sábado, 19 de dezembro de 2020
Rogativa de Natal
Senhor
Jesus!
Quando
chegaste à Terra, através dos panos da manjedoura, aguardava-te a Escritura
como sendo a luz para os que jazem assentados nas trevas!...
E,
em verdade, Senhor, as sombras dominavam o mundo inteiro...
Sombras
no trabalho, em forma de escravidão...
Sombras
na justiça, em forma de crueldade...
Sombras
no templo, em forma de fanatismo...
Sombras
na governança, em forma de tirania...
Sombras
na mente do povo, em forma de ignorância e de miséria...
Pouco
a pouco, no entanto, ao clarão de tua infinita bondade, quebraram-se as algemas
da escravidão, transformou-se a crueldade em apreciáveis direitos humanos, transmudou-se
o fanatismo em fé raciocinada, converteu-se a tirania em administração e,
gradualmente, a ignorância e a miséria vão recebendo o socorro da escola e da
solidariedade.
Entretanto,
Senhor, ainda sobram trevas no amor, em forma de egoísmo!
Egoísmo
no lar...
Egoísmo
no afeto...
Egoísmo
na caridade...
Egoísmo
na prestação de serviço...
Egoísmo
na devoção...
Mestre,
dissipa o nevoeiro que nos obscurece ainda os horizontes e ensina-nos a amar
como nos amaste, sem buscar vaidosamente naqueles que amamos o reflexo de nós
mesmos, porque, somente em nos sentindo verdadeiros irmãos uns dos outros, é
que atingiremos, com a pura fraternidade, a nossa ressurreição para sempre.
Filhos da luz
“Andai como filhos
da luz.” Paulo (Efésios, 5:8)
Cada criatura
dá sempre notícias da própria origem espiritual.
Os
atos, palavras e pensamentos constituem informações vivas da zona mental de que
procedemos.
Os
filhos da inquietude costumam abafar quem os ouve, em mantos escuros de
aflição.
Os
rebentos da tristeza espalham o nevoeiro do desânimo.
Os
cultivadores da irritação fulminam o espírito da gentileza com os raios da
cólera.
Os
portadores de interesses mesquinhos ensombram a estrada em que transitam,
estabelecendo escuro clima nas mentes alheias.
Os
corações endurecidos geram nuvens de desconfiança, por onde passam.
Os
afeiçoados à calúnia e à maledicência distribuem venenosos quinhões de trevas
com que se improvisam grandes males e grandes crimes.
Os
cristãos, todavia, são filhos da luz.
E a
missão da luz é uniforme e insofismável.
Beneficia
a todos sem distinção.
Não
formula exigências para dar.
Afasta
as sombras sem alarde.
Espalha
alegria e revelação crescentes.
Semeia
renovadas esperanças.
Esclarece,
ensina, ampara e irradia-se.
Emmanuel / Chico
Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 160
sábado, 12 de dezembro de 2020
Reflexões de dezembro - II
Mais
um ano que finda, no calendário humano, mais um período de variadas
experiências na trajetória de cada um, convidando-nos a levantar os olhos para
o mais além.
Para
muitos é hora apropriada para refletir sobre o passado e planejar o futuro
imediato, na busca do crescimento espiritual. Para outros é tão somente a hora
da continuação das ilusões dominantes na maioria dos habitantes deste Planeta.
Quantos
acontecimentos ocorridos no mundo, neste pequeno período!
Quantos
deles afetaram-nos diretamente, influindo sobre nosso círculo de relações ou
sobre o meio social em que vivemos!
Quantas
palavras ouvimos, lemos e dissemos, quantos pensamentos e ações, justos e
injustos, partiram de nós, ou passaram por nossa apreciação.
Impossível
realizar um inventário de tudo o que aconteceu no mundo, conosco ou ao redor de
nós, nesse lapso de tempo.
Para
o espírita, que já tem um rumo certo a seguir, que já aprendeu o que é essencial
no seu comportamento, que sabe distinguir entre o primordial e o secundário,
não mais se deixando dominar pelas ilusões que levam à perda de tempo e às
inutilidades, um ano de vida pode representar um bom avanço ou um desagradável
atraso em sua trajetória evolutiva.
Precisamos
esquecer as experiências negativas e aproveitar quantas nos mostrem os deveres
e obrigações que engrandecem a existência.
