quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
A prece de Cerinto
Senhor
de Infinita Bondade.
No
santuário da oração, marco renovador do meu caminho, não Te peço por mim,
Espírito endividado, para quem reservaste os tribunais de Tua Excelsa Justiça.
A
Tua compaixão é como se fora o orvalho da esperança em minha noite moral, e
isto basta, ao revel pecador que tenho sido.
Não
Te peço, Senhor, pelos que choram.
Clamo
por Teu amor e benefício dos que fazem as lágrimas.
Não
Te venho pedir pelos que padecem.
Suplico-Te
a bênção para todos aqueles que provocam sofrimento.
Não
Te lembro os fracos da Terra.
Recordo-Te
quantos se julgam poderosos e vencedores.
Não
intercedo pelos que soluçam de fome.
Rogo-Te
amor para os que lhes furtam o pão.
Senhor
Todo-Bondoso!...
Não
Te trago os que sangram de angústia.
Relaciono
diante de Ti os que golpeiam e ferem.
Não
Te peço pelos que sofrem injustiças.
Rogo-Te
pelos empreiteiros do crime.
Não
Te apresento os desprotegidos da sorte.
Sugiro
Teu amparo aos que estendem a aflição e a miséria.
Não
Te imploro mercê para as almas traídas.
Exorto-Te
o socorro para os que tecem os fios envenenados da ingratidão.
Pai
compassivo!...
Estende
as mãos sobre os que vagueiam nas trevas...
Anula
o pensamento insensato.
Cerra
os lábios que induzem à tentação.
Paralisa
os braços que apedrejam.
Detém
os passos daqueles que distribuem a morte...
Ajuda-nos
a todos nós, filhos do erro, porque somente assim, ó Deus piedoso e justo,
poderemos edificar o paraíso do bem com todos aqueles que já Te compreendem e
obedecem, extinguindo o inferno daqueles que, como nós, se atiram
desprevenidos, aos insanos torvelinhos do mal!...
sábado, 26 de dezembro de 2020
No alvorecer de Novo Ano
Maravilhosa
e sublime, abre-se a cortina da vida, mais uma vez, no reflorir do tempo, para
dar passagem à manifestação promissora de um Novo Ano.
Estejamos
atentos para bem aproveitar mais esta oportunidade que a Divina Providência nos
enseja ao serviço do crescimento de nossa estatura espiritual.
Estimulando-nos
ao trabalho de renovação espiritual, teremos sempre junto a nós, ao longo de
nossa caminhada, como cicerones atentos e leais, os Emissários do Senhor,
Amigos certos das horas incertas, encorajando-nos a que perseveremos no bom
combate.
Novo Ano – ponto de recomeço de redobradas porfias pela aquisição crescente de maiores e melhores coisas que edifiquem para a Eternidade! Outras esperanças surgirão. Outros desejos inflamarão nossos corações.
Outras
aspirações bafejarão nossas mentes.
Outros
sonhos e anseios irromperão dos arcanos indevassáveis do nosso ser.
Novo Ano – sucessão de surpresas! Quem de nós sabe, acaso, o que traz ele para as horas porvindouras?
Por
certo, inúmeras coisas se ocultam sob o seu longo manto de 365 dias e entre
elas as que nos dizem respeito diretamente.
Em
verdade, ignoramos o que cada Novo Ano nos reserva em acontecimentos, mas não
podemos nem devemos desconhecer as condições espirituais em que precisamos
estar, de permanente sintonia com o Alto, para viver qualquer de suas horas e
resolver, segundo os imperativos cristãos, as nossas próprias atitudes.
Indispensável,
pois, pensemos apenas o que for bom e, necessariamente, falemos e façamos tão somente
o que se ajustar aos desígnios de Deus.
...........................................................................................
Daí
a necessidade de rigorosa vigilância a todas as manifestações de nossos
impulsos íntimos, reprimindo umas, selecionando outras, depurando-as sempre
para não sermos depois presas fáceis e indefesas de suas consequências penosas,
se desajustadas aos desígnios da Suprema Vontade do Sempiterno.
É,
pois, ante essas perspectivas de amanhã, na vida futura – fruto genuíno das
coisas e causas a que hoje damos lugar – que precisamos nos resguardar do
fermento dos fariseus e dos ressaibos do homem velho, procurando apresentar-nos
a Deus com um coração renovado em Cristo e como obreiros aprovados em todas as
experimentações.
