Leia conosco:
Deveres imediatos
A verdadeira propriedade
Destruição e miséria
Oração Fraternal
Leia conosco:
Deveres imediatos
A verdadeira propriedade
Destruição e miséria
Oração Fraternal
Porque perseverem, no mundo, as separações
discriminativas da sociedade, isolando as classes e as raças humanas e formando
grupos infelizes; porque o abuso do poder propicie a subtração das liberdades e
dos direitos humanos; porque o homem continue escravo do homem e as conjunturas
econômicas respondam pela miséria das massas; porque o obscurantismo a respeito
da cultura real domine verdadeiras multidões e o acesso às escolas que libertam
e burilam o pensamento constitua um privilégio para as minorias dominantes,
devemo-nos empenhar em esforço hercúleo para mudar as estruturas vigentes.
Enquanto a dor física desgaste a alma, ou os problemas psíquicos
gerem enfermidades orgânicas, ou as conjunturas emocionais produzam distúrbios
na economia espiritual dos homens; enquanto a indiferença dos ricos marginalize
o sofrimento dos pobres e o menor esforço receba estipêndios vultosos num
atentado ao sacrifício das classes trabalhadoras; enquanto a morte pela fome
dizime centenas de milhões de vidas ou apenas uma vida, o homem necessita
modificar a forma de comportar-se, na Terra, ampliando os recursos da
solidariedade e do auxílio fraterno.
Viceje o vício, que ceifa a juventude e entenebrece a
vida; predomine a corrupção, que envilece a criatura; permaneçam os promotores
da degradação dos costumes; assente-se o triunfo nos pântanos da vergonha
moral; prospere a injustiça, mascarada de direito; reinem a violência e a
agressividade, atestando a situação de primitivismo e semibarbárie da civilização,
faz-se imprescindível educar o ser humano e conscientizá-lo das superiores
finalidades da sua vilegiatura no curto período do trânsito somático.
Desde que o egoísmo tenha prioridade no relacionamento entre
os homens em face do êxito da intriga e da calúnia bem forjadas; diante da
traição que se mascara de amizade; frente ao suborno da dignidade e da
consciência, na disputa dos valores de monta insignificante, porque mui
passageiros; perante a vitória da impunidade, da delinquência de qualquer espécie,
a real cultura não se pode entorpecer pelos vapores do adesismo de frutos
apodrecidos, mas levantar-se para profligar o abuso e exalçar as conquistas do
bem, do verdadeiro e do belo.
Como ainda predomine o comércio de vidas, nos bordéis da licenciosidade
e nos escritórios de luxo, que vendem "imagens" ao público ávido de
sensações; desde que permanece o tráfico de drogas e de alucinógenos,
enlouquecendo dezenas de milhões de vidas jovens e aniquilando-as sob os
disfarces da insensatez e do prazer; porque sobreviva a chantagem moral e a
financeira e a submissão indigna faça parte da metodologia de situações vantajosas,
eleitas pelo equívoco dos aproveitadores, é justo que o silêncio acumpliciador
das mentes e caracteres honrados seja substituído pelo verbo quente e pela ação
repulsiva ao estado de decomposição moral em que se encontra a quase totalidade
do organismo social.
A quietação do homem justo diante do disparate do crime é
conivência inconsciente para com a delinquência.
A acomodação da dignidade responde pela prevalência da desordem.
A imoralidade não espera a anuência da virtude para assentar
o seu quartel, antes impõe-se, chocante e intempestiva, produzindo, pela
violência dos costumes, uma aceitação a princípio tímida e depois aplaudida.
Justo que os contornos da honra não fiquem diluídos em sombras,
nem os deveres do bem cedam lugar às permissividades a pretexto de tolerância e
progresso.
O código irrefragável do "amor a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo" tem preferência a quaisquer outras
posturas, porque é uma síntese soberana da lei moisaica e do antigo direito
romano, que ainda, teoricamente, serve de base à Justiça humana.
As débeis tentativas da persistência do bem e da ordem deverão
fortalecer-se e amiudar-se tomando o terreno que foi arbitrariamente cedido às
paixões nefastas para prejuízo da harmonia social.
O homem tem o dever de recompor-se moralmente para viver
em harmonia consigo mesmo e com as leis que vigem em a Natureza, refletindo a
ordem da Criação.
Nunca se fizeram tão necessários quanto hoje os esforços pelo
bem geral das comunidades e jamais houve tão grande urgência para as lideranças
enobrecidas.
