domingo, 24 de dezembro de 2023
sexta-feira, 22 de dezembro de 2023
Natal simbólico
Harmonias
cariciosas atravessavam a paisagem, quando o lúcido mensageiro continuou:
— Cada
Espírito é um mundo onde o Cristo deve nascer…
Fora loucura
esperar a reforma do mundo, sem o homem reformado. Jamais conheceremos povos
cristãos, sem edificarmos a alma cristã…
Eis por que o
Natal do Senhor se reveste de profunda importância para cada um de nós em
particular.
Temos conosco
oceanos de bênçãos divinas, maravilhosos continentes de possibilidades,
florestas de sentimentos por educar, desertos de ignorância por corrigir,
inumeráveis tribos de pensamentos que nos povoam a infinita extensão do mundo
interior. De quando em quando, tempestades renovadoras varrem-nos o íntimo,
furacões implacáveis atingem nossos ídolos mentirosos.
Quantas vezes,
o interesse egoístico foi o nosso perverso inspirador?
Examinando a
movimentação de nossas ideias próprias, verificamos que todo princípio nobre
serviu de precursor ao conhecimento inicial do Cristo.
Verificou-se a
vinda de Jesus numa época de recenseamento.
Alcançamos a
transformação essencial justamente em fase de contas espirituais com a nossa
própria consciência, seja pela dor ou pela madureza de raciocínio.
Não havia
lugar para o Senhor.
Nunca
possuímos espaço mental para a inspiração divina, absorvidos de ansiedades do
coração ou limitados pela ignorância.
A única
estalagem ao Hóspede Sublime foi a Manjedoura.
Não oferecemos
ao pensamento evangélico senão algumas palhas misérrimas de nossa boa vontade,
no lugar mais escuro de nossa mente.
Surge o
Infante Celestial dentro da noite.
Quase sempre,
não sentimos a Bondade do Senhor senão no ápice das sombras de nossas
inquietações e falências.
A estrela
prodigiosa rompe as trevas no grande silêncio.
Quando o
gérmen do Cristo desponta em nossas almas, a estrela da divina esperança
desafia nossas trevas interiores, obscurecendo o passado, clareando o presente
e indicando o porvir.
Animais em
bando são as primeiras visitas ao Enviado Celeste.
Na soledade de
nossa transformação moral, em face da alvorada nova, os sentimentos
animalizados de nosso ser são os primeiros a defrontar o ideal do Mestre.
Chegam
pastores que se envolvem na intensa luz dos anjos que velam o berço divino.
Nossos
pensamentos mais simples e mais puros aproximam-se da ideia nova,
contagiando-se da claridade sublime, oriunda dos gênios superiores que nos
presidem aos destinos e que se acercam de nós, afugentando a incompreensão e o
temor.
Cantam
milícias celestiais.
No instante de
nossa renovação em Cristo, velhos companheiros nossos, já redimidos, exultam de
contentamento na Esfera superior, dando glória a Deus e bendizendo os Espíritos
de boa vontade.
Divulgam os
pastores a notícia maravilhosa.
Nossos
pensamentos, felicitados pelo impulso criador de Jesus, comunicam-se entre si,
organizando-se para a vida nova.
Surge a visita
inesperada dos magos.
Sentindo-nos a
modificação, o mundo observa-nos de modo especial.
Os servos
fiéis, como Simeão, expressam grande júbilo, mas revelam apreensões justas,
declarando que o Menino surgira para a queda e elevação de muitos em Israel.
Acalentamos o
pensamento renovador, no recesso d’alma, para a destruição de nossos ídolos de
barro e desenvolvimento dos germens de espiritualidade superior.
Ferido na
vaidade e na ambição, Herodes determina a morte do Pequenino Emissário.
A ignorância
que nos governa, desde muitos milênios, trabalha contra a ideia redentora,
movimentando todas as possibilidades ao seu alcance.
Conserva-se
Jesus na casa simples de Nazaré.
Nunca
poderemos fornecer testemunho à Humanidade, antes de fazê-lo junto aos nossos,
elevando o espírito do grupo a que Deus nos conduziu.
Trabalha o
Pequeno Embaixador numa carpintaria.
Em toda
realização superior, não poderemos desdenhar o esforço próprio.
Mais tarde, o
Celeste Menino surpreende os velhos doutores.
O pensamento
cristão entra em choque, desde cedo, com todas as nossas antigas convenções
relativas à riqueza e à pobreza, ao prazer e ao sofrimento, à obediência e à
mordomia, à filosofia e à instrução, à fé e à ciência.
