quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Educação na família

 

A Educação Espírita, como bem frisou Kardec, se inicia nas famílias espíritas. Exemplos cristãos, reencarnação, compreensão de Deus, amor, fraternidade, possibilidade de intercâmbio entre encarnados e desencarnados, fazem parte dos conhecimentos que os pais devem ministrar aos seus filhos.

Os pais espíritas utilizarão os recursos da prece, do Evangelho no Lar e do passe. Dedicar-se-ão, ainda, ao auxílio às casas espíritas.

Não farão do filho um tirano doméstico, ou um inadaptado para o mundo. Mas o encaminharão para as escolas de evangelização espírita. Não colocarão as crianças em escolas protestantes ou católicas, não por preconceitos tolos, mas para não confundi-las.

É grande o número de pais espíritas que levam seus filhos às aulas de evangelização espírita, aos sábados e domingos, e permitem que eles aprendam religião católica ou protestante, durante a semana. A criança acredita nos pais, mas também nos professores, e se interroga: afinal, quem está com a razão? Como conciliar opiniões tão diversas?

Isso é horrível para a criança.

Uma vez por semana, a família espírita se reunirá para fazer o Evangelho no Lar. Não é um ritual, mas uma disciplina que permitirá a nossa ligação com o mundo espiritual. Após o Evangelho, a família poderá analisar, à luz do Espiritismo, os problemas atuais que preocupam sobretudo os jovens: a guerra, a fome, o desemprego, as injustiças sociais, a falta de amor. A compreensão da reencarnação e da lei de Ação e Reação facultará o entendimento do “porquê” das dificuldades do mundo em que vivemos.

Os pais espíritas explicarão aos seus filhos que não somos robôs.

Que podemos modificar o nosso destino, atenuar as nossas provas e transformar para melhor o mundo à nossa volta. Esforço de evolução não é esperar, inerte, pelo auxílio divino, acreditando que tudo lhe será dado. É modificar-se, através do amor e com energia. Gandhi é o exemplo do indivíduo que entendeu, como ninguém, a necessidade de agir no mundo que o rodeava. É o exemplo de não aceitarmos tudo, e “deixar como está, para ver como fica”.

Antes de Gandhi, um homem louro e doce, deu o exemplo de como lutar contra as injustiças. O Meigo Nazareno soube usar de energia, quando verberou os fariseus chamando-os de “sepulcros caiados por fora e cheios de podridão por dentro”, acrescentando, ainda: “sereis lançados nas trevas exteriores, e aí haverá choro e ranger de dentes”.

Como bem diz Herculano Pires, evoluir não é ficar indiferente, com falsas atitudes de humildade e amor. Isso é ser igual aos fariseus. Evoluir é desenvolver a energia amorosa de Jesus, de Paulo de Tarso, de Gandhi, da Madre Teresa de Calcutá, de Joana d’Arc e de tantos outros que iluminaram o mundo com seus exemplos edificantes.

Como alguns membros da família espírita se acham, ainda, ligados às leis cármicas, à luz do Espiritismo se fortalecerão, e irão corrigir suas imperfeições e colaborar para um mundo melhor.

A função da família espírita é desenvolver, em casa, sob as claridades do Evangelho, todas as boas qualidades, as quais serão, posteriormente, colocadas em prática fora dela.

Uma nova Humanidade surgirá, sem barreiras geográficas.

Uma humanidade que praticará, realmente, as Leis de Deus. Não mais o “meu”, o “teu”. A “minha” família, a “tua” família, mas a compreensão da família espiritual, resumida num só rebanho, com um só pastor, de que nos fala o profeta.

Quando o lindo bebê surge em nossa casa e começa a se desenvolver, o dever de todos os membros da família é auxiliá-lo na sua sociabilidade. Infelizmente, o que vemos é estimular-lhe o egoísmo. Se ele faz malcriações, todos acham graça. Se bate, exige, não empresta os brinquedos, a família se encanta com a sua personalidade forte. Logo se transforma numa criatura exigente, depois em um adolescente difícil, e finalmente em um adulto insuportável. De quem a culpa? Dos pais, dos tios, de todos os que incentivaram as tendências inferiores do reencarnado. A finalidade da educação é, exatamente, desenvolver as tendências boas e eliminar os defeitos trazidos de outras encarnações.

O mundo cruel de hoje é o produto do egoísmo que ainda existe nos corações. E se esse egoísmo vem de séculos, é comum encontrar estímulos na educação pragmática deste século.