Passos Lírio – Revista Reformador –
Janeiro/1999
Carta de Ano Bom
Entre um ano que se vai
E
outro que se inicia,
Há
sempre nova esperança,
Promessas
de Novo Dia...
Considera,
meu amigo,
Nesse
pequeno intervalo,
Todo
o tempo que perdeste
Sem
saber aproveitá-lo.
Se
o ano que se passou
Foi
de amargura sombria,
Nosso
Pai nunca está pobre
Do
pão de luz da alegria.
Pensa
que o céu não esquece
A
mais ínfima criatura,
E
espera resignado
O
teu quinhão de ventura.
Considera,
sobretudo
Que
precisas, doravante,
Encher
de luz todo o tempo
Da
bênção de cada instante.
Sê
na oficina do mundo
O
mais perfeito aprendiz,
Pois
somente no trabalho
Teu
ano será feliz.
Não
esperes recompensas
Dos
bens da vida terrestre,
Mas,
volve toda a esperança
A
paz do Divino Mestre.
Nas
lutas, nunca te esqueça
Deste
conceito profundo:
O
reino da luz de Cristo
Não
reside neste mundo.
Não
olhes faltas alheias,
Não
julgues o teu irmão,
Vive
apenas no trabalho
De
tua renovação.
Quem
se esforça de verdade
Sabe
a prática do bem,
Conhece
os próprios deveres
Sem
censurar a ninguém.
Ano
Novo!... Pede ao Céu
Que
te proteja o trabalho,
Que
te conceda na fé
O
mais sublime agasalho.
Ano
Bom!... Deus te abençoe
No
esforço que te conduz
Das
sombras tristes da Terra
Para
as bênçãos de Jesus.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Cristãos
“Se a vossa justiça
não exceder a dos escribas e fariseus, de modo algum entrareis no Reino dos
Céus.” Jesus (Mateus, 5 :20)
Cumpriam
deveres públicos e privados.
Respeitavam
as leis estabelecidas.
Reverenciavam
a Revelação Divina.
Atendiam
aos preceitos da fé.
Jejuavam.
Pagavam
impostos.
Não
exploravam o povo.
Naturalmente,
em casa, deviam ser excelentes mordomos do conforto familiar.
Entretanto,
para o Emissário Celeste a justiça deles deixava a desejar.
Adoravam
o Eterno Pai, mas não vacilavam em humilhar o irmão infeliz.
Repetiam
fórmulas verbais no culto à prece, todavia, não oravam expondo o coração. Eram
corretos na posição exterior, contudo, não sabiam descer do pedestal de orgulho
falso em que se erigiam, para ajudar o próximo e desculpá-lo até o próprio
sacrifício.
Raciocinavam
perfeitamente no quadro de seus interesses pessoais, todavia, eram incapazes de
sentir a verdadeira fraternidade, suscetível de conduzir os vizinhos ao regaço
do Supremo Senhor.
Eis
por que Jesus traça aos aprendizes novo padrão de vida.
O
cristão não surgiu na Terra para circunscrever-se à casinhola da personalidade;
apareceu, com o Mestre da Cruz, para transformar vidas e aperfeiçoá-las com a
própria existência que, sob a inspiração do Mentor Divino, será sempre um
cântico de serviço aos semelhantes, exalçando o amor glorioso e sem fim, na direção
do Reino dos Céus que começa, invariavelmente, dentro de nós mesmos.
Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 161
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
Decisão
Somos tangidos por fatos e problemas a exigirem a manifestação de nossa vontade em todas as circunstâncias.
Muito
embora disponhamos de recursos infinitos de escolha para assumir gesto determinado
ou desenvolver certa ação, invariavelmente, estamos constrangidos a optar por
um só caminho, de cada vez, para expressar os desígnios pessoais na construção
do destino.
Conquanto possamos caminhar mil léguas, somente progredimos em substância avançando passo a passo.
Daí a importância da existência terrena, temporária e limitada em muitos ângulos, porém rica e promissora quanto aos ensejos que nos faculta para automatizar o bem, no campo de nós mesmos, mediante a possibilidade de sermos bons para os outros.
