Venha conferir nesta edição:
- Poluição e Psicosfera - Joanna de Ângelis
- Ante o Evangelho: O verdadeiro cilício
- Poema: Ao sol do campo (Auta de Souza)
- Procuremos com zelo – Fonte Viva – 54
- Orando cada dia - Meimei
Venha conferir nesta edição:
Ecólogos de todo o mundo preocupam-se, na
atualidade, com a poluição devastadora, que resulta dos detritos superlativos
que são atirados nos oceanos, nos rios, lagos e “terras inúteis” circunjacentes
às grandes metrópoles, como o tributo pago pelo conforto e pelas conquistas tecnológicas,
desde os urgentes ingredientes e artefatos para a sobrevivência, às indústrias bélicas,
às de explorações novas, às “de inutilidade” que atiram centenas de milhões de
toneladas de lixo, óleos e resíduos em todo lugar.
Além dessas, convém recordarmos a de natureza
sonora, dos centros urbanos, produzindo distonias graves e contínuas...
Os mais pessimistas, porém, preveem a possível
destruição da vida vegetal, animal e hominal como efeito dos excessivos restos produzidos pelos engenhos de que
o homem se utiliza, e logo o esmagarão após transformar a Terra num caos...
Mais grave, demonstram os técnicos no assunto
importante, é a poluição atmosférica, graças às substâncias venenosas que são expelidas
pelas fábricas em forma de resíduos, pelos motores de explosão a se
multiplicarem fantástica, insaciavelmente, e os inseticidas usados para a agricultura...
Voluptuoso e desconsertado por desvarios múltiplos
do homem, as máquinas avançam, dirigidas pela inconcebível ganância, desbastando
reservas florestais e influindo climatericamente com transformações penosas nas
regiões, então, vencidas...
O espectro de calamidades não imaginadas ronda e
domina com segurança muitos departamentos ambientais ora reduzidos à aridez...
Cifras assustadoras denotam o quanto se
desperdiça na inutilidade — embora a elevada estatística chocante dos que se
estorcegam na mais ínfima miséria, rebolcando-se na coleta dos montes de lixo,
à cata de destroços de que possam retirar o mínimo para sobreviver! —, comprovando
que no galvanizar das paixões, o homem moderno, à semelhança de Narciso,
continua a contemplar a imagem refletida nas águas perigosas da vaidade e do egoísmo
em que logo poderá asfixiar-se, inerme ou desesperado. No entanto, irrefletido,
impõe-se exigências dispensáveis, a que se escraviza, complicando a própria e a
situação dos demais usuários dos recursos da generosa mãe-Terra.
Nesse panorama deprimente, e para sanar alguns
dos males imediatos e outros do futuro, sugestões e programas hão surgido preocupando
as autoridades responsáveis pelos Organismos Mundiais, no sentido de serem tomadas
providências coletivas e salvadoras urgentes. Algumas já estão sendo postas em
prática, embora em número reduzido, tais o reflorestamento; a ausência de tráfego
com motores de explosão em algumas cidades uma vez por semana; a tentativa da industrialização
do lixo, com aproveitamento de energia, adubos e outros; controle no uso de pesticidas
na lavoura; técnicas não poluentes com o fim de gerar energia; as áreas verdes
nas cidades; a segurança por meio de controle das experiências nucleares, a fim
de ser evitada a contaminação ...
Afirma-se que por onde o homem e a civilização
passam ficam os sinais danosos da sua jornada, em forma de aridez, destruição e
morte.
As grandes Nações materialmente, estruturadas e guindadas
ao ápice pela previsão futurológica de mentes e computadores que prometiam tudo
resolver, fazendo soberbas e vãs as criaturas, foram surpreendidas, há pouco,
pelas consequências gerais da própria impetuosidade, no resultado da guerra no
Oriente Médio, fazendo-as parar e modificando, em muitas delas, as estruturas e
programas, previsões e soberania pelas exigências do deus petróleo em que
estabeleceram as bases do seu poderio e das suas glórias, decepcionadas,
atônitas...
Algumas tiveram a economia abalada, padecendo
crises que resultaram do gravame geral, modificando a política interna e externa,
num atestado de nulidade quanto aos compromissos humanos assumidos, à segurança
e precariedade das humanas forças.