Nesse
balancete permanente de pensamentos, palavras e ações, precisamos não só reter
o ensino sintético do Cristo sobre o Amor soberano, compreendendo toda a lei –
amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo – mas aplicá-lo
nas experiências de cada dia.
Os
espíritas temos consciência de nossa inferioridade e de nossas imperfeições,
como habitantes de um mundo atrasado, de provas e expiações.
Por
isso mesmo a Doutrina Consoladora não exige de nós a perfeição, mas induz-nos ao
esforço para que nos aperfeiçoemos moral e intelectualmente, tornando-nos sempre
melhores.
O
que não se coaduna com o caráter e a índole da Doutrina é a preocupação do
adepto em apenas conhecê-la, enriquecendo-se intelectualmente, mas sem
esforçar-se por vivenciá-la, acordando para a luz e para o bem, no cultivo dos
sentimentos que enobrecem o coração.
Nunca
será demasiado repetir que o objetivo final do Espiritismo é a transformação
interior, espiritual, do indivíduo. O conhecimento da Doutrina é o passo
inicial do processo educativo, ou reeducativo, de cada seguidor.
É
uma ilusão julgar-se o adepto quite com seu dever pelo fato de estudar a Doutrina
e aprofundar-se no seu conhecimento, sem preocupar-se com as consequências
morais que daí advêm, a primeira das quais é justamente a vivência dos
princípios ensinados por Jesus, em sua Mensagem.
Não
há como dizer-se espírita, cristão, ou espírita-cristão se não houver esforço
para viver de conformidade com o preceito evangélico do “amai-vos uns aos
outros”.
Que
dizer-se dos irmãos e companheiros espíritas que não se entendem, que preferem
a divisão do Movimento, que acusam, digladiam, polemizam e esquecem totalmente
o mandamento essencial do amor ao próximo?
“Se
alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a sua língua, antes enganando o
próprio coração, a sua religião é vã”. (Epístola de Tiago, cap. I, v. 26).
Se
substituída a palavra religioso pela palavra espírita, a advertência do apóstolo
é proveitosa e correta, mesmo para os adeptos que não aceitam o Espiritismo
como religião, mas como doutrina moral.
Palavras...
Quantos
adeptos da Doutrina Consoladora colocam-se como seus seguidores entusiastas baseados
em interpretações verbais, esquecendo-se de que a legítima vinculação com os
princípios renovadores não é problema de simples palavras, mas de esforço
permanente na prática do amor!
*
Os
aspectos morais da Doutrina Espírita fundem-se totalmente nas diretrizes
contidas no Evangelho de Jesus. Os ensinos do Espiritismo, na interpretação da
Espiritualidade Superior, sobre a Justiça, o Amor e a Caridade, que sintetizam
todas as leis morais, são os mesmos do Mestre Incomparável.
Todos
concordamos que não é fácil, para criaturas imperfeitas que somos todos os
habitantes deste Orbe, o cumprimento de deveres morais para consigo mesmas,
para com seus semelhantes mais próximos, para com toda a Humanidade e para com
a Natureza que nos cerca.
A
sincera adesão à Doutrina e ao Evangelho induz o aprendiz a aplicar sua vontade
na eliminação de arestas e inclinações infelizes do próprio temperamento, a
retificar conceitos e eliminar preconceitos arraigados, buscando assim melhor
equilíbrio.
No
que concerne a todos os seus semelhantes, na vida de relação, o esforço há que
concentrar-se na prática do amor, que é a caridade tal como Jesus a
conceituava: benevolência para com todos, indulgência para com as ações alheias
e perdão das ofensas, sem limitações.
Convenhamos
que o caminho indicado pelo Cristo para a redenção humana requer de criaturas
imperfeitas muito esforço, persistência, firmeza, convicção e predisposição
para repetir as experiências que não produziram os efeitos desejados.
O
aprendiz sincero sabe que a Lei Divina é justa, equânime e misericordiosa. O
que não se consegue hoje poderá ser realizado amanhã. O proveito está na razão
direta do esforço e do sacrifício. A reencarnação é um dos mecanismos da lei. A
dor e o sofrimento ajustam-se às vidas sucessivas. A toda ação, no bem ou no
mal, corresponde uma reação.
