“É notável
verificar que as crianças educadas nos princípios espíritas adquirem uma
capacidade de raciocinar precoce, que as torna infinitamente mais fáceis de
serem conduzidas. Nós as vimos em grande número, de todas as idades e dos dois
sexos, nas diversas famílias onde fomos recebidos. Isto, não as priva da
natural alegria, nem da jovialidade. Todavia, não existe nelas essa
turbulência, essa teimosia, esses caprichos que tornam tantas outras
insuportáveis.” (Allan Kardec - Viagem Espírita em 1862 - pág. 30).
Interessante a observação feita pelo Codificador, em suas viagens
por várias cidades da França, em 1862, com relação ao comportamento das
crianças educadas nos princípios da moral espírita, que é a moral do Cristo.
Naquela época, em que o Espiritismo estava no seu nascedouro, sua
influência na família e como consequência, na educação da criança, já se fazia
notar. Cumpria-se a recomendação: “Deixai vir a mim os pequeninos e não os
impeçais”.
Jesus, assim dizendo, não endereçava suas palavras somente àqueles
que, defendendo a sua tranquilidade, tentavam afastar dele aquele bando de
crianças. As palavras do Mestre nunca foram proferidas somente para o momento,
mas também para a eternidade. Com isso, Jesus fazia a recomendação a todos nós,
a fim de que nunca fôssemos o empeço, impedindo que as crianças chegassem até
Ele.
Entretanto, passados quase dois mil anos, desde que suas palavras
foram proferidas, nós, os educadores, agindo como Marta, a irmã de Lázaro,
ainda estamos distraídos, desprezando a melhor parte e com isso, relegando a
segundo plano a evangelização da criança, esquecidos de que Ele é “O Caminho, a Verdade e a Vida”, e
ninguém chegará ao Pai senão por Ele.
A maioria dos pais só procura cuidar do corpo e do intelecto, como
se esses fossem os mais importantes, esquecendo-se de alimentar o Espírito com
as luzes do Evangelho, para que este, que é imortal, possa melhor aproveitar a
presente oportunidade de evolução, errando menos, sendo melhor e mais útil a si
próprio, à família, à comunidade e à Pátria, e como consequência, à própria
Humanidade, de que ele é membro integrante, como cidadão do Universo.
Quando procuramos valorizar a necessidade da evangelização da
criança, não queremos dizer que a do jovem ou mesmo a do adulto não o sejam:
todavia, sabemos que é na fase da infância que o Espírito é mais acessível às
impressões que recebe, capazes de lhe auxiliar o adiantamento. Em vista disso,
não podem os pais se descuidarem desse mister, ou seja, o encaminhamento de
seus filhos às atividades de Evangelização da corrente religiosa que professem,
considerando-a tão importante como a de um curso regular, aulas de natação ou
dança, e que não devem ser faltadas por motivos fúteis.
Divaldo Pereira Franco, médium e orador espírita, em entrevista
concedida a dirigentes e trabalhadores espíritas (Diálogo – Edição USE/SP),
afirmou:
“Se nós damos a melhor alimentação, o melhor colégio, dentro de
nossas possibilidades, aos filhos, porque não lhes damos a melhor religião, que
é aquela que já elegemos? Percam umas praiazinhas, mas salvem os filhos; o que
adianta os levar à praia hoje e depois ficarem chorando, perguntando a Deus o
porquê.”
Quando falamos em evangelizar a criança, não nos estamos referindo
a levá-la somente à atividade específica no templo religioso ou do Centro
Espírita, e sim, desencadear todo um processo de aproximação da mesma com o
Evangelho de Jesus, como a sua filosofia de vida.
É óbvio que neste processo se inclui a vivência e o comportamento
cristãos dos pais no lar, sem isso, nada ou muito pouco se conseguirá. Por
isso, Divaldo P. Franco na entrevista anteriormente citada, afirmou: “Se,
todavia, os pais são espíritas em casa, eles irão felizes às aulas de evangelização
e de juventude, porque estão impregnados do exemplo”.
Poderíamos substituir o termo “espírita” por cristão, na
abrangência necessária à aproximação do educando com o Cristo, como único
caminho de levá-lo ao conhecimento da verdade e salvar-lhe a vida, não
excluindo desse processo as chamadas religiões não cristãs, porque se aceitamos
que Jesus Cristo é o governante do nosso planeta, todos os missionários que
aqui vieram, trazendo informações das coisas espirituais, o fizeram em Seu nome
e mesmo que os homens as neguem, essas lições são as do Cristo de Deus.
A finalidade de toda religião deve ser a de tornar os indivíduos
espiritualistas; quem raciocina como sendo espírito eterno, passa a ver o
mundo, seus semelhantes e a própria vida de modo diferente, passa a colocar na
imortalidade o objetivo maior a ser alcançado. Quanto mais cedo a criatura
tiver essas noções, mais corretamente conduzirá seus passos e menos dissabores
terá na vida. Daí a importância da Evangelização Infantil.
Se queres tornar teu filho
Um verdadeiro cristão,
Desde cedo mostra o trilho
De sua evangelização
Lydienio Barreto de Menezes