sábado, 15 de maio de 2021
quinta-feira, 13 de maio de 2021
Suely Caldas Schubert
“Não estamos na obra do mundo para aniquilar o que é imperfeito,
mas para completar o que se encontra inacabado”. Com esta frase de Emmanuel,
Suely Caldas Schubert iniciava artigo publicado na revista Reformador (FEB), em
abril de 1982. Suely que vivia o lema “Ama, trabalha, espera e perdoa” em suas
tarefas diárias, deixou para o Movimento Espírita contribuições em busca desta
completude por ela mesma lembrada para a elevação da humanidade.
Expositora, estudiosa e pesquisadora da Doutrina Espírita, Suely
Caldas Schubert nasceu em 9 de dezembro de 1938, em Carangola (MG). Dedicou-se
desde a juventude às atividades espíritas, especialmente no âmbito da
mediunidade e na divulgação do Espiritismo.
Seus pais e avós maternos e paternos eram espíritas. A mediunidade
surgiu muito cedo em sua vida, a ela se dedicando há mais de sessenta anos.
Dizia que a mediunidade só lhe trouxe alegrias. “Eu nunca tive nenhuma dor,
nenhum sofrimento que eu atribuí à mediunidade. Eu não sei viver a minha vida
sem o trabalho mediúnico. Mas acima de tudo está a doutrina”. Evidenciava que
“o Espiritismo, o Evangelho do Cristo à luz da Doutrina Espírita está em
primeiro lugar na minha vida”.
Nos trouxe na obra O Semeador de Estrelas a
biografia de Divaldo Franco. Em Testemunhos
de Chico Xavier presenteou o público com a intimidade e lutas
do médium mineiro. Retratos de personalidades que trabalhavam o bem, tal como a
própria autora que escrevia sua biografia de amor ao longo desta existência.
Realizou diversas palestras, tendo participado de seminários no
Brasil e no Exterior. Foi uma das fundadoras da Sociedade Espírita Joanna de
Ângelis, em Juiz de Fora. Atuou durante quarenta anos na Aliança Municipal
Espírita, onde exerceu diversos cargos. Dedicou-se à Doutrina com conhecimento,
amor e seriedade.
Suely falava que o pouco que sabe se deve à leitura, sendo uma
leitora compulsiva. Da ávida dedicação aos livros e à busca por conhecimento
veio certamente a boa prática da escrita. Autora de dezenas de livros, conta
com títulos pela FEB Editora: Testemunhos de Chico Xavier,
Entrevistando Allan Kardec, Dimensões espirituais do centro espírita e Obsessão/Desobsessão.
Prestes a ser lançada, a obra Chico Xavier e Emmanuel – Dores
e glórias, também pela FEB Editora, nos traz Chico Xavier como
objeto de estudo e meta de proceder, em uma prazerosa leitura sobre a
mediunidade. Uma obra que, sobretudo neste momento, nos traz ainda mais próxima
a figura de Suely, tão devotada à causa espírita e à Casa FEB de onde foi
diretora, amiga e dedicada colaboradora.
A esta dedicada servidora da Seara de Jesus, a nossa eterna
gratidão.
Federação Espírita Brasileira
Humildade
"Bem-aventurados os humildes - afirmou o Divino Mestre
porque deles é o reino dos céus". E ainda: "Aquele que se humilha,
será exaltado, e o que se exalta será humilhado". A exaltação do humilde é
a glória de Deus; e a que maior nível poderia o homem aspirar, e que maior
prêmio lhe poderia ser concedido? A humildade do Espírito condu-lo às elevadas
regiões do Incognoscível; a exaltação do seu próprio "eu", por suas
forças mesmas, em arremesso de soberbia, lança-o, pelo contrário, às
"trevas exteriores", aos abismos negregosos da degradação. Por mais
estranho que pareça, é assim que se dá, e deste modo, à força de querer
exaltar-se, por sobrelevar-se aos
demais, desprezando-os, o homem cada vez mais se atasca no lodo que produzem os
pés a castigar a terra; e, em breve, essa argamassa o afoga, quando esperava
ele alçar-se e construir um castelo em tão frouxa e inconsistente base.
Não há de ser assim, portanto. Não será a matéria pesada que
se eleve, mas essa outra que, sublimada, se alcandore nos espaços; e por ser
verdade que a matéria atrai a matéria, tais sejam suas naturezas haverá atração
para o inferno das sombras ou para o céu da luz. O que parecia, pois,
incompreensível absurdo, é a consequência lógica da lei da atração universal,
em toda a sua pujança e amplitude. "Quem se humilhar será exaltado" é
conceito profundo que importa compreender, por isso mesmo, com simplicidade e
que não entendem os soberbos, os que impam de orgulho, os que não enxergam senão
o seu mundo - que é, afinal, sua mísera pessoa; é natural corolário, ou melhor,
inalienável parte do princípio único e eterno que rege a tudo quanto existe.