Como resultado, apressam-se as negociações
internacionais por acordos diplomáticos e conchavos político-econômicos,
enquanto a fome, campeando desassombradamente, confirma a falência dos cálculos
e das fantasias materialistas, visivelmente perturbadas no testemunho dos seus
líderes em convulsas transações com que tentam reequilibrar o poderio avassalado,
quando, não, perdido...
O poder de um dia, qual efêmera glória, sempre
muda de mão e local, fazendo oscilarem, mudarem de rumo os interesses e as supostas
proteções, fruto, indubitavelmente, de uma poluição descuidada — a de natureza
moral!
A força e a grandeza de alguns povos até há
pouco mandatários da Terra cederam lugar aos potentados reais, que se demoravam
desconsiderados e as exigências da fome ameaçadora e voraz os situou como as
legítimas potências que são disputadas, após o deus negro: o arroz, o trigo, o
milho e o sorgo cujos celeiros, quase vazios no mundo, deles necessitam com urgência
para a sobrevivência dos seres.
Todavia, o homem ingere e disparte mais terrível
poluição, venenosa quão irrefreável graças ao cultivo de lamentáveis atitudes em
que persevera e se compraz: referimo-nos à poluição mental que interfere na
ecologia psicosférica da vida inteligente, intoxicando de dentro para fora e
desarticulando de fora para dentro.
Estando a Terra vitimada pelo entrechoque de
vibrações, ondas e mentes em desalinho, como decorrência do desamor, das ambições
desenfreadas, dos ódios sistemáticos, as funestas consequências se fazem
presentes não apenas nas guerras externas e destrutivas, mas também nas rudes batalhas
no lar, na família, no trabalho, nas ruas da comunidade, no comportamento.
Intoxicado pela ira, vencido pelo desespero que agasalha, foge na direção dos prazeres
selvagens nos quais procura relaxar tensões, adquirindo mais altas cargas de
desequilíbrio em que se debate.
A poluição mental campeia livre, favorecendo o
desbordar daquela de natureza moral, fator primacial para as outras que são visíveis
e assustadoras.
O programa, no entanto, para o saneamento de tão
perigoso estado de coisas, já foi apresentado por Jesus, o Sublime Ecólogo que
em a Natureza, preservando-a, abençoando-a, dela se utilizou, apresentando os
métodos e técnicas da felicidade, da sobrevivência ditosa nos incomparáveis
discursos e realizações de que inundou a História, estabelecendo as bases para
o reino de amor e harmonia, sem fim, sem dores, sem apreensões...
Nunca reagiu o Mestre — sempre agiu com
sabedoria.
Jamais se permitiu ferir — deixou-se, porém,
crucificar.
Nenhuma agressão de Sua parte — facultou-se, no
entanto, ser agredido.
Por onde passou, deixou concessões de esperança,
bálsamo de reconforto, amenidade e paz.
Seus caminhos ficaram floridos pelas alegrias e
abençoados pelos frutos da saúde renovada.
Rei Solar, fez-se servo humilde de todos,
mantendo-se inatingido, embora o ambiente em que veio construir a Vida Nova para
os tempos futuros...
Repassa-Lhe a sublime trajetória.
Busca-O!
Faze uma pausa na terrível conjuntura em que te
encontras e recorda-O.
Para toda enfermidade, Ele tem a eficiente
terapia; para as calamidades destes dias, Ele tem a solução.
Ama e serve, portanto, como possas, quanto
possas, quando possas.
A Terra sairá do caos que a absorve e voltarão o
ar puro, a água cristalina, a relva repousante, o trinar dos pássaros, o fulgor
do sol e o faiscar das estrelas em nome do Pai Criador e de Jesus, o Salvador Perene
de todos nós.
Joanna de Angelis/Divaldo Franco – Livro: Após a Tempestade...
“Procurai com zelo os melhores dons e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente”. Paulo (I Coríntios, 12:31)
A ideia de que ninguém
deve procurar aprender e melhorar-se para ser mais útil à Revelação Divina é
muito mais uma tentativa de consagração à ociosidade que um ensaio de humildade
incipiente.
A vida é curso avançado
de aprimoramento, através do esforço e da luta, e se a própria pedra deve
sofrer o burilamento para refletir a luz, que dizer de nós mesmos, chamados,
desde agora, a exteriorizar os recursos divinos?
Ninguém interrompa o
serviço abençoado da sua educação, a pretexto de cooperar com o Céu, porque o
progresso é um comboio de rodas infatigáveis que relega para trás os que se
rebelam contra os imperativos da frente.
