sábado, 26 de fevereiro de 2022

Mais Luz - Edição 567 - 27/02/2022

 Nesta edição:

·       O progresso na imortalidade

·       Ante o Evangelho: Caracteres da perfeição

·       Poema: Espera coração

·       Na senda escabrosa – Fonte Viva

·       Prece de amor - Scheilla

 

Clique:

https://mailchi.mp/a2325134ecf7/o-progresso-na-imortalidade

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

O progresso na imortalidade

 

Embora a humanidade avance pouco a pouco na estrada do progresso, pode-se dizer que a imensa maioria de seus membros marcha através da vida como em meio de uma noite obscura, ignorando de onde vem, não sabendo para onde vai, não tendo jamais sonhado com o objetivo real da existência.

Espessas trevas dominam a razão humana; os raios destes poderosos focos, que são a justiça e a verdade, só chegam a ela pálidos, enfraquecidos e insuficientes para aclarar os caminhos sinuosos por onde as inúmeras legiões seguem em marcha, para fazer brilhar a seus olhos o objetivo ideal e distante.

Ignorante de seus destinos, indeciso entre o preconceito e o erro, o homem maldiz, por vezes, a vida. Desfalecendo ao peso do seu fardo, lança sobre seus semelhantes a causa das provas que ele engendra e sofre, muitas vezes por sua imprevidência.

Revoltado contra Deus, que ele acusa de injusto, em sua loucura e seu desespero chega mesmo, algumas vezes, a desertar do combate salutar, da luta que só pode fortificar sua alma, aclarar seu julgamento, prepará-lo para trabalhos de ordem mais elevada.

Por que é assim? Por que o homem desce frágil e desarmado na grande arena onde se trava, sem tréguas e sem descanso, a eterna e gigantesca batalha? É que esse globo terrestre é simplesmente um dos degraus inferiores da escala dos mundos e nele moram apenas espíritos novos, isto é, almas nascidas recentemente com a razão.

A matéria reina soberana em nosso mundo e curva sob seu jugo até os melhores dentre nós; limita nossas faculdades, paralisa nossos anseios para o bem e nossas aspirações para o ideal.

Assim, para discernir o porquê da vida, para conhecer sua razão de ser, para entrever a lei suprema que rege as almas e os mundos é preciso saber libertar-se dessas pesadas influências, liberar-se das preocupações de ordem material, de todas essas coisas passageiras e volúveis que acobertam nosso espírito, dificultando nossos julgamentos. Somente nos elevando algumas vezes pelo pensamento, acima dos próprios horizontes da vida, fazendo abstração do tempo e do espaço e planando, de certa forma, acima dos pormenores da existência, é que perceberemos a verdade.

Com um esforço de vontade, abandonemos por um instante a Terra e subamos essas encostas sublimes. Do alto dos cumes intelectuais se desenrolará, para nós, o imenso panorama dos tempos sem fim e dos espaços sem limite. Do mesmo modo que o soldado perdido na luta só vê confusão em seu derredor, enquanto que o general, cujo olhar alcança todas as peripécias da batalha, calcula e prevê seus resultados; da mesma forma que o viajante, perdido nas dobras do terreno, subindo a montanha, pode vê-las se fundir numa planície grandiosa, assim a alma humana, dos cumes onde ela plana, longe dos ruídos da Terra, longe dos recantos obscuros, descobre a harmonia universal. O que embaixo lhe parecia confuso, inexplicável e injusto, visto do alto se liga e se aclara.

As sinuosidades da existência se endireitam. Tudo se une, tudo se encadeia. Ao espírito deslumbrado aparece a ordem majestosa que regula o curso das existências e a marcha dos universos.

Dessas alturas iluminadas, a vida não é mais, aos nossos olhos, como aos da multidão, a busca vã de satisfações efêmeras, porém um meio de aperfeiçoamento intelectual, de elevação moral, uma escola onde se aprende a doçura, a paciência e o dever.

Esta vida, para ser eficaz, não pode ser isolada. Fora de seus limites, além do nascimento e da morte, vemos, numa espécie de penumbra, desenrolar-se uma multidão de existências através das quais, à custa do trabalho e do sofrimento, conquistamos, peça por peça, pedaço por pedaço, o pouco de saber e de qualidades que possuímos e pelos quais também conquistaremos o que nos falta: uma razão perfeita, uma ciência sem limites e um amor infinito por tudo quanto vive.