É lídima consequência dessa norma inabalável que os convictos
de sua sabedoria nada possam entender do muito que ignorem; estando consigo
mesmo satisfeitos, nada mais perscrutam; tudo pretendendo saber, nada mais lhes
interessa, e a razão de tudo a encontram no angusto círculo que se criaram,
fugindo ao contato do mundo exterior, onde existe realmente a razão de todas as
coisas. Nem há o mundo de se amoldar a tão ridícula fôrma, senão que há o homem
de fazer para si o molde que se ajuste à fôrma geral.
As forças, que imagina esse homem cheio de vaidade ter criado,
não só incapazes são de levá-lo à compreensão da ordem universal, mas também
mais e mais o agrilhoam num cárcere voluntário. Procurando exaltar-se,
encontrará quem lhe diga: "Muda-te para o último lugar, pois outro conviva
existe mais digno do que tu, e a esse quero conceder o lugar de honra". E
muito admirado fica de que haja alguém que lhe seja superior; e inflama-se de
cólera, julgando-se ofendido, por não só não lhe apreciarem os méritos, senão
também por o olharem de cima para baixo.
De que teria sido isto resultado? Apenas dum falso juízo a seu
próprio respeito; e a consequência fatal será sofrer o exaltado a admoestação
humilhante, que bem devera ter evitado. Por que, então - perguntará - aquele obscuro
conviva, de cuja presença ele nem se dera conta há de ocupar o lugar de honra?
Pois ele se olha cheio de merecimentos, crê-se de todos conhecido pretende as
homenagens de toda a gente; e aquele, que veio sem estardalhaço, que todo o
tempo, antes do banquete, se sentou a um canto da sala; de quem ele jamais
ouvira falar – aquele é que mereça as honras da noite, enquanto ele é
degradado, como um verme desprezível, digno de escárnio? De que lhe valeram -
continua - todos os esforços por sobressair da massa ignara, lutando por
enriquecer-se de saber, buscando um nível donde pudesse rir da estulta
populaça, enchendo-se de vento por escapar às emanações deletérias do charco,
onde coleiam répteis imundos? Atiram-lhe à face essa mesma lama, cujo afrontoso
contato ele tanto evitara! Fazem-no descer ao mesmo degrau, de onde pensara que
viera, vituperando-lhe os brios! Mas, ai, é que nunca deixara a lama, nem
jamais se movera do primeiro degrau! Nada mais fizera senão acomodar-se à vasa,
a qual, já por fim, transformara, por autossugestão, num jardim florido; e,
ainda, numa verdadeira ilusão de sentidos deformados, pensara realizado o sonho
de voltejar acima de si mesmo...
Não! Decerto não serão tais forças, oriundas do orgulho e da
vaidade, que exalcem o indivíduo às regiões que sonha. Da mesma forma que a
pesada névoa da manhã desce do céu aos montes e se imiscui nos vales que ainda modorram,
subindo e, por fim, desfazendo-se ao toque mágico do raio do Sol, assim também
tem o homem de receber o toque duma luz que o sublime, carreando-o muito acima
dos vapores duma atmosfera adensada. Por sua própria natureza, as névoas não
transpõem a altura das nuvens; mas, de essência diversa, o Espírito se elevará
a regiões jamais cogitadas, tangido por força dessa energia superior que demora
muito além do astro central de nosso sistema.
Essa, a real exaltação de quem não dispõe de forças, mas
espera-as duma Fonte capaz de sublimá-lo; e quanto mais humilde se faça, tanto
mais alto se eleva, pois, é do vale que sobe o nevoeiro, e é esse nevoeiro que
se transforma em nuvens, e são essas nuvens a bênção dos Céus, nas chuvas que
dessedentam.
