cabo
submarino, a anestesia, a turbina a vapor, o fonógrafo, a máquina de escrever,
a luz elétrica, o sismógrafo, a linotipo, o radium, o cinematógrafo e o
automóvel, tornou-se receptor da Divina Luz da revivescência do Evangelho.
O discípulo dedicado rasgou os horizontes estreitos do
ceticismo e o Plano invisível encontrou novo canal a fim de projetar-se no
mundo, atenuando-lhe as sombras densas e renovando as bases da fé.
Alguns dos companheiros de luta espiritual, embora em
seguida às hostilidades do meio, recebiam aplausos do mundo e proteção de
governos prestigiosos, mas o emissário de Jesus, no deserto das grandes
cidades, trabalhava em silêncio, suportando calúnias e zombarias, vencendo
dificuldades e incompreensões.
Ao fim da laboriosa tarefa, o trabalhador fiel
triunfara.
Em breve, a Doutrina Consoladora dos Espíritos
iluminava corações e consciências, nos mais diversos pontos do globo.
É que Allan Kardec, se viera dos Círculos mais
elevados dos processos educativos do mundo, não esquecera a necessidade de
sabedoria espiritual. Discípulo eminente de professores consagrados, como
Pestalozzi, não esqueceu a ascendência do Cristo. Trabalhador no serviço da
redenção, compreendeu que não viera à Terra por atender a caprichos individuais
e sim aos poderes superiores da vida.
Allan Kardec não somente pregou a doutrina
consoladora; viveu-a. Não foi um simples codificador de princípios, mas um fiel
servidor de Jesus e dos homens.
Irmão X (Humberto de Campos) / Chico Xavier – Livro: Doutrina-escola