Venha refletir conosco em mais uma edição do nosso Boletim Mais Luz!
sábado, 29 de janeiro de 2022
quinta-feira, 27 de janeiro de 2022
Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos
Introdução
A rapidez com que se propagaram, em todas
as partes do mundo, os estranhos fenômenos das manifestações espíritas é uma
prova evidente do interesse que despertam. A princípio simples objeto de
curiosidade, não tardaram a chamar a atenção de homens sérios que neles
vislumbraram, desde o início, a influência inevitável que viriam a ter sobre o
estado moral da sociedade. As novas ideias que surgem desses fenômenos
popularizam-se cada dia mais, e nada lhes pode deter o progresso, pela simples
razão de que estão ao alcance de todos, ou de quase todos, e nenhum poder
humano lhes impedirá que se manifestem. Se os abafam aqui, reaparecem em cem outros
pontos. Aqueles, pois, que neles vissem um inconveniente qualquer, seriam
constrangidos, pela própria força dos fatos, a sofrer-lhes as consequências,
como sói acontecer às indústrias novas que, em sua origem, ferem interesses
particulares, logo absorvidos, pois não poderia ser de outro modo. O que já não
se fez e disse contra o magnetismo! Entretanto, todos os raios lançados contra
ele, todas as armas com que foi ferido, mesmo o ridículo, esboroaram-se ante a realidade
e apenas serviram para colocá-lo ainda mais em evidência.
É que o magnetismo é uma força natural e,
perante as forças da Natureza, o homem é um pigmeu, semelhante a cachorrinhos
que ladram inutilmente contra tudo que os possa amedrontar.
Dá-se com as manifestações espíritas a
mesma coisa que se dá com o sonambulismo: se não se produzirem à luz do dia e publicamente,
ninguém impedirá que ocorram na intimidade, pois cada família pode descobrir um
médium entre seus membros, das crianças aos velhos, assim como pode encontrar
um sonâmbulo.
Quem, pois, poderá impedir que a primeira
pessoa que encontremos seja médium e sonâmbula? Sem dúvida, os que o combatem
não refletiram nisto. Insistimos: quando uma força está na Natureza, pode-se
detê-la por um instante, porém, jamais aniquilá-la! Seu curso apenas poderá ser
desviado. Ora, a força que se revela no fenômeno das manifestações, seja qual
for a sua causa, está na Natureza, da mesma forma que o magnetismo, e não
poderá ser exterminada, como a força elétrica também não o será. O que importa
é que seja observada e estudada em todas as suas fases, a fim de se deduzirem as
leis que a regem. Se for um erro, uma ilusão, o tempo fará justiça; se, porém,
for verdadeira, a verdade é como o vapor: quanto mais se o comprime, tanto
maior será a sua força de expansão.
Causa justa admiração que, enquanto na
América, somente os Estados Unidos possuem dezessete jornais consagrados a esse
assunto, sem contar um sem número de escritos não periódicos, a França, o país
da Europa onde tais ideias mais rapidamente se aclimataram, não possui nenhum. Não se pode contestar a utilidade de um órgão
especial, que ponha o público a par do progresso desta nova Ciência e o previna
contra os excessos da credulidade, bem como do cepticismo. É essa lacuna que
nos propomos preencher com a publicação desta Revista, visando a oferecer um
meio de comunicação a todos quantos se interessam por estas questões, ligando,
através de um laço comum, os que compreendem a Doutrina Espírita sob o seu
verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade evangélica para
com todos.
Se não se tratasse senão de uma coleta de
fatos, a tarefa seria fácil; eles se multiplicam em toda parte com tal rapidez
que não faltaria matéria; mas os fatos, por si mesmos, tornam-se monótonos pela
repetição e, sobretudo, pela similitude. O que é necessário ao homem racional é
algo que lhe fale à inteligência.
Poucos anos se passaram desde o surgimento
dos primeiros fenômenos, e já estamos longe da época das mesas girantes e falantes,
que foram suas manifestações iniciais. Hoje, é uma ciência que revela todo um
mundo de mistérios, tornando patentes as verdades eternas que apenas pelo nosso
espírito eram pressentidas; é uma doutrina sublime, que mostra ao homem o
caminho do dever, abrindo o mais vasto campo até então jamais apresentado à observação
filosófica. Nossa obra seria, pois, incompleta e estéril se nos mantivéssemos
nos estreitos limites de uma revista anedótica, cujo interesse rapidamente se
esgotasse.
