No dia 11 de abril
de 1950 entre meia noite e duas horas da manhã dos nossos relógios, houve uma
reunião magna na espiritualidade para celebrar 50 anos de apostolado de Bezerra
de Menezes nas terras brasileiras, de renúncia, de abnegação, de socorro de caridade
de lágrimas, quando ele se recusou a ser feliz para poder ajudar aqueles que
mergulhados estavam no vale da amargura, alguns ainda naquele período das Gálias
Lugdunenses, e nessa madrugada memorável em um auditório que fazia lembrar um
anfiteatro greco-romano, para uma população de quase 5 mil pessoas, ali está
repleto com encarnados e com
desencarnados em uma noite salpicada de estrelas em que vésper deixa uma
claridade como se fosse um largo cometa qual aquele da mitologia da
noite de Natal.
Ali estão médiuns do Brasil e do mundo,
divulgadores do Cristo, espíritas e não espiritas, vinculados às várias
ramificações da doutrina cristã, ali estão trabalhadores do cristianismo
primitivo e naquele auditório imenso em uma mesa sobre um estrado estão cinco
cadeiras em destaque, uma tribuna e ao fundo uma abóbada como se fosse uma
concha acústica, um coral de crianças de aproximadamente 200 vozes canta suaves
melodias da espiritualidade, a música vibra no ar, dúlcida e argêntea, quando
chegam Dr. Bezerra de Menezes, Leon Dennis, Manoel Vianna de Carvalho,
Bittencourt Sampaio e uma outra entidade veneranda, Celina, a mensageira de
Maria Santíssima para a terra, adentram sob a circunspecção emocionada do
público que se levanta, dirigem-se para o estrado e sentam-se, novamente as
vozes angélicas cantam quando Leon Dennis vai até a tribuna e explica o
significado daquela homenagem. Fala da vida desse apóstolo que durante 19
séculos tem sido fiel a Jesus. Aceitou a cruz de redenção e não a abandonou.
Fala em nome dos espíritas do mundo. A palavra de Leon Dennis em um francês
escorreito e sonoro vibra como gotas de luz que caíram em uma região ignota e
que tocando as pessoas em espírito diluem-se numa grande claridade. Há uma
vibração na brisa e um suave perfume no ar. Quando Leon Dennis termina em nome
dos espiritas do mundo vai Manoel Vianna de Carvalho em nome dos espíritas do
Brasil, particularmente dos espíritas do Brasil e fala a Dr. Bezerra da
gratidão da pátria brasileira, dele Vianna, mas também dos médiuns como
Frederico Junior que recebera Santo Agostinho para lhe falar a respeito da
homeopatia, que havia sido médium da extraordinária Celina trazendo na FEB
mensagens de Maria e de Ismael, para conforto dos corações naquele crepúsculo
do século dezenove. Fala Vianna de Carvalho, orador clássico, emocionado e todo
o auditório se comove, quando termina, levanta-se Bezerra vestido num tecido de
linho pérola de três botões, coloca a mão no botão do meio fechado (...) vai
até a tribuna e olha para todos e distende os braços; mas eu não mereço, eu não
mereço, apenas me desincumbo do meu dever, neste momento há um silêncio e nesse
silêncio Celina recebe de uma deidade espiritual um imenso pergaminho em luz
que desenrola e lê no alto diante do público emocionado, diante das pessoas
tomadas de uma grande unção, ela lê comovidamente, Adolfo Bezerra de Menezes
Cavalcante, a mãe de Jesus a rosa mística de Nazaré pede-te para que escolhas
um plano onde desejas reencarnar, a tua tarefa abençoada pela renúncia nesses
50 anos de vida espiritual afora aqueles de dedicação exclusiva desde o momento
da tua conversão terrestre dão-te o direito essas duas lutas para saíres da
psicosfera da terra e evoluíres em outro planeta mesmo que seja fora do sistema
solar em nome de Jesus ela te outorga esse merecimento para que evoluas longe
dos abismos de treva distante das marcas da dor. O coral agora em boca chiusa
modula um hino de exaltação à vida e Bezerra de Menezes, banhado de lágrimas que
lhe perolam e escorrem pela face, quase tartamudeando diz: eu não mereço minha
filha, Celina, eu não mereço, se eu
merecesse alguma coisa eu desejava pedir a Senhora dos aflitos a mãe de Jesus
Cristo que não me permitisse ser feliz enquanto no Brasil houver alguém que
chore que não me dê o direito ao sorriso
enquanto na noite terrestre clareada pelo Cruzeiro do Sul haja dor e pranto
então pedirei a senhora que me confira o cárcere de voltar à terra brasileira
para amar os meus irmãos e ajuda-los no grande trânsito de sofrimento. Se algo
eu mereço eu pediria que me fosse concedido esse requerimento. O pergaminho desapareceu
e uma mão clássica feita de uma matéria evanescente com uma pluma antiga
escreve numa caligrafia inclinada. Teu pedido está aceito. Ficarás no Brasil
até o apagar do século 20 ao lado da alma, que chora da noite clareada pelas
estrelas do Cruzeiro do Sul e assinado Maria. A epopeia das vozes se levanta,
todos se põem de pé, chovem sobre o auditório milhares de pétalas de rosas luminíferas
que ao tocar as pessoas parece adentrar-se em perfumes variados como bálsamo
que fosse diminuir as feridas e para acalmar as grandes dores, do mergulho da
terra. É o momento do retorno ao corpo. Todos voltam e Bezerra de Menezes fica,
socorrendo aqui, ali e alhures, a sua equipe de mais de 10.000 espíritos para
atender em seu nome nas terras do Brasil, movimentam-se de um lado para outro
na pátria brasileira e mesmo quando o apelo é direcionado a Jesus ele se faz
intermediário do divino mestre para tornar as dores da criatura humana menos
doridas. A partir do ano de 60 a sua presença chega a Argentina, e ali há um
movimento de exaltação a Bezerra de Menezes, vai a Colômbia, a Venezuela ao
Uruguai e varre a fronteira do Brasil pelos países latino americanos, depois
conquista Miami, as ilhas em volta do Caribe, atravessa os vários países da
América Central, depois sobe pela Costa da Califórnia, depois de atravessar o
México e chega até o Canada e hoje em vários países do mundo a presença de Bezerra de Menezes é sentida, é vivida
emocionadamente, é captada cheia de luz, ele continua fiel a verdade, teve a
coragem de proclamar a era nova, de estabelecer diretrizes para um mundo melhor e de enfrentar
a massificação do mundo cantando um hino de eterna glória, e, por certo no dia
11 de abril do ano 2.001, quando terminará seu centenário de atividades no mundo espiritual, a Mãe Santíssima há de
mandar Celina ou virá buscá-lo nas regiões de sombra da terra para conduzi-lo às
esplendentes regiões da imortalidade onde estão os justos, os anjos, os arcanjos
e os querubins.