Há exatos oitenta e três anos, o nobre escritor e
cronista admirável Humberto de Campos Veras, renascido no Estado do Maranhão,
ditaria por via mediúnica seu célebre livro “Brasil, coração do mundo, pátria
do Evangelho”. Desde aqueles recuados dias de sua publicação até a presente
data ainda pairam dúvidas e inquietações várias nos seus leitores sobre as
espantosas revelações ali inseridas.
Seria mesmo o Brasil coração do mundo? Teria como cumprir
sua missão coletiva de pátria da Boa Nova, fazendo ressurgir no mundo a
essência perdida do Evangelho de Jesus, que os dedos viciados de exegetas e
teólogos desfiguraram ao longo de dois milênios?
Descrevendo a trajetória da nacionalidade brasileira
desde a Escola de Sagres, em Portugal, até a Proclamação da República
Brasileira, em 1889, situa com precisão histórica os fatos, mas destaca aos
olhos atentos os bastidores espirituais dos grandes acontecimentos que
assinalaram a marcha histórica da pátria do Cruzeiro.
Em nenhum instante fixa um fatalismo divino de que a
tarefa será cumprida. Apenas deixa claro que existe uma expectativa de
realização de uma tarefa espiritual, que para ser alcançada depende de fatores
que estão tanto na esfera extrafísica quanto na dimensão dos seres vestidos de
carne. Homens, mulheres e Espíritos desencarnados devem ajustar esforços para,
conjuntamente, tornar a missão exequível. Não faltará suporte do mais além.
Ninguém será chamado a cooperar sem a garantia de uma
retaguarda que lhe garanta condições para enfrentar os desafios que surgirão.
Em sabendo que uma missão coletiva de tal envergadura
será incômoda para as sombras e contrária aos interesses de grupos ainda
mergulhados na ignorância, ansiosos por manter seus ilusórios fastígios de
poder e escravidão de consciências, é natural imaginar que haverá uma reação
contrária aos propósitos do Cristo, criando turbulências e inquietações de
natureza política e social, como várias que já sacudiram a nação.
Dispondo de um vasto território, onde se ocultam riquezas
minerais incalculáveis, matas que escondem maravilhosos segredos fitoterápicos
e terras aráveis imensas, de onde saem e sairão safras que vão abastecer o
mundo, tais tesouros já criaram e ainda estimulam cobiças abomináveis, gerando
distúrbios na condução do país, que vez por outra se vê assaltado em seus
incalculáveis recursos, enquanto a miséria e a fome chicoteiam multidões
incontáveis.
Roma, nos seus dias de glória e dominação arbitrária,
distribuía, a mando de César, pão e circo aos miseráveis do Esquilino e do
Velabro, do Trastevere e das palafitas infectas, buscando com tal política
manter as massas entorpecidas para os desmandos do império em decadência moral.
Igualmente nosso país já enfrentou e enfrenta distúrbios de natureza moral,
onde nem sempre a classe dirigente se porta com a altivez desejada pela massa
de povo, patrocinando o circo e sonegando o pão.
Fome, analfabetismo, desemprego, infraestrutura precária
e injustiça se espalham como morbo pestífero, gerando indignação e atraso.
Entretanto, todos esses fatores ainda são reflexos da
imperfeição humana, que serão diluídas pela educação e passarão nos tablados da
política terrestre como agonias de um tempo de provações, de onde se poderão
tirar lições para o discernimento popular em torno de suas lideranças
transitórias.
Acima das conjunturas humanas e da astúcia política de
bastidores, o Brasil está vinculado ao programa de Jesus em relação ao mundo. O
casuísmo de interesses partidários cederá lugar aos projetos de humanização
social, patrocinando a orientação justa e nobre à infância e à juventude,
ofertando emprego aos moços e garantindo que nenhum idoso seja deixado ao
abandono.
Acima das conjunturas tão somente visíveis pela economia,
qual o PIB e as estatísticas de venda, a nação brasileira exportará liberdade
com responsabilidade, aproveitamento digno sem desperdício e religiosidade sem
fanatismo. Acolhendo imigrantes e apátridas, lhes dará casa e comida aos corpos
exaustos de buscar uma nova pátria para viver, mas acima do prato lhes
garantirá a dignidade furtada pelas insurreições e guerras truanescas que
periodicamente eclodem em outros continentes.
Sob seu céu muito azul, o Cruzeiro do Sul nos recordará
cada noite que temos um compromisso coletivo com o mundo, ora atravessando uma
das suas mais amargas transições.
Em vez de canhões, arados.
Em lugar de presídios, escolas.
Ao invés de jovens infratores, atletas para júbilo da
nação verde amarela.
O Brasil reúne todas as condições para ser o coração do
mundo. Seu formato geográfico já retrata um coração pulsando na América do Sul.
Poderá ser, se o quisermos, Pátria do Evangelho. Basta que cada um
descrucifique o Divino Amigo dos homens e insculpa Seu Evangelho na própria
existência, tornando-se arauto de um novo tempo, assinalado pelas mudanças de
paradigmas em direção ao mundo novo que ansiamos desde já.
Mensagem psicografada pelo médium Marcel Mariano, ditada
pelo Espírito Marta, em Juazeiro, 25.06.2021
Fonte: febnet.org.br