Talvez nos contestem a qualificação de
ciência, que damos ao Espiritismo. Certamente não teria ele, em nenhum caso, as
características de uma ciência exata, e é precisamente aí que reside o erro dos
que o pretendem julgar e experimentar como uma análise química ou um problema
matemático; já é bastante que seja uma ciência filosófica.
Toda ciência deve basear-se em fatos, mas
os fatos, por si sós, não constituem a ciência; ela nasce da coordenação e da
dedução lógica dos fatos: é o conjunto de leis que os regem. Chegou o
Espiritismo ao estado de ciência? Se por isto se entende uma ciência acabada,
seria sem dúvida prematuro responder afirmativamente; entretanto, as observações
já são hoje bastante numerosas para nos permitirem deduzir, pelo menos, os
princípios gerais, onde começa a ciência.
O exame raciocinado dos fatos e das consequências
que deles decorrem é, pois, um complemento sem o qual nossa publicação seria de
medíocre utilidade, não oferecendo senão um interesse muito secundário para
quem quer que reflita e queira inteirar-se daquilo que vê. Todavia, como nosso
fim é chegar à verdade, acolheremos todas as observações que nos forem
dirigidas e tentaremos, tanto quanto no-lo permita o estado dos conhecimentos
adquiridos, dirimir as dúvidas e esclarecer os pontos ainda obscuros. Nossa
Revista será, assim, uma tribuna livre, em que a discussão jamais se afastará
das normas da mais estrita conveniência. Numa palavra: discutiremos, mas não
disputaremos. As inconveniências de linguagem nunca foram boas razões aos olhos
de pessoas sensatas; é a arma dos que não possuem algo melhor, voltando-se
contra aqueles que dela se servem.
Embora os fenômenos de que nos ocupamos se
tenham produzido, nos últimos tempos, de maneira mais geral, tudo prova que têm
ocorrido desde as eras mais recuadas. Não há fenômenos naturais nas invenções
que acompanham o progresso do espírito humano; desde que estejam na ordem das
coisas, sua causa é tão velha quanto o mundo e os seus efeitos devem ter-se
produzido em todas as épocas. O que testemunhamos, hoje, portanto, não é uma descoberta
moderna: é o despertar da Antiguidade, desembaraçada do envoltório místico que
engendrou as superstições; da Antiguidade esclarecida pela civilização e pelo
progresso nas coisas positivas.
A consequência capital que ressalta desses
fenômenos é a comunicação que os homens podem estabelecer com os seres do mundo
incorpóreo e, dentro de certos limites, o conhecimento que podem adquirir sobre
o seu estado futuro. O fato das comunicações com o mundo invisível encontra-se,
em termos inequívocos, nos livros bíblicos; mas, de um lado, para certos
céticos, a Bíblia não tem autoridade suficiente; por outro lado, para os crentes,
são fatos sobrenaturais, suscitados por um favor especial da Divindade. Não
haveria aí, para todo o mundo, uma prova da generalidade dessas manifestações,
se não as encontrássemos em milhares de outras fontes diferentes. A existência
dos Espíritos, e sua intervenção no mundo corpóreo, está atestada e demonstrada
não mais como um fato excepcional, mas como um princípio geral, em Santo
Agostinho, São Jerônimo, São João Crisóstomo, São Gregório Nazianzeno e tantos
outros Pais da Igreja. Essa crença forma, além disso, a base de todos os
sistemas religiosos. Admitiram-na os mais sábios filósofos da Antiguidade:
Platão, Zoroastro, Confúcio, Apuleio, Pitágoras, Apolônio de Tiana e tantos
outros. (...)
Sejam quais forem os absurdos que cercam
essa crença e a desfiguram segundo os tempos e os lugares, não se pode
discordar de que ela parte de um mesmo princípio, mais ou menos deturpado.
Ora, uma doutrina não se torna universal,
não sobrevive a milhares de gerações, não se implanta de um polo a outro, entre
os povos mais diversificados, pertencentes a todos os graus da escala social, se
não estiver fundada em algo de positivo. O que será esse algo? É o que nos
demonstram as recentes manifestações. Procurar as relações que possam existir
entre tais manifestações e todas essas crenças, é buscar a verdade. A história
da Doutrina Espírita, de certo modo, é a história do espírito humano; teremos
que estudá-la em todas as fontes, que nos fornecerão uma mina inesgotável de observações
tão instrutivas quão interessantes, sobre fatos geralmente pouco conhecidos.
Essa parte nos dará oportunidade de explicar a origem de uma porção de lendas e
de crenças populares, delas destacando o que toca a verdade, a alegoria e a
superstição.
