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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

O mais difícil

 

Diante das águas calmas, Jesus refletia.

Afastara-se da multidão, momentos antes.

Ouvira remoques e sarcasmos.

Vira chagas e aflições.

O Mestre pensava…

 

Tadeu e Tiago, o moço, João e Bartolomeu aproximaram-se. Não era aquele um momento raro? E ensaiaram perguntas.

— Senhor, — disse João, — qual é o mais importante aviso da Lei na vida dos homens?

E o Divino Amigo passou a responder:

— Amemos a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos.

— E qual é a virtude mais preciosa? — Indagou Tadeu.

— A humildade.

— Qual o talento mais nobre, Senhor? — Falou Tiago.

— O trabalho.

— E a norma de triunfo mais elevada? — Interrogou Bartolomeu.

— A persistência no bem.

— Mestre, e qual é, para nós todos, o mais alto dever? — Aventurou Tadeu novamente.

— Amar a todos, a todos servindo sem distinção.

— Oh! isso é quase impossível, — gemeu o aprendiz.

— A maldade é atributo de todos, — clamou Tiago; — faço o bem quanto posso, mas apenas recolho espinhos de ingratidão.

— Vejo homens bons sofrendo calúnias por toda parte, — acentuou outro discípulo.

— Tenho encontrado mãos criminosas toda vez que estendo as mãos para auxiliar, — disse outro.

E as mágoas desfilaram diante do Mestre silencioso.

João, contudo, voltou a interrogá-lo:

— Senhor, que é mais difícil? Qual a aquisição mais difícil?

Jesus sorriu e declarou:

— A resposta está aqui mesmo em vossas lamentações. O mais difícil é ajudar em silêncio, amar sem crítica, dar sem pedir, entender sem reclamar… A aquisição mais difícil para nós todos chama-se paciência.

 

Hilário Silva /  Waldo Vieira – Livro: A Vida Escreve



sábado, 14 de outubro de 2023

O Mestre e o apóstolo

 


O Evangelho segundo o Espiritismo — Cap. I — Item 7.

 

Luminosa, a coerência entre o Cristo e o Apóstolo que lhe restaurou a palavra.

 

Jesus, o Mestre.

Kardec, o Professor.

 

Jesus refere-se a Deus, junto da fé sem obras.

Kardec fala de Deus, rente às obras sem fé.

 

Jesus é combatido, desde a primeira hora do Evangelho, pelos que se acomodam na sombra.

Kardec é impugnado desde o primeiro dia do Espiritismo, pelos que fogem da luz.

 

Jesus caminha sem convenções.

Kardec age sem preconceitos.

 

Jesus exige coragem de atitudes.

Kardec reclama independência mental.

 

Jesus convida ao amor.

Kardec impele à caridade.

 

Jesus consola a multidão.

Kardec esclarece o povo.

 

Jesus acorda o sentimento.

Kardec desperta a razão.

 

Jesus constrói.

Kardec consolida.

 

Jesus revela.

Kardec descortina.

 

Jesus propõe.

Kardec expõe.

 

Jesus lança as bases do Cristianismo, entre fenômenos mediúnicos.

Kardec recebe os princípios da Doutrina Espírita, através da mediunidade.

 

Jesus afirma que é preciso nascer de novo.

Kardec explica a reencarnação.

 

Jesus reporta-se a outras moradas.

Kardec menciona outros mundos.

 

Jesus espera que a verdade emancipe os homens; ensina que a justiça atribui a cada um pela próprias obras e anuncia que o Criador será adorado, na Terra, em espírito.

Kardec esculpe na consciência as leis do Universo.

 

Em suma, diante do acesso aos mais altos valores da vida, Jesus e Kardec estão perfeitamente conjugados pela Sabedoria Divina.

 

Jesus, a porta.

Kardec, a chave.


Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Opinião espírita



quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Não fujas

 


Quando as sombras da provação se te adensem, ao redor dos passos, permanece firme na confiança em Deus e em ti mesmo, seguindo adiante nas tarefas que abraçaste, na seara do bem. Não existem tribulações infindáveis.

Sobretudo, não te omitas. Aceita os encargos que as circunstâncias te impõem, buscando cumpri-los com o melhor ao teu alcance.

Não te aflijam dificuldades. Anota as bênçãos de que dispões.