Decisão é necessidade permanente.
Nossa vontade não pode ser multipartida.
Ideia, verbo e atitude exprimem resoluções de nossas almas, a frutificarem bênçãos de alegria ou lições de reajuste no próprio íntimo.
Vacilação é sintoma de fraqueza moral, tanto quanto desânimo é sinal de doença.
Certeza no bem denuncia felicidade real e confiança de hoje indica serenidade futura.
Progresso é fruto de escolha.
Não há nobre desincumbência com flexibilidade de intenção.
Afora tu mesmo, ninguém te decide o destino.
Se a eventualidade da sementeira é infinita, a fatalidade da colheita é inalienável.
Guardas contigo tesouros de experiências acumulados em milênios de luta que podem crescer, aqui e agora, a critério do teu alvitre.
Recorda que o berço de teu espírito fulge longe da existência terrestre.
O objetivo da perfeição é inevitável bênção de Deus e a perenidade da vida constitui o prazo de nosso burilamento, entretanto, o minuto que vives é o veículo da oportunidade para a seleção de valores, obedecendo a horário certo e revelando condições próprias, no ilimitado caminho da evolução.
sábado, 19 de dezembro de 2020
Jesus: Estrela de Primeira Grandeza
Aqueles
dias eram semelhantes aos atuais. Os valores éticos encontravam-se pervertidos
pelo poder temporal dos dominadores transitórios do mundo.
A
sociedade estorcegava nas aflições decorrentes da prepotência de uns, da
perversidade de outros, da ignorância da grande maioria.
Louvava-se
a força em detrimento da razão.
Cantavam-se
hinos à glória terrestre com desprezo pelos códigos morais propiciadores de
dignidade.
As
criaturas submetiam-se às injunções das circunstâncias, tentando sobreviver à
tirania dos governadores que mudavam de nome e prosseguiam com as mesmas
crueldades.
Saía-se
de um para outro regime de ignomínia e insânia com a mesma naturalidade.
Tudo
era lícito, desde que apoiado na governança arbitrária que se impunha.
O
monstro das guerras contínuas devorava os povos mais fracos, que eram
submetidos à escravidão e à morte.
A
traição e a infâmia davam-se as mãos em festival de hediondez.
Embora
Roma homenageasse os artistas, os poetas, os filósofos que iluminavam o século
de Otaviano, prestigiava com destaque os espetáculos sórdidos a que se atiravam
o patriciado e o povo sedentos de prazer e de loucuras.
Os
seus domínios estendiam-se por quase todo o mundo conhecido, embora temida e
detestada.
As
suas legiões estavam assentadas nas mais diferentes regiões da Terra, esmagando
vidas e destruindo esperanças.
O
Sol nunca brilhara no planeta sem que estivesse iluminando uma possessão do
império invencível.
Havia
grandeza em toda parte e miséria abundante ao seu lado, competindo
vergonhosamente.
* * *
Mas hoje também é assim.
As
glórias da inteligência e do conhecimento, da ciência e da tecnologia
confraternizam com a decadência da moral e dos valores de enobrecimento humano.
O
terrorismo e a guerra encontram-se por toda parte, destruindo vidas e
civilizações.
O
planeta aquecido e desrespeitado agoniza, experimentando a própria destruição
imposta pelos seus habitantes insensatos, embora poderosos...
Os idealistas que amam os apóstolos do bem que trabalham pela renovação da sociedade, quando não desconsiderados, são tidos por dementes e alucinados.
Enquanto
isso, a soberba, a mediocridade, a astúcia, tomam conta das multidões que
desvairam, impondo os seus códigos de valores perversos que logo são aceitos
pelas legiões de criaturas sem norte, destituídas de consciência moral.
Há
também, é certo, almas grandiosas que lutam com acendrado amor e sacrifício, a
fim de modificar as ocorrências danosas, tentando implantar novos significados
psicológicos direcionados à felicidade, mas que são insuficientes para vencer
os múltiplos segmentos da sociedade em desconserto.
Admira-se
o Bem, mas pratica-se o Mal.
Preconiza-se
a saúde e estabelecem-se programas de desequilíbrio emocional, geradores das
doenças de vário porte.