Trava-se,
então, dentro de nosso mundo individual, a grande batalha.
A essa altura,
o mensageiro fez longa pausa.
Flores de luz
choviam de mais alto, como alegrias do Natal, banhando-nos a fronte. Os demais
companheiros e eu aguardávamos, ansiosos, a continuação da mensagem sublime;
entretanto, o missionário generoso sorriu paternalmente e rematou:
— Aqui termino
minhas humildes lembranças do Natal simbólico. Segundo observais, o Evangelho
de Nosso Senhor não é livro para os museus, mas roteiro palpitante da vida.
Irmão X (Humberto
de Campos)
Livro: Pontos
e contos
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
Prece de Natal
Senhor, desses caminhos cor de neve
De onde desceste um dia para o mundo,
Numa visão radiosa, linda e breve
De amor terno e profundo,
Das amplidões augustas dos Espaços,
No teu Natal de eternos esplendores,
Abriga nos teus braços
A multidão dos seres sofredores!…
Que em teu
Nome
Receba um pão o pobre que tem fome,
Um trapo o nu, o aflito uma esperança.
Que em teu Natal a Terra se transforme
Num caminho sublime, santo e enorme
De alegria e bonança!
Apesar dos exemplos da humildade
Do teu amor a toda a humanidade
A Terra é o mundo amargo dos gemidos,
De tortura, de treva e impenitência,
Que a luz do amor de tua Providência
Ampare os seres tristes e abatidos.
………………………………………
E em teu
Natal, reunidos nós queremos,
Mesmo no mundo dos desencarnados,
Esquecer nossas dores e pecados,
Nos afetos mais doces, mais extremos,
Reviver a efeméride bendita
Da tua aparição na Terra aflita,
Unir a nossa voz à dos pastores,
Lembrando os milagrosos esplendores
Da estrela de Belém,
Pensando em ti, reunindo-nos no Bem
Na mais pura e divina vibração,
Fazendo da humildade
Nosso caminho de felicidade,
Estrada de ouro para a Perfeição!
Carmen Cinira / Chico Xavier
Livro: Palavras do Infinito
quarta-feira, 20 de dezembro de 2023
Vivamos calmamente
“Que procureis
viver sossegados.” — Paulo. (1 Tessalonicenses, 4:11)
Viver
sossegado não é apodrecer na preguiça.
Há pessoas,
cujo corpo permanece em decúbito dorsal, agasalhadas, contra o frio da
dificuldade, por excelentes cobertores da facilidade econômica, mas torturadas
mentalmente por indefiníveis aflições.
Viver
calmamente, pois, não é dormir na estagnação.
A paz decorre
da quitação de nossa consciência para com a vida, e o trabalho reside na base
de semelhante equilíbrio.
Se desejamos
saúde, é necessário lutar pela harmonia do corpo.
Se esperamos
colheita farta, é indispensável plantar com esforço e defender a lavoura com
perseverança e carinho.
Para garantir
a fortaleza do nosso coração, contra o assédio do mal, é imprescindível
saibamos viver dentro da serenidade do trabalho, fiel aos compromissos
assumidos com a ordem e com o bem.
O progresso
dos ímpios e o descanso dos delinquentes são paradas de introdução à porta do
inferno criado por eles mesmos.
Não queiras,
assim, estar sossegado, sem esforço, sem luta, sem trabalho, sem problemas…
Todavia,
consoante a advertência do apóstolo, vivamos calmamente, cumprindo com valor,
boa vontade e espírito de sacrifício, as obrigações edificantes que o mundo nos
impõe cada dia, em favor de nós mesmos.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Fonte Viva – Cap. 136
sábado, 16 de dezembro de 2023
Mais Luz - Edição 661 - 17/12/2023
Confira nesta edição:
https://mailchi.mp/8fd4626c63e8/desculpa-sempre
Yvonne do
Amaral Pereira – Biografia
Ante o Evangelho:
Perdoai, para que Deus vos perdoe
Mensagem da
Semana: Desculpa sempre – Fonte Viva 135
Poema: Outra
vez – Casimiro Cunha
Oração: Prece
ante o perdão - Emmanuel
sexta-feira, 15 de dezembro de 2023
Yvonne do Amaral Pereira
Às seis horas
da manhã do dia 24 de dezembro de 1900, na pequena Vila de Santa Tereza de
Valença (hoje Rio das Flores), Estado do Rio de Janeiro, renascia em lar
espírita Yvonne do Amaral Pereira, primogênita do casal Manoel José Pereira
Filho e Elisabeth do Amaral Pereira. Yvonne teve cinco irmãos, além de outro
mais velho, filho do primeiro casamento de sua mãe.
