quinta-feira, 1 de julho de 2021

Oração pelos benfeitores

 


Deus da Imensa Bondade,

Já sabemos, Senhor,

Que não falta a ninguém

A luz de teu amor.

 

Reconhecemos, entretanto,

Que não podemos trabalhar a sós.

Por isso, te pedimos

Bondade e proteção

Para todos aqueles companheiros

Que se lembram de nós,

Que se nos fazem benfeitores,

Estendendo-nos braços protetores.

 

Sem que nada peçamos,

Eles nos trazem vida e estímulo ao trabalho,

Cooperação, socorro, alimento e agasalho

Para servir, por onde vamos...

 

Dá-nos, Senhor, mais força, a fim de agirmos,

Tanto quanto possível, por nós mesmos,

No apoio aos semelhantes,

Em todos os instantes,

Mas auxilia a quem nos auxilia,

De modo a sermos úteis, dia a dia...

 

Deus da Imensa Bondade

Abençoa e protege aos nossos benfeitores

Por tudo o que nos dão,

Que eles tenham de ti, saúde, luz e flores,

Conservando-te a paz no coração.

Maria Dolores / Chico Xavier – Livro: Caminhos de amor

sexta-feira, 25 de junho de 2021

A presença de Jesus

 


Aqueles eram dias de intensa e imorredoura saudade.

Desde que morrera e ressuscitara, Ele voltou a enxugar as lágrimas dos companheiros, a reconfortá-los, oferecendo-lhes combustível à fé atormentada, que os reerguia, a pouco e pouco, da situação dolorosa que experimentavam.

Tudo eram recordações inapagáveis.

Haviam retornado à Galileia conforme lhes fora solicitado, mas a região querida não era mais a mesma.

Todos os lugares rescendiam a Sua ausência e apresentava-se triste, sem qualquer encantamento.

Não podiam explicar a razão de tanto vazio existencial, de falta de sentido para viverem.

Não sabiam, conscientemente, o tanto quanto O amavam.

A ausência dEle era insuportável. Não tinham ânimo para os diálogos, como anteriormente, para as discussões e comentários habituais.

Ele fazia falta em tudo.

A vida sem objetivo é como um corpo sem oxigenação.

Ademais, não compreendiam, ainda não haviam absorvido tudo que se passara, naqueles dias turbulentos de festas e de infortúnio.

Desde a entrada triunfal em Jerusalém até o domingo da ressurreição, ultrapassava o seu entendimento, era enigmático.

As noites, antes iluminadas pelas Suas palavras, eram agora sombrias, embora as estrelas fulgurassem no zimbório que os cobrira de brilho no passado.

Foi num amanhecer em névoa junto à praia que Pedro O viu e, aturdido, conversou com Ele.

– Atira as redes para a direita – Ele propusera e quase rompeu-se o tecido da rede forte pelo número de peixes, após uma noite cansativa e infrutífera… (João 21:11 e seguintes)

A alegria substituiu todos os anteriores desencantamentos.

A felicidade cantava uma sonata de esperança nos seus corações enquanto O ouviam falar. A mesma doçura e igual beleza em tudo que falava.

Nenhuma queixa nem reclamação, acusação alguma ou qualquer lamento.

Ele falava do Reino nos corações e estimulava ao perdão e ao amor sem limites.

As criaturas, Ele afirmava, estão doentes além da ignorância que as domina e era necessário ter compaixão de todas, mesmo quando sob o açodar de dores e perseguições, que desabariam sobre todos, em memória do Seu nome e Sua mensagem.

As feras espirituais tinham fome de carne e sede de sangue.

A noite do sofrimento seria longa, mas o amanhecer de graças anunciava-se incomparável.

Pedia-lhes para que não resistissem ao mal e jamais abandonassem o bem.

Suas ovelhas seriam sempre unidas, não importando que fossem em pequeno número.

A morte pior para o ser humano é a defecção dos seus deveres, o abandono da Verdade, ao invés de ser a do cansaço nas lutas.

*

O dia raiara brilhante e eles respiravam na praia, onde comiam assados, peixes que lhes nutriam o corpo e a palavra dEle sustentava-lhes o Espírito.

Depois, sem recordar-se que era Ele, sim, porém em corpo espiritual, diluiu-se, fundiu-se na claridade das horas.

O júbilo voltou-lhes com o entusiasmo necessário para falarem sem medo sobre a Sua ressurreição.

Ainda, no entanto, não sabiam o que fazer.

