sábado, 29 de maio de 2021

Oração da Caridade

 


Amigo!

Em meu manto, constelado de amor, guardo todas as criaturas.

Tenho estado contigo, desde a hora primeira.

Embalei-te o berço frágil.

Acalentei-te nos beijos de tua mãe.

Segui-te os passos na escola, orientei-te as mãos no trabalho.

Venho ao teu encontro, por inspiração de Jesus, a quem obedeço, em nome do Pai Excelso.

Com Ele estive, em todos os instantes de apostolado.

Fui eu quem lavou as chagas dos leprosos tocados pelas Divinas Mãos, em sublime retorno à Luz.

Reuni os pobres e os fracos, os desesperados e os oprimidos, para que Lhe ouvissem, na Terra, o Sermão da Montanha.

Conversei com Zaqueu iludido pela vaidade da posse e abracei a Madalena, que os homens desprezavam...

Fui ainda eu quem Lhe escutou a solicitação, nos tormentos da cruz, pedindo socorro e compreensão para Judas, o apóstolo desditoso!

Procuro-te agora, suplicando asilo e cooperação.

Alivia comigo as chagas dos que padecem e dar-te-ei o esquecimento das próprias dores.

Cede-me tua palavra, para que o fel se extinga no mundo e entrega-me teus braços, para que o bem se espalhe vitorioso...

Ouve-me e perceberás as revelações de Deus.

Acompanha-me e conhecerás a felicidade.

Não te detenhas.

Ainda hoje necessito de ti, para que gemidos emudeçam e lágrimas se estanquem.

Não importa o que tenhas sido. Importa que te rendas ao Cristo, para que a Terra te abençoe a passagem.

Vem e socorre-me!

Levanta-te e ajuda-me!

Amando e servindo, chegaremos juntos à Glória Celestial.

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: À Luz da Oração

Modo de fazer

 

" De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”. Paulo (Filipenses 2:5)

Todos fazem alguma coisa na vida humana, mas raros não voltam à carne para desfazer quanto fizeram.

Ainda mesmo a criatura ociosa, que passou o tempo entre a inutilidade e a preguiça, é constrangida a tornar à luta, a fim de desintegrar a rede de inércia que teceu ao redor de si mesma.

Somente constrói, sem necessidade de reparação ou corrigenda, aquele que se inspira no padrão de Jesus para criar o bem.

Fazer algo em Cristo é fazer sempre o melhor para todos:

Sem expectativa de remuneração.

Sem exigências.

Sem mostrar-se.

Sem exibir superioridade.

Sem tributos de reconhecimento.

Sem perturbações.

Em todos os passos do Divino Mestre, vemo-lo na ação incessante, em favor do indivíduo e da coletividade, sem prender-se.

Da carpintaria de Nazaré à cruz de Jerusalém, passa fazendo o bem, sem outra paga além da alegria de estar executando a Vontade do Pai.

Exalta o vintém da viúva e louva a fortuna de Zaqueu, com a mesma serenidade.

Conversa amorosamente com algumas criancinhas e multiplica o pão para milhares de pessoas, sem alterar-se.

Reergue Lázaro do sepulcro e caminha para o cárcere, com a atenção centralizada nos Desígnios Celestes.

Não te esqueças de agir para a felicidade comum, na linha infinita dos teus dias e das tuas horas. Todavia, para que a ilusão te não imponha o fel do desencanto ou da soledade, ajuda a todos, indistintamente, conservando, acima de tudo, a glória de ser útil, "de modo que haja em nós o mesmo sentimento que vive em Jesus Cristo".

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 002

sábado, 22 de maio de 2021

Paciência não se perde

 


"Pela paciência possuireis as vossas almas."


É muito comum ouvirmos esta exclamação: perdi a paciência! Como sabem, porém, que perderam a paciência? Porque quando precisaram daquela virtude para se manterem calmos e serenos não a encontraram consigo, e, por isso, exasperaram-se, praticaram desatinos, proferiram impropérios e blasfêmias?

Só pelo fato de não encontrarem em seu patrimônio moral aquela virtude, alegam logo que a perderam. Como poderiam, porém, perder o que não possuíam?

Será melhor que os homens se convençam de que eles não têm paciência, que ainda não alcançaram essa preciosa qualidade que, no dizer do Mestre insigne, é a que nos assegura a posse de nós mesmos: Pela paciência possuireis as vossas almas. E não pode haver maior conquista que a conquista própria. Já alguém disse, com justeza, que o homem que se conquistou a si mesmo vale mais que aquele que conquistou um reino.

Os reinos são usurpados mediante o esforço e o sangue alheio, enquanto que a posse de si mesmo só pode advir do esforço pessoal, da porfia enérgica e perseverante da individualidade própria, agindo sobre si mesma.

