Em
matéria de mediunidade, não nos esqueçamos do pensamento.
Nossa
alma vive onde se lhe situa o coração.
Caminharemos,
ao influxo de nossas próprias criações, seja onde for.
A
gravitação no campo mental é tão incisiva, quanto na esfera da experiência
física.
Servindo
ao progresso geral, move-se a alma na glória do bem. Emparedando-se no egoísmo,
arrasta-se, em desequilíbrio, sob as trevas do mal.
A
Lei Divina é o Bem de Todos.
Colaborar
na execução de seus propósitos sábios é iluminar a mente e clarear a vida.
Opor-lhe entraves, a pretexto de acalentar caprichos perniciosos, é obscurecer
o raciocínio e coagular a sombra ao redor de nós mesmos.
É
indispensável ajuizar quanto à direção dos próprios passos, de modo a evitarmos
o nevoeiro da perturbação e a dor do arrependimento.
Nos
domínios do espírito não existe a neutralidade.
Evoluímos
com a luz eterna, segundo os desígnios de Deus, ou estacionamos na treva,
conforme a indébita determinação de nosso “eu”.
Não
vale encarnar-se ou desencarnar-se simplesmente. Todos os dias, as formas se
fazem e se desfazem.
Vale
a renovação interior com acréscimo de visão, a fim de seguirmos à frente, com a
verdadeira noção da eternidade em que nos deslocamos no tempo.
Consciência
pesada de propósitos malignos, revestida de remorsos, referta de ambições
desvairadas ou denegrida de aflições não pode senão atrair forças semelhantes
que a encadeiam a torvelinhos infernais.
A
obsessão é sinistro conúbio da mente com o desequilíbrio comum às trevas.
Pensamos,
e imprimimos existência ao objeto idealizado.
A
resultante visível de nossas cogitações mais íntimas denuncia a condição
espiritual que nos é própria, e quantos se afinam com a natureza de nossas
inclinações e desejos aproximam-se de nós, pelas amostras de nossos
pensamentos.
Se
persistimos nas esferas mais baixas da experiência humana, os que ainda
jornadeiam nas linhas da animalidade nos procuram, atraídos pelo tipo de nossos
impulsos inferiores, absorvendo as substâncias mentais que emitimos e
projetando sobre nós os elementos de que se fazem portadores.
Imaginar
é criar.
E
toda criação tem vida e movimento, ainda que ligeiros, impondo responsabilidade
à consciência que a manifesta. E como a vida e o movimento se vinculam aos
princípios de permuta, é indispensável analisar o que damos, a fim de ajuizar
quanto àquilo que devamos receber.
Quem
apenas mentalize angústia e crime, miséria e perturbação, poderá refletir no
espelho da própria alma outras imagens que não sejam as da desarmonia e do
sofrimento?
Um
viciado entre os santos não lhes reconheceria a pureza, de vez que, em se
alimentando das próprias emanações, nada conseguiria enxergar senão as próprias
sombras.
Quem
vive a procurar pedras na estrada, certamente não encontrará apenas calhaus
subservientes.
Quem
se detenha indefinidamente na medição de lama está ameaçado de afogamento no
lodo.
O
viajante fascinado pelos sarçais, à beira do caminho, sofre o risco de
enlouquecer entre os espinheiros do mato inculto.
Vigiemos
o pensamento, purificando-o no trabalho incessante do bem, para que arrojemos
de nós a grilheta capaz de acorrentar-nos a obscuros processos de vida
inferior.
É
da forja viva da ideia que saem as asas dos anjos e as algemas dos condenados.
Pelo
pensamento, escravizamo-nos a troncos de suplício infernal, sentenciando-nos,
por vezes, a séculos de peregrinação nos trilhos da dor e da morte.
A
mediunidade torturada não é senão o enlace de almas comprometidas em aflitivas
provações, nos lances do reajuste.
E,
para abreviar o tormento que flagela de mil modos a consciência reencarnada ou
desencarnada, quando nas grades expiatórias, é imprescindível atender à
renovação mental, único meio de recuperação da harmonia.
Satisfazer-se
alguém com o rótulo, em matéria religiosa, sem qualquer esforço de sublimação
interior, é tão perigoso para a alma quanto deter uma designação honorífica
entre os homens com menosprezo pela responsabilidade que ela impõe.
Títulos
de fé não constituem meras palavras, acobertando-nos deficiências e fraquezas.
Expressam deveres de melhoria a que não nos será lícito fugir, sem agravo de
obrigações.
Em
nossos círculos de trabalho, desse modo, não nos bastará o ato de crer e
convencer.
Ninguém
é realmente espírita à altura desse nome, tão só porque haja conseguido a cura
de uma escabiose renitente, com o amparo de entidades amigas, e se decida, por
isso, a aceitar a intervenção do Além-Túmulo na sua existência; e ninguém é médium,
na elevada conceituação do termo, somente porque se faça órgão de comunicação
entre criaturas visíveis e invisíveis.
Para
conquistar a posição de trabalho a que nos destinamos, de conformidade com os
princípios superiores que nos enaltecem o roteiro, é necessário
concretizar-lhes a essência em nossa estrada, por intermédio do testemunho de
nossa conversão ao amor santificante.
Não
bastará, portanto, meditar a grandeza de nosso idealismo superior. É preciso
substancializar-lhe a excelsitude em nossas manifestações de cada dia.