O
espírita, sabendo de todas essas regras da lei e de inúmeras outras que a
Doutrina lhe proporciona, não é um privilegiado, mas uma criatura responsável pelo
conhecimento que já detém.
Compete-lhe,
pois, carregar a cruz simbólica dos testemunhos no Bem, renovando-se sempre,
sem se deixar enganar pelas ilusões, pelo personalismo sustentado por vaidades,
inveja, ciúmes, revoltas e fugas.
*
A
renovação interior de cada um baseia-se no conhecimento das verdades
evangélicas, sintetizadas no Amor, e na aplicação da própria vontade na busca
dessas verdades.
A
convicção, a fé, a esperança, como a perseverança, a humildade e todas as
virtudes cristãs auxiliam a renovação.
Aquele
que se dispõe a renovar-se intimamente, atendendo ao apelo da própria razão e
ao incitamento do “amai-vos uns aos outros”, começa por abandonar, pouco a
pouco, as paixões de que se tornou portador.
Aprender
sempre, ajudar e servir seus semelhantes substituem seus interesses anteriores.
Servir, eis a fórmula infalível de nos ajustar à Lei Divina e de repelir as
tentações e os impulsos resultantes do egoísmo e do personalismo exagerado.
Para
cada qual, será sempre melhor ajudar e auxiliar hoje, agora, nas circunstâncias
que a vida oferece a todos, que necessitar de auxílio amanhã, pela própria
incúria.
Nós,
espíritas, como grande parte da Humanidade, aceitamos as vidas sucessivas,
renascimentos na carne como um dos mecanismos da evolução individual. É a
reencarnação lei divina.
Entretanto,
por que não renascer continuamente, a cada dia e a cada hora, superando-se a si
mesma nas imperfeições de que seja portadora a criatura?
Quem
já conhece o caminho, aquele que é indicado pela luz da Doutrina Consoladora,
dependendo de seu empenho e vontade firme, pode renovar-se sempre, na corrente
do bem, em seus pensamentos e ações. É questão de aplicação e perseverança.
Todos
sabemos, por experiência própria, quão difícil é reverter os sentimentos
inferiores a respeito daqueles que nos ofendem ou ferem, às vezes injustamente.
Entretanto,
contrariando frontalmente tradições milenares que precederam sua presença no
Mundo, o Cristo de Deus sentenciou:
“Tendes
ouvido que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. “Eu, porém,
vos digo: Amai os vossos inimigos; fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que
vos perseguem e caluniam” (Mateus, 5:43-44).
A
Doutrina Espírita sanciona integralmente o ensino do Cristo.
Não
há outro caminho a seguir para terminar com as aversões, ódios, malquerenças,
incompreensões senão o do amor e da compreensão, o do perdão e da indulgência
para com aqueles que nos odeiam. A sabedoria do Cristo não só ensinou essa
verdade como também a exemplificou.
*
O
tempo flui sempre. Os homens o dividem, contam, convencionam: dias, horas, minutos;
anos, séculos, milênios. Pura convenção, mas útil a todos nós.
Um
ano que finda e outro que começa é ensejo para a renovação do ser e do fazer.
Para
alcançar o grande ideal de nossa renovação, no campo da inteligência e dos
sentimentos, não podemos dispensar o esforço de cada dia e de cada hora, num
processo contínuo.
Brilhar
“Assim resplandeça a
vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem
o vosso Pai que está nos céus.” Jesus (Mateus, 5:16)
Admitem muitos aprendizes que brilhar será
adquirir destacada posição em serviços de inteligência, no campo da fé.
Realmente,
excluir a cultura espiritual, em seus diversos ângulos, da posição luminosa a
que todos devemos aspirar, seria rematada insensatez.
Aprender
sempre para melhor conhecer e servir é a destinação de quem se consagra
fielmente ao Mestre Divino.
Urge,
no entanto, compreender, no imediatismo da experiência humana, que se o
Salvador recomendou aos discípulos brilhassem, à frente dos homens, não se
esqueceu de acrescentar que essa claridade deveria resplandecer, de tal
maneira, que eles nos vejam as boas obras, rendendo graças ao Pai, em forma de
alegria com a nossa presença.
Ninguém
se iluda com os fogos fátuos do intelectualismo artificioso.