O
futuro glorioso, decantado pelas conquistas invulgares da modernidade, está
sombreado pelo medo, aturdido pela ansiedade e caracterizado pela solidão dos
indivíduos que constituem a mole humana.
Naqueles
dias difíceis, na Palestina sofrida e submetida às paixões de César e aos
caprichos de Herodes, o Grande, nasceu Jesus.
Estrela
de Primeira Grandeza que é, Jesus surgiu na noite das estúpidas e escuras
ambições dos povos, para iluminar as consciências e despertar os sentimentos de
humanidade, como dádiva de Deus respondendo às súplicas dos humilhados e
esquecidos.
Passaram-se
os tempos, foram sucedidos os criminosos de então por outros não menos odientos
e, apesar disso, Sua luminosidade permanece até hoje.
* * *
É certo que outros homens e mulheres, tão infelizes quanto aqueles do Seu tempo, procuraram dominar o mundo utilizando-se da Sua claridade, mas, desequilibrados, produziram mais trevas e aumentaram os volumes de dor.
O
carro inexorável do Tempo continuou a sua marcha, avançando na direção de
outros períodos, enquanto os apaniguados do Mal, que se apresentaram nos
espetáculos de luz, sucumbiram, vencidos pelos tormentos que escondiam nos
tecidos da própria crueldade.
Ainda
reina muita sombra na Terra. Mas amanhece dia novo.
A
grande transição de mundo de provas e de expiações para mundo de regeneração,
embora ainda assinale a presença do sofrimento e da desordem, do desrespeito
pela vida e pela mãe-Terra, caracteriza a chegada de uma nova Era, impossível
de ser detida.
O
Bem triunfará, sem qualquer dúvida, sobre o Mal.
A
verdade vencerá a mentira onde quer que essa se homizie.
A
vida sobrepõe-se à morte, e a espiritualidade, por fim, reinará entre todos.
* * *
Conforme sucedeu naqueles dias, Jesus encontra-se novamente entre as Suas criaturas, repetindo a sinfonia das bem-aventuranças, conclamando as massas ao despertamento, antes que se agravem as circunstâncias e ocorrências não desejadas.
O
Consolador que Ele prometera já veio e vence, com segurança, as barreiras
impostas pela tirania e pelos indivíduos orgulhosos, vazios de sentimentos
nobres, conquistando os corações e oferecendo-lhes esperanças de alegrias
infindas.
Travam-se
lutas acerbas em toda parte.
Os
argonautas do amor nada temem e multiplicam-se sob a inspiração do Mestre,
avançando, estoicos, no cumprimento do dever: renovar a humanidade através da
própria transformação moral, que a todos permite neles ver a mensagem luminosa.
Sem
dúvida, ainda predominam as trevas ameaçadoras que a Estrela de Primeira
Grandeza vem diluindo de maneira compassiva e misericordiosa.
* * *
Faze a tua parte, sem preocupação com o trabalho dos outros.
Desincumbe-te
do teu dever ante a consciência, servindo ao Consolador, mesmo que te encontres
incompreendido e crucificado nas traves invisíveis da perversidade dos áulicos
do egoísmo e dos seus servos.
No
próximo Natal, entoa o teu hino de amor, ajudando o teu próximo, em memória da
Estrela que veio à Terra, para que não mais permaneça a sombra.
Será
ideal que todos os dias da tua vida sejam uma homenagem ao Aniversariante
esquecido, mas triunfante da maldade humana e da morte que Lhe foi imposta,
demonstrando que Ele prossegue contigo edificando o mundo melhor, sem excluídos
nem abandonados à própria sorte, porque estará com eles, por teu intermédio,
amando-os com enternecimento e carinho.
Joanna de Angelis - Página
psicografada por Divaldo Franco, do livro Dádivas do Natal, ed. Leal.
Rogativa de Natal
Senhor
Jesus!
Quando
chegaste à Terra, através dos panos da manjedoura, aguardava-te a Escritura
como sendo a luz para os que jazem assentados nas trevas!...
E,
em verdade, Senhor, as sombras dominavam o mundo inteiro...
Sombras
no trabalho, em forma de escravidão...
Sombras
na justiça, em forma de crueldade...
Sombras
no templo, em forma de fanatismo...
Sombras
na governança, em forma de tirania...
Sombras
na mente do povo, em forma de ignorância e de miséria...