Os
grandes artistas sabem colocar a centelha do gênio numa simples pincelada, num
reduzido bloco de mármore ou na mais ingênua composição musical. As almas
realmente convertidas ao Cristo lhe refletem a beleza nos mínimos gestos de
cada hora, seja na emissão de uma frase curta, na ignorada cooperação em favor dos
semelhantes ou na renúncia silenciosa que a apreciação terrestre não chega a
conhecer.
Nossos
pensamentos geram nossos atos e nossos atos geram pensamentos nos outros.
Inspiremos
simpatia e elevação, nobreza e bondade, junto de nós, para que não nos falte
amanhã o precioso pão da alegria.
Convicção
de imortalidade, sem altura de espírito que lhe corresponda, será projeção de
luz no deserto.
Mediação
entre dois planos diferentes, sem elevação de nível moral, é estagnação na
inutilidade.
O
pensamento é tão significativo na mediunidade, quanto o leito é importante para
o rio. Ponde as águas puras sobre um leito de lama pútrida e não tereis senão a
escura corrente da viciação.
Indubitavelmente,
divinas mensagens descerão do Céu à Terra.
Entretanto,
para isso, é imperioso construir canalização adequada.
Jesus
espera pela formação de mensageiros humanos capazes de projetar no mundo as
maravilhas do seu Reino.
Para
atingir esse aprimoramento ideal é imprescindível que o detentor de faculdades
psíquicas não se detenha no simples intercâmbio.
Ser-lhe-á
indispensável a consagração de suas forças às mais altas formas de vida,
buscando na educação de si mesmo e no serviço desinteressado a favor do próximo
o material de pavimentação de sua própria senda.
A
comunhão com os orientadores do progresso espiritual do mundo, através do
livro, nos enriquece de conhecimento, acentuando-nos o valor mental; e a
plantação de bondade constante traz consigo a colheita de simpatia, sem a qual
o celeiro da existência se reduz a furna de desespero e desânimo.
Não
basta ver, ouvir ou incorporar Espíritos desencarnados, para que alguém seja
conduzido à respeitabilidade.
Irmãos
ignorantes ou irresponsáveis enxameiam, como é natural, todos os departamentos
da Terra, em vista da posição evolutiva deficitária em que ainda se encontram
as coletividades do Planeta e, muita vez, sem qualquer raiz de perversidade
propriamente dita, milhares de almas, despidas do envoltório denso, praticam o
vampirismo junto dos encarnados invigilantes, simplesmente no intuito de
prosseguirem coladas às sensações do campo físico das quais não se sentem com
suficiente coragem para se desvencilharem.
Toda
tarefa, para crescer, exige trabalhadores que se dediquem ao crescimento, à
elevação de si mesmos.
Isso
é demasiado claro em todos os planos da Natureza.
Não
há frutos na árvore nascente.
A
madeira não desbastada é incapaz de servir, com eficiência, ao santuário
doméstico.
A
areia movediça não garante a sustentação.
Não
se faz luz na candeia sem óleo.
O
carro não transita com êxito onde a picareta ainda não estruturou a estrada
conveniente.
Como
esperardes o pensamento divino, onde o pensamento humano se perde nas mais
baixas cogitações da vida?
Que
mensageiro do Céu fará fulgir a mensagem celestial em nosso entendimento,
quando o espelho de nossa alma jaz denegrido pelos mais inferiores dos
interesses?
Em
vão buscaria a estrela retratar-se na lama de um charco.
Amigos,
pensemos no bem e executemo-lo.
Tudo
o que existe dentro da Natureza é a ideia exteriorizada.
Universo
é a projeção da Mente Divina e a Terra, qual a conheceis em seu conteúdo
político e social, é produto da Mente Humana.
Civilizações
e povos, culturas e experiências constituem formas de pensamento, através das
quais evolvemos, incessantemente, para esferas mais altas.
Atentemos,
pois, para a obrigação de autoaperfeiçoamento.
Sem
compreensão e sem bondade, irmanar-nos-emos aos filhos desventurados da
rebeldia. Sem estudo e sem observação, demorar-nos-emos indefinidamente entre
os infortunados expoentes da ignorância.
Amor
e sabedoria são as asas com que faremos nosso voo definitivo, no rumo da
perfeita comunhão com o Pai Celestial.
Escalemos
o plano superior, instilando pensamentos de sublimação naqueles que nos cercam.
A
palavra esclarece.
O
exemplo arrebata.
Ajustemo-nos
ao Evangelho Redentor.
Cristo
é a meta de nossa renovação.
Regenerando
a nossa existência pelos padrões d'Ele, reestruturaremos a vida íntima daqueles
que nos rodeiam.
Meus
amigos, crede!...
O
pensamento puro e operante é a força que nos arroja do ódio ao amor, da dor à
alegria, da Terra ao Céu...
Procuremos
a consciência de Jesus para que a nossa consciência lhe retrate a perfeição e a
beleza!...
Saibamos
refletir-lhe a glória e o amor, a fim de que a luz celeste se espelhe sobre as
almas, como o esplendor solar se estende sobre o mundo.
Comecemos
nosso esforço de soerguimento espiritual desde hoje e, amanhã, teremos avançado
consideravelmente no grande caminho!...
Um Benfeitor
André Luiz / Chico Xavier – Livro: Nos domínios da mediunidade – Capítulo 13