Substituir os hábitos perniciosos por comportamentos corretos;
gerar atitudes e compromissos salutares no relacionamento com as demais
criaturas; promover o trabalho realizador e educar o povo; produzir leis justas
e fomentar o respeito pela sua vigência são as tarefas do homem integrado na vera
filosofia do Cristianismo, desvestido de arbitrariedades e sofismas,
acomodações utilitaristas e dogmas absurdos, numa tentativa de restauração do
otimismo, que cede lugar à angústia e à neurose, ao mesmo tempo antecipando o
amanhã pacífico e ditoso da Humanidade.
Victor Hugo / Divaldo Franco – Livro: Roteiro de libertação
“Em seus caminhos há destruição e miséria” Paulo (Romanos. 3:16)
Quando o discípulo se distancia da
confiança no Mestre e se esquiva à ação nas linhas do exemplo que o seu divino
apostolado nos legou, preferindo a senda vasta de infidelidade à própria consciência,
cava, sem perceber, largos abismos de destruição e miséria por onde passa.
Se cristaliza a mente na ociosidade,
elimina o bom ânimo no coração dos trabalhadores que o cercam e estrangula as
suas próprias oportunidades de servir.
Se desce ao desfiladeiro da negação,
destrói as esperanças tenras no sentimento de quantos se abeiram da fé e tece
vasta rede de sombras para si mesmo.
Se transfere a alma para a residência
escura do vício, sufoca as virtudes nascentes nos companheiros de jornada e
adquire débitos pesados para o futuro.
Se asila o desespero, apaga o tênue
clarão da confiança na alma do próximo e chora inutilmente, sob a tormenta de
lágrimas destrutivas.
Se busca refúgio na casa fria da
tristeza, asfixia o otimismo naqueles que o acompanham e perde a riqueza do
tempo, em lamentações improfícuas.
A determinação divina para o aprendiz
do Evangelho é seguir adiante, ajudando, compreendendo e servindo a todos.
Estacionar é imobilizar os outros e
congelar-se.
Revoltar-se é chicotear os irmãos e ferir-se.
Fugir ao bem é desorientar os
semelhantes e aniquilar-se.
Desventurados aqueles que não seguem o Mestre que encontraram, porque conhecer Jesus Cristo em espírito e viver longe dele será espalhar a destruição, em torno de nossos passos, e conservar a miséria dentro de nós mesmos.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 027
Irmão nosso, que estás na Terra!
Glorificada seja tua vontade, em favor
do Infinito bem.
Trabalha incessantemente pelo Reino
Divino, com tua cooperação espontânea.
Seja atendida a tua aspiração elevada,
com esquecimento de todos os caprichos inferiores.
Tanto no lar da Carne, quanto no
Templo do Universo.
O pão nosso de cada dia, que vem do
Celeste Celeiro, usa com respeito e divide santamente.
Desculpa nossas faltas para contigo,
assim como o Eterno Pai tem perdoado nossa dividas em comum.
Não permitas que a tua existência se
perca pela tentação dos maus pensamentos.
Livra-te dos males que procedem do
próprio coração.
Porque te pertence, agora, a gloriosa
oportunidade de elevação para o reino do poder, da justiça, da paz, da glória e
do amor para sempre.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Duzentas mensagens
Leia conosco:
IDENTIDADE DOS ESPÍRITOS NAS COMUNICAÇÕES PARTICULARES
Por que os Espíritos evocados por
um sentimento de afeição muitas vezes se recusam a dar provas certas de sua
identidade?
Compreende-se
todo o valor ligado às provas de identidade da parte dos Espíritos que nos são
caros; esse sentimento é muito natural e parece, desde que os Espíritos podem manifestar-se,
que lhes deve ser muito fácil atestar a sua personalidade. A falta de provas
materiais, sobretudo para certas pessoas que não conhecem o mecanismo da
mediunidade, isto é, a lei das relações entre os Espíritos e os homens, é uma
causa de dúvida e de cruel incerteza. Embora tenhamos tratado várias vezes desta
questão, vamos examiná-la novamente, para responder a algumas perguntas que nos
são dirigidas.
Nada
temos a acrescentar ao que foi dito sobre a identidade dos Espíritos que vêm
unicamente para a nossa instrução e que deixaram a Terra há algum tempo.
Sabe-se que ela não pode ser atestada de maneira absoluta e que se deve limitar
a julgar o valor da linguagem.