É indispensável avançar
com a melhoria consequente de tudo o que nos rodeia.
E o Evangelho não
endossa qualquer atitude de expectativa displicente.
A palavra de Paulo é
demasiado significativa.
Dirigindo-se aos
coríntios, o apóstolo da gentilidade exorta-os a procurarem com fervor os
melhores dons.
É imprescindível nos
disponhamos a adquirir as qualidades mais nobres de inteligência e coração,
sublimando a individualidade imperecível.
Cultura e santificação,
através do trabalho e da fraternidade, constituem dever para todas as
criaturas.
Autoaperfeiçoamento é
obrigação comum.
Busquemos, zelosos, a
elevação de nós mesmos, assinalando a nossa presença, seja onde for, com as
bênçãos do serviço a todos, e tão logo estejamos integrados no esforço digno,
dentro da ação pessoal e incessante no bem, o Alto nos descortinará mais
iluminados caminhos para a ascensão.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 054
Senhor!...
Faze-me perceber que o
trabalho do bem me aguarda em toda parte.
Não me consintas perder
tempo, através de indagações inúteis.
Lembra-me, por
misericórdia, que estou no caminho da evolução, com os meus semelhantes, não
para consertá-los e sim para atender à minha própria melhoria.
Induze-me a respeitar os
direitos alheios a fim de que os meus sejam preservados.
Dá-me consciência do
lugar que me compete, para que não esteja a exigir da vida aquilo que não me
pertence.
Não me permitas sonhar
com realizações incompatíveis com meus recursos, entretanto por acréscimo de
bondade, fortalece-me para a execução das pequeninas tarefas ao meu alcance.
Apaga-me os melindres
pessoais, de modo que não me transforme em estorvo diante dos irmãos, aos quais
devo convivência e cooperação.
Auxilia-me a reconhecer
que o cansaço e a dificuldade não podem converter-me em pessoa intratável, mas
mostra-me, por piedade, quanto posso fazer nas boas obras, usando paciência e
coragem, acima de quaisquer provações que me atinjam a existência.
Concede-me forças para
irradiar a paz e o amor que nos ensinastes.
E, sobretudo, Senhor,
perdoa as minhas fragilidades e sustenta-me a fé para que eu possa estar sempre
em ti, servindo aos outros.
Assim seja.
Meimei / Chico Xavier – Livro: Sentinelas da alma
Nesta edição:
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Em 1850, já existiam nos Estados Unidos, segundo Deolindo Amorim, cerca de 300 grupos espíritas, mas a primeira sociedade regularmente constituída sob a égide da Doutrina Espírita foi a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Kardec em 1º de abril de 1858.
O Espiritismo nasceu, como sabemos, na intimidade dos núcleos familiares. O professor Hippolyte Léon Denizard Rivail havia participado de muitas reuniões em casas de família (Sra. Plainemaison, srs. Roustan e Baudin etc.), antes de fundar a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que se tornou o foco orientador dos demais grupos que surgiram na França e em outros países. Seu ascendente era, contudo, exclusivamente moral.
Conceito de Centro Espírita
O Centro Espírita é a célula de disseminação do Espiritismo e de congraçamento de seus adeptos, onde se toma contato com a mensagem renovadora do Consolador. Ponto visual de convergência do movimento doutrinário, é ele, no dizer de Emmanuel, "uma escola onde podemos aprender e ensinar, plantar o bem e recolher-lhe as graças, aprimorar-nos e aperfeiçoar os outros, na senda eterna".
J. Herculano Pires, referindo-se ao Centro Espírita, assim dizia: "Podemos figurá-lo como um espelho côncavo em que todas as atividades doutrinárias se refletem e se unem, projetando-se conjugadas no plano social geral, espírita e não espírita". Não se aceita, pois, nos dias atuais um Centro Espírita estanque, fechado em suas quatro paredes, a que Leopoldo Machado chamava Espiritismo de "mortos", quando propugnou fizéssemos o Espiritismo de "vivos".
O Centro Espírita deve revestir as características de Templo, Lar, Hospital, Oficina e Escola. Assevera Emmanuel: "Quando se abrem as portas de um templo espírita cristão ou de um santuário doméstico, dedicado ao culto do Evangelho, uma luz divina acende-se nas trevas da ignorância humana e através dos raios benfazejos desse astro da fraternidade e conhecimento, que brilha para o bem da comunidade, os homens que dele se avizinham, ainda que não desejem, caminham, sem perceber, para a vida melhor" ("Reformador" de janeiro de 1951).