Correm, humildes, os ribeiros, e glorificam o Senhor, a cantar
entre as pedras, tão humildes quanto as águas modestas; mas são essas águas uma
potência, de que se utiliza o homem para seu sustento. Humildes e ocultas são
as raízes, sem as quais, entretanto, não se erigem os troncos, não despontam as
folhas, não se enfloram as ramagens - ainda feridas pelos meigos e vivificantes
raios do nosso foco material de luz e de calor. Águas e raízes trabalham à
sombra de sua santa humildade, enaltecendo-se por isso mesmo que enaltecem a
Forca da qual recoltam forças. Não pretendem mais alto posto, justamente porque
acreditam já lhes ser muito ser parte do grande Todo, essa realidade que, só
ela, é efetivamente grande. Realidade é essa, com efeito, e tudo o mais é
jactância. Quanto maior a pedra, tanto mais se afunda no atoleiro; torne-se ela
permeável ao ar, e flutuará no aguaçal. Quanto mais o homem se encharque da
bazófia mundana, tanto mais preso se achará à grosseira matéria desse mundo: permita
que se lhe infiltrem os fluidos celestes, e com eles subirá, exaltando-se aos
olhos do Senhor. Enquanto, porém, se esforçar por crescer aos olhos dos homens,
continuará pequeno e cada vez menor; pois os homens buscarão, antes, esmagá-lo
e carregá-lo de seus fluidos pesados.
Por isto disse o Mestre: "Bem-aventurados os humildes,
porque deles é o reino dos céus".
Humilhou-se ele mesmo, sofrendo o que ninguém pudera sofrer, podendo,
com um só golpe de sua enorme vontade, exterminar seus algozes; mas humilhou-se,
para ascender, no termo de seu suplício, aos Céus, donde viera para esse
exemplo vivo de humildade. Desceram os primeiros cristãos aos circos do
sacrifício, padeceram como se nada pudessem, tendo, - no entanto, ao lado o
exército invisível do Senhor, o qual poderia ajudá-los desbaratando-lhes todos
os inimigos; tudo viveram, para uma vida maior, numa atitude excelsa de
encantadora humilhação. Humilhou-se o
publicano, que, orando, sem ousar levantar os olhos, exclamou: "O' Deus,
sê benevolente comigo, pecador", e do qual disse o Nazareno:
"Digo-vos que este desceu justificado para sua casa"; ao passo que o fariseu,
ao lado, dizendo: "O' Deus, graças te dou por não ser como os demais
homens, que são ladrões, injustos, adúlteros, nem ainda como este
publicano", recebeu a reprovação do Messias. Exaltamo-nos toda vez que nos
recolhemos à nossa humildade; somos humilhados sempre que vivemos para nossa
exaltação.
A muitos repugna o humilhar-se - afirmou Kardec - à vista,
mesmo, do juízo do mundo, que os impede de fazê-lo, ainda que o quisessem;
baste-nos, porém, pensar em que a cada passo nos humilhamos, em mil ocorrências
da vida diária. São esses nadas que nos vão polindo, como as águas correntes
vão desbastando as arestas das pedras, transformando estas em seixos rolados,
em areia fina, em pó impalpável, que rodopia no ar. Humilhamo-nos, sem querer e
sem o sentir, sob o peso – não o peso estulto da vanglória, mas da Lei Divina,
que ampara os humildes para dar-lhes o lugar reservado aos eleitos dos Céus.
É mister, contudo, ainda mais: o domínio do próprio íntimo
naturalmente rebelde, sempre disposto a irrefletida reação aos golpes do que o
homem julga da adversidade. Cumpre esgotar o cálice da amargura, sorvendo-o
gota a gota, que abrasa e parece destruir, fibra a fibra, a alma atormentada; o
cáustico é, porém, o remédio desse Médico de todos nós, e de sua penosa, mas
salutar ação resultará novo tecido, com que se eleve o Espírito aos páramos de
seu real objetivo.
Se do Mestre somos seguidores, imitemo-lo; se lhe somos
discípulos, obedeçamos-lhe; humilhou-se, para exaltar-se: façamos nós o mesmo.
Com Jesus e por Jesus
Na introdução de "O Livro dos Espíritos", recolhemos de Allan Kardec esta afirmação expressiva:
"As comunicações entre o mundo
espiritual e o mundo corpóreo estão na ordem natural das coisas e não
constituem fato sobrenatural, tanto que de tais comunicações se acham vestígios
entre todos os povos e em todas as épocas. Hoje se generalizaram e tornaram
patentes a todos."
No item VIII das páginas de conclusão do
mesmo livro, o Codificador assevera com segurança:
"Jesus veio mostrar aos homens o
caminho do verdadeiro bem. Por que, tendo-o enviado para fazer lembrar sua lei
que estava esquecida, não havia Deus de enviar hoje os Espíritos, a fim de a
lembrarem novamente aos homens, e com maior precisão, quando eles a olvidam
para tudo sacrificar ao orgulho e à cobiça?"
E sabemos que, de permeio, o grande
livro que lançou os fundamentos do Espiritismo trata, dentre valiosos assuntos,
das leis de adoração, trabalho, sociedade, progresso, igualdade, liberdade,
justiça, amor, caridade e perfeição moral, bem como das esperanças e das
consolações.