A imortalidade, semelhante a uma cadeia sem fim, se desenrola para cada um de nós na imensidade dos tempos. Cada existência é um elo que se liga, para trás e para frente, em uma cadeia distinta, a uma vida diferente, porém solidária com as outras.

O futuro é a consequência do passado e, de degrau em degrau, o ser se eleva e cresce. Artífice de seus próprios destinos, o homem, livre e responsável, escolhe seu caminho e se essa rota é difícil, as quedas que terá, os calhaus e os espinhos que irão dilacerá-lo terão como efeito desenvolver sua experiência e fortificar sua razão nascente.

A lei suprema do mundo é, portanto, o progresso incessante, a ascensão dos seres para Deus, fonte das perfeições. Das profundezas do abismo, das mais rudimentares formas da vida, por uma rota infinita e com o auxílio de transformações sem conta, nós nos aproximamos dele. No fundo de cada alma o Eterno colocou o germe de todas as faculdades e de todas as potências; cabe-nos fazê-las eclodir por nossos esforços e por nossas lutas!

Encarado por esses aspectos novos, nosso progresso, nossa vindoura felicidade é obra nossa e a graça não tem mais razão de ser, pois a justiça brilha afinal sobre o mundo, porque se todos lutamos e sofremos, todos seremos salvos.

Igualmente se revela aqui, em toda a sua grandeza, o papel da dor e sua utilidade para o progresso dos seres. Cada globo que rola no espaço é uma vasta oficina onde a substância das almas é incessantemente trabalhada.

Assim como o grosseiro mineral, sob a ação do fogo e das águas, se transforma, pouco a pouco, em um puro metal, também a alma humana, sob os pesados martelos da dor, se transforma e se fortifica. É no meio das provas que se forjam os grandes caracteres. A dor é a suprema purificação, é a fornalha onde se fundem todas as escórias impuras que corrompem a alma: o orgulho, o egoísmo e a indiferença.

É a única escola onde se afinam as sensações delicadas, onde se aprendem a piedade e a resignação estoicas. Os gozos sensuais, ligando-nos à matéria, retardam nossa elevação, enquanto que o sacrifício e a abnegação nos desligam, por antecipação, dessa espessa ganga e nos preparam para novas etapas e para uma ascensão mais alta. Assim a alma se eleva na escalada magnífica dos mundos e percorre o campo sem limites dos espaços e dos tempos.

A cada conquista sobre as paixões, a cada passo à frente, engrandecida e purificada, ela vê seus horizontes se alargarem e percebe, cada vez mais distintamente, a grande harmonia das leis e das coisas e nela participa de uma forma bem estreita e mais efetiva.

Então para ela o tempo se apaga e os séculos se escoam como segundos. Unida a suas irmãs, companheiras da erraticidade, ela prossegue sua marcha eterna no seio de uma luz cada vez maior.

De nossas buscas e de nossas meditações se destaca assim uma grande lei: a pluralidade das existências da alma. Nós vivemos antes do nascimento e viveremos depois da morte e esta lei nos dá a chave de problemas até agora insolúveis, pois somente ela explica a desigualdade das condições e a infinita variedade dos caracteres e das aptidões. Conhecemos ou conheceremos, sucessivamente, todas as fases da vida terrestre e percorreremos todos os meios. No passado, nós éramos como esses selvagens que povoam os continentes atrasados; no futuro, nós nos poderemos elevar à grandeza desses gênios imortais, desses espíritos gigantes que, semelhantes a faróis luminosos, iluminam a marcha da humanidade.

O tempo e o trabalho são os dois elementos de nosso progresso e a lei da reencarnação mostra, de uma forma brilhante, a soberana justiça que reina sobre todos os seres. Passo a passo, nos forjamos e quebramos, nós próprios, nossos grilhões. As provas terríveis, que alguns dentre nós sofrem, são a consequência de uma conduta do passado.

O déspota renasce escravo; a mulher altiva e vaidosa por sua beleza tomará um corpo enfermo e sofredor; o preguiçoso voltará como servo, curvado sob uma tarefa ingrata, e aquele que fez sofrer, por seu turno, sofrerá. É inútil procurar o inferno nas regiões desconhecidas e distantes. O inferno está em torno de nós e se oculta nas dobras ignoradas da alma culpada, na qual só a expiação pode fazer cessar as dores.