Finalidades do Centro Espírita
Operar a propagação da Doutrina Espírita para a renovação do homem, eis a função essencial do Centro Espírita, cujas finalidades derivam de sua natureza de núcleo de estudo, fraternidade, oração e trabalho, com base no Evangelho de Jesus interpretado à luz da Doutrina Espírita. O Centro deve ser a casa da grande família, onde as crianças, os jovens, os adultos e os mais idosos tenham a oportunidade de conviver, estudar e trabalhar. Os Centros mais estáveis são aqueles em que a família inteira participa, onde as atividades dos adultos, dos jovens e das crianças são integradas. Esses Centros formam assim uma grande família, que é a reunião das famílias que neles trabalham.
Como escola das almas que deve ser, onde a oração está sempre presente no processo, cabe ao Centro Espírita promover a educação integral do homem, o estudo sistematizado da Doutrina Espírita e do Evangelho, a evangelização da criança à luz da Doutrina Espírita, a integração do jovem nas tarefas da Casa, o estudo da mediunidade, o atendimento fraterno às pessoas que procuram o Centro e a implantação do culto do Evangelho no lar.
Ele deve ter por alvo o homem espiritual, antes do homem físico, preparando-o para ser um homem de bem no meio social em que atue. O estudo sistematizado é excelente instrumento de formação de recursos humanos necessários à Casa. O estudo da mediunidade visa a oferecer orientação segura para as atividades mediúnicas. O diálogo com as pessoas, o contato direto com os participantes do Centro, para sabermos o que eles desejam fazer, eis também uma atividade indispensável.
O Centro Espírita é também um posto de socorro material e espiritual. Seu trabalho no campo assistencial tem por base o lema: "Fora da caridade não há salvação". Nesse sentido, cabe à Casa espírita promover o serviço de assistência social espírita, assegurando suas características beneficentes, preventivas e promocionais, conjugando a ajuda material e a espiritual e fazendo com que este serviço se desenvolva concomitantemente com o atendimento às necessidades de evangelização.
Se o Espiritismo é combatido pelas diferentes religiões cristãs no que diz respeito à doutrina que ensina, é tolerado, respeitado e até ajudado no campo da assistência social, onde desenvolve um trabalho importante. Temos de compreender, contudo, que a caridade, tal como conceituada no item 886 de O Livro dos Espíritos – benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições dos outros, perdão das ofensas – constitui algo que transcende a esmola e o mero assistencialismo. Na tarefa espírita, devemos ter em conta que a meta é a evangelização da pessoa; as demais atividades são simples meios.
Centro Espírita e Unificação
Na atividade de unificação espírita, o Centro Espírita é a unidade fundamental. Allan Kardec foi, como se sabe, o primeiro a conceber a necessidade da unificação quando propôs que os Centros se correspondessem, permutassem informações e se visitassem, formando a grande família espírita ("O Livro dos Médiuns", cap. 29, item 334).
Realmente, como aferir a concordância e a universalidade dos ensinos sem um Centro catalisador? A própria elaboração da Doutrina Espírita é um modelo de unificação, razão que levou Kardec a propor, em seu "Projeto 1868", a existência de um centro de coordenação do movimento espírita. Posteriormente, em mensagem dada por intermédio de Frederico Júnior, Kardec realçou três itens da ação espírita a ser desenvolvida pelos centros espíritas: a unificação, a escola de médiuns e a caridade.
Também nesse sentido é a seguinte advertência de Bezerra de Menezes: "Solidários, seremos união. Separados uns dos outros, seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos. Distanciados entre nós, continuaremos à procura do trabalho com que já nos encontramos honrados pela Divina Providência" (psicografia de Chico Xavier, em "Unificação" de nov/dez de 1980).
Cabe, pois, ao Centro Espírita participar efetivamente do movimento de unificação, e conjugar esforços e somar experiências com as demais entidades locais e regionais do movimento, que tem de ser intrinsecamente democrático, visto que nele ninguém tem o poder de impor sua vontade aos outros. O livro "Orientação ao Centro Espírita", publicado pela FEB, com base em texto aprovado pelo Conselho Federativo Nacional, é exemplo disso, como fruto que é de uma ampla discussão feita a partir dos Centros Espíritas e dos organismos regionais do movimento espírita.