Seu pai,
pequeno comerciante, homem generoso de coração e desprendido dos bens
materiais, faliu por três vezes por favorecer a clientela em prejuízo próprio.
Tornou-se, pouco depois, funcionário público, de cujos modestos proventos viveu
até sua desencarnação, em 1935.
Yvonne viveu
em lar pobre e modesto. Aprendeu com os pais a servir os mais necessitados,
pois em sua casa eram acolhidos com carinho pobres criaturas sem recursos,
inclusive mendigos.
Contam seus
biógrafos que, com 29 dias de nascida, depois de um acesso de tosse, sobreveio
uma sufocação que a deixou como morta, em estado de catalepsia. Permaneceu
nesse estado durante seis horas. O médico e o farmacêutico atestaram morte por
sufocação. O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda
e vestido branco e azul, e o caixão encomendado. A mãe, que não acreditava que
a filha estivesse morta, retirou-se para um aposento, onde orou fervorosamente
a Maria de Nazaré, pedindo que a situação fosse definida. Instantes depois, a
criança acordou aos prantos.
A infância de
Yvonne foi povoada por fenômenos espíritas, muitos deles narrados no
livro 'Recordações da Mediunidade'. Aos quatro anos, ela já se
comunicava com os Espíritos, que considerava pessoas normais, encarnadas. Duas
entidades lhe eram particularmente caras. O espírito Charles, que fora seu pai
carnal e a quem considerava como tal - devido a lembranças vivas de uma
encarnação passada -, foi seu orientador durante toda a sua vida, inclusive nas
atividades mediúnicas. E o espírito Roberto de Canalejas, que fora médico
espanhol em meados do século XIX, outra entidade pela qual a médium nutria
profundo afeto e com quem tinha ligações espirituais de longa data.
Mais tarde, na
vida adulta, manteria contatos mediúnicos regulares com outras entidades
evoluídas, como o Dr. Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco e Frédéric
Chopin. (...)
(...) A sua
mediunidade, porém, foi diversificada. Foi médium psicógrafa e receitista,
assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes, Charles,
Roberto de Canalejas e Bittencourt Sampaio. Possuía mediunidade de efeitos
físicos, chegando a realizar algumas sessões de materialização, mas nunca
sentiu atração por esta modalidade mediúnica. Os trabalhos que mais gostava de
fazer, no campo da mediunidade, eram os de desdobramento, incorporação e
receituário homeopático. Nessa última atividade trabalhou em diversos centros
espíritas de várias cidades em que morou durante seus 54 anos de labor
mediúnico.
Como médium
psicofônica, pode entrar em contato com obsessores, obsidiados e suicidas, aos
quais devotava um carinho especial, sendo que muitos deles tornaram-se
espíritos amigos. Costumava ler nos periódicos e jornais nomes de suicidas e
orava por eles constantemente, catalogando-os num livro de preces criado por
ela. Era o que fazia como forma de reparação ao seu suicídio pretérito por
afogamento. Passado algum tempo, muitos deles vinham agradecer-lhe as orações e
davam-lhe fortes abraços passeando com ela de braços dados pelo casarão em que
morava, sem que ela, confusa, soubesse distinguir se o visitante era encarnado
ou desencarnado.
Pelo
desdobramento noturno Yvonne Pereira visitava o mundo espiritual, amparada por
seus orientadores, coletando as crônicas, contos e romances com os quais hoje
nos deleitamos.
Deixou 20
obras de sua lavra mediúnica, entre as quais Memórias de um Suicida,
considerada por Chico Xavier a que melhor retrata a profundeza do Umbral. Este
livro, ditado pelo espírito Camilo Castelo Branco, que usou o pseudônimo Camilo
Cândido Botelho, foi recebido em 1926, mas editado somente 30 anos depois, em
1956, pela Federação Espírita Brasileira (FEB). (...)
(...) Foi
esperantista convicta e trabalhou arduamente na sua propaganda e difusão,
através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no
Brasil quanto no exterior.
Yvonne Pereira
serviu como médium de 1926 a 1980, quando um acidente vascular cerebral
impossibilitou-a para a atividade mediúnica. Sempre humilde, terna e vivaz,
morava num casarão em Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro, em companhia de sua
irmã casada, Amália Pereira Lourenço, também espírita.
Na noite de 9
de março de 1984, vitimada por trombose, desencarnou durante uma cirurgia a que
se submetera no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi sepultado
no Cemitério de Inhaúma. Tinha 83 anos e mantivera-se solteira, cumprindo
dignamente o mandato mediúnico exercido com amor e total devotamento ao
semelhante.
