sábado, 19 de dezembro de 2020
Rogativa de Natal
Senhor
Jesus!
Quando
chegaste à Terra, através dos panos da manjedoura, aguardava-te a Escritura
como sendo a luz para os que jazem assentados nas trevas!...
E,
em verdade, Senhor, as sombras dominavam o mundo inteiro...
Sombras
no trabalho, em forma de escravidão...
Sombras
na justiça, em forma de crueldade...
Sombras
no templo, em forma de fanatismo...
Sombras
na governança, em forma de tirania...
Sombras
na mente do povo, em forma de ignorância e de miséria...
Pouco
a pouco, no entanto, ao clarão de tua infinita bondade, quebraram-se as algemas
da escravidão, transformou-se a crueldade em apreciáveis direitos humanos, transmudou-se
o fanatismo em fé raciocinada, converteu-se a tirania em administração e,
gradualmente, a ignorância e a miséria vão recebendo o socorro da escola e da
solidariedade.
Entretanto,
Senhor, ainda sobram trevas no amor, em forma de egoísmo!
Egoísmo
no lar...
Egoísmo
no afeto...
Egoísmo
na caridade...
Egoísmo
na prestação de serviço...
Egoísmo
na devoção...
Mestre,
dissipa o nevoeiro que nos obscurece ainda os horizontes e ensina-nos a amar
como nos amaste, sem buscar vaidosamente naqueles que amamos o reflexo de nós
mesmos, porque, somente em nos sentindo verdadeiros irmãos uns dos outros, é
que atingiremos, com a pura fraternidade, a nossa ressurreição para sempre.
Filhos da luz
“Andai como filhos
da luz.” Paulo (Efésios, 5:8)
Cada criatura
dá sempre notícias da própria origem espiritual.
Os
atos, palavras e pensamentos constituem informações vivas da zona mental de que
procedemos.
Os
filhos da inquietude costumam abafar quem os ouve, em mantos escuros de
aflição.
Os
rebentos da tristeza espalham o nevoeiro do desânimo.
Os
cultivadores da irritação fulminam o espírito da gentileza com os raios da
cólera.
Os
portadores de interesses mesquinhos ensombram a estrada em que transitam,
estabelecendo escuro clima nas mentes alheias.
Os
corações endurecidos geram nuvens de desconfiança, por onde passam.
Os
afeiçoados à calúnia e à maledicência distribuem venenosos quinhões de trevas
com que se improvisam grandes males e grandes crimes.
Os
cristãos, todavia, são filhos da luz.
E a
missão da luz é uniforme e insofismável.
Beneficia
a todos sem distinção.
Não
formula exigências para dar.
Afasta
as sombras sem alarde.
Espalha
alegria e revelação crescentes.
Semeia
renovadas esperanças.
Esclarece,
ensina, ampara e irradia-se.
Emmanuel / Chico
Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 160
sábado, 12 de dezembro de 2020
Reflexões de dezembro - II
Mais
um ano que finda, no calendário humano, mais um período de variadas
experiências na trajetória de cada um, convidando-nos a levantar os olhos para
o mais além.
Para
muitos é hora apropriada para refletir sobre o passado e planejar o futuro
imediato, na busca do crescimento espiritual. Para outros é tão somente a hora
da continuação das ilusões dominantes na maioria dos habitantes deste Planeta.
Quantos
acontecimentos ocorridos no mundo, neste pequeno período!
Quantos
deles afetaram-nos diretamente, influindo sobre nosso círculo de relações ou
sobre o meio social em que vivemos!
Quantas
palavras ouvimos, lemos e dissemos, quantos pensamentos e ações, justos e
injustos, partiram de nós, ou passaram por nossa apreciação.
Impossível
realizar um inventário de tudo o que aconteceu no mundo, conosco ou ao redor de
nós, nesse lapso de tempo.
Para
o espírita, que já tem um rumo certo a seguir, que já aprendeu o que é essencial
no seu comportamento, que sabe distinguir entre o primordial e o secundário,
não mais se deixando dominar pelas ilusões que levam à perda de tempo e às
inutilidades, um ano de vida pode representar um bom avanço ou um desagradável
atraso em sua trajetória evolutiva.
Precisamos
esquecer as experiências negativas e aproveitar quantas nos mostrem os deveres
e obrigações que engrandecem a existência.
Nesse
balancete permanente de pensamentos, palavras e ações, precisamos não só reter
o ensino sintético do Cristo sobre o Amor soberano, compreendendo toda a lei –
amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo – mas aplicá-lo
nas experiências de cada dia.
Os
espíritas temos consciência de nossa inferioridade e de nossas imperfeições,
como habitantes de um mundo atrasado, de provas e expiações.
Por
isso mesmo a Doutrina Consoladora não exige de nós a perfeição, mas induz-nos ao
esforço para que nos aperfeiçoemos moral e intelectualmente, tornando-nos sempre
melhores.
O
que não se coaduna com o caráter e a índole da Doutrina é a preocupação do
adepto em apenas conhecê-la, enriquecendo-se intelectualmente, mas sem
esforçar-se por vivenciá-la, acordando para a luz e para o bem, no cultivo dos
sentimentos que enobrecem o coração.