Entretanto, dirão, se outras vidas precederam o nascimento, por que perdemos sua lembrança e como poderemos resgatar com sucesso faltas esquecidas?

A lembrança! Ela não seria mais que um terrível grilhão atado aos nossos pés! Mal saída das idades da fúria, escapando, ontem, da bestialidade feroz, qual deve ser esse passado de cada um de nós? Pelas etapas vencidas, quantas lágrimas temos feito correr e quanto sangue temos derramado! Conhecemos o ódio e praticamos a injustiça. Que fardo moral essa longa perspectiva de faltas para um pobre espírito já débil e cambaleante! Depois, a lembrança de nosso próprio passado estaria ligada, de uma forma íntima, à lembrança do passado de outras pessoas. Que desagradável situação para o culpado, marcado assim com o ferro em brasa pela eternidade!

E os ódios, os erros se perpetuariam pela mesma razão, criando divisões profundas e eternas no seio dessa humanidade já tão sacrificada. Sim, Deus fez bem em apagar de nossos frágeis cérebros a lembrança de um passado perigoso. Após termos bebido as águas do Léthé, renascemos numa nova vida.

Uma educação diferente, uma civilização mais ampla faz espantar os fantasmas que perturbaram outrora nosso espírito.

Aliviados dessa bagagem pesada, avançamos com passo mais rápido pelas sendas que nos são abertas.

Entretanto esse passado não está tão extinto que não lhe possamos entrever alguns vestígios. Se, livres das influências exteriores, descermos ao fundo de nosso ser, se analisarmos, com cuidado nossas preferências e nossas aspirações, descobriremos coisas que nada em nossa atual existência e na educação recebida pode explicar.

Partindo daí, chegaremos a reconstituir esse passado, senão em seus pormenores, pelo menos em suas grandes linhas. Quanto às faltas, ocasionando, nesta vida, uma expiação consentida, ainda que apagadas momentaneamente aos nossos olhos, sua causa primária não permanece menos visível para sempre, isto é, nossas paixões, nosso caráter ardente que novas encarnações terão como meta curvar e domar.

Assim, pois, se deixamos sob o esquecimento as mais perigosas lembranças, carregamos, pelo menos, conosco o fruto e as consequências dos trabalhos recentemente conquistados, isto é, uma consciência, um julgamento e um caráter talhados por nós próprios. O que chamamos desigualdade não é outra coisa senão a herança intelectual e moral que as vidas passadas nos legam.

Cada vez que se abrem, para nós, as portas da morte, quando, separada do jugo material, nossa alma escapa de sua prisão de carne para entrar novamente no império dos espíritos, então o passado reaparece inteiramente diante dela. Uma após outra, na rota percorrida, ela revê suas existências: as quedas, as conquistas e as marchas rápidas. Ela se julga a si mesma, medindo o caminho percorrido, e no espetáculo de seus sucessos ou de suas vergonhas, colocados diante dela, encontra seu castigo ou sua recompensa.

Sendo o aperfeiçoamento intelectual e moral da alma o objetivo da vida, qual condição e qual meio nos convém melhor para conseguir esse objetivo? O homem pode trabalhar para essa perfeição em todas as condições e em todos os meios sociais, porém trabalhará mais vitoriosamente em determinadas condições.

A riqueza proporciona ao homem poderosos meios de estudo e lhe permite dar a seu espírito uma cultura mais desenvolvida e mais perfeita; ela põe em suas mãos facilidades maiores para aliviar seus irmãos infelizes e participar de tarefas úteis para lhes melhorar a sorte. Todavia são raros os que consideram como um dever trabalhar para aliviar a miséria ou pela instrução e melhoria de seus semelhantes.

A riqueza esteriliza, muitas vezes, o coração humano; extingue essa chama interior, esse amor ao progresso e às melhorias sociais, que aquece todas as almas generosas; coloca uma barreira entre os poderosos e os humildes e isola, numa esfera, os deserdados desse mundo, onde, por consequência, suas necessidades e seus males são ignorados e desconhecidos.