Ensinemos
o caminho da redenção, tracemos programas salvadores onde estivermos; brilhe a
luz do Evangelho em nossa boca ou em nossa frase escrita, mas permaneçamos
convencidos de que se esses clarões não descortinam as nossas boas obras,
seremos invariavelmente recebidos no ouvido alheio e no alheio entendimento,
entre a expectação e a desconfiança, porque somente em fundido pensamento,
verbo e ação, no ensinamento do Cristo Jesus, haverá em torno de nós glorificação
construtiva ao Nosso Pai que está nos Céus.
Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap.159
Remuneração espiritual
"O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos." Paulo - II Timóteo, 2:6
Além
do salário amoedado o trabalho se faz invariavelmente, seguido de remuneração
espiritual respectiva, da qual salientamos alguns dos itens mais
significativos: acende a luz da experiência; ensina-nos a conhecer as
dificuldades e problemas do próximo, induzindo-nos, por isso mesmo, a
respeitá-lo; promove a autoeducação; desenvolve a criatividade e a noção de
valor do tempo; imuniza contra os perigos da aventura e do tédio; estabelece
apreço em nossa área de ação; dilata o entendimento; amplia-nos o campo das
relações afetivas; atrai simpatia e colaboração; extingue, a pouco e pouco, as
tendências inferiores que ainda estejamos trazendo de existências passadas.
Quando o trabalho, no entanto, se transforma em prazer de servir, surge o ponto mais importante da remuneração espiritual: toda vez que a Justiça Divina nos procura no endereço exato para execução das sentenças que lavramos contra nós próprios, segundo as leis de causa e efeito, se nos encontra em serviço ao próximo, manda a Divina Misericórdia que a execução seja suspensa, por tempo indeterminado.
E, quando ocorre, em momento oportuno, o nosso contato indispensável com os mecanismos da Justiça Terrena, eis que a influência de todos aqueles a quem, porventura, tenhamos prestado algum benefício aparece em nosso auxílio, já que semelhantes companheiros se convertem espontaneamente em advogados naturais de nossa causa, amenizando as penalidades em que estejamos incursos ou suprimindo-as, de todo, se já tivermos resgatado em amor aquilo que devíamos em provação ou sofrimento, para a retificação e tranquilidade em nós mesmos.
Reflitamos nisso e concluamos que trabalhar e servir, em qualquer parte, ser-nos-ão sempre apoio constante e promoção à Vida Melhor.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2020
Reflexões de dezembro
O
mês de dezembro é, talvez, o mais propício para uma espécie de balanço de
nossas realizações, de nossas aspirações e experiências de todo um período que
se finda.
O
último mês do ano é a época preferida para as avaliações das atividades
individuais e coletivas, para que se firmem diretrizes ou se busquem novos
caminhos.
Coincidentemente,
é o mês em que se comemora a vinda do Cristo de Deus à Terra, trazendo sua
Mensagem de Luz aos homens. Seu Natal é um convite à reflexão do que Ele representa
para a Humanidade, do que é verdadeiramente essa Mensagem e o que significa
para nós.
Os
espíritas, que convivemos com os irmãos de diferentes credos e concepções de
vida, aprendemos a respeitá-los, sem, contudo, aderir a usos e costumes que não
se coadunam com os princípios da Doutrina Libertadora.
Somos
todos regidos pela lei de evolução.
Cada
um se encontra em determinado estágio evolutivo. Nesse caso, não podemos desprezar
ou condenar nosso companheiro de jornada que ainda se prende a interesses
puramente materiais, a representações grosseiras das quais já nos libertamos.
Cumpre-nos
entender que o estado de ignorância é transitório para todos, sendo necessariamente
um estágio evolutivo em cada criatura, mas não um mal em si mesmo.
No
mundo de provas e expiações em que vivemos, somos todos imperfeitos, sujeitos a
erros, provações e sofrimentos.
Sem
embargo das próprias imperfeições, compete a todos utilizar a inteligência e a
razão no esforço constante para a elevação, através da autoeducação.
A
busca da felicidade de cada um é uma lenta ascensão, já que, por ignorância ou
por comodismo, escolhemos os caminhos ilusórios das miragens, só reconhecidos
como tais quando aparecem os erros e as decepções.