Conserva-te fiel às próprias obrigações, na certeza de que a Divina Providência te oferecerá os recursos precisos para que qualquer desequilíbrio desapareça.

Desapega-te de toda ideia do mal.

Abençoa a quantos não raciocinem por teus princípios. Muitas vezes, os adversários de hoje, se soubermos respeitá-los com sinceridade, estarão possivelmente amanhã na fileira de nossos melhores benfeitores.

Não te lamentes. O aguaceiro que te incomoda é apoio da natureza para que não te falte o pão indispensável à vida.

Não exijas dos outros qualidades que ainda não possuem. A árvore nascente aguarda-te a bondade e a tolerância para que te possa ofertar os próprios frutos em tempo certo.

Por mais ásperos se te mostrem os obstáculos da estrada, segue adiante. Se alguém te feriu, desculpa e prossegue à frente.

Não procures na morte provocada o esquecimento que a morte não te pode dar.

Não fujas dos problemas com que a vida te instrui. A vida, como a fizeres, estará contigo em qualquer parte.

Lembra-te sempre: cada dia nasce de novo amanhecer.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Atenção



quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Se te encontras angustiado

 


Se te sentes tentado ao suicídio, ora a Deus e busca a presença de um amigo com quem possas conversar.

Quase todos os homens experimentam semelhante estado emocional, notadamente quando o sofrimento, em suas múltiplas nuanças, lhes subtrai a alegria de viver.

Se a tempestade das provações desaba sobre a tua vida, não desesperes.

Breve, o Sol voltará a brilhar no horizonte de tuas esperanças.

Suporta corajosamente a dor que te acicata a alma, recordando que Deus, nosso Pai de Infinita Misericórdia, a ninguém desampara.

Se te encontras angustiado, pensa naqueles que estão lutando em silêncio por um mundo melhor e junta-te a eles, consagrando os teus dias a uma causa nobre.

Não acredites que nada possas realizar na seara do bem.

Cede as tuas mãos ao Senhor e Ele, por ti, fará maravilhas.

Esquece a ideia da morte e vive para os que te amam.

O sacrifício pessoal é uma estrada de beleza indefinível…

Amanhã, quando alcançares a Grande Renovação, agradecerás a cruz que te possibilitou compreender e abençoar a vida.

 

Irmão José / Carlos A. Baccelli — Livro: Tende bom ânimo


sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Rendição

Tudo fizera para pagar os quinhentos mil cruzeiros…

Desesperava-se.

Tudo debalde…

O desejo de autoeliminação escaldava-lhe o crânio.

Sentia a necessidade de orar… Mas, como?

Abnegado amigo dispôs-se a conduzi-lo a determinado templo espírita, a fim de que pudesse recolher algum esclarecimento e consolo.

Apreensivo, recebeu a palavra de generoso Mentor, que lhe dizia, em página breve:

— “Irmão Avelino. Deus esteja conosco. Não desespere. Simples quarto de hora está revestido de imenso valor e, por vezes, modifica inteiramente o destino. Volte ao lar e ouça Jesus no Evangelho. Somente o Evangelho guarda bastante luz para a solução de nossos problemas.”

Terminada a reunião, afastou-se Avelino, sem dar-se por satisfeito.

Estava desapontado e desgostoso. Fugiria do mundo. Ninguém lhe evitaria semelhante propósito.

Ao retornar a casa, inquieto em suas cogitações, reparou que os faróis do ônibus incidiram sobre a frente de um transportador de carga, a movimentar-se em sentido contrário, e pôde ler, nitidamente, no para-choque:

— “Deus viaja conosco.”

Sorriu, irônico.

“Todo motorista é engraçado” — pensou.

Chegando em casa, entrega-lhe a esposa afetuosa carta de um companheiro.

Retira-lhe o conteúdo.

Começa a leitura e esbarra com a saudação:

— “Deus esteja conosco, hoje e sempre.”

Deixou a missiva, contrafeito, e falou de si para consigo:

— “Sempre a filosofia religiosa!…”

Ainda assim, enfadado de tudo, notou que a esposa andara lendo o Evangelho, porque um exemplar do Novo Testamento descansava na mesa, a pequena distância.

Mais curioso que interessado, abriu o livro, e seus olhos caíram sobre o versículo onze do capítulo treze, na segunda carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios: “Quanto ao mais, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco.” 

Abandonou o livro, desalentado.