A miséria também tem seus horrorosos perigos: a degradação dos caracteres, o desespero e o suicídio, mas enquanto a riqueza nos torna indiferentes e egoístas, a pobreza, aproximando-nos dos humildes, nos faz compartilhar de suas dores. É preciso ter sofrido para avaliar o sofrimento dos outros. É então que os poderosos, no meio das honras, se invejam entre si e procuram rivalizar, em ostentação, os pequenos, aproximados pela necessidade e que vivem, por vezes, em uma tocante confraternização.

Olhai os pássaros de nosso país durante os meses de inverno, quando o céu está sombrio, quando a terra está coberta com um branco manto de neve; agarrados uns aos outros, na borda de um telhado, eles se aquecem mutuamente, em silêncio. A necessidade os une. Contudo, nos belos dias, com o Sol resplandecendo e a provisão abundante, eles piam quanto podem, perseguem-se, batem-se e se machucam. Assim é o homem.

Dócil, afetuoso para com seus semelhantes nos dias de tristeza, a posse dos bens materiais muitas vezes o torna esquecido e insensível.

Uma condição modesta faz mais bem ao espírito desejoso de progredir, de adquirir as virtudes necessárias para seu progresso moral. Longe do turbilhão dos prazeres fugazes, ele julgará melhor a vida, dará à matéria o que é necessário para a conservação de seus órgãos, porém evitará cair em hábitos perniciosos, tornar-se presa das inúmeras necessidades factícias que são o flagelo da humanidade. Ele será sóbrio e laborioso, contentando-se com pouco, apegando-se aos prazeres da inteligência e às alegrias do coração.

Fortificado assim contra os assaltos da matéria, o sábio, sob a pura luz da razão, verá resplandecer seu destino. Esclarecido quanto ao objetivo da vida e ao porquê das coisas, ficará firme e resignado diante da dor, que ele aproveitará para sua depuração e seu progresso.

Enfrentará a provação com coragem, sabendo que ela é salutar, que ela é o choque que rasga nossas almas e que só por este rasgão derrama tudo quanto de fel e de amargura há em nós.

E se os homens se riem dele, se ele é vítima da intriga e da injustiça, aprenderá a suportar, pacientemente, seus males, lançando seus olhares para vós, oh! Nossos irmãos mais velhos, para Sócrates bebendo a cicuta, para Jesus crucificado e para Joana na fogueira. Haverá consolação na lembrança de que os maiores, os mais virtuosos e os mais dignos sofreram e morreram pela humanidade.

Após uma existência bem preenchida, chegará a hora solene e é com calma, sem desgostos, que virá a morte. A morte que os homens cercam com um sinistro aparato, a morte, espantalho dos poderosos e dos sensuais e que para o pensador austero é a libertação, a hora da transformação, a porta que se abre para o império luminoso dos espíritos.

Esse pórtico das regiões extraterrestres será penetrado com serenidade, se a consciência, separada da sombra da matéria, erguer-se como um juiz, representante de Deus, perguntando?

“Que fizeste da vida”? E ele responder: “Lutei, sofri, amei!

Ensinei o bem, a verdade e a justiça; dei a meus irmãos o exemplo do correto e da doçura; aliviei as dores dos que sofrem e consolei os que choram. Agora, que o Eterno me julgue, pois estou em suas mãos”!

Homem, meu irmão, tem fé em teu destino, porque ele é grande. Confia nas amplas perspectivas, porque ele põe em teu pensamento a energia necessária para enfrentar os ventos e as tempestades do mundo. Caminha, valente lutador, sobe a encosta que conduz a esses cimos que se chamam virtude, dever e sacrifício. Não pares no caminho para colher as florzinhas do campo, para brincar com os calhaus dourados. Para frente, sempre adiante.

Olha nos esplêndidos céus esses astros brilhantes, esses sóis incontáveis que carregam, em suas evoluções prodigiosas, brilhantes cortejos de planetas. Quantos séculos acumulados foram precisos para formá-los e quantos séculos serão precisos para dissolvê-los.

Pois bem, chegará um dia em que todos esses sóis serão extintos, ou esses mundos gigantescos desaparecerão para dar lugar a novos globos e a outras famílias de astros emergindo das profundezas. Nada do que vês hoje existirá. O vento dos espaços terá varrido para sempre a poeira desses mundos, porém tu viverás sempre, prosseguindo tua marcha eterna no seio de uma criação renovada incessantemente. Que serão então, para tua alma depurada e engrandecida, as sombras e os cuidados do presente? Acidentes fugazes de nossa caminhada, que só deixarão, no fundo de nossa memória, lembranças tristes e doces.

