O
Homem pediu a colaboração da Ciência, guindando-se às conquistas tecnológicas.
Todavia, abandonou a responsabilidade e desconsidera o amor.
Anelando
por ganhar espaços, arroja-se na decifração do desconhecido e deixa à margem as
conquistas logradas pelo sentimento.
Preconiza
a paz — fomenta a guerra.
Ensina
o amor — estimula a luta de classes.
Programa
os direitos humanos — desrespeita os
direitos do próximo.
Ensina
a liberdade—investe contra a do seu irmão.
Amplia
as próprias ambições — encarcera-se nos cofres da usura, nos limites estreitos
da política arbitrária, nas paisagens torpes das paixões dissolventes.
Por
isso, transcorreram quatrocentos anos de razão, de investigação científica, de
liberdade de consciência com uma colheita de sombras, de amarguras, de
pessimismo.
A
partir do século XVI, apoiou-se na filosofia para arrebentar os grilhões da
ignorância religiosa.
No
século XIX utilizou-se da mesma filosofia, para gargalhar de Deus, e sucumbe,
em pleno século XX, sob as filosofias do anarquismo, da perversão, do fazer coisa nenhuma.
Em
consequência, uma grande noite se abate sobre a Humanidade.
O
homem, artífice do seu próprio destino, encarcera- se no vício e deixa que o
sol da liberdade buscada, e conseguida em parte, seja empanado pela grande
nuvem das suas ameaças constritoras.
Enfermidades
de etiologia difícil, de terapêutica complexa, de recursos preventivos
impossíveis no momento, ameaçam a estrutura orgânica do ser pensante.
Psicopatologias
profundas aniquilam-no interiormente; o homem estertora; o homem se desumaniza.
Neste
contubérnio de paixões, a violência irrompe assustadora, em nome das liberdades
democráticas, e cava o poço para as ditaduras do poder.
Pairam,
sobre a Terra, os miasmas pestilentos do sofrimento generalizado.
Não
pretendemos fazer profetismo de aniquilamento nem nos utilizamos das Parcas, que tecem o destino trágico dos
homens, antecipando-lhes a desgraça. Consideramos as ocorrências ora vividas,
pelo apagar do idealismo, face ao confundir das aspirações enobrecedoras, como
decorrência da falência das conquistas ético-morais e espirituais do ser.
Pairando,
entretanto, sobre todas as conjunturas amargas, Cristo vela e conduz a nave
terrestre no fragor das batalhas rudes, no entrechoque das paixões, no destruir
das Instituições enobrecidas.
Um
inesperado sopro de renovação varrerá a Terra e espíritos, que lideraram povos
pelo pensamento, pela arte, pela sabedoria, tomarão os comandos da geração
desventurada e restabelecerão, na Terra, a paz, o amor, a liberdade.
Todos
estamos convocados para prepararmos o advento dos dias porvindouros.
As
lâmpadas acesas na noite têm as nobres finalidades de derramar claridade.
Não
nos encontramos reunidos no ministério espírita e cristão, por acaso.
Não
voltamos aos caminhos do Cristianismo por injunções eventuais ou por caprichos
do destino.
Assumimos
grave responsabilidade com o Cristo que não soubemos respeitar no passado.
Contribuímos
para estes momentos de desaires e sofremo-los, vivendo as consequências dos
nossos atos pretéritos.
Assim,
estabeleçamos a nova ordem do amor preparando o futuro de gloriosos dias, nos
quais, possivelmente, noutra roupagem, estaremos de volta, experimentando o
primado do espírito imortal.
Companheiros
em Doutrina Espírita, rugindo a tempestade, vigiemos.
Estourando
as lutas, resguardemo-nos.
Correndo
os rios de lágrimas e amontoando-se os cadáveres dos ideais perdidos, atuemos
no bem.
A
nossa é a valiosa ação de servir e servir, amando e amando, sem revidarmos mal
por mal, nem aceitarmos o achincalhe, a provocação, a agressividade espontânea
dos que enlouqueceram e ainda não se deram conta.
Na
história dos séculos, a cruz do Cristo, simbolizando a Sua derrota, é a história da grande vitória que inaugura
a ressurreição como prelúdio de uma vida eterna.
Viana de Carvalho/ Divaldo Pereira Franco –
Livro: Reflexões espíritas
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