Reportamo-nos a tais referências para
recordar que o fenômeno espírita sempre esteve presente no mundo, em todos os
lances evolutivos da Humanidade, e que Allan Kardec, desde o início do
ministério a que se consagrou, imprimiu à sua obra o cariz religioso de que não
podia ela ausentar-se, tendo até acentuado que o Espiritismo é forte porque
assenta sobre os fundamentos mesmos da Religião: Deus, a alma, as penas e as
recompensas futuras.
Aceitamos, perfeitamente, as bases
científicas em que repousa a Doutrina Espírita, as quais nos ensejam adquirir a
"fé raciocinada capaz de encarar a razão face a face", contudo, sobre
semelhantes alicerces, vemo-la, ainda e sempre, em sua condição de Cristianismo
restaurado, aperfeiçoando almas e renovando a vida na Terra, para a vitória do
Infinito Bem, sob a égide do Cristo, nosso Divino Mestre e Senhor.
O apóstolo da Codificação não desconhecia
o elevado mandato relativamente aos princípios que compilava, e, por isso
mesmo, desde a primeira hora, preocupou-se com os impositivos morais de que a
Nova Revelação se reveste, tendo salientado que as consequências do Espiritismo
se resumem em melhorar o homem e, por conseguinte, torná-lo menos infeliz, pela
prática da mais pura moral evangélica.
Sabemos que a retorta não sublima o
caráter e que a discussão filosófica nada tem que ver com caridade e justiça.
Com todo o nosso respeito, pois, pela filosofia que indaga e pela ciência que
esclarece, reconheceremos sempre no Espiritismo o Evangelho do Senhor, redivivo
e atuante, para instalar com Jesus a Religião Cósmica do Amor Universal e da
Divina Sabedoria sobre a Terra.
Espíritos desencarnados aos milhões e
em todos os graus de inteligência enxameiam o mundo, requisitando, tanto quanto
os encarnados, o concurso da educação.
Não podemos, por isso, acompanhar os
que fazem de nossa Redentora Doutrina mera tribuna discutidora ou simples
caçada a demonstrações de sobrevivência, apenas para a realização de torneios
literários ou para longos cavacos de gabinete e anedotas de salão, sem qualquer
consequência espiritual para o caminho que lhes é próprio.
Estudemos, assim, as lições do Divino
Mestre e aprendamo-las na prática de cada dia.
A morte a todos nos reunirá para a
compreensão da verdadeira vida... E, sabendo que a justiça definir-nos-á
segundo as nossas obras, abracemos a Codificação Kardequiana, prosseguindo para
a frente, com Jesus e por Jesus.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – Prefácio
Oração no templo espírita
Senhor Jesus, vimos de longe para
agradecer-Te a bondade.
Viajantes do tempo, procedemos de
Tebas, da Babilônia, de Heliópolis, de Atenas, de Esparta, de Roma ...
Tantas vezes respiramos na grandeza
terrestre! ...
Petrificados na ilusão, povoamos
palácios de orgulho, castelos de soberba, casas solarengas da vaidade e dominamos
cruelmente os fracos, desconhecendo a bênção do amor ...
Reunidos aqui, hoje, em nosso pouso de
fraternidade e oração, rogamos-Te força para converter a existência em
colaboração Contigo!
Nós que temos guerreado e ferido a
outrem, imploramos-Te, agora, recursos para guerrear as nossas fraquezas e ferir,
de rijo, nossas antigas viciações, a fim de que nos transformemos, afinal, em
Teus servos ...
Ajuda-nos a regenerar o coração pela
Tua Doutrina de Luz, para que estejamos conscientes de nosso mandato.
Para isso, porém, Senhor, faze-nos
pequeninos, simples e humildes ...
Oleiro Divino, toma em Tuas mãos o barro
de nossas possibilidades singelas e plasma a nossa individualidade nova, ao
calor de Tua inspiração, para que, como a fonte, possamos estender sem alarde
os dons de Tua misericórdia, na gleba de ação em que nos convidas a servir.
Sem Tuas mãos, estaremos relegados às
nossas próprias deficiências; sem Teu amor, peregrinaremos abandonados à
miséria de nós mesmos ...
Mestre, cujos ouvidos vigilantes
escutam no grande silêncio e cujo coração pulsa, invariável, em todas as necessidades
e esperanças, dores e alegrias da Terra, nós Te agradecemos pelo muito que nos
tens dado e, ainda uma vez, suplicamos-Te acréscimo de força para que não estejamos
distraídos ...
Senhor, cumpra-se em nós a Tua vontade
e que a nossa vida seja, enfim colocada a Teu serviço, agora e sempre ...
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: À luz da oração