Esparramou-se em velha poltrona e ouviu conhecido locutor encerrando o programa naquelas primeiras horas da madrugada:

— “Deus esteja conosco.”

Desligou o aparelho, sem dizer palavra.

Beijou a esposa, então recolhida, com o enternecimento de quem se despede pela última vez.

Tornou à copa.

Estava decidido. Terminaria tudo.

O gargalo de uma garrafa verte a cerveja sobre alta dose de violento corrosivo.

Antes, porém, do gesto infeliz, pensa um pouco.

Fita, angustiado, a cena familiar que o rodeia… No cimo de grande armário vê, rasgado, o verde papagaio de papel que lhe recorda o filhinho.

Guardando a taça entre as mãos, dirige-se ao quarto próximo e inclina-se, quase em pranto, para Ricardo, o garoto que dorme.

O leito, pressionado, estala de leve e o menino acorda, atarantado.

À frente da inesperada visita, atira-se nos braços paternos, fazendo ir ao chão o copo que se estilhaça no piso, ao mesmo tempo que exclama, expansivo:

— Papai! Papai! Hoje na aula escrevi sem errar o primeiro ditado da professora: “Confiemos em Deus!”

Avelino, agora chorando e rindo, abraçou o petiz.

Deus vencera!

Deus, que o cercava por toda parte, ajudá-lo-ia a pagar os quinhentos mil cruzeiros.

— Obrigado, meu filho! — Clamou, feliz, levando o lenço aos olhos.

A seguir, descerrando larga janela, contemplou o céu rutilante de estrelas…

E, tomado de júbilo inconsciente, gritou, espontâneo:

— Obrigado, meu Deus!

Delirando de alegria, apertou o filhinho com mais ternura e, aliviado enfim, respirou, a longos haustos, como se tivesse encontrado a felicidade pela primeira vez…

 

Hilário Silva / Waldo Vieira – Livro: A Vida Escreve




 

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

O carneiro revoltado

 

Certo carneiro muito inteligente, mas indisciplinado, reparou os benefícios que a lã espalhava em toda parte, e, desde então, julgou-se melhor que os outros seres da Criação, passando a revoltar-se contra a tosquia.

— Se era tão precioso, — pensava, — por que aceitar a humilhação daquela tesoura enorme? Experimentava intenso frio, de tempos a tempos, e, despreocupado das ricas rações que recebia no redil, detinha-se apenas no exame dos prejuízos que supunha sofrer.

Muito amargurado, dirigiu-se ao Criador, exclamando:

— Meu Pai, não estou satisfeito com a minha pelagem. A tosquia é um tormento… Modifica-me, Senhor!…

O Todo-Poderoso indagou, com bondade:

— Que desejas que eu faça?

Vaidosamente, o carneiro respondeu:

— Quero que a minha lã seja toda de ouro.

A rogativa foi satisfeita. Contudo, assim que o orgulhoso ovino se mostrou cheio de pelos preciosos, várias pessoas ambiciosas atacaram-no sem piedade. Arrancaram-lhe, violentamente, todos os fios, deixando-o em chagas.

O infeliz, a lastimar-se, correu para o Altíssimo e implorou:

— Meu Pai, muda-me novamente! Não posso exibir lã dourada… encontraria sempre salteadores sem compaixão.

O Sábio dos Sábios perguntou:

— Que queres que eu faça?

O animal, tocado pela mania de grandeza, suplicou:

— Quero que a minha lã seja lavrada em porcelana primorosa.

Assim foi feito. Entretanto, logo que tornou ao vale, apareceu no céu enorme ventania, que lhe quebrou todos os fios, dilacerando-lhe a carne.

Regressou, aflito, ao Todo-Misericordioso e queixou-se:

— Pai, renova-me!… A porcelana não resiste ao vento… estou exausto…

Disse-lhe o Senhor:

— Que desejas que eu faça?

— A fim de não provocar os ladrões e nem ferir-me com porcelana quebrada, quero que a minha lã seja feita de mel.

O Criador satisfez o pedido. Todavia, logo que o pobre se achou no redil, bandos de moscas asquerosas cobriram-no em cheio e, por mais corresse campo a fora, não evitou que elas lhe sugassem os fios adocicados.

O mísero voltou ao Altíssimo e implorou:

— Pai, modifica-me… as moscas deixaram-me em sangue!