No que concerne às manifestações atuais,
daremos explicação de todos os fenômenos patentes que testemunharmos ou que
chegarem ao nosso conhecimento, quando nos parecerem merecer a atenção de
nossos leitores. De igual modo o faremos em relação aos efeitos espontâneos que
por vezes se produzem entre pessoas alheias às práticas espíritas e que
revelam, seja a ação de um poder oculto, seja a emancipação da alma; tais são
as visões, as aparições, a dupla vista, os pressentimentos, os avisos íntimos,
as vozes secretas, etc. À narração dos fatos acrescentaremos a explicação, tal
como ressalta do conjunto dos princípios. A respeito faremos notar que esses
princípios decorrem do próprio ensinamento dado pelos Espíritos, fazendo sempre
abstração de nossas próprias ideias. Não será, pois, uma teoria pessoal que
exporemos, mas a que nos tiver sido comunicada e da qual não seremos senão
meros intérpretes.
Um grande espaço será igualmente reservado
às comunicações escritas ou verbais dos Espíritos, sempre que tiverem um fim
útil, assim como às evocações de personagens antigas ou modernas, conhecidas ou
obscuras, sem negligenciar as evocações íntimas que, muitas vezes, não são
menos instrutivas; numa palavra: abarcaremos todas as fases das manifestações
materiais e inteligentes do mundo incorpóreo.
A Doutrina Espírita nos oferece, enfim, a
única solução possível e racional de uma multidão de fenômenos morais e
antropológicos, dos quais somos testemunhas diariamente e para os quais se procuraria,
inutilmente, a explicação em todas as doutrinas conhecidas. Nesta categoria
classificaremos, por exemplo, a simultaneidade de pensamentos, a anomalia de
certos caracteres, as simpatias e antipatias, os conhecimentos intuitivos, as
aptidões, as propensões, os destinos que parecem marcados pela fatalidade e,
num quadro mais geral, o caráter distintivo dos povos, seu progresso ou sua
degenerescência, etc. À citação dos fatos acrescentaremos a pesquisa das causas
que os poderiam ter produzido. Da apreciação desses fatos ressaltarão,
naturalmente, ensinamentos úteis quanto à linha de conduta mais conforme à sã moral.
Em suas instruções, os Espíritos Superiores têm sempre por objetivo despertar
nos homens o amor do bem, através dos preceitos evangélicos; por isso mesmo
eles nos traçam o pensamento que deve presidir à redação dessa coletânea.
Nosso quadro, como se vê, compreende tudo
quanto se liga ao conhecimento da parte metafísica do homem; estudá-la-emos em
seu estado presente e no futuro, porquanto estudar a natureza dos Espíritos é
estudar o homem, tendo em vista que ele deverá fazer parte, um dia, do mundo
dos Espíritos. Eis por que acrescentamos, ao nosso título principal, o de
jornal de estudos psicológicos, a fim de fazer compreender toda a sua importância.
(...)
Allan Kardec-
Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - janeiro/1858
01 de janeiro de 1858 – lançamento da Revue Spirite
Na obra regenerativa
“Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, orientai-o com espírito de mansidão, velando por vós mesmos para que não sejais igualmente tentados”. Paulo (Gálatas, 6:1)
Se tentamos orientar o
irmão perdido nos cipoais do erro, com aguilhões de cólera, nada mais fazemos
que lhe despertar a ira contra nós mesmos.
Se lhe impusermos
golpes, revidará com outros tantos.
Se lhe destacamos as
falhas, poderá salientar os nossos gestos menos felizes.
Se opinamos para que
sofra o mesmo mal com que feriu a outrem, apenas aumentamos a percentagem do
mal, em derredor de nós.
Se lhe aplaudimos a
conduta errônea, aprovamos o crime.
Se permanecemos
indiferentes, sustentamos a perturbação.
Mas se tratarmos o erro
do semelhante, como quem cogita de afastar a enfermidade de um amigo doente,
estamos, na realidade, concretizando a obra regenerativa.
Nas horas difíceis, em
que vemos um companheiro despenhar-se nas sombras interiores, não olvidemos
que, para auxiliá-lo, é tão desaconselhável a condenação, quanto o elogio.
Se não é justo atirar
petróleo às chamas, com o propósito de apagar a fogueira, ninguém cura chagas
com a projeção de perfume.
Sejamos humanos, antes
de tudo.
Abeiremo-nos do
companheiro infeliz, com os valores da compreensão e da fraternidade.
Ninguém perderá,
exercendo o respeito que devemos a todas as criaturas e a todas as coisas.
Situemo-nos na posição
do acusado e reflitamos se, nas condições dele, teríamos resistido às sugestões
do mal. Relacionemos as nossas vantagens e os prejuízos do próximo, com
imparcialidade e boa intenção.