A Educação Espírita, trazendo nova visão do mundo, auxiliará a formação da família espiritual.

A família espírita participará do Evangelho no Lar como fonte que é, da harmonização de seus membros. Não é um ritual, mas um momento de sintonia com o plano espiritual superior. É quando os corações, unidos, agradecerão a Deus todo o auxílio que lhes tem dispensado.

 

Heloísa Pires – Livro: Educação Espírita

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

A retribuição

 " Pedro disse-lhe: — E nós que deixamos tudo e te seguimos, que receberemos?"

(Mateus, 19:27)


A pergunta do apóstolo exprime a atitude de muitos corações nos templos religiosos.

Consagra-se o homem a determinado círculo de fé e clama, de imediato:

— "Que receberei?"

A resposta, porém, se derrama silenciosa, através da própria vida.

Que recebe o grão maduro, após a colheita?

O triturador que o ajuda a purificar-se.

Que prêmio se reserva à farinha alva e nobre?

O fermento que a transforma para a utilidade geral.

Que privilégio caracteriza o pão, depois do forno?

A graça de servir.

Não se formam cristãos para adornos vivos do mundo e sim para a ação regeneradora e santificante da existência.

Outrora, os servidores da realeza humana recebiam o espólio dos vencidos e, com eles, se rodeavam de gratificações de natureza física, com as quais abreviavam a própria morte.

Em Cristo, contudo, o quadro é diverso.

Vencemos, em’ companhia dele, para nos fazermos irmãos de quantos nos partilham a experiência, guardando a obrigação de ampará-los e ser-lhes úteis.

Simão Pedro, que desejou saber qual lhe seria a recompensa pela adesão à Boa Nova, viu, de perto, a necessidade da renúncia. Quanto mais se lhe acendrou a fé, maiores testemunhos de amor à Humanidade lhe foram requeridos. Quanto mais conhecimento adquiriu, a mais ampla caridade foi constrangido, até o sacrifício extremo.

Se deixaste, pois, por devoção a Jesus, os laços que te prendiam às zonas inferiores da vida, recorda que, por felicidade tua, recebeste do Céu a honra de ajudar, a prerrogativa de entender e a glória de servir.

 

Emmanuel/ Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 022

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Oração da criança

 


Amigo:

Ajuda-me agora, para que eu te auxilie depois. Não me relegues ao esquecimento, nem me condenes à ignorância ou à crueldade.

Venho ao encontro de tua aspiração, do teu convívio, de tua obra...

Em tua companhia estou na condição da argila nas mãos do oleiro.

Hoje, sou sementeira, fragilidade, promessa...

Amanhã, porém, serei tua própria realização.

Corrige-me, com amor, quando a sombra do erro envolver-me o caminho, para que a confiança não me abandone.

Protege-me contra o mal.

Ensina-me a descobrir o bem, onde estiver.

Não me afastes de Deus e ajude-me a conservar o amor e o respeito que devo às pessoas, aos animais e às coisas que me cercam.

Não me negues tua boa vontade, teu carinho e tua paciência.

Tenho tanta necessidade do teu coração, quanto a plantinha tenra precisa da água para prosperar e viver.

Dá-me tua bondade e dar-te-ei cooperação.

De ti depende que eu seja pior ou melhor amanhã.


Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Antologia da criança

sábado, 9 de outubro de 2021

Mais Luz - Edição 547

 Leia conosco: Educação no lar, agenda espírita e muito mais.


https://mailchi.mp/446bac1583e8/boletim-mais-luz

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Educação no lar

 


A educação espírita começa no lar. Nas famílias espíritas é dever dos pais iniciar os filhos nos princípios doutrinários desde cedo. A falta de compreensão da doutrina faz que certas pessoas pensem que as crianças não devem preocupar-se com o assunto. Essas pessoas se esquecem de que os seus filhos necessitam de orientação espiritual e que essa orientação será tanto mais eficiente quanto mais cedo lhes for dada. Kardec, num trecho da Revista Espírita, conta como na França, já no seu tempo, a educação espírita no lar começava a produzir maravilhosos efeitos.

É preciso não esquecer que as crianças são espíritos reencarnados, espíritos adultos que se vestem, como ensina Kardec: "com a roupagem da inocência" para voltarem à Terra e iniciarem uma vida nova. Os espíritos que se reencarnam em famílias espíritas já vêm para esse meio para receberem desde cedo o auxílio de que necessitam. Os pais que, a pretexto de respeitar a liberdade de escolha de quem ainda não pode escolher, ou de não forçar os filhos a tomarem um rumo certo na vida, deixam de iniciar os filhos no Espiritismo, estão faltando com os seus deveres mais graves.

