sábado, 20 de junho de 2020

Ante Jesus


Não compareças à frente do Cristo, presumindo-te iniciando na solução dos problemas do mundo. É possível que a tua experiência seja uma rede escura tecida com fragmentos de ilusão.
Não procures o Divino Mestre, julgando-te forte entre os poderosos do dia. É provável que a tua segurança não resista ao mais leve sopro de sofrimento.
Não busques Jesus como quem alcançou autoridade infalível entre os homens. É provável que o teu mandato de orientação às criaturas termine, ainda hoje, por determinação das forças superiores que regem a vida.
Não te aproximes do Evangelho, impondo títulos, mesmo respeitáveis, que a Terra te conferiu à personalidade em trânsito no Plano Físico. Os títulos, por vezes, são meros enganos no jogo educativo das convenções sociais.

- o –

Procuremos o Mestre, na posição de aprendizes.
Conduzamos até Ele a receptividade da criança que, em se consagrando à simplicidade, pode acolher, sem aflição e sem mágoa, a diretriz regeneradora.

- o –

A mente infantil permanece abençoada com o selo da renovação.
Desconhece o mal, não vê inimigos, ignora a culpa, não comunga com a iniquidade e não vê obstáculos para desculpar as ofensas, tantas vezes quantas se fizerem necessárias.
Desfruta a paz, confia com sinceridade, aprende com presteza, sorri para a existência e, sobretudo, caminha com o espírito de surpresa, com que devemos agradecer, cada dia, as bênçãos do Criador da Vida Universal.
Não te encarceres nas conceituações exclusivamente humanas.
A vida é ascensão.
Se procuras o Cristo, na feição do homem apenas raciocina, não abordarás com facilidade as lições do Evangelho, mas se buscares o Senhor, na condição da criatura que ama, tudo entenderás, caminhando feliz, ao encontro do Grande Futuro.

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Tocando o Barco

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Alfaias

“Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas alfaias em casa, não desça a tomá-las.” Jesus (Lucas, 17:31)

A palavra do Mestre não deixa margem a hesitações.
Naturalmente, todo aprendiz vive na organização que lhe é própria. Cada qual permanece em casa, isto é, na criação individual ou no campo de testemunho a que o Senhor o conduziu.
Geralmente, porém, jamais está sozinho.
Reduzido ou extenso, há sempre um séquito de afeições a acompanhá-lo.
Muita vez, contudo, a companheira, o pai e o filho não conseguem mover-se além das zonas inferiores de compreensão, quando o discípulo, pelos nobres esforços despendidos, se equilibra, vitorioso, na parte mais alta do entendimento. Chegados a semelhante situação, muitos trabalhadores aplicados experimentam dificuldades de vulto.
Não sabem separar as alfaias de adorno dos vasos essenciais, as frivolidades dos deveres justos e sofrem dolorosos abalos no coração.
Indispensável se precatem contra esse perigo comum.
Cumpra-se a obrigação sagrada, atenda-se, antes de tudo, ao programa da Vontade Divina, exemplifique-se a fraternidade e a tolerância, acendendo-se a lâmpada do esforço próprio, mas que se não prejudique o serviço divino da ascensão, por receio aos melindres pessoais e às convenções puramente exteriores.
Um lar não vive simplesmente em razão das alfaias que o povoam, transitoriamente, e sim pelos fundamentos espirituais que lhe construíram as bases.
Um homem não será superior porque satisfaça a opiniões passageiras, mas sim porque sabe cumprir, em tudo, os desígnios de Deus.

Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – cap.134

A prece de Cerinto


Quantos venham a ler a mensagem constante deste capítulo, decerto nem de longe experimentarão a surpresa de nosso grupo, em cuja intimidade Cerinto, o amigo espiritual que no-la transmitiu, caminhou, pouco a pouco da sombra para a luz.
A princípio era um Espírito atrabiliário e revoltado, chegando mesmo a orientar vastas falanges de irmãos conturbados e infelizes, ainda enquistados na ignorância.
Discutia acerbamente. Criticava. Blasfemava.
De nossos entendimentos difíceis, manda a caridade que nos detenhamos no silêncio preciso.
Surgiu, porém, o dia em que a influência de nossos Benfeitores Espirituais se revelou plenamente vitoriosa.
Cerinto modificou-se e transferiu-se de plano mental, marchando agora ao nosso lado, sedento de renovação e luz como nós mesmos.
Foi por isso com imensa alegria que lhe registramos a comovente rogativa, por ele pronunciada em nossa reunião da noite de 24 de novembro de 1955.

Senhor de Infinita Bondade.
No santuário da oração, marco renovador do meu caminho, não Te peço por mim, Espírito endividado, para quem reservaste os tribunais de Tua Excelsa Justiça.
A Tua compaixão é como se fora o orvalho da esperança em minha noite moral, e isto basta, ao revel pecador que tenho sido.
Não Te peço, Senhor, pelos que choram.
Clamo por Teu amor e benefício dos que fazem as lágrimas.
Não Te venho pedir pelos que padecem.
Suplico-Te a bênção para todos aqueles que provocam sofrimento.
Não Te lembro os fracos da Terra.
Recordo-Te quantos se julgam poderosos e vencedores.
Não intercedo pelos que soluçam de fome.
Rogo-Te amor para os que lhes furtam o pão.

Senhor Todo-Bondoso!...
Não Te trago os que sangram de angústia.
Relaciono diante de Ti os que golpeiam e ferem.
Não Te peço pelos que sofrem injustiças.
Rogo-Te pelos empreiteiros do crime.
Não Te apresento os desprotegidos da sorte.
Sugiro Teu amparo aos que estendem a aflição e a miséria.
Não Te imploro mercê para as almas traídas.
Exorto-Te o socorro para os que tecem os fios envenenados da ingratidão.