Nunca
será demasiado repetir que o objetivo final do Espiritismo é a transformação
interior, espiritual, do indivíduo. O conhecimento da Doutrina é o passo
inicial do processo educativo, ou reeducativo, de cada seguidor.
É
uma ilusão julgar-se o adepto quite com seu dever pelo fato de estudar a Doutrina
e aprofundar-se no seu conhecimento, sem preocupar-se com as consequências
morais que daí advêm, a primeira das quais é justamente a vivência dos
princípios ensinados por Jesus, em sua Mensagem.
Não
há como dizer-se espírita, cristão, ou espírita-cristão se não houver esforço
para viver de conformidade com o preceito evangélico do “amai-vos uns aos
outros”.
Que
dizer-se dos irmãos e companheiros espíritas que não se entendem, que preferem
a divisão do Movimento, que acusam, digladiam, polemizam e esquecem totalmente
o mandamento essencial do amor ao próximo?
“Se
alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a sua língua, antes enganando o
próprio coração, a sua religião é vã”. (Epístola de Tiago, cap. I, v. 26).
Se
substituída a palavra religioso pela palavra espírita, a advertência do apóstolo
é proveitosa e correta, mesmo para os adeptos que não aceitam o Espiritismo
como religião, mas como doutrina moral.
Palavras...
Quantos
adeptos da Doutrina Consoladora colocam-se como seus seguidores entusiastas baseados
em interpretações verbais, esquecendo-se de que a legítima vinculação com os
princípios renovadores não é problema de simples palavras, mas de esforço
permanente na prática do amor!
*
Os
aspectos morais da Doutrina Espírita fundem-se totalmente nas diretrizes
contidas no Evangelho de Jesus. Os ensinos do Espiritismo, na interpretação da
Espiritualidade Superior, sobre a Justiça, o Amor e a Caridade, que sintetizam
todas as leis morais, são os mesmos do Mestre Incomparável.
Todos
concordamos que não é fácil, para criaturas imperfeitas que somos todos os
habitantes deste Orbe, o cumprimento de deveres morais para consigo mesmas,
para com seus semelhantes mais próximos, para com toda a Humanidade e para com
a Natureza que nos cerca.
A
sincera adesão à Doutrina e ao Evangelho induz o aprendiz a aplicar sua vontade
na eliminação de arestas e inclinações infelizes do próprio temperamento, a
retificar conceitos e eliminar preconceitos arraigados, buscando assim melhor
equilíbrio.
No
que concerne a todos os seus semelhantes, na vida de relação, o esforço há que
concentrar-se na prática do amor, que é a caridade tal como Jesus a
conceituava: benevolência para com todos, indulgência para com as ações alheias
e perdão das ofensas, sem limitações.
Convenhamos
que o caminho indicado pelo Cristo para a redenção humana requer de criaturas
imperfeitas muito esforço, persistência, firmeza, convicção e predisposição
para repetir as experiências que não produziram os efeitos desejados.
O
aprendiz sincero sabe que a Lei Divina é justa, equânime e misericordiosa. O
que não se consegue hoje poderá ser realizado amanhã. O proveito está na razão
direta do esforço e do sacrifício. A reencarnação é um dos mecanismos da lei. A
dor e o sofrimento ajustam-se às vidas sucessivas. A toda ação, no bem ou no
mal, corresponde uma reação.
O
espírita, sabendo de todas essas regras da lei e de inúmeras outras que a
Doutrina lhe proporciona, não é um privilegiado, mas uma criatura responsável pelo
conhecimento que já detém.
Compete-lhe,
pois, carregar a cruz simbólica dos testemunhos no Bem, renovando-se sempre,
sem se deixar enganar pelas ilusões, pelo personalismo sustentado por vaidades,
inveja, ciúmes, revoltas e fugas.
*
A
renovação interior de cada um baseia-se no conhecimento das verdades
evangélicas, sintetizadas no Amor, e na aplicação da própria vontade na busca
dessas verdades.
A
convicção, a fé, a esperança, como a perseverança, a humildade e todas as
virtudes cristãs auxiliam a renovação.
Aquele
que se dispõe a renovar-se intimamente, atendendo ao apelo da própria razão e
ao incitamento do “amai-vos uns aos outros”, começa por abandonar, pouco a
pouco, as paixões de que se tornou portador.
Aprender
sempre, ajudar e servir seus semelhantes substituem seus interesses anteriores.
Servir, eis a fórmula infalível de nos ajustar à Lei Divina e de repelir as
tentações e os impulsos resultantes do egoísmo e do personalismo exagerado.
Para
cada qual, será sempre melhor ajudar e auxiliar hoje, agora, nas circunstâncias
que a vida oferece a todos, que necessitar de auxílio amanhã, pela própria
incúria.
Nós,
espíritas, como grande parte da Humanidade, aceitamos as vidas sucessivas,
renascimentos na carne como um dos mecanismos da evolução individual. É a
reencarnação lei divina.