Ensinar às crianças o princípio da reencarnação, da lei de causas e efeitos, da presença do anjo-guardião em suas vidas, da comunicabilidade dos espíritos e assim por diante, é um dever inalienável dos pais. Pensar que isso pode assustar as crianças e criar temores desnecessários é ignorar que as crianças já trazem consigo o germe desses conhecimentos e também que estão mais próximos do mundo espiritual do que os adultos.

Descuidar da educação espírita dos filhos é negar-lhes a verdade. O maior patrimônio que os pais podem legar aos filhos é o conhecimento de uma doutrina que vai garantir-lhes a tranquilidade e a orientação certa no futuro. Os pais que temem dar educação espírita às crianças não têm uma noção exata do Espiritismo e por isso mesmo não confiam no valor da doutrina que esposam.

Porque razão os católicos e os protestantes podem ensinar aos filhos que existe o inferno e o diabo, que a condenação eterna os ameaça e que o anjo da guarda pode protegê-los, e o espírita não pode ensinar princípios muito mais confortadores e racionais? Se o medo do diabo e do inferno não traumatiza as crianças das religiões formalistas, por que razão o ensino de que não existe o inferno nem existe o diabo vai apavorá-las? Não há lógica nenhuma nessa atitude que decorre apenas de preconceitos ainda não superados pelos pais, na educação errônea que receberam quando crianças.

As crianças de hoje estão preparadas para enfrentar a realidade do novo mundo que está nascendo. Esse novo mundo tem por alicerce os fundamentos do Espiritismo, porque os princípios da doutrina estão sendo confirmados dia a dia pelas Ciências. A mente humana se abre neste século para o conhecimento racional dos problemas espirituais. Chegou o momento do Consolador prometido pelo Cristo. Os pais espíritas precisam compreender isso e iniciar sem temor os seus filhos na doutrina que lhes garantirá tranquilidade e confiança na vida nova que iniciam.

A melhor maneira de desenvolver a educação espírita no lar é organizar festinhas domingueiras com prece, recitativos infantis de tema evangélico, explicação de parábolas, canções espíritas e brincadeiras criativas, que ajudem a despertar a criatividade das crianças. Espiritismo é alegria, espontaneidade, sociabilidade. Essas festinhas preparam o espírito da criança para o aprendizado nas aulas dos Centros e para as aulas de Espiritismo na escola.

Esconder às crianças de hoje a verdade espírita é cometer um verdadeiro crime contra o seu progresso espiritual e a sua integração na cultura espírita do novo mundo que está nascendo. Que os pais espíritas não se furtem a esse dever. A educação no lar é a base de todo o processo posterior de educação escolar e de educação social, que os adolescentes e os jovens irão enfrentar na vida.

Não importa que alguns espíritas metidos a sabichões combatam a educação espírita. Deus os perdoará, porque eles não sabem o que fazem. O que importa é os pais se inteirarem de suas responsabilidades pessoais, que não podem transferir a ninguém, e tratem de cumpri-las.

Se forem realmente espíritas, os pais saberão quanto o Espiritismo lhes tem valido na vida. Que direito terão de negar aos filhos o conhecimento dessa doutrina que tanto bem lhes faz?

Quererão que os filhos se extraviem no materialismo e na irresponsabilidade que desgraça tantos jovens de hoje?

José Herculano Pires – Livro: Pedagogia Espírita


Maioridade

 “...O menor é abençoado pelo maior”. Paulo (Hebreus. 7:7)

 

Em todas as atividades da vida, há quem alcance a maioridade natural entre os seus parentes, companheiros ou contemporâneos.

Há quem se faz maior na experiência física, no conhecimento, na virtude ou na competência.

De modo geral, contudo, aquele que se vê guindado a qualquer nível de superioridade costuma valer-se da situação para esquecer seu débito para com o espírito comum.

Muitas vezes quem atinge a maioridade financeira torna-se avarento, quem encontra o destaque científico faz-se vaidoso e quem se vê na galeria do poder abraça o orgulho vão.

A Lei da Vida, porém, não recomenda o exclusivismo e a separatividade.

Segundo os princípios divinos, todo progresso legítimo se converte em bênçãos para a coletividade inteira.

A própria Natureza oferece lições sublimes nesse sentido.

Cresce a árvore para a frutificação.

Cresce a fonte para benefício do solo.

Se cresceste em experiência ou em elevação de qualquer espécie, lembra-te da comunhão fraternal com todos.