Diante dos horizontes infinitos da imortalidade, os males do passado e as provas sofridas serão qual uma nuvem fugidia no meio de um céu sereno.

Considera, portanto, no seu justo valor, as coisas da Terra.

Não as desdenhes porque, sem dúvida, elas são necessárias ao teu progresso e tua obra é contribuir para o seu aperfeiçoamento, melhorando a ti mesmo, mas que tua alma não se agarre exclusivamente a elas e que busque, antes de tudo, os ensinamentos nela contidos.

Graças a eles compreenderás que o objetivo da vida não é o gozo, nem a felicidade, porém o desenvolvimento por meio do trabalho, do estudo e do cumprimento do dever, dessa alma, dessa personalidade que encontrarás além do túmulo, tal como a tenhas feito, tu mesmo, no curso desta existência terrestre.

 

Leon Denis – Livro: O Progresso

Na senda escabrosa

 “Nunca te deixarei, nem te desampararei”. Paulo (Hebreus, 13:5)

 

A palavra do Senhor não se reporta somente à sustentação da vida física, na subida pedregosa da ascensão.

Muito mais que de pão do corpo, necessitamos de pão do espírito.

Se as células do campo fisiológico sofrem fome e reclamam a sopa comum, as necessidades e desejos, impulsos e emoções da alma provocam, por vezes, aflições desmedidas, exigindo mais ampla alimentação espiritual.

Há momentos de profunda exaustão, em nossas reservas mais íntimas.

As energias parecem esgotadas e as esperanças se retraem apáticas.

Instala-se a sombra, dentro de nós, como se espessa noite nos envolvesse.

E qual acontece à Natureza, sob o manto noturno, embora guardemos fontes de entendimento e flores de boa vontade, na vasta extensão do nosso país interior, tudo permanece velado pelo nevoeiro de nossas inquietações.

O Todo Misericordioso, contudo, ainda aí, não nos deixa completamente relegados à treva de nossas indecisões e desapontamentos. Assim como faz brilhar as estrelas fulgurantes no alto, desvelando os caminhos constelados do firmamento ao viajor perdido no mundo, acende, no céu de nossos ideais, convicções novas e aspirações mais elevadas, a fim de que nosso espírito não se perca na viagem para a vida superior.

"Nunca te deixarei, nem te desampararei" – promete a Divina Bondade.

Nem solidão, nem abandono.

A Providência Celestial prossegue velando.

Mantenhamos, pois, a confortadora certeza de que toda tempestade é seguida pela atmosfera tranquila e de que não existe noite sem alvorecer.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 041

Prece de amor


Amado Jesus!

Suplicando abençoes a nossa casa de fraternidade, esperamos por teu amparo, a fim de que saibamos colocar em ação o amor que nos deste.

Auxilia-nos a exercer a compaixão e o entendimento, ensinando-nos a esquecer o mal e a cultivar o bem, na paciência e na tolerância uns para com os outros.

Ajuda-nos a compreender e servir, para que a nossa fé não seja inútil.

Faze-nos aceitar na caridade o esquema de cada dia e induze-nos os braços ao trabalho edificante para que o nosso tempo não se torne vazio.

Sobretudo, Senhor, dá-nos humildade, a fim de que a humildade nos faça dóceis instrumentos nas tuas mãos.

E, agradecendo-te o privilégio do trabalho, em nosso templo de oração, louvamos a tua Infinita Bondade hoje e sempre.

Scheilla / Chico Xavier – Livro: Visão nova

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Mais Luz - Edição 566 - 20/02/2022

 Confira nesta edição: 

  • Chamamento à luta
  • Ante o Evangelho: A caridade material e a caridade moral
  • Poema: Mais além
  • Ante o objetivo – Fonte Viva
  • Concessão – Oração de Bezerra de Menezes

    "Na aduana da vida, o passaporte libertador é a conduta íntima."


 Clique: https://mailchi.mp/94d387e110b0/chamamento-luta

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Chamamento à luta

Vivendo os tempos anunciados, não vos surpreendais com os testemunhos.