Toda vez que assim
procedermos, o quadro se modifica nos mínimos aspectos.
De outro modo será sempre
fácil zurzir e condenar, para cairmos, com certeza, nos mesmos delitos, quando
formos, por nossa vez, visitados pela tentação.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 037
Prece da mocidade cristã
Senhor!
Ensina-me a servir ao próximo para que eu aprenda a servir-Te.
Não me abandones à vontade das experiências inferiores, nem me
confies aos meus próprios desejos.
Venho hoje ao encontro do Teu Evangelho de Luz, mas trago no coração
a sombra em que respirei até ontem.
Mestre, querer é poder, todavia, induz-me a querer o Bem para que
o mal não me inutilize.
Fazei-me sentir que somente os meios retos conduzem aos fins corretos.
Dá-me a cultura da inteligência e do coração.
Não me deixe vaguear na razão da força para que a força da razão
me auxilie a discernir.
Guia-me os propósitos para que a minha coragem não seja petulância
e para que a minha humildade não seja abjeção.
Fortalece-me o pensamento no estudo e guarda minhas mãos no trabalho
digno.
Mostra-me o amor que brilha no espírito, acima do nevoeiro da carne,
a fim de que não me precipite na voragem da ilusão.
Inspira-me o respeito aos companheiros mais velhos que me dirigem
os passos, para que a irreverência não me conduza ao escárnio de meu próprio
caminho.
Inspira-me a compreensão, a diligência e a fraternidade!
Ampara-me na conquista do prêmio do dever bem cumprido.
Sustenta-me para que eu seja fiel ao Bem e ensina-me que, à claridade
da Tua Bênção, depende apenas de mim que eu seja pior ou melhor, hoje e amanhã!
Auxilia, perdoa, trabalha, ama e serve, gastando sensatamente os
recursos que o Céu te situou no caminho e nas mãos, como quem sabe que a
Contabilidade Divina a todos nos procura no grave instante do acerto justo.
Bezerra de Menezes / Chico Xavier – Livro: Mentores e seareiros
sábado, 22 de janeiro de 2022
Mais Luz - Edição 562 – Nº 04
Confira nesta edição:
·
O Livro dos
Médiuns
·
Ante o
Evangelho: Não creais em todos os espíritos
·
Poema: Antevisão
·
Afirmação
esclarecedora - Fonte Viva
·
Rogativa
maternal - Meimei
Oração da fraternidade
Senhor!
Somos uma só família de corações a se
rearticularem no espaço e no tempo, aprendendo a servir-te. Ensina-nos a ser
mais irmãos uns dos outros.
Ajuda-nos para que seja cada um de nós
a complementação do companheiro, naquilo em que o nosso companheiro esteja em
carência. Se um tropeça, dá que lhe sirvamos de apoio, se outro descansa,
ampara-nos a fim de que lhe tomemos o lugar na tarefa sem reclamação e sem
queixa. Ilumina-nos o entendimento para que nos convertamos em visão para
aqueles que ainda não conseguem enxergar o caminho claro que nos traçaste; o
ouvido atento para quantos se incapacitarem no trabalho, entorpecidos na
indiferença; a tranquilidade para os que venham a cair na discórdia e a
compreensão de todos os que ainda não logram divisar a luz da verdade!
Senhor, guarda-nos em teu infinito
amor para que nos devotemos fielmente uns aos outros e ainda que a névoa do
passado nos entenebreça os caminhos do presente, favorecendo-nos a separação ou
o desajuste, dá que o clarão de tua bênção nos refaça as energias e nos
restabeleça o senso de rumo para que nós todos, unidos e felizes, sejamos
invariavelmente uma família só, procurando escorar-nos, no apoio recíproco, de
modo a que, um dia, estejamos integrados em teu serviço na alegria imortal para
sempre.
Bezerra de Menezes / Chico Xavier – Livro: Taça de Luz
sexta-feira, 21 de janeiro de 2022
O Livro dos Médiuns
Anunciada há muito tempo, mas com a publicação retardada
em virtude de sua própria importância, esta obra aparecerá entre os dias 5 e 10
de janeiro, na livraria do Sr. Didier, nosso editor, localizada no Quai des
Augustins, 35¹. Representa o complemento de O Livro dos Espíritos e encerra a parte experimental do Espiritismo, assim
como este último contém a parte filosófica.