Continuaram juntos sempre que possível, aguardando.

Nesse comenos, numa tarde em que a brisa macia soprava perfumada pelas flores silvestres, naquele monte próximo ao mar, numa paisagem de magia pela sua beleza, estavam reunidas quase quinhentas pessoas e João, inspirado, levantou-se e começou a narrar os últimos acontecimentos.

A Natureza respirava suave canção na brisa…

A palavra escorria dos lábios do jovem expositor emocionado, como uma cascata de luz.

Havia algo estranho em tudo…

Subitamente, Ele apareceu ao lado do discípulo amado, flutuando e incomparavelmente belo.

Todos foram dominados por estranho êxtase e o silêncio esplêndido foi quebrado:

Venho ter convosco pela última vez.

Agora cumpre-me ascender ao meu Pai, que me espera.

Eu vos deixo como ovelhas mansas no meio de lobos rapaces, quando beberão no mesmo regato em paz.

Nunca temais!

Pisareis em serpentes, aplacareis as dores dos enfermos, limpareis a lepra dos corpos, os Espíritos maus vos respeitarão e sereis a minha voz e mensagem ao mundo.

Não receeis a morte, porque sois imortais como Eu.

Demonstrai aos poderosos como são fracos e sem valor os seus recursos e poderes de mentira no momento da morte.

Visitai as terras diferentes do mundo com a mesma sinfonia do amor, apesar dos castigos que vos aplicarão.

Tende coragem e fé!

Eu vos aliviarei do pesado fardo e vos receberei em júbilos após o testemunho.

Recordai sempre que Eu venci o mundo!

Sempre estarei convosco e nada mais nos separará.

Vencei a vida e a morte.

Ide e pregai sem cansaço.

Uma leve aragem acompanhava a Sua ascensão, enquanto o poente fechava o leque de douradas plumas do Sol e Ele desapareceu.

Agora era ouvida a canção dos astros no firmamento.

Emocionados, todos deixaram a montanha e avançaram mundo afora, falando e vivendo Jesus.

Em todos os séculos e lugares, depois dessa tarde encantadora, eles têm renascido para manterem e divulgarem a Palavra.

Mártires, heróis, artistas, sábios, nobres e plebeus, sempre perseguidos, têm reencarnado e o Evangelho tem salvado milhões de vidas de todos quantos são fiéis a Jesus.

Na atualidade de sombras e horrores, eles estão nas linhas de frente do trabalho, salvando vidas com solidariedade, em júbilo peculiar porque Jesus está presente no mundo amparando e cuidando das Suas ovelhas.

Cuida de seguir o teu rumo e não duvides nunca do milagre do amor dAquele que nos deu a existência, a fim de que também, por nossa vez, possamos fazer o mesmo.

 

Amélia Rodrigues / Divaldo Franco - Psicografia na sessão mediúnica da noite de 7.4.2021, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Aceita a correção

 

“E, na verdade, toda correção, no presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela”. Paulo (Hebreus, 12:11)


A terra, sob a pressão do arado, rasga-se e dilacera-se, no entanto, a breve tempo, de suas leiras retificadas brotam flores e frutos deliciosos.

A árvore, em regime de poda, perde vastas reservas de seiva, desnutrindo-se e afeando-se, todavia, em semanas rápidas, cobre-se de nova robustez, habilitando-se à beleza e à fartura.

A água humilde abandona o aconchego da fonte, sofre os impositivos do movimento, alcança o grande rio e, depois, partilha a grandeza do mar.

Qual ocorre na esfera simples da Natureza, acontece no reino complexo da alma.

A corrigenda é sempre rude, desagradável, amargurosa; mas, naqueles que lhe aceitam a luz, resulta sempre em frutos abençoados de experiência, conhecimento, compreensão e justiça.

A terra, a árvore e a água suportam-na, através de constrangimento, mas o Homem, campeão da inteligência no Planeta, é livre para recebê-la e ambientá-la no próprio coração.

O problema da felicidade pessoal, por isso mesmo, nunca será resolvido pela fuga ao processo reparador.

Exterioriza-se a correção celeste em todos os ângulos da Terra.

Raros, contudo, lhe aceitam a bênção, porque semelhante dádiva, na maior parte das vezes, não chega envolvida em arminho, e, quando levada aos lábios, não se assemelha a saboroso confeito. Surge, revestida de acúleos ou misturada de fel, à guisa de remédio curativo e salutar.

Não percas, portanto, a tua preciosa oportunidade de aperfeiçoamento.