O Centro Espírita fechado em si mesmo não tem meios de evoluir, pela ausência de troca de ideias, experiências e interação; já os Centros unidos têm condição de se projetar na sociedade.
Centro Espírita e mudanças sociais
A solução da questão social, diz Kardec, está toda no melhoramento moral dos indivíduos e das massas. Não é o Espiritismo que cria a renovação social, mas o amadurecimento da humanidade que fará disso uma necessidade, escreveu ele em "A Gênese" (cap. XVIII, item 25).
Em "O Livro dos Médiuns", cap. XXIX, item 350, Kardec escreveu: "Se o Espiritismo deve, assim como foi anunciado, trazer a transformação da Humanidade, isto pode ser apenas pelo melhoramento das massas, o que pode acontecer gradualmente e pouco a pouco, apenas pelo melhoramento dos indivíduos". E mais adiante, no mesmo item, o Codificador propõe: "É para o fim providencial que devem tender todas as sociedades espíritas sérias, agrupando ao seu redor todos os que possuem os mesmos sentimentos; então haverá entre elas união, simpatia e fraternidade e não um vão e pueril antagonismo de amor próprio, de palavras antes que de fatos; então elas serão fortes e poderosas, porque se apoiarão numa base indestrutível: o bem para todos".
A projeção do Centro Espírita na sociedade é função da preparação do homem espírita como agente de mudança. A Doutrina Espírita nos dá uma ideia de Deus mais alta e mostra qual é, em essência, a finalidade da vida na Terra. O Espiritismo prova a vida futura e, assim, a vida material deixa de ser a única realidade, tirando ao materialismo a sua base de apoio.
É da essência do Espiritismo e, por isso, do Centro Espírita combater sem tréguas o materialismo e seu filho dileto, o egoísmo, que é o vício mais radical e a causa de todas as mazelas da sociedade, divulgando a Doutrina Espírita por meio do livro e de todos os meios de comunicação disponíveis. O papel do Centro Espírita é colocar a Doutrina Espírita ao alcance do homem na intimidade da família ou nos segmentos sociais em que vive e milita.
Centro Espírita e a Codificação
O Centro Espírita é o depositário dos princípios da Doutrina Espírita e dela não pode afastar-se, sob pena de concorrer para que aconteça com o Espiritismo o que ocorreu com o Cristianismo. Bezerra de Menezes propõe-nos: "É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios" (psicografia de Chico Xavier, "Reformador" de dez/1975).
A adoção de teorias e práticas exóticas ou não afinadas com a simplicidade e a pureza dos trabalhos espíritas compromete o seu objetivo e desorienta frequentadores e assistidos. Eis, por exemplo, o caso da Projeciologia: não existe dúvida quanto ao seu valor, mas não é assunto para o Centro Espírita. Assim se dá com tantas outras teorias e práticas estranhas à Doutrina codificada por Kardec.
O Centro Espírita dispõe de recursos suficientes para dar atendimento aos que o procuram com problemas psicofísicos: a prece, o passe, a água magnetizada, a desobsessão, além da imprescindível orientação evangélico-doutrinária. O Centro que busca reforço nos processos alternativos de tratamento e cura indica falta de fé na terapêutica proposta pelo Consolador.
A contribuição trazida por André Luiz (Espírito), sobretudo nos livros que integram a chamada série "Nosso Lar", constitui uma complementação da obra de Kardec. Seus relatos sobre a vida espiritual são uma espécie de desdobramento da segunda parte do livro "O Céu e o Inferno". A obra kardequiana é, porém, a base dos estudos espíritas e Emmanuel quis demonstrar isso ao escrever os livros "Religião dos Espíritos", "Seara dos Médiuns", "Livro da Esperança" e "Justiça Divina", em torno das obras básicas da codificação kardequiana, que constituem "a pedra de toque" em matéria de Espiritismo, para valer-nos aqui de expressão cunhada por Herculano Pires no livro "A Pedra e o Joio".
