sábado, 3 de outubro de 2020
Em homenagem a Kardec
A
Cultura atingira o apogeu da descrença,
Imergira-se
o Templo em fumo de vanglória
E,
embora fosse o Cristo a eterna luz da História,
Afligia-se
a Terra em sombra espessa e imensa.
A
Civilização padecia a presença
De
soberano caos em púrpura irrisória,
Sob
a pompa do verbo esfervilhava a escória
Da
cegueira e do escárnio a erguer-se em treva densa.
Mas
Kardec domina a enorme noite humana
E
traz no Espiritismo a Fé que se engalana,
Ao
fulgor da Razão generosa e sincera...
O
Evangelho ressurge. O Céu brilha de novo.
E
Jesus, retornado ao coração do povo,
Acende
para o mundo o Sol da Nova Era.
Amaral
Ornelas
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
Examinando Kardec
Não
que outros missionários não tivessem aportado antes dele: ases do conhecimento
que dilataram os imensos horizontes do saber; místicos que se embrenharam nos
dédalos do "eu", aprendendo vitória sobre si mesmos; santos que
rasgaram sendas luminosas no matagal das aflições; apóstolos que fizeram da renúncia
e da humildade os baluartes da própria força; filósofos que ensejaram à razão o
campo da investigação; cientistas corajosos e audazes que ofereceram a vida em
prol de pesquisas inapreciáveis na preservação de milhões de vidas... E heróis,
missionários do amor, sacerdotes da fraternidade - operários sublimes, todos
eles, do Pai Construtor - encarregados de impulsionar o progresso da Terra conjugado
à felicidade dos homens.
Ele,
entretanto, guardadas as proporções, fez-se nauta de uma experiência antes não
tentada nos mares ignotos da Verdade: auscultou o insondável além-da-morte, inquirindo
e estudando, selecionando e fazendo triagem das informações recebidas dos
Imortais, de modo a edificar o colossal edifício do Espiritismo.
Nem
um só momento se deixou empolgar pela vitória conseguida ao peso das lágrimas,
nem jamais se quedou desanimado sob o fardo das incompreensões, quando crivado
pelas farpas da inveja e da calúnia.
Não
se permitiu o luxo dos triunfos fáceis, nem aceitou a coroa da consagração.
A
própria vida celeremente se lhe extinguiu no corpo somático, logo se permitiu conquistar
o país do conhecimento, demandando a Imortalidade antes que os lauréis da
gratidão ou de qualquer glória lhe pesassem sobre a cabeça veneranda.
Antes,
outros Espíritos de escol também velejaram pelas regiões desconhecidas do após o
túmulo, tomando apontamentos, registrando observações.
Muitos
se embrenharam pelas veredas da vida além da vida e se detiveram deslumbrados
no pórtico da revelação.
Os
que se atreveram a adentrar-se pelos recônditos da Imortalidade, procuraram explicações
mirabolantes, formulando hipóteses rocambolescas ou, fortemente impressionados,
se recolheram à meditação profunda, ao flagício, à oração.
Os
que facultaram apresentar o resultado do descobrimento, experimentaram a zombaria
dos contemporâneos e, não raro, desencantados, refugiaram-se no silêncio ou
arderam em piras crepitantes...
Ele,
não!
Não
se deteve a observar somente, nem se aquietou a experimentar emoções.
Após
o meticuloso exame do mediunismo, patenteada a veracidade da vida incessante
mesmo depois da disjunção celular, entregou-se ao conhecimento libertador.
Do
fenômeno extraiu a doutrina.
Do
informe puro e simples conseguiu o fato comprovado.
Enfrentando
os Imortais não os temeu, não os exaltou. Inquiriu-os e analisou a todos
quantos passaram suas informações pelo crivo da discussão, do debate franco, do
exame rigoroso.
Compulsou
os alfarrábios dos tempos e aprofundou-se na cultura da época.
Armado
de equilíbrio invulgar, esteve a todo instante à altura da investidura e, quando
o rebuliço da aventura cedeu lugar ao marasmo e à monotonia, ele apresentou o
resultado dos seus estudos sérios, apoiados na razão e no bom senso.
Kardec
foi, sem dúvida, o magnífico missionário da Humanidade, precursor do Mundo
Novo.
Em
sua obra recendem os aromas específicos da tríade perfeita do conhecimento:
Ciência, Filosofia e Religião. São o esquema ímpar da sabedoria em todos os
seus ângulos e faces.
Transcorrido
o primeiro século da Codificação Kardequiana, mais se fazem atuais os seus
ensinos e conclusões, ensejando elucidações valiosas para os enigmas que surgem
no momento em que ruem os tabus e os preconceitos, em que necessidades aparecem
para substituir as manifestações místicas da ignorância e da falsa pudicícia da
fé, que se esboroam.
Por
essa razão é que se faz imperioso estudar o Espiritismo, trazendo, não só os informes
destes dias para examiná-los à luz meridiana da Doutrina, clareando as nebulosas
informações de psiquistas e parapsicólogos, como também os problemas morais ao
estudo sistemático da moral espírita e as conclusões da ciência ao ensinamento
doutrinário. Não olvidar, no entanto, que os descobrimentos e as informações de
caráter eminentemente revelador no campo do mundo, aos homens do mundo
competem, sendo a Doutrina mesma o guia moral e espiritual para todos nós, não
pretendendo, como não o fez o Codificador, resolver ou realizar as tarefas que
ao homem cabem, como medidas imperiosas de crescimento e evolução.
Estudemos
mais e analisemos melhor o Espiritismo, porquanto com as suas lições no coração
e na mente encontraremos o pão e a luz, o instrumento e a rota, para levar-nos
à harmonia e à paz real.