Todos esses, pois, que vivem constantemente alegando que perderam a paciência, confessam involuntariamente que jamais a tiveram. Paciência não se perde como qualquer objeto de uso ou como uma soma de dinheiro. Os que ainda não lograram alcançá-la, revelam essa falha precisamente no momento em que se exasperam, em que perdem a compostura e cometem despautérios. Quando, depois, o ânimo serena, o homem diz: perdi a paciência. Não perdeu coisa alguma; não tenho paciência é o que lhe compete reconhecer e confessar.

Às virtudes, esta ou aquela, fazem parte de uma certa riqueza cujo valor imperecível Jesus encarece sobremaneira em seu Evangelho, sob estas sugestivas palavras: Granjeai aquela riqueza que o ladrão não rouba, a traça não rói, o tempo não consome e a morte não arrebata.

Tais bens são, por sua natureza, inacessíveis às contingências da temporalidade, e não podem, portanto, desaparecer em hipótese alguma. Constituem propriedade inalienável e legitimamente adquirida pelo Espírito, que jamais a perderá.

Não é fácil adquirirmos certas virtudes, entre as quais se acha a paciência. A aquisição da paciência depende da aquisição de outras virtudes que lhe são correlatas, que se acham entrelaçadas com ela numa trama perfeita. A paciência — podemos dizer — é filha da humildade e irmã da fortaleza, do valor moral. O orgulho é o seu grande inimigo. A fraqueza de Espírito é outro obstáculo à conquista daquele precioso tesouro. Todos os movimentos intempestivos, todo ato violento, toda atitude colérica são oriundos da suscetibilidade do nosso amor próprio exagerado.

A seu turno, os desesperos, as aflições incontidas, os estados de alucinação, os impropérios e blasfêmias são consequências de fraqueza de ânimo ou debilidade moral. A calma e a serenidade de ânimo, em todas as emergências e conjunturas difíceis da vida, só podem ser conservadas mediante a fortaleza e a humildade de Espírito. É essa condição inalterável de ânimo que se denomina paciência. Ela é incontestavelmente atestado eloquente de alto padrão moral.

Naturalmente, em épocas de calmaria, quando tudo corre ao sabor dos nossos desejos, parece que possuímos aquele preciosíssimo bem. Os homens, quando dormem, são todos bons e inocentes. É exatamente nas horas aflitivas, nos dias de amargura, quando suportamos o batismo de fogo, que verificamos, então, a inexistência da sublime virtude conosco.

No mundo, observou o Mestre, tereis tribulações, mas tende bom ânimo: eu venci o mundo. Como ele venceu, cumpre a nós outros, como discípulos, imitá-lo, vencendo também. Cristo é o sublime modelo, é o grande paradigma. Não basta conhecer seus ensinamentos, é preciso praticá-los.

Daí a necessidade de fortificarmos nosso Espírito, retemperando-o nos embates cotidianos como o ferreiro que, na forja, tempera o aço até que o torna maleável e resistente.

A existência humana é urdida de vicissitudes e de imprevistos. Tais são as condições que havemos de suportar como consequências do nosso passado. A cada dia a sua aflição — reza o Evangelho em sua empolgante sabedoria. Portanto, cumpre nos tornemos fortes para vencermos.

Fomos dotados dos predicados para isso. Tudo que eu faço, asseverou o Mestre, vós também podeis fazer. Se nos é dado realizar os feitos maravilhosos do Cristo de Deus, porque permanecemos neste estado de miserabilidade moral? Simplesmente porque temos descurado a obra de nossa educação.

A educação do Espírito é o problema universal.

A obra da salvação é obra de educação, nunca será demais afirmar esta tese.

A religião que o momento atual da Humanidade reclama é aquela que apela para a educação sob todos os aspectos: educação física, educação intelectual, educação cívica, educação mental, educação moral.

A fé que há de salvar o mundo é aquela que resulta desta sentença: Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito.

  Pedro Camargo / Livro: Em torno do Mestre

Prece de Clementino

 


“Divino Mestre, lança compassivo olhar sobre a nossa família aqui reunida...

“Viajores de muitas romagens, repousamos neste instante sob a árvore bendita da prece e te imploramos amparo!

“Todos somos endividados para contigo, todos nos achamos empenhados à tua bondade infinita, à maneira de servos insolventes para com o senhor.

“Mas, rogando-te por nós todos, pedimos particularmente agora pelo companheiro que, decerto, encaminhas ao nosso coração, qual se fora uma ovelha que torna ao aprisco ou um irmão consanguíneo que volta ao Lar...

“Mestre, dá-nos a alegria de recebê-lo de braços abertos.

“Sela-nos os lábios para que lhe não perguntemos de onde vem e descerra-nos a alma para a ventura de tê-lo conosco em paz.

“Inspira-nos a palavra a fim de que a imprudência não se imiscua em nossa língua, aprofundando as chagas interiores do irmão, e ajuda-nos a sustentar o respeito que lhe devemos...

“Senhor, estamos certos de que o acaso não te preside às determinações!

