segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

A prece de Cerinto

 


Senhor de Infinita Bondade.

No santuário da oração, marco renovador do meu caminho, não Te peço por mim, Espírito endividado, para quem reservaste os tribunais de Tua Excelsa Justiça.

A Tua compaixão é como se fora o orvalho da esperança em minha noite moral, e isto basta, ao revel pecador que tenho sido.

Não Te peço, Senhor, pelos que choram.

Clamo por Teu amor e benefício dos que fazem as lágrimas.

Não Te venho pedir pelos que padecem.

Suplico-Te a bênção para todos aqueles que provocam sofrimento.

Não Te lembro os fracos da Terra.

Recordo-Te quantos se julgam poderosos e vencedores.

Não intercedo pelos que soluçam de fome.

Rogo-Te amor para os que lhes furtam o pão.

Senhor Todo-Bondoso!...

Não Te trago os que sangram de angústia.

Relaciono diante de Ti os que golpeiam e ferem.

Não Te peço pelos que sofrem injustiças.

Rogo-Te pelos empreiteiros do crime.

Não Te apresento os desprotegidos da sorte.

Sugiro Teu amparo aos que estendem a aflição e a miséria.

Não Te imploro mercê para as almas traídas.

Exorto-Te o socorro para os que tecem os fios envenenados da ingratidão.

Pai compassivo!...

Estende as mãos sobre os que vagueiam nas trevas...

Anula o pensamento insensato.

Cerra os lábios que induzem à tentação.

Paralisa os braços que apedrejam.

Detém os passos daqueles que distribuem a morte...

Ajuda-nos a todos nós, filhos do erro, porque somente assim, ó Deus piedoso e justo, poderemos edificar o paraíso do bem com todos aqueles que já Te compreendem e obedecem, extinguindo o inferno daqueles que, como nós, se atiram desprevenidos, aos insanos torvelinhos do mal!...

 Cerinto / Chico Xavier – Livro: Vozes do grande Além


sábado, 26 de dezembro de 2020

No alvorecer de Novo Ano

 


Maravilhosa e sublime, abre-se a cortina da vida, mais uma vez, no reflorir do tempo, para dar passagem à manifestação promissora de um Novo Ano.

Estejamos atentos para bem aproveitar mais esta oportunidade que a Divina Providência nos enseja ao serviço do crescimento de nossa estatura espiritual.

 Cada dia do Novo Ano do calendário humano representará o acréscimo de um capítulo no percurso de nossa trajetória terrena. Que saibamos grafar, em cada uma de suas páginas, poemas de espiritualidade e de ascensão em nossa escalada evolutiva. Que os lapsos e senões da negligência e do menor esforço, do medo e do egoísmo, da ociosidade e do comodismo, do tédio e do desânimo, dos fascínios e seduções das ilusões e fantasias, das degenerescências do sexo e dos desvarios do orgulho não representem borrões em nossas atitudes e ações, em nossos gestos e atos, enfeiando-nos os registros dos quadros do dia a dia, a fim de que possamos compulsar, gratificados, as páginas de mais um capítulo autobiográfico do que fomos e fizemos no curso das horas dos dias de nossa passagem por todo um ano.

 Construamos obra salutar! Escrevamos com os nossos suores e lágrimas, com as nossas renúncias e gestos fraternos, com os nossos impulsos generosos e testemunhos de solidariedade as linhas, data após data, do diário que conterá os nossos próprios depoimentos, outorgando-nos a faculdade de podermos usufruir de gratificante tranquilidade de espírito e de inefável paz de consciência.

Estimulando-nos ao trabalho de renovação espiritual, teremos sempre junto a nós, ao longo de nossa caminhada, como cicerones atentos e leais, os Emissários do Senhor, Amigos certos das horas incertas, encorajando-nos a que perseveremos no bom combate.

 Novo Ano – mais uma etapa a vencer! São novas oportunidades que se aproximam. São novas perspectivas de lutas remissoras que se nos ensejam para consecução de nossa marcha ascensional. Novos desafios, na arena da vida, de terçarmos armas pelo nosso renascimento em espírito. Novos esforços pelo Bem. Novas arremetidas para a Luz.

Novo Ano – ponto de recomeço de redobradas porfias pela aquisição crescente de maiores e melhores coisas que edifiquem para a Eternidade! Outras esperanças surgirão. Outros desejos inflamarão nossos corações.

Outras aspirações bafejarão nossas mentes.

Outros sonhos e anseios irromperão dos arcanos indevassáveis do nosso ser.

Novo Ano – sucessão de surpresas! Quem de nós sabe, acaso, o que traz ele para as horas porvindouras?