Fruto de longa experiência e de laboriosos estudos, nesse
trabalho procuramos esclarecer todas as questões que se ligam à prática das
manifestações. De acordo com os Espíritos, contém a explicação teórica dos
diversos fenômenos, bem como das condições em que os mesmos se podem
reproduzir. Não obstante, sobretudo a matéria relativa ao desenvolvimento e ao exercício
da mediunidade mereceu de nossa parte uma atenção toda especial.
O Espiritismo experimental é cercado de muito mais dificuldades
do que geralmente se pensa, e os escolhos aí encontrados são numerosos. É isso
que ocasiona tantas decepções aos que dele se ocupam, sem a experiência e os
conhecimentos necessários. Nosso objetivo foi o de prevenir contra esses
escolhos, que nem sempre deixam de apresentar inconvenientes para quem se
aventure sem prudência por esse terreno novo. Não podíamos negligenciar um
ponto tão capital, e o tratamos com o cuidado que a sua importância reclama.
Os inconvenientes quase sempre se originam da leviandade
com que é tratado problema tão sério. Sejam quais forem, os Espíritos são as
almas dos que viveram, no meio das quais estaremos infalivelmente, de um
momento para outro. Todas as manifestações espíritas, inteligentes ou não, têm,
pois, por objeto, pôr-nos em contato com essas mesmas almas; se respeitamos os
seus restos mortais, com mais forte razão devemos respeitar o ser inteligente
que sobrevive e que constitui a sua verdadeira individualidade. Fazer das
manifestações uma brincadeira é faltar com o respeito que talvez amanhã reclamaremos
para nós mesmos, e que jamais é violado impunemente.
O primeiro momento de curiosidade causado por esses estranhos
fenômenos já passou. Hoje, que se lhes conhece a fonte, guardemo-nos de
profaná-la com brincadeiras descabidas e nos esforcemos por nela haurir o
ensinamento apropriado que nos assegurará a felicidade futura. O campo é muito
vasto e o objetivo por demais importante para cativar toda a nossa atenção. Até
hoje, todos os nossos esforços tenderam para fazer o Espiritismo entrar neste
caminho sério. Se esta nova obra, tornando-o ainda mais bem conhecido, puder
contribuir para impedir que o desviem de sua destinação providencial, estaremos
amplamente recompensados de nossos cuidados e de nossas vigílias.
Não negamos que esse trabalho suscitará mais de uma crítica
da parte daqueles a quem incomoda a severidade dos princípios, bem como dos
que, vendo as coisas de um outro ponto de vista, já nos acusam de querer fazer
escola no Espiritismo. Se fazer escola é procurar nesta ciência um fim útil e
proveitoso para a Humanidade, teríamos o direito de nos sentir envaidecidos com
essa acusação. Mas uma tal escola não necessita de outro chefe que não seja o
bom senso das massas e a sabedoria dos Espíritos bons, que a teriam criado sem
a nossa participação. Eis por que declinamos da honra de a ter fundado, felizes
de nos colocarmos sob a sua bandeira, não aspirando senão o modesto título de propagador.
Se for necessário um nome, inscreveremos em seu frontispício: Escola de Espiritismo Moral e Filosófico,
e para ela convidaremos todos quantos têm necessidade de esperanças e de consolações.
¹Ela é igualmente encontrada nos
escritórios da Revista Espírita, Rua Sainte-Anne, 59, passagem Sainte-Anne. Um
grande volume in-18, de 500 páginas; Paris, 3 fr. 50; pelo Correio, 4 fr.
15 de janeiro de 2022 – 161 anos
de lançamento de O Livro dos Médiuns
Afirmação esclarecedora
“E não quereis vir a mim para terdes vida! Jesus (João, 5:40)
Quantos procuram a sublimação da
individualidade precisam entender o valor supremo da vontade no aprimoramento
próprio.
Os templos e as escolas do
Cristianismo permanecem repletos de aprendizes que vislumbram os poderes
divinos de Jesus e lhe reconhecem a magnanimidade, caminhando, porém, ao sabor
de vacilações cruéis.
Creem e descreem, ajudam e desajudam,
organizam e perturbam, iluminam-se na fé e ensombram-se na desconfiança...
É que esperam a proteção do Senhor
para desfrutarem o contentamento imediato no corpo, mas não querem ir até ele
para se apossarem da vida eterna.
Pedem o milagre das mãos do Cristo, mas
não lhe aceitam as diretrizes.
Solicitam-lhe a presença consoladora,
entretanto, não lhe acompanham os passos.
Pretendem ouvi-lo, à beira do lago
sereno, em preleções de esperança e conforto, todavia, negam-se a partilhar com
ele o serviço da estrada, através do sacrifício pela vitória do bem. Cortejam-no
em Jerusalém, adornada de flores, mas fogem aos testemunhos de entendimento e
bondade, à frente da multidão desvairada e enferma.