No Congresso Espírita realizado pela USE (União das Sociedades Espíritas de São Paulo) em maio de 1992, uma conclusão tornou-se marcante: `a causa espírita é maior do que a Casa espírita'. A causa espírita é o fim, a Casa espírita é o meio. Mas geralmente invertemos isso, dando mais importância à Casa do que à causa, ou fazendo concessões para manter a Casa, em detrimento da causa. Nesse sentido, o Centro deve evitar o uso de rifas, tômbolas, quermesses, bingos e outros meios desaconselháveis, para angariar recursos. O mundo de César tem suas exigências, mas não podemos olvidar que no Centro Espírita estamos a serviço de Deus. Não se pode aceitar, portanto, a alegação de que os fins justificam os meios.
Centro Espírita e o tríplice aspecto
Os três aspectos do Espiritismo – ciência, filosofia, religião – devem ser objeto de estudo no Centro Espírita, mas o aspecto religioso assume um papel primacial.
A pesquisa científica pode e deve ser feita, se o Centro tiver pessoas com capacidade para, em dia e reunião específicos, realizarem trabalhos nessa área. Não devemos, porém, esquecer que se estivermos aplicando a Doutrina Espírita no Centro estaremos praticando ao mesmo tempo o aspecto científico, o aspecto filosófico e o religioso.
Vejamos este exemplo: quando uma pessoa perde um ente querido e recebe no Centro Espírita a mensagem espiritual que lhe prova que seu ente querido continua a viver, deve-se isso ao fenômeno mediúnico, que é o objeto da ciência espírita. A pessoa começa então a refletir, buscar informações sobre o fenômeno e suas causas e se enriquece com tais reflexões: eis aí o aspecto filosófico. Depois, em face da nova concepção de vida que adquire, muda seu comportamento diante do mundo: temos então o aspecto religioso. O Centro Espírita propicia, assim, diuturnamente, a prática dos três aspectos, cuja divisão foi feita por Kardec tão somente para efeito didático.
Organização e simplicidade do Centro Espírita
O Centro Espírita deve caracterizar-se pela simplicidade própria das primeiras casas do Cristianismo nascente, sem imagens, rituais, símbolos, paramentos, sacramentos ou manifestações exteriores, como velórios, casamentos e batizados. Em sua simplicidade, deve funcionar como elemento educativo e libertador, eliminando os condicionamentos mentais e os hábitos arraigados que trazemos do passado, recente ou remoto, com vigilância redobrada nas práticas doutrinárias e mediúnicas, tendo sempre em mente que os fins não justificam os meios.
O Centro Espírita deve organizar-se não apenas para desenvolver com eficiência suas atividades básicas, mas também para cumprir suas obrigações legais. Como diretrizes, deve adotar a estrutura departamental e o planejamento das atividades. Os departamentos não podem ser estanques, mas trabalhar entrosados, trocando experiências e ideias. O planejamento das atividades é fundamental, porque é a improvisação que nos leva muitas vezes aos desvios de rota.
A direção do Centro Espírita deve ser democrática. Não há mais lugar no meio espírita para o dirigente autocrata, que se julga dono da instituição e se escuda nos Espíritos para justificar suas ideias. A direção liderada, com a cooperação do grupo, pela competência, paciência, tolerância e honestidade de propósitos, é a que mais se coaduna com os fundamentos da Doutrina Espírita.
Astolfo O. de Oliveira Filho
Fonte: oconsolador.com.br
“Eu de muito boa vontade gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado”. Paulo (II Coríntios, 12:15)
Há numerosos
companheiros da pregação salvacionista que, de bom grado, se elevam a tribunas
douradas, discorrendo preciosamente sobre os méritos da bondade e da fé, mas,
se convidados a contribuir nas boas obras, sentem-se feridos na bolsa e recuam
apressados, sob disparatadas alegações.
Impedimentos mil lhes
proíbem o exercício da caridade e afastam-se para diferentes setores, onde a
boa doutrina lhes não constitua incômodo à vida calma.
Efetivamente, no entanto,
na prática legítima do Evangelho não nos cabe apenas gastar o que temos, mas
também dar do que somos.
Não basta derramar o
cofre e solucionar questões ligadas à experiência do corpo.
É imprescindível darmo-nos,
através do suor da colaboração e do esforço espontâneo na solidariedade, para
atender, substancialmente, as nossas obrigações primárias, à frente do Cristo.
Quem, de algum modo, não
se empenha a benefício dos companheiros, apenas conhece as lições do Alto nos
círculos da palavra.