Por certo, inúmeras coisas se ocultam sob o seu longo manto de 365 dias e entre elas as que nos dizem respeito diretamente.

Em verdade, ignoramos o que cada Novo Ano nos reserva em acontecimentos, mas não podemos nem devemos desconhecer as condições espirituais em que precisamos estar, de permanente sintonia com o Alto, para viver qualquer de suas horas e resolver, segundo os imperativos cristãos, as nossas próprias atitudes.

Indispensável, pois, pensemos apenas o que for bom e, necessariamente, falemos e façamos tão somente o que se ajustar aos desígnios de Deus.

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Daí a necessidade de rigorosa vigilância a todas as manifestações de nossos impulsos íntimos, reprimindo umas, selecionando outras, depurando-as sempre para não sermos depois presas fáceis e indefesas de suas consequências penosas, se desajustadas aos desígnios da Suprema Vontade do Sempiterno.

É, pois, ante essas perspectivas de amanhã, na vida futura – fruto genuíno das coisas e causas a que hoje damos lugar – que precisamos nos resguardar do fermento dos fariseus e dos ressaibos do homem velho, procurando apresentar-nos a Deus com um coração renovado em Cristo e como obreiros aprovados em todas as experimentações.

Passos Lírio – Revista Reformador – Janeiro/1999

Carta de Ano Bom


Entre um ano que se vai

E outro que se inicia,

Há sempre nova esperança,

Promessas de Novo Dia...

 

Considera, meu amigo,

Nesse pequeno intervalo,

Todo o tempo que perdeste

Sem saber aproveitá-lo.

 

Se o ano que se passou

Foi de amargura sombria,

Nosso Pai nunca está pobre

Do pão de luz da alegria.

 

Pensa que o céu não esquece

A mais ínfima criatura,

E espera resignado

O teu quinhão de ventura.

 

Considera, sobretudo

Que precisas, doravante,

Encher de luz todo o tempo

Da bênção de cada instante.

 

Sê na oficina do mundo

O mais perfeito aprendiz,

Pois somente no trabalho

Teu ano será feliz.

 

Não esperes recompensas

Dos bens da vida terrestre,

Mas, volve toda a esperança

A paz do Divino Mestre.

 

Nas lutas, nunca te esqueça

Deste conceito profundo:

O reino da luz de Cristo

Não reside neste mundo.

 

Não olhes faltas alheias,

Não julgues o teu irmão,

Vive apenas no trabalho

De tua renovação.

 

Quem se esforça de verdade

Sabe a prática do bem,

Conhece os próprios deveres

Sem censurar a ninguém.

 

Ano Novo!... Pede ao Céu

Que te proteja o trabalho,

Que te conceda na fé

O mais sublime agasalho.

 

Ano Bom!... Deus te abençoe

No esforço que te conduz

Das sombras tristes da Terra

Para as bênçãos de Jesus.

 

Casimiro Cunha
Médium: Francisco Cândido Xavier – Livro: Cartas do Evangelho

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Cristãos


“Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo algum entrareis no Reino dos Céus.” Jesus (Mateus, 5 :20)

Cumpriam deveres públicos e privados.

Respeitavam as leis estabelecidas.

Reverenciavam a Revelação Divina.

Atendiam aos preceitos da fé.

Jejuavam.

Pagavam impostos.

Não exploravam o povo.

Naturalmente, em casa, deviam ser excelentes mordomos do conforto familiar.

Entretanto, para o Emissário Celeste a justiça deles deixava a desejar.

Adoravam o Eterno Pai, mas não vacilavam em humilhar o irmão infeliz.

Repetiam fórmulas verbais no culto à prece, todavia, não oravam expondo o coração. Eram corretos na posição exterior, contudo, não sabiam descer do pedestal de orgulho falso em que se erigiam, para ajudar o próximo e desculpá-lo até o próprio sacrifício.

Raciocinavam perfeitamente no quadro de seus interesses pessoais, todavia, eram incapazes de sentir a verdadeira fraternidade, suscetível de conduzir os vizinhos ao regaço do Supremo Senhor.

Eis por que Jesus traça aos aprendizes novo padrão de vida.

O cristão não surgiu na Terra para circunscrever-se à casinhola da personalidade; apareceu, com o Mestre da Cruz, para transformar vidas e aperfeiçoá-las com a própria existência que, sob a inspiração do Mentor Divino, será sempre um cântico de serviço aos semelhantes, exalçando o amor glorioso e sem fim, na direção do Reino dos Céus que começa, invariavelmente, dentro de nós mesmos.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 161