Suplicam-lhe as bênçãos da
ressurreição, no entanto, odeiam a cruz de espinhos que regenera e santifica.
Podem ir na vanguarda edificante, mas
não querem.
Clamam por luz divina, entretanto,
receiam abandonar as sombras.
Suspiram pela melhoria das condições
em que se agitam, todavia, detestam a própria renovação.
Vemos, pois, que é fácil comer o pão
multiplicado pelo infinito amor do Mestre Divino ou; regozijar-se alguém com a
sua influência curativa, mas, para alcançar a Vida Abundante de que ele se fez
o embaixador sublime, não basta a faculdade de poder e o ato de crer, mas
também a vontade perseverante de quem aprendeu a trabalhar e servir,
aperfeiçoar e querer.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 036
Rogativa maternal
Meus filhos,
Não me perguntem por aquilo que mais
desejo.
Agradeço as flores e as lembranças
preciosas, entretanto, se algo posso pedir, rogo a vocês para serem retos e
bons.
Ouço-lhes, aflita, as palavras de
cansaço e desilusão! Vocês falam em tédio e angústia, desânimo e desconforto
como se o trabalho não mais nos favorecesse!
Ah! meus filhos, Deus colocou vocês em
meu carinho, como alcocheta as flores na erva, mas pergunto a mim mesma se
terei falhado na devoção com que os recebi....
Desculpem-me se não lhes dei ternura
bastante a fim de que se desenvolvessem para a alegria do mundo que nos cabe
servir...
Às vezes, suponho que, ao beijá-los,
como sendo as criaturas melhores da Terra, talvez não lhes tenha feito notar
que os filhos das outras mães são também tutelados da Providência Divina!
Perdoem-me se não lhes inclinei o
sentimento ao dever e à fraternidade, mas creiam que as lágrimas me sulcaram o
rosto e as aflições me alvejaram os cabelos de tanto pousar no modo certo de
fazê-los felizes.
Perdoem-me se não pude arrancar a
minha alma do corpo a fim de doar-lhes coragem e paciência!
Mas se é verdade que sou fraca, temos
o Céu por nós.
Vocês querem que eu tenha o meu dia…
Sim, filhos do meu coração, espero por vocês, de braços abertos, a fim de
orarmos juntos, rogando a Deus nos reúna em seu Infinito Amor, para que o Dia
das Mães, em toda parte, seja o Dia da Bênção.
Meimei /Chico Xavier – Livro: Família
sábado, 15 de janeiro de 2022
Mais Luz - Edição nº03
Leia e reflita conosco:
Apreciação da obra A Gênese
Ante o
Evangelho: Coragem da fé
Conclusões
populares - Poema
Estendamos o
bem – Fonte Viva
Oração
https://mailchi.mp/e3dc627bbbe9/apreciao-da-obra-a-gnese
sexta-feira, 14 de janeiro de 2022
Apreciação da obra A Gênese
(Paris, 18 de dezembro de 1867 -
Médium: Sr. Desliens)
O que importava satisfazer, antes de tudo, eram as
aspirações da alma; era encher o vazio deixado pela dúvida nas almas vacilantes
em sua fé. Essa primeira missão hoje está cumprida. O Espiritismo atualmente
entra numa nova fase. Ao atributo de consolador, alia o de instrutor e diretor
do Espírito, em Ciência e em Filosofia, como em moralidade. A caridade, sua
base inabalável, dele fez o laço das almas ternas; a ciência, a solidariedade,
a progressão, o espírito liberal dele, farão o traço de união das almas fortes.
Ele conquistou os corações amigos com as armas da doçura; hoje viril, é às inteligências
viris que se dirige. Materialistas, positivistas, todos os que, por um motivo
qualquer, se afastaram de uma espiritualidade cujas imperfeições suas
inteligências lhes mostrariam, nele vão encontrar novos alimentos para sua
insaciabilidade. A Ciência é sua senhora, mas uma descoberta chama outra, e o
homem avança sem cessar com ela, de desejo em desejo, sem encontrar completa
satisfação. É que o espírito tem suas necessidades, também ele; é que a alma
mais ateísta tem aspirações secretas, inconfessadas, e que essas aspirações
reclamam seu alimento.