Entretanto,
os sofrimentos e dores, os enganos e desilusões são experiências e lições duras
que nos ensinam a necessidade de procurar as sendas corretas que conduzem à
felicidade.
Cedo
ou tarde aprendemos que as coisas materiais e seus interesses - bens e riquezas
da Terra - são transitórios e mutáveis, destinados à satisfação das
necessidades da vida material.
O
despertamento do Espírito acontece quando descobre que a perfeição moral é sua
meta e seu destino e que seus erros e as consequências deles constituem experiências
e lições aproveitáveis no descobrimento da verdade e do roteiro certo.
No
Universo os seres se ligam e se influenciam reciprocamente. Não somente as
galáxias e os sistemas planetários são solidários entre si, mas nas diversas
manifestações da vida, a solidariedade está presente em toda parte.
Basta
um olhar pelos reinos da Natureza para se constatar a solidariedade entre eles.
O reino mineral sustenta os seres vegetais; os animais, por sua vez,
sustentam-se de elementos vegetais, minerais e animais que lhes asseguram a
vida. Com a morte, os elementos materiais voltam ao reino mineral e o princípio
espiritual continua sua trajetória.
Nós,
os Espíritos eternos, qualquer que seja o estágio em que nos encontramos,
devemos ter presente a solidariedade existente entre todos determinada pela
semelhança do seu destino e da sua natureza.
Todos
começam num estádio de simplicidade e ignorância. Passam pela inferioridade, sujeitos
às mesmas leis divinas e eternas que determinam sua ascensão, de conformidade
com o esforço de cada um.
Por
isso, a solidariedade deve estar presente entre todas as criaturas de Deus, independentemente
do grau evolutivo em que se encontre cada uma.
O
amor ao próximo, como ensinou Jesus, é a expressão mais pura da lei de
solidariedade.
O
dever de amar o próximo é a mais bela expressão da lei Divina, ensinada pelo
Cristo, que a coloca junto e após o imperativo de amar a Deus, o Criador de
todas as coisas. Não há exceção nessa lei geral. Precisamos aprender a amar a
todos, a nos solidarizar com todos.
Assim
como somos auxiliados e socorridos pelos seres superiores, que já alcançaram poderes
e graus acima dos nossos, assim também nos cumpre ajudar e auxiliar, sob
múltiplas formas, os que se encontram à retaguarda.
O
exemplo maior vem-nos do Cristo. Sua mensagem, seu sacrifício e sua renúncia
são lições permanentes e indeléveis convocando à solidariedade com os
semelhantes, especialmente os que se encontram abaixo de sua posição evolutiva.
Quando Jesus, o Cristo, guia e governador espiritual da Humanidade; o modelo
perfeito que o Pai Celestial oferece aos homens, resume no amor toda a lei
divina, está mostrando que a solidariedade é a grande corrente que liga todas
as almas.
Se
deixamos de amar nosso semelhante, seja qual for sua condição, se odiamos, se desprezamos,
se desejamos o mal até mesmo aos inimigos e adversários, essa atitude é a
quebra de um elo da grande cadeia da solidariedade.
Manifestações
patentes da lei de solidariedade entre os seres são as revelações que sempre fluíram
da Espiritualidade Superior para todos os povos e nações da Terra, em todos os
tempos.
São
também as intuições e as inspirações captadas pelos gênios e pelos missionários
encarregados pelo Plano Superior de trazer aos homens novas ideias e novas
concepções de vida mais abundante, à medida que sua capacidade se torna apta a
entendê-las e assimilá-las.
O
Espírito encarnado sofre a poderosa influência da matéria. O mundo que o cerca
é o império da vida material. Seu corpo material, suas necessidades físicas,
seus sentidos físicos induzem o Espírito a só cuidar dos interesses imediatos
do mundo material, fazendo-o esquecer sua condição de essência espiritual. Essa
é uma característica peculiar dos mundos materiais atrasados como o nosso.
A
Providência Divina não permite que prevaleça absoluta a influência exclusiva da
materialidade. O Espírito guarda sempre a intuição de sua natureza, de sua
origem e de seu destino, auxiliado, em todas as épocas, a cultivar suas
qualidades latentes, suas aspirações adormecidas. As revelações superiores, os
missionários e enviados do Alto são os agentes incumbidos de despertar no homem
o interesse pelas coisas espirituais, contrabalançando a poderosa influência da
matéria.