Chegam as horas que foram preditas pelo Senhor, e todos vos encontrais convocados para a demonstração da fé interior nos arraiais da vossa própria conduta.

Nenhum juiz ou julgamento algum externo.

Vida interior acima de convenções. Atitudes além de aparências.

Na razão direta em que a dor estruge e as aflições assomam desesperadoras, cabe-vos o dever inalienável de porfiar, estampando no semblante o otimismo da paz, e, na vivência, colocando o selo da retidão.

Não mais engodos nem superficialidades como vernizes de comportamento.

Mais do que nunca se fazem imperiosas a atitude de justiça, a ação de enobrecimento e a definição de fé.

Já vos oferecestes para o banquete da luz da Era Nova. Traçastes a rota libertadora; portanto, não postergueis a vossa marcha.

Muitas vezes renteastes com o dever e malograstes.

Encarecestes o ensejo de reparação e fugistes.

Convocastes lidadores valiosos para vos representarem no Além, que intercederam pelo vosso retorno, e, agora que estais engajados na luta, não vos justifiqueis as fugas.

A fraqueza se transforma em força sob o valor da fé.

A fragilidade se robustece com os combustíveis da dignidade.

A ação impõe, inevitavelmente, o contributo da realização pessoal pela vivência íntima da prece e das ideias enobrecidas.

Vigiai as fontes do pensamento, por onde se adentram a perturbação e a desordem.

Coibi, para vosso uso, as licenças morais permissivas, não vos comprometendo com ninguém nem a ninguém deixando comprometer-se convosco.

Tendes a luz excelente para clarear-vos o roteiro.

Momento final, este, de avaliação de resultados.

Recebestes do Senhor as dádivas que nem sempre merecemos, todos nós, mas que a misericórdia divina nos faz chegar com robustecimento de força, para que nos não venhamos a entorpecer, alegando escassez de recursos.

Duas forças em antagonismo vigem em nós, duas naturezas no homem, que podem ser sintetizadas numa só: a paixão, que se bifurca em paixão do corpo, da ambição e paixão da alma, da libertação.

Esse conflito deve terminar na paixão pelo Cristo, que não apenas se imolou numa cruz, mas permanece imolado em nossos sentimentos, aguardando por nós.

Não adieis mais!

Que esperais da vida, nesse limite que a porta do túmulo determina?

Preferis a ilusão de um momento, seguida pela marcha penumbrosa dos remorsos e das dores, ou optareis pela superação de alguns instantes de ansiedade, para a plenitude de todos os momentos depois?

Participais do banquete da vida. É justo que pagueis o seu tributo.

Fruís das alegrias da fé. É compreensível que vos seja cobrado o ingresso da satisfação.

Na aduana da vida, o passaporte libertador é a conduta íntima.

Ninguém se poupe ao esforço de sublimar-se.

Pessoa nenhuma permita arrastar o próximo ao desequilíbrio de que se procura evadir.

Eia, agora, este é o momento da libertação; soa o instante azado da vossa devoção à causa espírita, que faz mártires na abnegação, heróis na luta e santos na renúncia.

Cristo, ontem imolado. Cristo, hoje libertador. Cristo, amanhã em que, com Ele, estaremos na plenitude do Reino dos Céus.

Vianna de Carvalho / Divaldo Franco – Livro: Reflexões espíritas 

Ante o objetivo

 “Para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição”. Paulo (Filipenses, 3 :11)

 

Alcançaremos o alvo que mantemos em mira:

O avarento sonha com tesouros amoedados e chega ao cofre forte.

O malfeitor comumente ocupa largo tempo, planificando a ação perturbadora, e comete o delito.

O político hábil anseia por autoridade e atinge alto posto no domínio terrestre.

A mulher desprevenida, que concentra as ideias no desperdício das emoções, penetra o campo das aventuras inquietantes.

E cada meta a que nos propomos tem o preço respectivo.

O usurário, para amealhar o dinheiro, quase sempre perde a paz.

O delinquente, para efetuar a falta que delineia, avilta o nome.

O oportunista, para conseguir o lugar de mando, muitas vezes desfigura o caráter.

A mulher desajuizada, para alcançar fantasiosos prazeres, abdica, habitualmente, o direito de ser feliz.