O Senhor indagou, de novo, com inexaurível paciência:

— Que queres que eu faça?

Dessa vez, o carneiro pensou mais tempo e considerou:

— Suponho que seria mais feliz se tivesse minha lã semelhante às folhas de alface.

O Todo-Bondoso atendeu-lhe mais uma vez a vontade e o carneiro voltou à planície, na caprichosa alegria de parecer diferente. No entanto, quando alguns cavalos lhe puseram os olhos, não conseguiu melhor sorte. Os equinos prenderam-no com os dentes e, depois de lhe comerem a lã, abocanharam-lhe o corpo.

O carneiro correu na direção do Juiz Supremo, gotejando sangue das chagas profundas, e, em lágrimas, gemeu, humilde:

— Meu Pai, não suporto mais!…

Como soluçasse longamente, o Todo-Compassivo, vendo que ele se arrependera com sinceridade, observou:

— Reanima-te, meu filho! Que pedes agora?

O infeliz replicou, em pranto:

— Pai, quero voltar a ser um carneiro comum, como sempre fui. Não pretendo a superioridade sobre meus irmãos. Hoje sei que os meus tosquiadores de outro tempo são meus verdadeiros amigos. Nunca me deixaram em feridas e sempre me deram de comer e beber, carinhosamente… Quero ser simples e útil, qual me fizeste, Senhor!…

O Pai sorriu, bondoso, abençoou-o com ternura e falou:

— Volta e segue teu caminho em paz. Compreendeste, enfim, que meus desígnios são justos. Cada criatura está colocada, por minha Lei, no lugar que lhe compete e, se pretendes receber, aprende a dar.

Então o carneiro, envergonhado, mas satisfeito, voltou para o vale, misturou-se com os outros e daí por diante foi muito feliz.

 

Alvorada Cristã — Neio Lúcio



sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Missão: Paternidade

 


Ser pai é missão com que o Senhor da Vida brinda o homem, abençoando a sua masculinidade, homenageando a sua função cocriadora, ao lado da mulher, que se faz mãe, pelos vínculos carnais.

Ser pai é ser protetor, guardião, amigo. Desde tempos muito antigos, essa figura foi tida como importante na formação dos filhos.

Remonta, há mais de quatro mil anos, um cartão escrito em argila, encontrado na Mesopotâmia, no qual um jovem de nome Elmesu homenageia seu pai, formulando votos de sorte, saúde e vida longa.

Possivelmente, revivendo aquele gesto, no ano de 1909, Sonora Luise, na cidade de Spokane, nos Estados Unidos, motivada pela admiração por seu genitor, decidiu homenageá-lo e criou O dia dos pais.

Não demorou muito para que outras cidades norte-americanas se interessassem pela data que, no ano de 1972, foi oficializada como festa nacional, pelo presidente Richard Nixon.

A comemoração naquele país ocorre no terceiro domingo do mês de junho, enquanto no Brasil passou a ser celebrada no segundo domingo de agosto.

Atribui-se o seu surgimento ao publicitário Sílvio Bhering e a primeira comemoração se deu no dia 14 de agosto de 1953, data dedicada, segundo a tradição católica a São Joaquim, patriarca da família.

Ter um dia para receber homenagens é sempre grato ao coração de quem ama. Momento especial, ademais, para pensar e repensar a respeito dessa importante missão.

Nos dias em que se vive a tormenta dos vícios, do tóxico, em particular, que destroça a criança, ainda nas primeiras experiências infantis, é de nos questionarmos o quê, na qualidade de pais, temos feito.

Verdade que há uma grande preocupação com a manutenção doméstica e por vezes, o cansaço nos toma as forças.

Contudo, a presença paterna é imprescindível, ao lado da materna, no sentido de educar a prole, acompanhar o passo dos pequenos e dos mocinhos.

Fazer-se presente é preciso. Olhar nos olhos dos filhos para lhes sentir as realidades íntimas, por essas janelas da alma.

Renunciar a um lazer para estar com eles. Verificar seus compromissos escolares, participar de uma ou outra atividade social, a fim de que eles se sintam apoiados por sua presença.

Dialogar com os filhos, ouvindo-lhes as opiniões sobre a vida, as pessoas, os fatos, cooperando no esclarecimento de equívocos, auxiliando-os a caminhar pelas vias do discernimento.

