sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Educai a criança


Um coração de criança
É uma urna de amor, de inocência e esperança.
É um jasmim em botão de imácula pureza
Perfumando o jardim do Amor e da Beleza.

É uma flor aromal.
Uma Ave pequenina,
Que nos recorda a luz puríssima, inicial
Da morada divina!

Mas a alma infantil, como leiva de terra.
Guarda, cria e produz aquilo que ela encerra!

Coração original, terra pura e inocente
Que desenvolve em si a boa e má semente.
Se lhe deres o Amor que salva e regenera,
A esperança no Céu que se resigna e espera,
Os exemplos do Bem que esclarece e ilumina,
Os archotes da Fé que sonha e raciocina.
A lição do Evangelho em atos de bondade,
Os perfumes liriais da flor da Caridade.
A verdade, a Luz e o Amor - a trilogia
Que compõe no Universo os hinos da Harmonia
Vê-las-eis produzir dessas espigas d'ouro
De um dos trigais de abril imensamente louro.
Se lhe derdes, porém, as sementes do vício
Tereis o pantanal, a chaga, o meretrício,
A ferida social que sangra, que supura,
Os venenos letais da Dor e da Amargura!
Em vez do sol que aclara uma vida sublime,
Vereis a lava hostil que favorece o crime.

Educai, educai o coração da infância,
Roubai-o da torpeza do mal e da ignorância.

Plantai no coração dos pobres pequeninos
As árvores do Bem cheias de dons divinos...

Elevai-os na Terra aos píncaros da Luz,
Com os exemplos de Amor da vida de Jesus!

O coração da criança
É um sacrário de amor, de inocência e esperança.
Ponde nesse sacrário a hóstia que transude
A chama da Verdade e a chama da Virtude
E tereis praticado o ensino do Senhor
Que fará deste mundo um roseiral de Amor!

Guerra Junqueiro

Quem segue


“E outra vez lhes falou Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João, 8:12)

Há crentes que se não esquivam às imposições do culto exterior.
Reclamam a genuflexão e o público trovejante, de momento a momento.
Preferem outros o comentário leviano, acerca das atividades gerais da fé religiosa, confiando-se a querelas inúteis ou barateando os recursos divinos.
A multidão dos seguidores, desse tipo, costuma declarar que as atitudes externas e as discussões doentias representam para ela sacrossanto dever; contudo, tão logo surgem inesperados golpes do sofrimento ou da experiência na estrada vulgar, precipita-se em sombrio desespero, recolhendo-se em abismos sem esperança.
Nessas horas cinzentas, os aprendizes sentem-se abandonados e oprimidos, mostrando a insuficiência interna. Muitos se fazem relaxados nas obrigações, afirmando-se desprotegidos de Jesus ou esquecidos do Céu.
Isso ocorre, porém, porque não ouviram a revelação divina, qual se faz necessário.
O Mestre não prometeu claridade à senda dos que apenas falam e creem.
Assinou, no entanto, real compromisso de assistência continua aos discípulos que o seguem. Nesse passo, é importante considerar que Jesus não se reporta a lâmpadas de natureza física, cujas irradiações ferem os olhos orgânicos. Assegurou a doação de luz da vida. Quem efetivamente se dispõe a acompanha-lo, não encontrará tempo a gastar com exames particularizados de nuvens negras e espessas, porque sentirá a claridade eterna, dentro de si mesmo.
Quando fizeres, pois, o costumeiro balanço de tua fé, repara, com honestidade imparcial, se estás falando apenas do Cristo ou se procuras seguir-lhe os passos, no caminho comum.

Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap.146

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Oração ao Cruzeiro


Luminosas estrelas do Cruzeiro,
Iluminai a terra da Esperança,
Na doce proteção de um povo inteiro
Onde a mão de Jesus desce e descansa.

Símbolo sacrossanto de aliança
De paz e amor do Eterno Pegureiro,
Guardai as claridades da Bonança
Na vastidão do solo brasileiro.

Constelação da Cruz, cheia de graças,
Transfundi numa só todas as raças,
No país da esperança e da bondade.

Que o Brasil, sob a luz da tua glória,
Possa escrever, no mundo, a grande história
Das epopeias da Fraternidade.