Muita gente espera o
amor alheio, a fim de amar, quando tal atitude somente significa dilação nos
empreendimentos santificadores que nos competem.
Quem ajuda e sofre por
devoção à Boa Nova, recolhe suprimentos celestes de força para agir no
progresso geral.
Lembremo-nos de que
Jesus não só cedeu, em favor de todos, quanto poderia reter em seu próprio
benefício, mas igualmente fez a doação de si mesmo pela elevação comum.
Pregadores que não
gastam e nem se gastam pelo engrandecimento das ideias redentoras do
Cristianismo são orquídeas do Evangelho sobre o apoio problemático das
possibilidades alheias; mas aquele que ensina e exemplifica, aprendendo a
sacrificar-se pelo erguimento de todos, é a árvore robusta do Eterno Bem,
manifestando o Senhor no solo rico da verdadeira fraternidade.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 053
Irmão nosso, que estás
na Terra.
Glorificada seja a tua boa
vontade, em favor do Infinito bem.
Trabalha incessantemente
pelo Reino Divino, com a tua cooperação espontânea.
Seja atendida a tua
aspiração elevada, com esquecimento de todos os caprichos inferiores.
Tanto no lar da Carne,
quanto no Templo do Universo.
O pão nosso de cada dia,
que vem do Celeste Celeiro, usa com respeito e divide santamente.
Desculpa nossas faltas
para contigo, assim como o Eterno Pai tem perdoado nossas dívidas em comum.
Não permitas que a tua
existência se perca pela tentação dos maus pensamentos.
Livra-te dos males que
procedem do próprio coração.
Porque te pertence,
agora, a gloriosa oportunidade de elevação para o reino do poder, da justiça,
da paz, da glória e do amor para sempre.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Nosso Livro
Confira nesta edição:
Talvez possas evitá-los.
Surgem impulsionados por forças descontroladas,
por injunções negativas, produzindo acerbas dores de consequências quase sempre
funestas.
Na atualidade convulsionada por forças tiranizantes
que conspiram contra o equilíbrio geral, ocorrem inumeráveis e adversos, graças
à densidade populacional e à expressiva soma de veículos que transitam pelas
ruas do mundo, desabaladamente.
Cada minuto as estatísticas registram expressões
alarmantes de acidentados que resgatam, em agonias longas, velhos processos
espirituais que os atingem, incoercível, inevitavelmente.
Em face disso, refugia-te na oração e entrega-te
às mãos sublimes do Cristo, facultando que os Seus mensageiros conduzam os teus
passos com segurança e tranquilidade pelas rotas em que tens de avançar na
direção do futuro.
Surpresas dolorosas espiam nas esquinas das ruas
e se guardam nos alcouces das mentes alucinadas.
Muitos daqueles que cruzam com os teus passos ou
te provocam reações inesperadas estão ultrajados pelos Espíritos Infelizes,
iguais a eles mesmos, atormentando-os, quanto atormentados se encontram.
Não revides ante provocações, nem te estremunhes
conduzindo vibrações molestas contigo.
Raciocina cristãmente tendo em vista que és
valioso na economia do Planeta e que a tua vida é patrimônio de alta
significação, que não deves arriscar nos jogos das frivolidades.
O discípulo do Cristo é alguém em programa de reajustamento e renovação tropeçando com o passado culposo, que reaparece em mil apresentações conspirando contra a paz ou sugerindo reparação edificante mediante o teu esforço enobrecido.
* * *
Acidentes, acidentados!
Acidentes do trabalho quais bigorna e malho de
aflições esfaceladoras, advertindo.
Acidentes de veículos em desgovernos de
equipamentos ou desajustes emocionais dos seus condutores, ou surpresas do
inesperado, gritando avisos que não podes deixar de examinar com respeito e
atenção.
Acidentes nas multidões, em forma de agressão da
ferocidade, da rapina, do terrorismo, da loucura de todo jaez em conúbio com a
desagregação da esperança e da paz, como escarmento necessário.
Acidentes da Natureza em maremotos e terremotos,
furacões e calamidades, chamando o homem à meditação dos substanciais quão intransferíveis
deveres de cuidar do espírito na sua oportunidade redentora, transitória, que
passa célere.
Acidentes da alma invigilante sob acúleos da
insensatez e sobre pedrouços da desconsideração do patrimônio da vida carnal,
nos quais, não raro, desperdiças os mais expressivos tesouros que se convertem
em escassez dolorosa que conduz o desassisado às sombras do desespero tardio.