Viana
de Carvalho / Divaldo Franco – Livro: À Luz do Espiritismo
Kardec e vida
Jesus
nos trouxe a verdade.
Kardec,
porém, nos trouxe a interpretação.
Daí
o nosso dever de comunicar Allan Kardec a todos os setores da vida individual e
coletiva, razão pela qual nos reconhecemos na obrigação de reafirmar:
Kardequizar
é a legenda de agora.
Sintetizemos
em linhas rápidas o que entendemos por Kardequização e seus resultados:
-
Kardequização do sentimento: equilíbrio.
-
Kardequização do raciocínio: visão.
-
Kardequização da ciência: humanidade.
-
Kardequização da filosofia: discernimento.
-
Kardequização da fé: racionalidade.
-
Kardequização da inteligência: orientação.
-
Kardequização do estudo: esclarecimento.
-
Kardequização do trabalho: organização.
-
Kardequização do serviço: eficiência.
-
Kardequização das relações: sinceridade.
-
Kardequização do progresso: elevação.
-
Kardequização da liberdade: disciplina.
-
Kardequização do lar: harmonia.
-
Kardequização do debate: proveito.
-
Kardequização do sexo: responsabilidade.
-
Kardequização da personalidade: autocrítica.
-
Kardequização da corrigenda: compreensão.
-
Kardequização da existência: caridade.
Kardequizemos
para evoluir com acerto à frente do Cristo de Deus.
A
Terra é a nossa escola milenária e, em suas classes múltiplas, somos
companheiros uns dos outros. Kardequizarmo-nos na carteira de obrigações a que
estamos transitoriamente jungidos é a fórmula ideal de ascensão.
Estudemos
e trabalhemos sempre.
Bezerra
de Menezes / Chico Xavier – Livro: Vereda de Luz
Escamas
“E logo lhe caíram
dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista.” (Atos, 9:18)
A
visita de Ananias a Paulo de Tarso, na aflitiva situação de Damasco, sugere
elevadas considerações.
Que
temos sido nas sombras do pretérito senão criaturas recobertas de escamas
pesadas sob todos os pontos de vista? Não somente os olhos se cobriram de semelhantes
excrescências. Todas as possibilidades confiadas a nós outros hão sido eclipsadas
pela nossa incúria, através dos séculos. Mãos, pés, língua, ouvidos, todos os
poderes da criatura, desde milênios permanecem sob o venenoso revestimento da preguiça,
do egoísmo, do orgulho, da idolatria e da insensatez.
O
socorro concedido a Paulo de Tarso oferece, porém, ensinamento profundo. Antes
de recebê-lo, o ex-perseguidor rende-se incondicionalmente ao Cristo; penetra a
cidade, em obediência à recomendação divina, derrotado e sozinho, revelando
extrema renúncia, onde fora aplaudido triunfador. Acolhido em hospedaria
singela, abandonado de todos os companheiros, confiou em Jesus e recebeu-lhe a
sublime cooperação.
É
importante notar, contudo, que o Senhor, utilizando a instrumentalidade de
Ananias, não lhe cura senão os olhos, restituindo-lhe o dom de ver. Paulo sente
que lhe caem escamas dos órgãos visuais e, desde então, oferecendo-se ao
trabalho do Cristo, entra no caminho do sacrifício, a fim de extrair, por si
mesmo, as demais escamas que lhe obscureciam as outras zonas do ser.
Quanto
lutou e sofreu Paulo, a fim de purificar os pés, as mãos, a mente e o coração? Trata-se
de pergunta digna de ser meditada em todos os tempos.
Não
te esqueças, pois, de que na luta diária poderás encontrar os Ananias da fraternidade,
em nome do Mestre; aproximar-se-ão, compassivos, de tuas necessidades, mas não
olvides que o Senhor apenas permite que te devolvam os olhos, a fim de que,
vendo claramente, retifiques a vida por ti mesmo.
Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de
Luz – FEB – cap.149
O homem no mundo
Um
sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as
vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos. Purificai, pois,
os vossos corações; não consintais que neles demore qualquer pensamento mundano
ou fútil. Elevai o vosso espírito àqueles por quem chamais, a fim de que,
encontrando em vós as necessárias disposições, possam lançar em profusão a
semente que é preciso germine em vossas almas e dê frutos de caridade e
justiça.
Não
julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação
mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da
sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa
época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às
frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa
santificar.
Sois
chamados a estar em contato com espíritos de naturezas diferentes, de
caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes. Sede
joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma
consciência limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias
que faltam para entrar na posse da sua herança.
Não
consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os
prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os
atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu; basta que, quando começardes ou
acabardes uma obra, eleveis o pensamento a esse Criador e lhe peçais, num
arroubo de alma, ou a sua proteção para que obtenhais êxito, ou a sua bênção
para ela, se a concluístes. Em tudo o que fizerdes, remontai à Fonte de todas
as coisas, para que nenhuma de vossas ações deixe de ser purificada e
santificada pela lembrança de Deus.
A
perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; os
deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o
maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado.
Unicamente no contato com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele
encontra ensejo de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se
voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar
senão em si, sua vida é a de um egoísta. (Cap. V, item 26.)
Não
imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante conosco, para
viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais de
cinzas. Não, não, ainda uma vez vos dizemos. Ditosos sede, segundo as
necessidades da Humanidade; mas que jamais na vossa felicidade entre um
pensamento ou um ato que o possa ofender, ou fazer se vele o semblante dos que
vos amam e dirigem. Deus é amor, e aqueles que amam santamente Ele os abençoa.
– Um Espírito protetor. (Bordeaux, 1863.)
O
Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. XVII – Sede perfeitos – item 10
sábado, 26 de setembro de 2020
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