O Sol, com seus raios de luz, não desampara a furna barrenta e não desdenha o verme.

Desenvolvimento é poder.

Repara como empregas as vantagens de que a tua existência foi acrescentada. O Espírito Mais Alto de quantos já se manifestaram na Terra aceitou o sacrifício supremo, a fim de auxiliar a todos, sem condições.

Não te esqueças de que, segundo o Estatuto Divino, o "menor é abençoado pelo maior".

 

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 021

Oração da criança ao homem

 


Edificaste um mundo novo, em que me veja num futuro melhor.

Auxilia-me a ter alegria dentro dele.

Deste-me liberdade.

Ensina-me a ser livre, sendo feliz.

Colocaste-me no centro da cultura, com acesso às mais avançadas experiências.

Guia-me os passos para que não me sinta em desequilíbrio e para que o desequilíbrio não me enlouqueça.

Dizes que me defendes.

Não me recuses os benefícios da escola e do trabalho e nem me induzas a qualquer ideia de ódio e separação.

Inventaste estradas nos céus.

Ajuda-me a construir caminhos em que possa fazer o meu encontro com os semelhantes, no clima da compreensão e da paz.

Criaste máquinas preciosas para meu reconforto.

Ensina-me a dirigi-las com amor e responsabilidade para que elas não me esmaguem.

Desenvolveste o progresso e levantaste a grandeza material em todos os recantos da Terra, e agradeço-te por tudo - a ti que me acolhes com tanto carinho e com tanto amor - mas peço, com todas as forças de meu coração para que não me afastes de Deus.

Meimei / Chico Xavier – Livro: Antologia da criança

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Homenagem a Allan Kardec

 


As exuberantes claridades do Século das Luzes não foram suficientes para arrancar a criatura humana do materialismo e do pessimismo. Enquanto as Escolas de pensamento se debatiam nas rudes procelas do cepticismo e da negação, apoiadas sobre os alicerces do mecanicismo científico, afirmando a morte do ser no momento da anóxia cerebral, igualmente alargavam-se os horizontes da investigação em torno da personalidade e do comportamento, da psique e da saúde mental, tentando-se compreender a estrutura profunda do inconsciente e da sua constituição neurológica.

Teorias grandiosas apareciam com entusiasmo e emurcheciam dominadas por outras não menos esdrúxulas, que deslumbravam as mentes aturdidas e cansadas do Deus teológico e arbitrário, que atemorizava e punia sem compaixão em nome do amor que preconizava em Seu nome.

Pensadores cristãos sinceros, não obstante, proclamavam a necessidade de uma releitura do Evangelho baseados na necessidade de uma renovação moral fundamentada em Deus e liberdade. Espíritos notáveis reencarnados, quais Lamennais, Lacordaire e outros lídimos servidores do Bem, após iniciarem a nova era do pensamento cristão através do seu periódico L'Avenir, convidando os teólogos e estudiosos católicos a uma revisão dos textos evangélicos e aplicação mais consentânea com os dias de então, viram o seu órgão ser fechado pela intolerância clerical, em tentativa cruel de silenciar-lhes a voz, mas não desistindo de dar prosseguimento à luta em favor de uma sociedade feliz e realmente cristã conforme os postulados enunciados e vividos por Jesus.

Dessa forma, pairava na psicosfera cultural da França e do mundo, algo de extraordinário que deveria acontecer para alterar completamente e por definitivo a conduta religiosa que se debatia nos estertores da obstinação medieval, sobrevivente a todos os avançados passos do conhecimento existente. Eram os prenúncios da chegada do Espiritismo, cujos missionários responsáveis pelo ministério já se encontravam reencarnados uns, enquanto os outros preparavam a instalação da Nova Era.

O materialismo vigoroso era a resposta das conquistas logradas nos laboratórios e da reação filosófica de homens e mulheres que não mais se submetiam aos ditames escravocratas das paixões que produziam o fanatismo religioso, sempre distante da realidade, porém, dominante e perverso.

A razão, naqueles dias, libertava-se dos grilhões do magister dixit e a severa vigilância na literatura que somente podia proclamar aquilo que estivesse sob os ditames da revisão religiosa autorizada pelo Imprimatur da Igreja começava a perder força e poder. O panfletismo e as impressões desautorizadas sacudiam as mentes e os corações que aspiravam por liberdade abrindo os horizontes da fé para novas conceituações e procedimentos.