A Religião, antagonista da Ciência, respondia, pelo
mistério, a todas as questões da filosofia cética. Ela violava as leis da
Natureza e as violentava a seu bel-prazer, para daí extrair uma explicação
capenga de seus ensinamentos. Vós, ao contrário, vos sacrificais à Ciência;
aceitais todos os seus ensinamentos sem exceção e lhe abris horizontes que ela
supunha intransponíveis. Tal será o efeito desta nova obra. Ela não poderá
senão assegurar mais os fundamentos da crença espírita nos corações que já a
possuem, e fará com que todos os dissidentes deem um passo à frente em busca da
unidade, à exceção, entretanto, daqueles que o são por interesse ou por
amor-próprio. Esses o veem com despeito sobre bases cada vez mais inabaláveis,
que os deixam para trás e os mergulham na sombra. Havia pouco ou nenhum terreno
comum onde eles pudessem se encontrar. Hoje o materialismo vos acotovela por
toda parte, porque estando em seu terreno, não estareis menos no vosso, e ele
não poderá fazer outra coisa senão aprender a conhecer os hóspedes que lhe traz
a filosofia espírita. É um instrumento de duplo efeito: uma sapa, uma mina que
ainda derruba algumas das ruínas do passado, e uma colher de pedreiro que
edifica para o futuro.
A questão de origem que se liga à Gênese é uma questão
causticante para todos. Um livro escrito sobre esta matéria deve, em
consequência, interessar a todos os Espíritos sérios. Por esse livro, como eu
vos disse, o Espiritismo entra numa nova fase e essa preparará o caminho para a
fase que se abrirá mais tarde, porque cada coisa deve vir a seu tempo.
Antecipar o momento propício é tão nocivo quanto deixá-lo escapar.
São Luís- Revista Espírita -
Jornal de Estudos Psicológicos - fevereiro/1868
06 de janeiro de 2022 – 154 anos
de lançamento do livro A Gênese
Estendamos o bem
“Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem”. Paulo (Romanos, 12 :21)
Repara que, em plena casa da Natureza,
todos os elementos, em face do mal, oferecem o melhor que possuem para o
reajustamento da harmonia e para a vitória do bem.
Quando o temporal parece haver
destruído toda a paisagem, congregam-se as forças divinas da vida para a obra
do refazimento.
O Sol envia luz sobre o lamaçal,
curando as chagas do chão.
O vento acaricia o arvoredo e enxuga-lhe
os ramos.
O cântico das aves substitui a voz do
trovão.
A planície recebe a enxurrada, sem
revoltar-se, e converte-a em adubo precioso.
O ar que suporta o peso das nuvens e o
choque da faísca destruidora, torna à leveza e à suavidade.
A árvore de frondes quebradas ou
feridas regenera-se, em silêncio, a fim de produzir novas flores e novos
frutos.
A terra, nossa mãe comum, sofre a
chuva de granizos e o banho de lodo, periodicamente, mas nem por isso deixa de
engrandecer o bem cada vez mais.
Por que conservaremos, por nossa vez,
o fel e o azedume do mal, na intimidade do coração?
Aprendamos a receber a visita da
adversidade, educando-lhe as energias para proveito da vida.
A ignorância é apenas uma grande noite
que cederá lugar ao sol da sabedoria.
Usa o tesouro de teu amor, em todas as
direções, e estendamos o bem por toda parte.
A fonte, quando tocada de lama, jamais
se dá por vencida. Acolhe os detritos no próprio seio e, continuando a fluir,
transforma-os em bênçãos, no curso de suas águas que prosseguem correndo, com
brandura e humildade, para benefício de todos.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 035
Oração
Senhor Jesus!
Agradecendo-te o amparo de todos os
dias, eis-nos aqui, de espírito, ainda em súplica, no campo em que nos
situaste.
Ensina-nos a procurar na vida eterna a
beleza e o ensinamento da temporária vida humana!
Apesar de amadurecidos para o conhecimento,
muitas vezes somos crianças pelo coração.
Ágeis no raciocínio, somos tardios no
sentimento.
Em muitas ocasiões, dirigimo-nos à tua
infinita Bondade, sem saber o que desejamos.
Não nos deixes, assim, em nossas
próprias fraquezas!
Nos dias de sombra, sê nossa luz!
Nas horas de incerteza, sê nosso apoio
e segurança!
Mestre Divino!
Guia-nos o passo na senda reta.
Dá-nos consciência da responsabilidade
com que nos enriqueces o destino.
Auxilia-nos para que o suor do
trabalho nos alimente o lume da fé.
Não admitas que o verme do desalento
nos corroa o ideal e ajuda-nos para que a ventania da perturbação não nos
inutilize a sementeira.
Educa-nos para que possamos converter
os detritos do temporal em adubo que nos favoreça a tarefa.