As
grandes religiões da Humanidade tiveram e têm esse papel de extrema
importância, que é o de despertar na criatura a consciência da existência de um
Ser Supremo, criador do Universo e da essência da vida.
Como
diz Emmanuel ("A Caminho da Luz"), "as tradições religiosas da antiguidade
guardam, entre si, a mais estreita unidade substancial. As revelações
evolucionam numa esfera gradativa de conhecimento".
Através
das revelações e das religiões o homem se furta à exclusiva influência da materialidade,
lembrando-se de sua condição de essência espiritual. É, pois, de extrema importância
o papel das religiões ao contrabalançar a influência do materialismo, mesmo considerando-se
que elas "evolucionam numa esfera gradativa de conhecimento".
As
revelações do Mundo Espiritual Superior são sucessivas e gradativas.
Sendo
o Cristo o Governador Espiritual da Terra, desde sua formação, como executor da
vontade de Deus, torna-se evidente que todas as Revelações obedeceram à sua
orientação e por isso mantém uma unidade substancial.
"A
história da China, da Pérsia, do Egito, da Índia, dos árabes, dos israelitas,
dos celtas, dos gregos e dos romanos está alumiada pela luz dos seus poderosos
emissários." ("A Caminho da Luz", pág. 83, 22ª ed. FEB.)
Mas
é lógico que as Revelações haveriam de atender às possibilidades de percepção
de cada raça, de cada povo e às condições de adiantamento de cada época.
O
próprio Cristo viria, em pessoa, trazer orientações e conhecimentos de extrema
importância para a Humanidade. Sabendo, entretanto, das limitações dos homens e
dos entraves que iriam atingir sua Mensagem, por desvios no entendimento e na
prática de seus ensinamentos, prometeu a vinda posterior do que Ele denominou
"O Consolador", destinado a ensinar todas as coisas e a recordar tudo
o que já ensinara. (João, 14:15-17 e 26.)
O
Consolador veio e está entre nós. É a Doutrina dos Espíritos, esclarecedora e
consoladora por sua natureza, que nos ensina as coisas transcendentes de que
necessitamos no atual estágio da Humanidade, que recorda os ensinos do Cristo
para o correto comportamento dos homens perante as leis divinas e que retifica
os transvios das religiões nas suas práticas através dos séculos.
Mas
o Espiritismo não esclarece somente o transcendente, oferecendo-nos noções mais
realistas a respeito de Deus, a Inteligência Suprema e sobre o Cristo, o Filho
de Deus.
Dá-nos
a conhecer muitas das leis divinas que já podemos compreender - a evolução contínua,
as vidas sucessivas em mundos materiais como o nosso, a lei de causa e efeito,
a eternidade da vida do Espírito - leis que mostram ao ser humano suas próprias
possibilidades de crescimento, na proporção da aplicação de sua vontade, de sua
inteligência e da liberdade de que goza.
O
homem, Espírito encarnado neste mundo atrasado, vem, há milênios, cumprindo seu
destino, aprendendo as coisas rudimentares da vida, aperfeiçoando-se através de
trabalhos rudes, repetitivos, através das reencarnações.
Por
vezes alça altos voos, impelido por ideais elevados resultantes de aprendizado
adquirido no núcleo substancial das religiões.
Agora,
com a Revelação Nova, encontra recursos para desenvolver os valores que jazem
no recôndito de seu ser.
Sua
fé e esperança fundam-se em realidades que ele conhece. Seu futuro torna-se
mais claro, na certeza de que é a continuação da vida em outra dimensão, longe
da ideia asfixiante do nada ou da ilusão de um céu indefinido, ou de uma
condenação eterna.
Cumpre-lhe,
com a certeza dessa realidade, preparar o porvir, através dos pensamentos e ações
presentes, que dizem respeito à sua vida íntima e à sua vida de relações com
seus semelhantes.
Agora
o viajor eterno não anda a esmo. Tem um roteiro a seguir, que lhe é conhecido.
Amar e servir resumem esse roteiro.
Transformação
“Na verdade, nem
todos dormiremos, mas todos seremos transformados.” Paulo (I Coríntios, 15:51)
Refere-se o apóstolo dos gentios a uma das mais belas realidades da vida espiritual.