Pouco
a pouco, no entanto, ao clarão de tua infinita bondade, quebraram-se as algemas
da escravidão, transformou-se a crueldade em apreciáveis direitos humanos, transmudou-se
o fanatismo em fé raciocinada, converteu-se a tirania em administração e,
gradualmente, a ignorância e a miséria vão recebendo o socorro da escola e da
solidariedade.
Entretanto,
Senhor, ainda sobram trevas no amor, em forma de egoísmo!
Egoísmo
no lar...
Egoísmo
no afeto...
Egoísmo
na caridade...
Egoísmo
na prestação de serviço...
Egoísmo
na devoção...
Mestre,
dissipa o nevoeiro que nos obscurece ainda os horizontes e ensina-nos a amar
como nos amaste, sem buscar vaidosamente naqueles que amamos o reflexo de nós
mesmos, porque, somente em nos sentindo verdadeiros irmãos uns dos outros, é
que atingiremos, com a pura fraternidade, a nossa ressurreição para sempre.
Filhos da luz
“Andai como filhos
da luz.” Paulo (Efésios, 5:8)
Cada criatura
dá sempre notícias da própria origem espiritual.
Os
atos, palavras e pensamentos constituem informações vivas da zona mental de que
procedemos.
Os
filhos da inquietude costumam abafar quem os ouve, em mantos escuros de
aflição.
Os
rebentos da tristeza espalham o nevoeiro do desânimo.
Os
cultivadores da irritação fulminam o espírito da gentileza com os raios da
cólera.
Os
portadores de interesses mesquinhos ensombram a estrada em que transitam,
estabelecendo escuro clima nas mentes alheias.
Os
corações endurecidos geram nuvens de desconfiança, por onde passam.
Os
afeiçoados à calúnia e à maledicência distribuem venenosos quinhões de trevas
com que se improvisam grandes males e grandes crimes.
Os
cristãos, todavia, são filhos da luz.
E a
missão da luz é uniforme e insofismável.
Beneficia
a todos sem distinção.
Não
formula exigências para dar.
Afasta
as sombras sem alarde.
Espalha
alegria e revelação crescentes.
Semeia
renovadas esperanças.
Esclarece,
ensina, ampara e irradia-se.
Emmanuel / Chico
Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 160
sábado, 12 de dezembro de 2020
Reflexões de dezembro - II
Mais
um ano que finda, no calendário humano, mais um período de variadas
experiências na trajetória de cada um, convidando-nos a levantar os olhos para
o mais além.
Para
muitos é hora apropriada para refletir sobre o passado e planejar o futuro
imediato, na busca do crescimento espiritual. Para outros é tão somente a hora
da continuação das ilusões dominantes na maioria dos habitantes deste Planeta.
Quantos
acontecimentos ocorridos no mundo, neste pequeno período!
Quantos
deles afetaram-nos diretamente, influindo sobre nosso círculo de relações ou
sobre o meio social em que vivemos!
Quantas
palavras ouvimos, lemos e dissemos, quantos pensamentos e ações, justos e
injustos, partiram de nós, ou passaram por nossa apreciação.
Impossível
realizar um inventário de tudo o que aconteceu no mundo, conosco ou ao redor de
nós, nesse lapso de tempo.
Para
o espírita, que já tem um rumo certo a seguir, que já aprendeu o que é essencial
no seu comportamento, que sabe distinguir entre o primordial e o secundário,
não mais se deixando dominar pelas ilusões que levam à perda de tempo e às
inutilidades, um ano de vida pode representar um bom avanço ou um desagradável
atraso em sua trajetória evolutiva.
Precisamos
esquecer as experiências negativas e aproveitar quantas nos mostrem os deveres
e obrigações que engrandecem a existência.
Nesse
balancete permanente de pensamentos, palavras e ações, precisamos não só reter
o ensino sintético do Cristo sobre o Amor soberano, compreendendo toda a lei –
amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo – mas aplicá-lo
nas experiências de cada dia.
Os
espíritas temos consciência de nossa inferioridade e de nossas imperfeições,
como habitantes de um mundo atrasado, de provas e expiações.
Por
isso mesmo a Doutrina Consoladora não exige de nós a perfeição, mas induz-nos ao
esforço para que nos aperfeiçoemos moral e intelectualmente, tornando-nos sempre
melhores.