Pedro de Alcântara

sábado, 5 de setembro de 2020

Palestras CEJG 66 anos - Trabalho, solidariedade, tolerância


Nova ordem do amor


O Homem pediu a colaboração da Ciência, guindando-se às conquistas tecnológicas. Todavia, abandonou a responsabilidade e desconsidera o amor.
Anelando por ganhar espaços, arroja-se na decifração do desconhecido e deixa à margem as conquistas logradas pelo sentimento.
Preconiza a paz — fomenta a guerra.
Ensina o amor — estimula a luta de classes.
Programa os direitos humanos — desrespeita os direitos do próximo.
Ensina a liberdade—investe contra a do seu irmão.
Amplia as próprias ambições — encarcera-se nos cofres da usura, nos limites estreitos da política arbitrária, nas paisagens torpes das paixões dissolventes.
Por isso, transcorreram quatrocentos anos de razão, de investigação científica, de liberdade de consciência com uma colheita de sombras, de amarguras, de pessimismo.
A partir do século XVI, apoiou-se na filosofia para arrebentar os grilhões da ignorância religiosa.
No século XIX utilizou-se da mesma filosofia, para gargalhar de Deus, e sucumbe, em pleno século XX, sob as filosofias do anarquismo, da perversão, do fazer coisa nenhuma.
Em consequência, uma grande noite se abate sobre a Humanidade.
O homem, artífice do seu próprio destino, encarcera- se no vício e deixa que o sol da liberdade buscada, e conseguida em parte, seja empanado pela grande nuvem das suas ameaças constritoras.
Enfermidades de etiologia difícil, de terapêutica complexa, de recursos preventivos impossíveis no momento, ameaçam a estrutura orgânica do ser pensante.
Psicopatologias profundas aniquilam-no interiormente; o homem estertora; o homem se desumaniza.
Neste contubérnio de paixões, a violência irrompe assustadora, em nome das liberdades democráticas, e cava o poço para as ditaduras do poder.
Pairam, sobre a Terra, os miasmas pestilentos do sofrimento generalizado.
Não pretendemos fazer profetismo de aniquilamento nem nos utilizamos das Parcas, que tecem o destino trágico dos homens, antecipando-lhes a desgraça. Consideramos as ocorrências ora vividas, pelo apagar do idealismo, face ao confundir das aspirações enobrecedoras, como decorrência da falência das conquistas ético-morais e espirituais do ser.
Pairando, entretanto, sobre todas as conjunturas amargas, Cristo vela e conduz a nave terrestre no fragor das batalhas rudes, no entrechoque das paixões, no destruir das Instituições enobrecidas.
Um inesperado sopro de renovação varrerá a Terra e espíritos, que lideraram povos pelo pensamento, pela arte, pela sabedoria, tomarão os comandos da geração desventurada e restabelecerão, na Terra, a paz, o amor, a liberdade.
Todos estamos convocados para prepararmos o advento dos dias porvindouros.
As lâmpadas acesas na noite têm as nobres finalidades de derramar claridade.
Não nos encontramos reunidos no ministério espírita e cristão, por acaso.
Não voltamos aos caminhos do Cristianismo por injunções eventuais ou por caprichos do destino.
Assumimos grave responsabilidade com o Cristo que não soubemos respeitar no passado.
Contribuímos para estes momentos de desaires e sofremo-los, vivendo as consequências dos nossos atos pretéritos.
Assim, estabeleçamos a nova ordem do amor preparando o futuro de gloriosos dias, nos quais, possivelmente, noutra roupagem, estaremos de volta, experimentando o primado do espírito imortal.
Companheiros em Doutrina Espírita, rugindo a tempestade, vigiemos.
Estourando as lutas, resguardemo-nos.
Correndo os rios de lágrimas e amontoando-se os cadáveres dos ideais perdidos, atuemos no bem.
A nossa é a valiosa ação de servir e servir, amando e amando, sem revidarmos mal por mal, nem aceitarmos o achincalhe, a provocação, a agressividade espontânea dos que enlouqueceram e ainda não se deram conta.
Na história dos séculos, a cruz do Cristo, simbolizando a Sua derrota, é a história da grande vitória que inaugura a ressurreição como prelúdio de uma vida eterna.

 Viana de Carvalho/ Divaldo Pereira Franco – Livro: Reflexões espíritas