A dor e o obstáculo, o trabalho e a luta são recursos de sublimação que nos compete aproveitar.

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 006

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Prece da união

 


“Senhor Jesus, concedeste-nos o abençoado caminho da união contigo, desde a manjedoura iluminada até a ressurreição divina, com passagem pela cruz do trabalho e da renunciação, da fé viva e do testemunho santificante. Viajantes que somos na estrada redentora que a tua misericórdia nos desdobra, no campo da vida eterna, rogamos-te, ainda, luz para as nossas sombras, certeza para as nossas dúvidas, esclarecimento às nossas hesitações!

Auxilia-nos a aceitar o roteiro que teu amor infinito nos traça a benefício da paz e da felicidade de nós mesmos...

Que o sacrifício seja para nós uma bênção, a luta uma escola de aperfeiçoamento sublime, o serviço a oportunidade salvadora, o obstáculo o ensinamento maior, o sofrimento um mestre sábio e eficaz; que as nossas dores sejam emissárias de alegrias, que os espinhos da estrada permaneçam adornados de flores para os nossos corações e que os percalços e lágrimas do caminho constituam renovadas esperanças para nossa alma sedenta de tua luz!...

Assim te suplicamos, porque a nossa união é alegria para os tristes, vitória para os vencidos, consolo para os desesperados, sementeira de imperecível ventura para quantos prosseguem à retaguarda, aspirando a um mundo melhor!...

Desse modo, Senhor, agradecendo-te a caridade divina da paz com que nos felicitas a alma, neste dia de abençoada luz, esperamos que o teu amor viva em nós infinitamente e que a tua misericórdia nos acompanhe, em todos os passos da redenção espiritual, convictos, quanto estamos, de que em ti encontramos o Caminho, a Verdade e a Vida com eterna libertação.

Cumpra-se em nós a tua vontade, hoje e sempre”.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: À luz da oração

sábado, 19 de junho de 2021

Em paz e paciência

 


Quando te rendes à revolta e à tristeza e varas algum tempo sem olhos para contemplar a Natureza, sem ouvidos para escutar o trilo dos pássaros e sem tato para sentir, num aperto de mão, as palmas calosas dos prisioneiros da adversidade, perdes a eficiência pessoal na ação cotidiana por te distanciares da realidade fundamental. É aí, não raro, que estrepita a insatisfação rouquejante e se desenfreia a violência explosiva em forma de cólera.

E quando o nosso coração intumescido cabriola ao ritmo espasmódico da cólera, resvalamos invariavelmente na voragem da obsessão, seja obsessão para cinco minutos, cinco horas, cinco dias ou cinco anos.

Existem a cólera convulsiva e gritante e a cólera íntima e surda.

Ambas, definindo causas de efeitos diversos, por trás de outros acontecimentos, têm reconduzido, antes da hora demarcada, multidões de Espíritos encarnados à Espiritualidade, através de mortes repentinas e inexplicadas, crises cardíacas e nervosas, paralisias e mudezes, acidentes e delitos de toda ordem.

Ninguém renasce na carne para revestir-se de sombras, e a morte é a ressuscitadora das culpas mais disfarçadas pelas aparências do homem ou mais absconsas nas profundezas do espírito.

Por isso, ante as catástrofes da consciência geradas nos desvarios coléricos, vemos fardões brasonados a se transfigurarem em armaduras ignescentes; coroas, cujas pedrarias espelharam frontes outrora respeitáveis, se tornarem espinhos de tortura; colares a se entremostrarem baraços asfixiantes; medalhas que enfeitaram antigos peitos orgulhosos a se exibirem quais ferretes queimantes; luvas que fulgiram no comando de legiões transformarem-se, trágicas, em manoplas de fogo, e anéis que rebrilharam entre dedos aristocráticos se metamorfosearem, medonhos, em brasas vivas...

Horresco referens! O próprio Dante não conseguiria dizer as repercussões do mal nos vales do horror.

Cólera! Por essa ebriez de loucura, muitos de nós temos experimentado e milhares experimentam, no imo do próprio ser, as comichões endoidecedoras do remorso.

Nela observamos, no sangue efervescente da tez, nas expressões contorcidas do rosto, nas trepidações nevróticas das mãos e nas descargas terríveis da palavra desgovernada, a volta da personalidade à zona inferior do espírito, aos porões da alma, ao fragor dos instintos tempestuados.

Para ela, a nossa vigilância e a nossa prece.