O
que não se coaduna com o caráter e a índole da Doutrina é a preocupação do
adepto em apenas conhecê-la, enriquecendo-se intelectualmente, mas sem
esforçar-se por vivenciá-la, acordando para a luz e para o bem, no cultivo dos
sentimentos que enobrecem o coração.
Nunca
será demasiado repetir que o objetivo final do Espiritismo é a transformação
interior, espiritual, do indivíduo. O conhecimento da Doutrina é o passo
inicial do processo educativo, ou reeducativo, de cada seguidor.
É
uma ilusão julgar-se o adepto quite com seu dever pelo fato de estudar a Doutrina
e aprofundar-se no seu conhecimento, sem preocupar-se com as consequências
morais que daí advêm, a primeira das quais é justamente a vivência dos
princípios ensinados por Jesus, em sua Mensagem.
Não
há como dizer-se espírita, cristão, ou espírita-cristão se não houver esforço
para viver de conformidade com o preceito evangélico do “amai-vos uns aos
outros”.
Que
dizer-se dos irmãos e companheiros espíritas que não se entendem, que preferem
a divisão do Movimento, que acusam, digladiam, polemizam e esquecem totalmente
o mandamento essencial do amor ao próximo?
“Se
alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a sua língua, antes enganando o
próprio coração, a sua religião é vã”. (Epístola de Tiago, cap. I, v. 26).
Se
substituída a palavra religioso pela palavra espírita, a advertência do apóstolo
é proveitosa e correta, mesmo para os adeptos que não aceitam o Espiritismo
como religião, mas como doutrina moral.
Palavras...
Quantos
adeptos da Doutrina Consoladora colocam-se como seus seguidores entusiastas baseados
em interpretações verbais, esquecendo-se de que a legítima vinculação com os
princípios renovadores não é problema de simples palavras, mas de esforço
permanente na prática do amor!
*
Os
aspectos morais da Doutrina Espírita fundem-se totalmente nas diretrizes
contidas no Evangelho de Jesus. Os ensinos do Espiritismo, na interpretação da
Espiritualidade Superior, sobre a Justiça, o Amor e a Caridade, que sintetizam
todas as leis morais, são os mesmos do Mestre Incomparável.
Todos
concordamos que não é fácil, para criaturas imperfeitas que somos todos os
habitantes deste Orbe, o cumprimento de deveres morais para consigo mesmas,
para com seus semelhantes mais próximos, para com toda a Humanidade e para com
a Natureza que nos cerca.
A
sincera adesão à Doutrina e ao Evangelho induz o aprendiz a aplicar sua vontade
na eliminação de arestas e inclinações infelizes do próprio temperamento, a
retificar conceitos e eliminar preconceitos arraigados, buscando assim melhor
equilíbrio.
No
que concerne a todos os seus semelhantes, na vida de relação, o esforço há que
concentrar-se na prática do amor, que é a caridade tal como Jesus a
conceituava: benevolência para com todos, indulgência para com as ações alheias
e perdão das ofensas, sem limitações.
Convenhamos
que o caminho indicado pelo Cristo para a redenção humana requer de criaturas
imperfeitas muito esforço, persistência, firmeza, convicção e predisposição
para repetir as experiências que não produziram os efeitos desejados.
O
aprendiz sincero sabe que a Lei Divina é justa, equânime e misericordiosa. O
que não se consegue hoje poderá ser realizado amanhã. O proveito está na razão
direta do esforço e do sacrifício. A reencarnação é um dos mecanismos da lei. A
dor e o sofrimento ajustam-se às vidas sucessivas. A toda ação, no bem ou no
mal, corresponde uma reação.
O
espírita, sabendo de todas essas regras da lei e de inúmeras outras que a
Doutrina lhe proporciona, não é um privilegiado, mas uma criatura responsável pelo
conhecimento que já detém.
Compete-lhe,
pois, carregar a cruz simbólica dos testemunhos no Bem, renovando-se sempre,
sem se deixar enganar pelas ilusões, pelo personalismo sustentado por vaidades,
inveja, ciúmes, revoltas e fugas.
*
A
renovação interior de cada um baseia-se no conhecimento das verdades
evangélicas, sintetizadas no Amor, e na aplicação da própria vontade na busca
dessas verdades.