A
identidade só pode ser constatada com certeza para os Espíritos partidos
recentemente, cujo caráter e hábitos se refletem em suas palavras. Nestes a
identidade se revela por mil particularidades de detalhe. Algumas vezes a prova
ressalta de fatos materiais, característicos, mas na maioria das vezes, de
nuanças da própria linguagem e de uma porção de pequenos nadas que, por serem
pouco salientes, não são menos significativos.
Muitas
vezes as comunicações deste gênero encerram mais provas do que se pensa e que
se descobrem com mais atenção e menos prevenções. Infelizmente, na maior parte
do tempo não se contentam com que o Espírito quer ou pode dar; querem provas à sua
maneira; ou lhe pedem que diga ou faça tal coisa, lembre um nome ou um fato,
num momento dado, sem pensar nos obstáculos que, por vezes, a isto se opõem, e
paralisam a sua boa vontade.
Depois,
obtido o que se deseja, muitas vezes querem mais; acham que não é ainda
bastante concludente; depois de um fato, pedem outro e mais outro. Numa
palavra, nunca são suficientes para convencer. É então que o Espírito, muitas
vezes fatigado por essa insistência, cessa completamente de se manifestar,
esperando que a convicção chegue por outros meios. Mas muitas vezes, também,
sua abstenção lhe é imposta por uma vontade superior, como punição ao
solicitante muito exigente, e também como prova para a sua fé, porquanto, se
por algumas decepções e por não obter o que quer, viesse a abandonar os Espíritos,
esses por sua vez o abandonariam, deixando-o mergulhado nas angústias e
torturas da dúvida, felizes quando seu abandono não tem consequências mais
graves.
Mas,
numa imensidade de casos, as provas materiais de identidade são independentes
da vontade do Espírito, e do desejo que este tem de as dar. Isto se deve à
natureza, ou ao estado do instrumento pelo qual se comunica. Há na faculdade
mediúnica uma variedade infinita de nuanças, que tornam o médium apto ou impróprio
à obtenção de tais ou quais efeitos que, à primeira vista, parecem idênticos e
que, no entanto, dependem de influências fluídicas diferentes. O médium é como
um instrumento de cordas múltiplas: não pode dar som pelas cordas que faltam.
(...)
É
de notar que as provas de identidade vêm quase sempre espontaneamente, no
momento em que menos se pensa, ao passo que são dadas raramente quando pedidas.
Capricho da parte do Espírito? Não; há uma causa material. Ei-la:
As
disposições fluídicas que estabelecem as relações entre o Espírito e o médium
oferecem nuances de extrema delicadeza, inapreciáveis aos nossos sentidos e que
variam de um momento a outro no mesmo médium. Muitas vezes um efeito que não é
possível num instante desejado, sê-lo-á uma hora, um dia, uma semana mais
tarde, porque as disposições ou a energia das correntes fluídicas terão mudado.
Acontece aqui como na fotografia, onde uma simples variação na intensidade ou
na direção da luz é suficiente para favorecer ou impedir a reprodução da imagem.
Um poeta fará versos à vontade? Não; precisa de inspiração. Se não estiver em
disposição favorável, por mais que perscrute o cérebro, nada obterá.
Perguntai-lhe por quê? Nas evocações, o Espírito deixado à vontade se prevalece
das disposições que encontra no médium, aproveita o momento propício; mas
quando essas disposições não existem, não pode mais que o fotógrafo, na
ausência da luz. Portanto, nem sempre pode, mau grado seu desejo, satisfazer
instantaneamente a um pedido de provas de identidade. Eis por que é preferível
esperá-las a solicitá-las.
Além
disso, é preciso considerar que as relações fluídicas que devem existir entre o
Espírito e o médium jamais se estabelecem completamente desde a primeira vez; a
assimilação não se faz senão com o tempo e gradualmente. Daí resulta que, inicialmente,
o Espírito sempre experimenta uma dificuldade que influi na clareza, na
precisão e no desenvolvimento das comunicações; mas, quando o Espírito e o
médium estão habituados um ao outro; quando seus fluidos estão identificados,
as comunicações se dão naturalmente, porque não há mais resistências a vencer.
Por
aí se vê quantas considerações devem ser levadas em conta no exame das
comunicações. É por falta de o fazer e de conhecer as leis que regem esses
tipos de fenômenos que muitas vezes se pede o que é impossível. É absolutamente
como se alguém, que não conhecesse as leis da eletricidade, se admirasse que o
telégrafo pudesse experimentar variações e interrupções e concluísse que a
eletricidade não existe.