Nos
problemas da morte, as escolas cristãs, trabalhadas pelas cogitações teológicas
de todos os tempos, erigiram teorias diversas, definindo a situação da criatura,
após o desprendimento carnal. É justo que semelhante situação seja a mais diversificada
possível.
Ninguém
penetra o círculo da vida terrena em processo absolutamente uniforme, como não
existem fenômenos de desencarnação com analogia integral.
Cada
alma possui a sua porta de “entrada” e “saída”, conforme as conquistas próprias.
Fala-se
demasiadamente em zonas purgatoriais, em trevas exteriores, em regiões de sono
psíquico.
Tudo
isso efetivamente existe em plano grandioso e sublime que, por enquanto,
transcende o limitado entendimento humano.
Todos
os que se abeberam nas fontes puras da verdade, com o Cristo, devem guardar
sempre o otimismo e a confiança.
“Nem
todos dormiremos” — diz Paulo. Isto significa que nem todas as criaturas
caminharão às tontas, nas regiões mentais da semi-inconsciência, nem todas
serão arrebatadas a esferas purgatoriais e, ainda que tais ocorrências sucedessem,
ouçamos, ainda, o abnegado amigo do Evangelho, quando nos assevera — “mas todos
seremos transformados”.
Paulo
não promete sofrimento inesgotável nem repouso sem fim.
Promete
transformação.
Ninguém
parte ao chamado da Vida Eterna senão para transformar-se.
Morte
do corpo é crescimento espiritual.
O
túmulo numa esfera é berço em outra.
E
como a função da vida é renovar para a perfeição, transformemo-nos para o bem,
desde hoje.
Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap.158
Jesus, o Mestre
Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu sou.
João, 13:13
A
vida tem nuance que só com observação muito detida para ver com clareza.
Muitos
homens encarnaram para fazer muitos trabalhos dos Céus na Terra, com muitas
chances de vitória.
Muitos
filhos de Deus renasceram para serem mártires no mundo, muitos têm estofo para
aguentar o mundo com as suas manias de perseguir. Por exemplo, Gandhi – Mohandas
K. Gandhi – o Mahatma. Viveu para fazer
que os irmãos da Índia vivessem a glória fraternal. Morreu entre a Índia hindu
e o Paquistão muçulmano. Mártir da fraternidade...
Padre
Maximiliano Maria Kolbe foi preso num campo de concentração na Polônia, num
búnquer, até ao fim da vida do corpo.
Ele queria trocar a sua vida pela dum civil que tinha mulher e filhos,
por isso, condoído com a situação, falou ao chefe do pelotão... O chefe
assentiu.
Foi
o mártir de Auschwitz...
A
cientista Madame Curie – Marie Sklodowska – nascida na Polônia e tendo mudado
para a França, montou um pequeno laboratório para suas pesquisas. Marie, muito afervoradamente, foi descobrindo
o mundo do urânio – pechblenda – (óxido de urânio).
Madame
Curie caiu doente. Longas hospitalizações...
O
câncer...
Mártir
da Ciência...
São
mártires no mundo que muita gente não sabe aquilatar.
Esses
mártires tiveram um pacto, firmado com o Mundo Espiritual Superior, para que
suas vidas valiosas mexessem com os valores da Humanidade, desde que eles tinham
débitos com as sociedades terrestres...
Jesus
é o Grande Estandarte de Deus na Nave Terra.
Ele tem muito condoimento do rebanho e muita paciência com ele. Jesus quer que todos aprendam a servir ao
invés de ser orgulhosos... que aprendam a ser afáveis ao invés de fazerem
intrigas contra o próximo.
Muitos
homens encarnaram para fazer o trabalho de Deus, na Terra, com as Ciências,
para ajudar a Humanidade a viver neste mundo.
Muitos
cientistas colaboraram com o mundo e que as sociedades não conheceram. Eles renasceram para fazer luz nas trevas da
ignorância humana, como por exemplo:
O
francês Foucault construiu o telescópio com espelho coberto de prata...
O
sueco Nobel inventa a dinamite...
Broca
localiza vários centros cerebrais...
Flourens
mostra o papel do cerebelo no equilíbrio e na coordenação dos movimentos...
O
alemão von Siemens estabelece a teoria dos condensadores...