Se impostos tão pesados são exigidos na Terra aos que perseguem resultados puramente inferiores, que tributos pagará o espírito que se candidata à glória na vida eterna?

O Mestre na cruz é a resposta para todos os que procuram a sublimidade da ressurreição.

Contemplando esse alvo, soube Paulo buscá-lo, através de incompreensões, açoites, aflições e pedradas, servindo constantemente, em nome do Senhor.

Se desejas, por tua vez, chegar ao mesmo destino, centraliza as aspirações no objetivo santificante e segue, com valoroso esforço, na conquista do eterno prêmio.


Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 040

Concessão

 


“Divino Benfeitor!

“A terra agradecida ao arado se reverdece, abrindo-se em flores e frutos;

“A nuvem abençoa o solo com chuva fertilizante, agradecendo às nascentes donde proveio;

“A ave, cantando, agradece o novo dia que surge;

“O grão triturado, em louvor à mó que o despedaça, agradece à vida, transformado em pão;

“A semente esmagada, agradece ao solo gentil, repetindo a matriz que se estiola...

“A vida canta louvores nas mil vozes da Natureza, agradecendo a Nosso Pai todas as sublimes concessões do Seu amor.

“Teus discípulos incipientes e temerosos que sabemos ser, tocados pelo amor que de Ti dimana, agradecemos, também, a honra imerecida de servir-Te na pessoa do nosso próximo do caminho redentor.

“Concede-nos o favor de prosseguirmos, incessantemente, contigo, porque se não Te tivermos para onde ou para quem nos dirigiremos, pois somente em Ti encontramos o caminho, a verdade e a vida!...

“Esperança nossa, recebe nossa gratidão e apiada-te de nós”!

 

Bezerra de Menezes

Manoel Philomeno de Miranda / Divaldo Franco – Livro: Grilhões Partidos

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Mais Luz - Edição 565 - 13/01/2022

 Confira nesta edição:

·        O poder da fé

·        Ante o Evangelho: A fé religiosa. Condição da fé inabalável

·        Poema: Ao viajante da fé

·        Fé inoperante – Fonte Viva

·        Oração: Socorro Maior


"O poder da fé é sem limites e, assim reconhecendo-a, cientes de que ela dormita em nós, despertemo-la."

  https://mailchi.mp/de48b4bd9e48/o-poder-da-f


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

O poder da fé

 


“Tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste”. — Marcos — Cap. 5 vers. 27.

 

Jamais apareceu alguém, no mundo, que conseguisse colocar limites à fé. O seu poder suplanta quaisquer fronteiras, que o homem, por ignorância, queira lhe impor. Não há criatura que possa viver sem fé. Muitos julgam não a possuírem, mas se enganam completamente. Ela vive dentro de todos os seres, variando sua intensidade numa escala progressiva, e de acordo com a evolução espiritual de cada um. Dessa forma, espírito algum tem o mesmo quilate de fé que seu semelhante, indo sua variação, de parcela mínima, até o infinito. Porém, só Deus possui a totalidade dessa virtude.

Várias dúvidas persistem no meio humano. Pergunta-se se em outros reinos, abaixo do homem, existe a fé. Deus não Se esquece de nada que foi criado e é sustentado por Ele. Porém, a fé, mais pura ou menos pura, só surge no ser quando já dotado de razão. Isso é da lei. Nos outros degraus evolutivos, à retaguarda do homem, há rudimentos da fé que, algum dia, irão brotar com a força da razão. Como se comparássemos o instinto do animal com a razão humana. Ambas as forças procedem da mesma fonte: mas, no ser humano, esse dom já mostra claridades do aperfeiçoamento.

A fé, para o espírito, é tão necessária como o ar o é para o corpo. A ciência do mundo já quis destruir a fé dos homens em um Deus e na vida que continua depois do túmulo. Jamais conseguiu e nem conseguirá, pois, ao invés de combatê-la, está avivando ainda mais, nas almas, essa certeza de que nada morre.

Tudo viveu, vive e continuará a viver sempre.

As leis de Deus não podem ser mudadas. Há que compreendê-las. E sua descoberta requer muita ciência e bastante fé. Que o Senhor abençoe os homens, fazendo com que a ciência procure os olhos da fé, para não perderem muito tempo em vislumbrar Deus por onde passarem. Não existe outro caminho, e o tempo espera esse acontecimento. A ciência material representa a fé humana, enquanto a ciência espiritual, a fé divina. Necessário se faz que as duas se unam, completando-se, para maior felicidade dos homens e do mundo.