Semelhante expulsão do bom-senso carreia apenas prejuízos de estarrecer. Ela, em si, humilha e ridiculariza muito mais a criatura do que qualquer pretexto invocado para motivá-la.

Transporta as cruzes pequeninas das dificuldades de cada dia, em paz e paciência.

Desenruga a face nos sorrisos de bondade constante.

Reprime o gesto de precipitação e abençoa sempre.

Mergulha o próprio pensamento no pensamento cintilante da atualidade espírita e, se contrariado, perdoa... se perseguido, perdoa... se humilhado, perdoa... para compores o clima cada vez mais puro da confraternidade entre os homens, com esforços e lutas, serviços desinteressados e iniciativas redentoras, junto aos Vanguardeiros da Verdade e do Amor.

Manuel Quintão / Waldo Vieira – Livro: Seareiros de volta

Consegues ir?

 

“Vinde a mim..." Jesus (Mateus, 11 :28)

 

O crente escuta o apelo do Mestre, anotando abençoadas consolações. O doutrinador repete-o para comunicar vibrações de conforto espiritual aos ouvintes.

Todos ouvem as palavras do Cristo, as quais insistem para que a mente inquieta e o coração atormentado lhe procurem o regaço refrigerante...

Contudo, se é fácil ouvir e repetir o "vinde a mim" do Senhor, quão difícil é “ir para Ele”!

Aqui, as palavras do Mestre se derramam por vitalizante bálsamo, entretanto, os laços da conveniência imediatista são demasiado fortes; além, assinala-se o convite divino, entre promessas de renovação para a jornada redentora, todavia, o cárcere do desânimo isola o espírito, através de grades resistentes; acolá, o chamamento do Alto ameniza as penas da alma desiludida, mas é quase impraticável a libertação dos impedimentos constituídos por pessoas e coisas, situações e interesses individuais, aparentemente inadiáveis.

Jesus, o nosso Salvador, estende-nos os braços amoráveis e compassivos.

Com ele, a vida enriquecer-se-á de valores imperecíveis e à sombra dos seus ensinamentos celestes seguiremos, pelo trabalho santificante, na direção da Pátria Universal...

Todos os crentes registram-lhe o apelo consolador, mas raros se revelam suficientemente valorosos na fé para lhe buscarem a companhia. Em suma, é muito doce escutar o “vinde a mim”...

Entretanto, para falar com verdade, já consegues ir?

 

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 005

Prece do pão

 


Senhor!

Entre aqueles que te pedem proteção, estou eu também, servo humilde a quem mandaste extinguir o flagelo da fome.

Partilhando o movimento daqueles que te servem, fiz hoje igualmente o meu giro. Vi-me frequentemente detido, em lares faustosos, cooperando nas alegrias da mesa farta, mas vi pobres mulheres que me estendiam, debalde, as mãos!...

Vi crianças esquálidas que me olhavam ansiosas, como se estivessem fitando um tesouro perdido.

Encontrei homens tristes, transpirando suor, que me contemplavam agoniados, rogando em silêncio para que lhes socorresse os filhinhos largados ao extremo infortúnio...

Escutei doentes que não precisavam tanto de remédio, mas de mim, para que pudessem atender ao estômago torturado!

Vi a penúria cansada de pranto e reparei, em muitos corações desvalidos, mudo desespero por minha causa.

Entretanto, Senhor, quase sempre estou encarcerado por aquelas mesmas criaturas que te dizem honrar.

Falam em teu nome, confortadas e distraídas na moldura do supérfluo, esquecendo que caminhaste no mundo, sem reter uma pedra em que repousar a cabeça.

Elogiam-te a bondade e exaltam-te a glória, sem perceberem junto delas, seus próprios irmãos fatigados e desnutridos.

E, muitas vezes, depois de formosas dissertações em torno de teus ensinos, aprisionam-me em gavetas e armários, quando não me trancam sob a tela colorida de vitrines custosas ou no recinto escuro dos armazéns.

Ensina-lhes, Senhor, nas lições da caridade, a dividir-me por amor, para que eu não seja motivo à delinquência.

E, se possível, multiplica-me, por misericórdia, outra vez, a fim de que eu possa aliviar todos os famintos da Terra, porque um dia, Senhor, quando ensinavas o homem a orar, incluíste-me entre as necessidades mais justas da vida, suplicando também a Deus:

“O pão nosso de cada dia dai-nos hoje”.

Meimei / Chico Xavier – Livro: O Espírito da Verdade