Foi nesse báratro que surgiu O Livro dos Espíritos, publicado pela coragem moral e cultural de Allan Kardec, graças ao compromisso estabelecido com o Sr. Dentu e mantido pela sua viúva Sra. Mélanie, que lhe honrou a memória, ensejando a impostergável revisão e reestudo da doutrina de Jesus sob a óptica da Razão e da Ciência, confirmando a indestrutibilidade do Espírito, a sua comunicabilidade com os seres humanos, a reencarnação, e apresentando a ética-moral que ressuma do Seu Evangelho, e que se encontrava mergulhada no abismo da ignorância e dos interesses subalternos.

Com as novas propostas espíritas, os camartelos do bom senso e da investigação abriram as carcomidas bases das religiões dominantes, facultando novas incursões filosóficas na interpretação dos textos de Jesus e dos Seus discípulos, que trouxeram coragem e alegria de viver aos milhões de sofredores aquartelados nos sombrios redutos da ignorância, do medo ou do desespero e da revolta...

O Espiritismo veio confirmar a promessa de O Consolador proposta por Jesus antes de despedir-se dos amigos, com os notáveis instrumentos da investigação científica e do pensamento ético, ensejando a religião do amor e da razão, únicos requisitos que podem oferecer resistência contra o mal e a perversidade histórica sempre presente nos comportamentos humanos.

Inesperadamente, face ao cinismo e à vulgaridade que o materialismo propunha ao comportamento com expressões hedonistas desgastantes, sentindo-se aturdido e desestruturado, levantou-se para exterminar o Espiritismo utilizando-se do ridículo que antes dirigia aos clérigos e religiosos outros para atingir os médiuns, que eram acusados de charlatães ou de psicopatas, não ocultando os estertores agônicos em que se estorcegava.

Enquanto os religiosos levantavam bandeiras de nova caça às bruxas, repetindo os desgastados refrões medievais, de intervenção demoníaca na sua conduta, o cepticismo orgulhoso e vão ridicularizava a mediunidade e os espíritas utilizando-se de epítetos chulos e mesquinhos, para subestimarem a nova revolução que ignoravam, não tendo a coragem cultural de se dedicarem ao seu estudo e análise. É sempre mais fácil combater o que se ignora, mantendo-se na presunçosa figuração de sapiente do que reconhecer os próprios limites, avançando sempre no rumo de enobrecida erudição. Isto porque, o conhecimento que realmente liberta, impõe conduta compatível com as informações constatadas exigindo radical mudança dos hábitos doentios e primários com os quais se encontra acostumado o indivíduo, para galgar um patamar mais elevado de comportamento, que exige esforço, porém compensa pela plenitude que propicia.

O Espiritismo é uma ciência de profundas consequências ético-morais por estruturar-se na compreensão de uma filosofia existencial estribada no comportamento saudável. De nada adiantaria o conhecimento da imortalidade da alma e os efeitos da sua conduta terrestre, se não proporcionasse uma alteração real na maneira de ser do indivíduo que lhe assimila os paradigmas. Exige, portanto, expressivo esforço do seu adepto para se adequar aos seus impositivos doutrinários.

Sobrevivendo ao Século das Luzes que pôde mais clarear com as estrelas fulgurantes das suas propostas, venceu sobranceiro o Século da Ciência e da Tecnologia, sem que qualquer um dos seus postulados sofresse alteração ou fosse superado, antes confirmados pelas diferentes áreas da investigação científica, seja na Física Quântica, quanto na Biologia Molecular, na Psicologia Transpessoal, quanto na Embriogenia, havendo enfrentado as mais avançadas conquistas revolucionárias dos últimos tempos quais os transplantes de órgãos, a criogenia, a clonagem, a fecundação in vitro, a virusterapia... É o maior adversário da eutanásia, do aborto criminoso, da pena de morte, do suicídio, das guerras, sempre de pé contra o direito humano de matar, avançando estoico pelos caminhos do Terceiro Milênio com as suas propostas libertadoras e nobres, construindo o homem mais saudável, integral e a sociedade feliz por todos anelados.

Dessa forma, recordando o ínclito Codificador Allan Kardec, que abriu a cortina da Nova Era com o seu caráter invulgar de homem de bem, de erudição e de dignidade, nós, os Espíritos-espíritas agradecemos a sua contribuição e valor, por haver sido o excelente instrumento do Mundo espiritual para a Humanidade no momento mais grave do pensamento histórico de todos os tempos.

 

Vianna de Carvalho – Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na noite de 4 de junho de 2001, em Paris, França

Fonte: http://www.divaldofranco.com.br