------ooO------

Estudemos, com Jesus Cristo, o poder da fé.

Havia uma mulher que, há doze anos, estava desenganada pelos médicos, - narra o Evangelho. Desesperada, ela tem notícias de que Jesus estava operando maravilhas, e vai à procura do Mestre, enfrentando todas as dificuldades, pois outros também O procuravam.

Avança daqui, força dali, varando a multidão, até que conseguiu tocar na orla das vestes do Nazareno. Sentiu, então, um bem-estar estranho penetrar-lhe o corpo e alojar-se, demoradamente, em suas entranhas.

Cristo possuía, em torno de Si, um manancial de forças magnéticas indescritíveis. Era um potencial de luzes nunca visto, nem sentido por seres humanos, porquanto o Mestre procedia de regiões divinas. Mas o poder da fé levanta o padrão vibratório, nivelando-o em quem, pelo menos, tocasse Jesus e que já vivia em estado de perfeição espiritual. E a mulher tinha o mais alto grau de certeza quando os seus dedos, de leve, tocaram as vestes do Cristo; da poderosa aura do Mestre fluiu certa quantidade de magnetismo espiritual que, bafejando todo o seu ser, alojou-se, como por encanto, no lugar enfermo, atendendo a seu pensamento que se fixava na região doentia, e restabelecendo o órgão em desequilíbrio.

Jesus, sentindo o fenômeno, pergunta: “Quem tocou em mim”? Ao que, assustados, responderam os discípulos: — “O povo é que te comprime, Senhor".

Jesus não se dá por satisfeito, olha em torno para reconhecer quem o havia tocado e depara com a mulher que, meio trêmula, de joelhos, Lhe diz: - “Fui eu, Senhor”.

O Mestre, olhando-a compassivo, deixa entreabrir os lábios com um leve sorriso e afirma: - “A tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre de teu mal".

O poder da fé é sem limites e, assim reconhecendo-a, cientes de que ela dormita em nós, despertemo-la. E já que não podemos tocar as resplandecentes vestes de Jesus, toquemos, com os dedos dos sentimentos, sua roupagem evangélica, esperando provar a ventura de ouvir, a exemplo da mulher enferma citada no Evangelho: - “A tua fé te curou'.

"Tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste”

 

Miramez / João Nunes Maia – Livro: Alguns ângulos dos ensinos do Mestre

Fé inoperante

 “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma”. (Tiago, 2:17)

 

A fé inoperante é problema credor da melhor atenção, em todos os tempos, a fim de que os discípulos do Evangelho compreendam, com clareza, que o ideal mais nobre, sem trabalho que o materialize, a benefício de todos, será sempre uma soberba paisagem improdutiva.

Que diremos de um motor precioso do qual ninguém se utiliza? De uma fonte que não se movimente para fertilizar o campo? De uma luz que não se irradie?

Confiaremos com segurança em determinada semente, todavia, se não a plantamos, em que redundará nossa expectativa, senão em simples inutilidade? Sustentaremos absoluta esperança nas obras que a tora de madeira nos fornecerá, mas se não nos dispomos a usar o serrote e a plaina, certo a matéria-prima repousará, indefinidamente, a caminho da desintegração.

A crença religiosa é o meio.

O apostolado é o fim.

A celeste confiança ilumina a inteligência para que a ação benéfica se estenda, improvisando, por toda parte, bênçãos de paz e alegria, engrandecimento e sublimação.

Quem puder receber uma gota de revelação espiritual, no imo do ser, demonstrando o amadurecimento preciso para a vida superior, procure, de imediato, o posto de serviço que lhe compete, em favor do progresso comum.

A fé, na essência, é aquele embrião de mostarda do ensinamento de Jesus que, em pleno crescimento, através da elevação pelo trabalho incessante, se converte no Reino Divino, onde a alma do crente passa a viver.

Guardar, pois, o êxtase religioso no coração, sem qualquer atividade nas obras de desenvolvimento da sabedoria e do amor, consubstanciados no serviço da caridade e da educação, será conservar na terra viva do sentimento um ídolo morto, sepultado entre as flores inúteis das promessas brilhantes.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 039