*   *   *

Com certeza, pai amoroso que você é, ama seus filhos. Contudo, não esqueça que o amor deve ser vigilante e perspicaz, para que, em seu nome, não se instale a insensatez e a sombra se estabeleça.

Pense nisso e dê o melhor de si a esses rebentos, filhos de Deus, confiados aos seus cuidados pelo Pai excelso de todos nós.

Pense: esta é a sua missão na qualidade de pai.

 

Redação do Momento Espírita, com base em informações colhidas no

Boletim SEI nº 2160, de 22.8.2009 e no cap. 30, do livro Vereda familiar,

pelo Espírito Thereza de Brito, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.



quinta-feira, 3 de agosto de 2023

A força do exemplo

 


José do Espírito Santo, modesto espírita de Nilópolis, Estado do Rio, falava à porta do Centro, a pequeno grupo de amigos:

— Sim, meus irmãos, a caridade é a maior bênção.


Nisso, passam dois estudantes, ouvem breves trechos da palestra e avançam conversando:

— Você ouviu? Todo espírita é só “fachada”!

— Realmente. Fazem as coisas “para inglês ver”.

Logo depois, os rapazes deparam com infeliz mendigo. Pálido e doente. Sem paletó. Camisa em frangalhos. Pele à mostra.

A tiritar de frio, estende-lhes a mão magra.

Um dos estudantes dá-lhe alguns centavos.

Notam, então, que José do Espírito Santo vem vindo sozinho, pela rua. E um deles diz:

— Olhe! Lá vem o “tal”! Aposto que não dará nada a esse homem.

— Sim. Vamos ver. Afastemos um pouco, senão ele vai querer “fazer cartaz”.

Os dois jovens ficaram escondidos na esquina, um pouco adiante.

O pedinte roga auxílio.

José chega junto dele e o abraça, fraterno.

Em seguida, apalpa os bolsos e exclama:

— Infelizmente, meu amigo, estou sem um níquel…

Os jovens entreolham-se, rindo… Um deles recorda:

— Não lhe disse?…

O espírita condoeu-se, vendo a nudez do homem que tremia de frio. Deitou um olhar em torno para ver se estava sendo observado. Sentiu a rua deserta.

Num gesto espontâneo, tirou o paletó. Dependurou a peça num portão de residência próxima, arrancou a camisa felpuda e, seminu, vestiu-a no companheiro boquiaberto, mas encantado.

A seguir, após recobrir, à pressa, o busto nu com o paletó, disse com simplicidade:

— Meu amigo, é só isso que tenho hoje. Volte aqui mesmo amanhã.

E estugou o passo para a frente, enquanto o necessitado sorria, feliz.

No outro dia, os dois estudantes estavam no templo espírita, ouvindo a pregação.

 


Hilário Silva / Waldo Vieira – Livro: Almas em desfile

*Imagens retiradas do blog Aulas para Evangelização Infantil


sábado, 29 de julho de 2023

Fidelidade

 


Sem dúvida, não nos pede o Senhor votos reluzentes na boca, nem promessas brilhantes.

Jesus não necessita nem mesmo das nossas afirmações labiais de fé, nem tampouco de manifestações adorativas.

Conta, sim, com a nossa fidelidade, sejam quais forem as circunstâncias.

Se o dia resplende o céu azul, tenhamos a coragem de romper com todas as sugestões de conforto próprio, avançando à frente…

Se a tempestade relampeia no teto do mundo, cultivemos bastante abnegação para sofrer o granizo e o vento, demandando o horizonte que nos cabe atingir.

De todos os lados, invariavelmente, chegarão apelos que nos convidam à deserção. Elogios e injúrias, pedrada e incenso aparecerão, decerto, como procurando entorpecer-nos a consciência, no entanto, a cavaleiro de uns e outros, é imperioso recordar o Divino Mestre, na pessoa do próximo, e buscá-lo sem pausa, através do bem incessante.

Somos poucos; no entanto, com Ele no coração, teremos o suficiente para executar as obrigações com que fomos honrados.

Saibamos conservar a fidelidade, como quem alça ininterruptamente a luz nas trevas, pois que, em muitos lances da vida, precisamos muito mais de lealdade no Espírito que de pão para o corpo.

Para que semelhante vitória nos coroe o caminho, tanta vez solitário e espinhoso, o segredo é suportar, e o lema é servir.

Batuíra / Chico Xavier – Livro: Paz e renovação