“Teu amor, que nos reserva invariavelmente o melhor, cada dia, aproxima-nos uns dos outros para o trabalho justo.

“Nossas almas são fios da vida em tuas mãos!

“Ajusta-os para que obtenhamos do Alto o favor de servir contigo!

“Nosso Libório é mais um irmão que chega de longe, de recuados horizontes do passado...

“Ó Senhor, auxilia-nos para que ele não nos encontre proferindo o teu nome em vão!...”

 

André Luiz / Chico Xavier – Livro: Nos domínios da mediunidade

Ante a lição

 

"Considera o que te digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo." Paulo (II Timóteo, 2:7)

 

Ante a exposição da verdade, não te esquives à meditação sobre as luzes que recebes.

Quem fita o céu, de relance, sem contemplá-lo, não enxerga as estrelas; e quem ouve uma sinfonia, sem abrir-lhe a acústica da alma, não lhe percebe as notas divinas.

Debalde escutarás a palavra inspirada de pregadores ardentes, se não descerrares o coração para que o teu sentimento mergulhe na claridade bendita daquela.

Inúmeros seguidores do Evangelho se queixam da incapacidade de retenção dos ensinos da Boa Nova, afirmando-se ineptos à frente das novas revelações, e isto porque não dispensam maior trato à lição ouvida, demorando-se longo tempo na província da distração e da leviandade.

Quando a câmara permanece sombria, somos nós quem desata o ferrolho à janela para que o sol nos visite.

Dediquemos algum esforço à graça da lição e a lição nos responderá com as suas graças.

O apóstolo dos gentios é claro na observação. "Considera o que te digo, porque, então, o Senhor te dará entendimento em tudo."

Considerar significa examinar, atender, refletir e apreciar.

Estejamos, pois, convencidos de que, prestando atenção aos apontamentos do Código da Vida Eterna, o Senhor, em retribuição à nossa boa vontade, dar-nos-á entendimento em tudo.

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 001

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Suely Caldas Schubert

 



“Não estamos na obra do mundo para aniquilar o que é imperfeito, mas para completar o que se encontra inacabado”. Com esta frase de Emmanuel, Suely Caldas Schubert iniciava artigo publicado na revista Reformador (FEB), em abril de 1982. Suely que vivia o lema “Ama, trabalha, espera e perdoa” em suas tarefas diárias, deixou para o Movimento Espírita contribuições em busca desta completude por ela mesma lembrada para a elevação da humanidade.

Expositora, estudiosa e pesquisadora da Doutrina Espírita, Suely Caldas Schubert nasceu em 9 de dezembro de 1938, em Carangola (MG). Dedicou-se desde a juventude às atividades espíritas, especialmente no âmbito da mediunidade e na divulgação do Espiritismo.

Seus pais e avós maternos e paternos eram espíritas. A mediunidade surgiu muito cedo em sua vida, a ela se dedicando há mais de sessenta anos. Dizia que a mediunidade só lhe trouxe alegrias. “Eu nunca tive nenhuma dor, nenhum sofrimento que eu atribuí à mediunidade. Eu não sei viver a minha vida sem o trabalho mediúnico. Mas acima de tudo está a doutrina”. Evidenciava que “o Espiritismo, o Evangelho do Cristo à luz da Doutrina Espírita está em primeiro lugar na minha vida”.

Nos trouxe na obra O Semeador de Estrelas a biografia de Divaldo Franco. Em Testemunhos de Chico Xavier presenteou o público com a intimidade e lutas do médium mineiro. Retratos de personalidades que trabalhavam o bem, tal como a própria autora que escrevia sua biografia de amor ao longo desta existência.

Realizou diversas palestras, tendo participado de seminários no Brasil e no Exterior. Foi uma das fundadoras da Sociedade Espírita Joanna de Ângelis, em Juiz de Fora. Atuou durante quarenta anos na Aliança Municipal Espírita, onde exerceu diversos cargos. Dedicou-se à Doutrina com conhecimento, amor e seriedade.

Suely falava que o pouco que sabe se deve à leitura, sendo uma leitora compulsiva. Da ávida dedicação aos livros e à busca por conhecimento veio certamente a boa prática da escrita. Autora de dezenas de livros, conta com títulos pela FEB Editora: Testemunhos de Chico Xavier, Entrevistando Allan Kardec, Dimensões espirituais do centro espírita Obsessão/Desobsessão.

Prestes a ser lançada, a obra Chico Xavier e Emmanuel – Dores e glórias, também pela FEB Editora, nos traz Chico Xavier como objeto de estudo e meta de proceder, em uma prazerosa leitura sobre a mediunidade. Uma obra que, sobretudo neste momento, nos traz ainda mais próxima a figura de Suely, tão devotada à causa espírita e à Casa FEB de onde foi diretora, amiga e dedicada colaboradora. 

A esta dedicada servidora da Seara de Jesus, a nossa eterna gratidão.


Federação Espírita Brasileira