Pai compassivo!...
Estende as mãos sobre os que vagueiam nas trevas...
Anula o pensamento insensato.
Cerra os lábios que induzem à tentação.
Paralisa os braços que apedrejam.
Detém os passos daqueles que distribuem a morte...
Ajuda-nos a todos nós, filhos do erro, porque somente assim, ó Deus piedoso e justo, poderemos edificar o paraíso do bem com todos aqueles que já Te compreendem e obedecem, extinguindo o inferno daqueles que, como nós, se atiram desprevenidos, aos insanos torvelinhos do mal!...

Cerinto / Chico Xavier – Livro: Vozes do grande Além

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Ação e paz



Aflição condensada é semelhante a bomba de estopim curto, pronta a explodir a qualquer contato esfogueante.
Indispensável saber preservar a tranquilidade própria, de modo a sermos úteis na extinção dessa ou daquela dificuldade.
Decerto que para cooperarmos no estabelecimento da paz, não nos seria lícito interpretar a calma por inércia.
Paciência é a compreensão que age sem barulho, em apoio da segurança geral.
Refletindo com acerto, recebe a hora de crise, sem qualquer ideia de violência, porque a violência sempre induz ao estrangulamento da oportunidade de auxiliar.
Diante de qualquer informação desastrosa, busca revestir-te com a serenidade possível para que não te transformes num problema, pesando no problema que a vida te pede resolver.
Não afogues o pensamento nas nuvens do pessimismo, mentalizando ocorrências infelizes que provavelmente jamais aparecerão.
Evita julgar pessoas e situações em sentido negativo para que o arrependimento não te corroa as forças do espírito.
Se te encontras diante de um caso de agressão, não respondas com outra agressão, a fim de que a intemperança mental não te precipite na vala da delinquência.
Pacifica a própria sensibilidade, para que a razão te oriente os impulsos.
Se conservas o hábito de orar, recorre à prece nos instantes difíceis, mas se não possuis essa bênção, medita suficientemente antes de falar ou de agir.
Os impactos emocionais, em qualquer parte, surgem na estrada de todos; guarda, por isso, a fé em Deus e em ti mesmo, de maneira a que não te afastes da paz interior, a fim de que nas horas sombrias da existência possa a tua paz converter-se em abençoada luz.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Urgência

Casa Espiritual

“Vós, também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual.” Pedro (I Pedro, 2:5)

Cada homem é uma casa espiritual que deve estar, por deliberação e esforço do morador, em contínua modificação para melhor.
Valendo-nos do símbolo, recordamos que existem casas ao abandono, caminhando para a ruína, e outras que se revelam sufocadas pela hera entrelaçada ou transformadas em redutos de seres traiçoeiros e venenosos da sombra; aparecem, de quando em quando, edificações relaxadas, cujos inquilinos jamais se animam a remover o lixo desprezível e observam-se as moradias fantasiosas, que ostentam fachada soberba com indisfarçável desorganização interior, tanto quanto as que se encontram penhoradas por hipotecas de grande vulto, sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor.
O aprendiz do Evangelho precisa, pois, refletir nas palavras de Simão Pedro, porque a lição de Jesus não deve ser tomada apenas como carícia embaladora e, sim, por material de construção e reconstrução da reforma integral da casa íntima.
Muita vez, é imprescindível que os alicerces de nosso santuário interior sejam abalados e renovados.
Cristo não é somente uma figuração filosófica ou religiosa nos altiplanos do pensamento universal. É também o restaurador da casa espiritual dos homens.
O cristão sem reforma interna dispõe apenas das plantas do serviço. O discípulo sincero, porém, é o trabalhador devotado que atinge a luz do Senhor, não em benefício de Jesus, mas, sobretudo, em favor de si mesmo.

Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – cap.133

Tempos novos


Alma querida, escuta!...
Um mundo diferente, às súbitas, se eleva
Do presente ao porvir... E, quase gênio alado,
O Homem, percorre o Espaço e vence a força e a treva!...

O cérebro se exalça ao sol da inteligência
E tateia o Universo, entre surpreso e aflito.
Deus permite às nações congregadas na Terra
Mais um passo de luz à frente do Infinito.

Mas, ouve e pensa!... Enquanto
O fórceps da Ciência arranca a Nova Era
Ao claustro do passado, ante a glória futura,
A construção do Amor anseia, sonha, espera...

A Civilização refulge nas vanguardas,
Varre os pisos do Mar, ganha os vales da Lua;
No entanto, em toda a Terra, o sofrimento avança,
A discórdia, se alastra, o ódio continua...

Louvemos com respeito a ideia resplendente
Que exalta a Evolução nos áureos tempos novos;
Atendamos, porém, à fé que nos convida
A resguardar, em paz, a elevação dos povos.

Ao choque das paixões, Cristo ressurge e fala...
– É a Verdade, o Roteiro, a Direção Segura,
E chama-nos, de volta, à estrada redentora,
Na pessoa do irmão que a sombra desfigura!

Espalhemos os bens que o Senhor nos empresta
Do tesouro imortal de nossa excelsa herança:
Auxílio, compreensão, beneficência, apoio,
Refúgio, compaixão, alegria, esperança.!...

Onde a penúria chora e a revolta esbraveja,
Onde o mal se amontoa e a aflição nos espia,
Conduzamos o pão, a veste, a luz, o amparo,
O verbo que restaura, a bênção que alivia!...

Alma querida, escuta!... O progresso, por vezes,
Lembra granizo e fogo, em tormentas no ar!...
Mas Jesus vem conosco e nos pede a caminho:
Dar, entender, servir, recompor, trabalhar...

Maria Dolores