* * *
Em Jesus encontrarás a segurança inabalável e na
Sua mensagem de amor terás sempre o manancial de sustentação capaz de ajudar-te,
lenindo sofrimentos da tua alma e preparando-te para o retorno, através da
desencarnação, que a seu turno é acidente orgânico da máquina que se nega a
prosseguir, libertando o prisioneiro, o qual, na vida espiritual, seguirá tranquilo
e feliz ou ficará retido na aflição desconcertante de que não se desejou
desvincular.
*
“Melhor
para vós será que entreis na vida tendo um só olho, do que terdes dois e serdes
precipitados no fogo do inferno”.
(Mateus, 5:30)
*
“Tudo
aquilo a que se dá o nome de caprichos da sorte mais não é do que efeito da
justiça de Deus, que não inflige punições arbitrárias pois quer que a pena esteja
sempre em correlação com a falta”.
(O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. 8º —
Item 21)
Joanna de Ângelis / Divaldo Franco – Livro: Florações Evangélicas
“Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados”. Paulo (Hebreus, 12:12)
Se é difícil a produção
de fruto sadio na lavoura comum, para que não falte o pão do corpo aos celeiros
do mundo, é quase sacrificial o serviço de aquisição dos valores espirituais
que significam o alimento vivo e Imperecível da alma.
Planta-se a semente da
boa vontade, mas obstáculos mil lhe prejudicam a germinação e o crescimento.
É a aluvião de
futilidades da vida inferior.
A invasão de vermes
simbolizados nos aborrecimentos de toda sorte.
A lama da inveja e do
despeito.
As trovoadas da
incompreensão.
Os granizos da maldade.
Os detritos da calúnia.
A canícula da irresponsabilidade.
O frio da indiferença.
A secura do
desentendimento.
O escalracho da
ignorância.
As nuvens de
preocupações.
A poeira do desencanto.
Todas as forças
imponderáveis da experiência humana como que se conjugam contra aquele que
deseja avançar no roteiro do bem.
Enquanto não alcançarmos
a herança divina a que somos destinados, qualquer descida é sempre fácil...
A elevação, porém, é
obra de suor, persistência e sacrifício.
Não recues diante da
luta, se realmente já podes interessar o coração nos climas superiores da vida.
Não obstante defrontado
por toda a espécie de dificuldades, segue para a frente, oferecendo ao serviço
da perfeição quanto possuas de nobre, belo e útil.
Recorda o conselho de
Paulo e não te imobilizes.
Movimenta as mãos
cansadas para o trabalho e ergue os joelhos desconjuntados, na certeza de que para
a obtenção da melhor parte da vida é preciso servir e marchar, incessantemente.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 052
Senhor!...
Ensina-nos a cultivar a
Justiça.
Não nos permitas, porém,
alimentar qualquer impulso de nos apropriar daquilo que não nos pertence e sim
auxilia-nos a repartir daquilo que temos, por empréstimo da Tua bondade.
Protege-nos, na
sustentação do amor que nos propomos a conservar, mas concede-nos coragem para
compreender o anseio de apoio afetivo do qual os outros se julgam necessitados.
Resguarda em nós o senso
de direção, entretanto, impele-nos a descobrir para onde vamos.
Faze-nos livres, mas
auxilia-nos a saber para que.
Induze-nos a reconhecer
que todos os patrimônios da existência, quaisquer que sejam, são empréstimos de
teu infinito amor, em nosso benefício, para que o orgulho e a sombra da posse
não nos ensoberbeçam.
Senhor!
Dá-nos a entender que
unicamente o nosso próprio trabalho no bem nos conferirá a experiência
necessária para a assimilação da verdade em nós mesmos e fortalece-nos a
certeza de que a nossa mais alta felicidade tem o sinônimo de servir.
Ampara-nos, a fim de que
venhamos a possuir aquilo de que precisemos, no entanto, faze-nos úteis aos
nossos semelhantes.
Dá-nos o esquecimento
das faltas alheias, tanto quanto esperamos ser desculpados por nossos próprios
erros.
Enfim, Senhor, ouve, por
misericórdia, as nossas petições, no entanto, não nos consintas agir
simplesmente em função de nossos desejos e sim de acordo com a sabedoria de Tua
vontade.
Assim seja.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Agora é o tempo