Trechos
extraídos do site da União Espírita Mineira – Leia na íntegra
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
Prece ante o perdão
Senhor Jesus!
Ensina-nos a
perdoar, conforme nos perdoaste e nos perdoas, a cada passo da vida.
Auxilia-nos a compreender
que o perdão é o poder capaz de extinguir o mal.
Induze-nos a
reconhecer nos irmãos que a treva infelicita filhos de Deus, tanto quanto nós,
e que nos cabe a obrigação de interpretá-los na condição de doentes,
necessitados de assistência e de amor.
Senhor Jesus,
sempre que nos sintamos vítimas das atitudes de alguém, faze-nos entender que
também somos suscetíveis de erros e que, por isso mesmo, as faltas alheias
poderiam ser nossas.
Senhor,
sabemos o que seja o perdão das ofensas, mas compadece-te de nós e ensina-nos a
praticá-lo.
Emmanuel /
Chico Xavier – Livro: Tesouro de alegria
Outra vez
Desculpaste,
edificando,
Mas, se a
treva e a insensatez
Voltam de novo
a ferir-te,
Perdoa e ajuda
outra vez.
Ouviste em
prece os agravos
À doutrina em
que mais crês;
No entanto, se
há mais ofensa,
Perdoa e ajuda
outra vez.
Esqueceste duros
golpes
Da injúria e
da rispidez…
Todavia, se
ressurgem,
Perdoa e ajuda
outra vez.
Viste mãos das
mais queridas,
No sonho que
se desfez;
Contudo, segue
adiante…
Perdoa e ajuda
outra vez.
Ao lamaçal da
calúnia
Em dia algum
não te dês.
Bendizendo os
detratores,
Perdoa e ajuda
outra vez.
Se teus
pedidos mais justos
Somente
encontram surdez,
Esperando sem
revolta,
Perdoa e ajuda
outra vez.
Recolhes por
teu sorriso
Gesto rude e
descortês?
O tempo tudo
transforma;
Perdoa e ajuda
outra vez.
Se queres
guardar contigo
A bênção da
intrepidez,
À frente de
todo mal,
Perdoa e ajuda
outra vez.
Injustiçado,
não guardes
Nem mágoas e
nem porquês;
Trabalhando
alegremente,
Perdoa e ajuda
outra vez.
Se almejas
fazer migalha
Do muito que o
Mestre fez,
Mesmo entregue
à cruz da morte
Perdoa e ajuda
outra vez.
Casimiro Cunha
/ Chico Xavier
Livro: Correio
fraterno
quarta-feira, 13 de dezembro de 2023
Desculpa sempre
“Se perdoardes
aos homens as suas ofensas, também vosso Pai Celestial vos perdoará.” — Jesus. (Mateus,
6:14)
Por mais
graves te pareçam as faltas do próximo, não te detenhas na reprovação.
Condenar é
cristalizar as trevas, opondo barreiras ao serviço da luz.
Procura nas
vítimas da maldade algum bem com que possas soerguê-las, assim como a vida
opera o milagre do reverdecimento nas árvores aparentemente mortas.
Antes de tudo,
lembra quão difícil é julgar as decisões de criaturas em experiências que
divergem da nossa!
Como refletir,
apropriando-nos da consciência alheia, e como sentir a realidade, usando um
coração que não nos pertence?
Se o mundo,
hoje, grita alarmado, em derredor de teus passos, faze silêncio e espera…
A observação
justa é impraticável quando a neblina nos cerca.
Amanhã, quando
o equilíbrio for restaurado, conseguirás suficiente clareza para que a sombra
te não altere o entendimento.
Além disso,
nos problemas de crítica, não te suponhas isento dela.
Através da
nociva complacência para contigo mesmo, não percebes quantas vezes te mostras
menos simpático aos semelhantes?
Se há quem nos
ame as qualidades louváveis, há quem nos destaque as cicatrizes e os defeitos.
Se há quem
ajude, exaltando-nos o porvir luminoso, há quem nos perturbe, constrangendo-nos
à revisão do passado escuro.
Usa, pois, a
bondade, e desculpa incessantemente.
Ensina-nos a
Boa Nova que o Amor cobre a multidão dos pecados.
Quem perdoa, esquecendo
o mal e avivando o bem, recebe do Pai Celestial, na simpatia e na cooperação do
próximo, o alvará da libertação de si mesmo, habilitando-se a sublimes
renovações.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Fonte Viva – Cap. 135