Ao redor da leira que nos confiaste,
rondam aves de rapina, tentando instilar-nos desânimo e discórdia...
Não longe de nós, flores envenenadas
deitam capitoso aroma, convidando-nos ao repouso inútil, e aves canoras da
fantasia, através de melodias fascinantes, concitam-nos a ruinosa distração...
Fortalece-nos a vigilância para que
não venhamos a cair.
Dá-nos coragem para vencer a hesitação
e o erro, a sombra e a tentação que nascem de nós.
Faze-nos compreender os tesouros do
tempo, a fim de que possamos multiplicar os créditos de conhecimento e de amor
que nos emprestaste.
Divino Amigo!
Sustenta-nos as mãos no arado de
nossos compromissos, na verdade e no bem, e não permitas, em tua misericórdia,
que os nossos olhos se voltem para trás.
Que a tua vontade, Senhor, seja a
nossa vontade, agora e para sempre.
Assim seja.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Instruções Psicofônicas
sábado, 8 de janeiro de 2022
Mais Luz - Edição nº02
Leia e reflita conosco em mais uma edição do nosso boletim:
·
Dever e
liberdade
· Ante o Evangelho: O dever
· Ide e fazei - Poema
·
Guardemos o cuidado
·
Prece por
libertação
https://mailchi.mp/6da31d7cf8bf/dever-e-liberdade
Dever e liberdade
Quem é que, nas horas de silêncio e recolhimento, nunca
interrogou à natureza e ao seu próprio coração, perguntando-lhes o segredo das
coisas, o porquê da vida, a razão de ser do universo? Onde está aquele que
jamais procurou conhecer seu destino, levantar o véu da morte, saber se Deus é
uma ficção ou uma realidade?
Não seria um ser humano, por mais descuidado que fosse,
se não tivesse considerado, algumas vezes, esses tremendos problemas. A dificuldade
de os resolver, a incoerência e a multiplicidade das teorias que têm sido
feitas, as deploráveis consequências que decorrem da maior parte dos sistemas
já divulgados, todo esse conjunto confuso, fatigando o espírito humano, os têm
relegado à indiferença e ao ceticismo.
Portanto, o homem tem necessidade do saber, da luz que
esclareça, da esperança que console, da certeza que o guie e sustente. Mas tem
também os meios para conhecer, a possibilidade de ver a verdade se destacar das
trevas e o inundar de sua benfazeja luz.
Para isso, deve se desligar dos sistemas preconcebidos,
descer ao fundo de si mesmo, ouvir a voz interior que nos fala a todos, e que
os sofismas não podem enganar: a voz da razão, a voz da consciência.
Assim tenho feito. Por muito tempo refleti, meditei sobre
os problemas da vida e da morte e com perseverança sondei esses profundos
abismos. Dirigi à Eterna Sabedoria um ardente apelo e Ela me respondeu, como
sempre responde a todos.
Com o espírito animado do amor ao bem, provas evidentes e
fatos da observação direta vieram confirmar as deduções do meu pensamento,
oferecer às minhas convicções uma base sólida e inabalável. Após haver
duvidado, acreditei, após haver negado, vi. E a paz, a confiança e a força
moral desceram em mim.
Esses são os bens que, na sinceridade de meu coração
desejoso de ser útil aos meus semelhantes, venho oferecer àqueles que sofrem e
se desesperam.
Jamais a necessidade de luz fez-se sentir de maneira mais
imperiosa. Uma imensa transformação se opera no seio das sociedades. Após haver
sido submetido, durante uma longa sequência de séculos, aos princípios da
autoridade, o homem aspira cada vez mais a libertar-se de todo entrave e a
dirigir a si próprio.
Ao mesmo tempo em que as instituições políticas e sociais
se modificam, as crenças religiosas e a fé nos dogmas se tornam enfraquecidas.
É ainda uma das consequências da liberdade em sua aplicação às coisas do
pensamento e da consciência. A liberdade, em todos os domínios, tende a
substituir a coação e o autoritarismo e a guiar as nações para horizontes
novos. O direito de alguns torna-se o direito de todos; mas, para que esse
direito soberano esteja conforme com a justiça e traga seus frutos, é preciso
que o conhecimento das leis morais venha regulamentar seu exercício.
Para que a liberdade seja fecunda, para que ofereça às
ações humanas uma base certa e durável, deve ser complementada pela luz, pela
sabedoria e pela verdade. A liberdade, para os homens ignorantes e viciosos,
não seria como uma arma possante nas mãos da criança? A arma, nesse caso, frequentemente
se volta contra aquele que a porta e o fere.