O
fato da constatação da identidade de certos Espíritos é um acessório no vasto
conjunto dos resultados que o Espiritismo abarca; mesmo que tal constatação
fosse impossível, nada prejulgaria contra as manifestações em geral, nem contra
as consequências morais daí decorrentes. Seria preciso lamentar os que
privassem das consolações que ela proporciona, por não ter obtido uma
satisfação pessoal, pois isto seria sacrificar o todo à parte.
QUALIFICAÇÃO DE SANTO APLICADA A CERTOS ESPÍRITOS
Num
grupo de província, tendo-se apresentado um Espírito sob o nome de “São José,
santo, três vezes santo”, isto deu ensejo a que se fizesse a seguinte pergunta:
Um
Espírito, mesmo canonizado em vida, pode dar-se a qualificação de santo, sem
faltar à humildade, que é um dos apanágios da verdadeira santidade e,
invocando-o, permite que lhe deem esse título? O Espírito que o toma deve, por
esse fato, ser tido por suspeito?
Um
outro Espírito respondeu:
“Deveis
rejeitá-lo imediatamente, pois equivaleria a um grande capitão que se vos
apresentasse exibindo pomposamente seus numerosos feitos de armas, antes de
declinar o seu, ou a um poeta que começasse por se gabar de seus talentos.
Veríeis nessas palavras um orgulho despropositado. Assim deve ser com homens que
tiveram algumas virtudes na Terra e que foram julgados dignos de canonização.
Se se apresentarem a vós com humildade, crede neles; se vierem se fazendo
preceder de sua santidade, agradecei e nada perdereis. O encarnado não é santo
porque foi canonizado: só Deus é santo, porque só ele possui todas as
perfeições. Vede os Espíritos superiores, que conheceis pela sublimidade de
seus ensinamentos: eles não ousam dizer-se santos; qualificam-se simplesmente
de Espíritos de verdade”.
Esta
resposta demanda algumas retificações. A canonização não implica a santidade no
sentido absoluto, mas simplesmente um certo grau de perfeição. Para alguns a qualificação
de santo tornou-se uma espécie de título banal, fazendo parte integrante do
nome, para os distinguir de seus homônimos, ou que lhes dão por hábito. Santo
Agostinho, São Luís, São Tomé, podem, pois, antepor o nome santo à sua assinatura,
sem que o façam por um sentimento de orgulho, que seria tanto mais descabido em
Espíritos superiores que, melhor que os outros, não fazem nenhum caso das
distinções dadas pelos homens. Dar-se-ia o mesmo com os títulos nobiliárquicos
ou as patentes militares. Seguramente aquele que foi duque, príncipe ou general
na Terra não o é mais no mundo dos Espíritos e, no entanto, assinando, poderão
tomar essas qualificações, sem que isto tenha consequência para o seu caráter.
Alguns assinam: aquele que, quando vivo na Terra, foi o duque de tal. O
sentimento do Espírito se revela pelo conjunto de suas comunicações e por
sinais inequívocos em sua linguagem. É assim que não nos podemos enganar sobre
aquele que começa por se dizer: “São José, santo, três vezes santo”. Só isto
bastaria para revelar um Espírito impostor, adornando-se com o nome de São
José. Assim, ele pôde ver, graças ao conhecimento dos princípios da doutrina,
que sua velhacaria não encontrou ingênuos no círculo onde quis introduzir-se.
O
Espírito que ditou a comunicação acima é, pois, muito absoluto no que concerne
à qualificação de santo e não está certo quando diz que os Espíritos superiores
se dizem simplesmente Espíritos de verdade, qualificação que não passaria de um
orgulho disfarçado sob outro nome, e que poderia induzir em erro, se tomado ao
pé da letra, porque nenhum se pode vangloriar de possuir a verdade absoluta,
nem a santidade absoluta. A qualificação
de Espírito de verdade não pertence senão a um só, (grifo nosso) e pode ser considerada como nome próprio; está
especificada no Evangelho. Aliás, esse Espírito se comunica raramente e apenas
em circunstâncias especiais. Devemos pôr-nos em guarda contra os que se adornam
indevidamente com esse título: são fáceis de reconhecer, pela prolixidade e
pela vulgaridade de sua linguagem.
Allan Kardec – Revista Espírita – julho/1856