Entretanto,
por que não renascer continuamente, a cada dia e a cada hora, superando-se a si
mesma nas imperfeições de que seja portadora a criatura?
Quem
já conhece o caminho, aquele que é indicado pela luz da Doutrina Consoladora,
dependendo de seu empenho e vontade firme, pode renovar-se sempre, na corrente
do bem, em seus pensamentos e ações. É questão de aplicação e perseverança.
Todos
sabemos, por experiência própria, quão difícil é reverter os sentimentos
inferiores a respeito daqueles que nos ofendem ou ferem, às vezes injustamente.
Entretanto,
contrariando frontalmente tradições milenares que precederam sua presença no
Mundo, o Cristo de Deus sentenciou:
“Tendes
ouvido que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. “Eu, porém,
vos digo: Amai os vossos inimigos; fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que
vos perseguem e caluniam” (Mateus, 5:43-44).
A
Doutrina Espírita sanciona integralmente o ensino do Cristo.
Não
há outro caminho a seguir para terminar com as aversões, ódios, malquerenças,
incompreensões senão o do amor e da compreensão, o do perdão e da indulgência
para com aqueles que nos odeiam. A sabedoria do Cristo não só ensinou essa
verdade como também a exemplificou.
*
O
tempo flui sempre. Os homens o dividem, contam, convencionam: dias, horas, minutos;
anos, séculos, milênios. Pura convenção, mas útil a todos nós.
Um
ano que finda e outro que começa é ensejo para a renovação do ser e do fazer.
Para
alcançar o grande ideal de nossa renovação, no campo da inteligência e dos
sentimentos, não podemos dispensar o esforço de cada dia e de cada hora, num
processo contínuo.
Brilhar
“Assim resplandeça a
vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem
o vosso Pai que está nos céus.” Jesus (Mateus, 5:16)
Admitem muitos aprendizes que brilhar será
adquirir destacada posição em serviços de inteligência, no campo da fé.
Realmente,
excluir a cultura espiritual, em seus diversos ângulos, da posição luminosa a
que todos devemos aspirar, seria rematada insensatez.
Aprender
sempre para melhor conhecer e servir é a destinação de quem se consagra
fielmente ao Mestre Divino.
Urge,
no entanto, compreender, no imediatismo da experiência humana, que se o
Salvador recomendou aos discípulos brilhassem, à frente dos homens, não se
esqueceu de acrescentar que essa claridade deveria resplandecer, de tal
maneira, que eles nos vejam as boas obras, rendendo graças ao Pai, em forma de
alegria com a nossa presença.
Ninguém
se iluda com os fogos fátuos do intelectualismo artificioso.
Ensinemos
o caminho da redenção, tracemos programas salvadores onde estivermos; brilhe a
luz do Evangelho em nossa boca ou em nossa frase escrita, mas permaneçamos
convencidos de que se esses clarões não descortinam as nossas boas obras,
seremos invariavelmente recebidos no ouvido alheio e no alheio entendimento,
entre a expectação e a desconfiança, porque somente em fundido pensamento,
verbo e ação, no ensinamento do Cristo Jesus, haverá em torno de nós glorificação
construtiva ao Nosso Pai que está nos Céus.
Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap.159
Remuneração espiritual
"O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos." Paulo - II Timóteo, 2:6
Além
do salário amoedado o trabalho se faz invariavelmente, seguido de remuneração
espiritual respectiva, da qual salientamos alguns dos itens mais
significativos: acende a luz da experiência; ensina-nos a conhecer as
dificuldades e problemas do próximo, induzindo-nos, por isso mesmo, a
respeitá-lo; promove a autoeducação; desenvolve a criatividade e a noção de
valor do tempo; imuniza contra os perigos da aventura e do tédio; estabelece
apreço em nossa área de ação; dilata o entendimento; amplia-nos o campo das
relações afetivas; atrai simpatia e colaboração; extingue, a pouco e pouco, as
tendências inferiores que ainda estejamos trazendo de existências passadas.
Quando o trabalho, no entanto, se transforma em prazer de servir, surge o ponto mais importante da remuneração espiritual: toda vez que a Justiça Divina nos procura no endereço exato para execução das sentenças que lavramos contra nós próprios, segundo as leis de causa e efeito, se nos encontra em serviço ao próximo, manda a Divina Misericórdia que a execução seja suspensa, por tempo indeterminado.
E, quando ocorre, em momento oportuno, o nosso contato indispensável com os mecanismos da Justiça Terrena, eis que a influência de todos aqueles a quem, porventura, tenhamos prestado algum benefício aparece em nosso auxílio, já que semelhantes companheiros se convertem espontaneamente em advogados naturais de nossa causa, amenizando as penalidades em que estejamos incursos ou suprimindo-as, de todo, se já tivermos resgatado em amor aquilo que devíamos em provação ou sofrimento, para a retificação e tranquilidade em nós mesmos.
Reflitamos nisso e concluamos que trabalhar e servir, em qualquer parte, ser-nos-ão sempre apoio constante e promoção à Vida Melhor.