A
convicção, a fé, a esperança, como a perseverança, a humildade e todas as
virtudes cristãs auxiliam a renovação.
Aquele
que se dispõe a renovar-se intimamente, atendendo ao apelo da própria razão e
ao incitamento do “amai-vos uns aos outros”, começa por abandonar, pouco a
pouco, as paixões de que se tornou portador.
Aprender
sempre, ajudar e servir seus semelhantes substituem seus interesses anteriores.
Servir, eis a fórmula infalível de nos ajustar à Lei Divina e de repelir as
tentações e os impulsos resultantes do egoísmo e do personalismo exagerado.
Para
cada qual, será sempre melhor ajudar e auxiliar hoje, agora, nas circunstâncias
que a vida oferece a todos, que necessitar de auxílio amanhã, pela própria
incúria.
Nós,
espíritas, como grande parte da Humanidade, aceitamos as vidas sucessivas,
renascimentos na carne como um dos mecanismos da evolução individual. É a
reencarnação lei divina.
Entretanto,
por que não renascer continuamente, a cada dia e a cada hora, superando-se a si
mesma nas imperfeições de que seja portadora a criatura?
Quem
já conhece o caminho, aquele que é indicado pela luz da Doutrina Consoladora,
dependendo de seu empenho e vontade firme, pode renovar-se sempre, na corrente
do bem, em seus pensamentos e ações. É questão de aplicação e perseverança.
Todos
sabemos, por experiência própria, quão difícil é reverter os sentimentos
inferiores a respeito daqueles que nos ofendem ou ferem, às vezes injustamente.
Entretanto,
contrariando frontalmente tradições milenares que precederam sua presença no
Mundo, o Cristo de Deus sentenciou:
“Tendes
ouvido que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. “Eu, porém,
vos digo: Amai os vossos inimigos; fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que
vos perseguem e caluniam” (Mateus, 5:43-44).
A
Doutrina Espírita sanciona integralmente o ensino do Cristo.
Não
há outro caminho a seguir para terminar com as aversões, ódios, malquerenças,
incompreensões senão o do amor e da compreensão, o do perdão e da indulgência
para com aqueles que nos odeiam. A sabedoria do Cristo não só ensinou essa
verdade como também a exemplificou.
*
O
tempo flui sempre. Os homens o dividem, contam, convencionam: dias, horas, minutos;
anos, séculos, milênios. Pura convenção, mas útil a todos nós.
Um
ano que finda e outro que começa é ensejo para a renovação do ser e do fazer.
Para
alcançar o grande ideal de nossa renovação, no campo da inteligência e dos
sentimentos, não podemos dispensar o esforço de cada dia e de cada hora, num
processo contínuo.
Brilhar
“Assim resplandeça a
vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem
o vosso Pai que está nos céus.” Jesus (Mateus, 5:16)
Admitem muitos aprendizes que brilhar será
adquirir destacada posição em serviços de inteligência, no campo da fé.
Realmente,
excluir a cultura espiritual, em seus diversos ângulos, da posição luminosa a
que todos devemos aspirar, seria rematada insensatez.
Aprender
sempre para melhor conhecer e servir é a destinação de quem se consagra
fielmente ao Mestre Divino.
Urge,
no entanto, compreender, no imediatismo da experiência humana, que se o
Salvador recomendou aos discípulos brilhassem, à frente dos homens, não se
esqueceu de acrescentar que essa claridade deveria resplandecer, de tal
maneira, que eles nos vejam as boas obras, rendendo graças ao Pai, em forma de
alegria com a nossa presença.
Ninguém
se iluda com os fogos fátuos do intelectualismo artificioso.
Ensinemos
o caminho da redenção, tracemos programas salvadores onde estivermos; brilhe a
luz do Evangelho em nossa boca ou em nossa frase escrita, mas permaneçamos
convencidos de que se esses clarões não descortinam as nossas boas obras,
seremos invariavelmente recebidos no ouvido alheio e no alheio entendimento,
entre a expectação e a desconfiança, porque somente em fundido pensamento,
verbo e ação, no ensinamento do Cristo Jesus, haverá em torno de nós glorificação
construtiva ao Nosso Pai que está nos Céus.
Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap.159