Brown-Séquard
estudou a fisiologia da medula espinhal...
Pasteur
descobriu os micróbios...
O
alemão Kekulé estabelece a quadrivalência do carbono...
Emil
Kraepelin classificou as doenças mentais.
Estudou a psicose maníaco-depressiva e a demência precoce...
Richard
von Krafft-Ebing estudou o sadismo, o masoquismo, o fetichismo e outras
perversões sexuais...
Dmitri
Mendeleiev, químico russo, foi autor da classificação periódica dos elementos
químicos conforme seus pesos específicos...
Johann
Mendel, botânico austríaco, realizou experiências sobre hereditariedade nos
vegetais...
São
bandeirantes das ciências que muita gente não conhece.
Esses
bandeirantes tiveram um contrato firmado com a Espiritualidade Maior, da Terra,
para pôr seus cérebros valorosos a serviço da Humanidade, desde que eles tinham
dívidas com as sociedades terrestres...
Jesus
é o Grande Governador da Nau Terra. Ele
tem muita comiseração do rebanho e muita doçura com ele. Por isso, quer que
todos aprendam a servir ao invés de fazer guerras... que aprendam a amar ao
invés de fazer sofrer ao próximo.
Jesus
é o nosso Mestre no Mundo, à luz das questões espirituais. Mestre não é bem aquele que detém
conhecimento superlativo acerca de algum assunto da Terra. Não é bem aquele que domina vastas
tecnologias, liderando muitos grupos de indivíduos. Não é bem aquele que se
exprime por meio de diversos idiomas, contatando e entendendo incontáveis povos
humanos.
Nessa
situação, não é bem aquele que detém largo poder de persuasão, capaz de induzir
grupos enormes de pessoas a seguir suas ideias. Não é bem aquele que dirige
importantes empresas, tendo suas ideias como roteiro para vários países do
mundo. Não é bem aquele que inventa
máquinas e utensílios que facilitem a vida das sociedades. Não é bem aquele que se mostra detentor de
grande sagacidade, silenciando todo e qualquer opositor com sua argumentação,
quase sempre sofista, dando a falsa ideia de triunfo.
Para
alcançar essa notável condição de ser Mestre, tornam-se indispensáveis
características mais especiais no campo das conquistas gerais.
Para
ser Mestre, como Jesus, a alma deve compreender as outras almas.
Uma
capacidade de sensibilizar-se com as outras irmãs, com a alegria ou com a dor
alheias.
Para
ser Mestre, é necessário haver conquistado a habilidade de auto-oferecimento,
de autodoação, não se sentindo enfarado com as limitações e incapacidades dos
irmãos do caminho.
Para
ser Mestre exige, ainda, a taxa de humildade, que não se subverta em pieguice,
que não se transforme em tolice, mas que permita a expressão de simplicidade,
lúcida e consciente.
Para
ser Mestre é preciso saber dizer sim e dizer não, sempre que o momento exija
definições do caráter. É por isso que a
condição de Mestre se faz tão exigente, que Jesus afirma-se Mestre, aliás, o
Mestre, uma vez que, consoante a palavra do Mundo Superior, Ele detém em si a
condição mais alta, a fim de ser o Modelo e Guia para todos nós.
A
vida tem nuances para cada filho de Deus.
Muitos
líderes políticos que foram mártires no orbe, tiveram êxito com as suas vidas,
com os seus valores... Não obstante,
muitos, não... Muitos tornaram-se trápolas.
Fizeram da mentira o seu mantra, fizeram-se mãozudos e fizeram do crime
um estado natural.
Muitos
religiosos, que foram mártires no mundo, triunfaram com as suas vidas, com os
seus valores... Todavia, muitos,
não... Muitos descaíram pela vala da
vaidade, pelo labirinto do orgulho e pelo esgoto do crime...
Muitos
cientistas, que foram mártires na Terra, vitoriaram com suas vidas, com os seus
valores... Porém, muitos, não... Muitos
fraquejaram com o álcool, com as drogas e com o crime...
Só
Jesus, nosso Mestre, para dar o tento para a vida.
Todos precisam de Jesus, para que nossos
dias sejam um cântico de louvor a Ele.
Só
Jesus, com o coração divino, para nos livrar de nós mesmos.
Muito
obrigado, Senhor Jesus!
Camilo