quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Erguer e ajudar

 “E ele, dando-lhe a mão, a levantou”. (Atos dos Apóstolos, 9:41)

Muito significativa a lição dos Atos, quando Pedro restaura a irmã Dorcas para a vida.

Não se contenta o apóstolo em pronunciar palavras lindas aos seus ouvidos, renovando-lhe as forças gerais.

Dá-lhe as mãos para que se levante.

O ensinamento é dos mais simbólicos.

Observamos muitos companheiros a se reerguerem para o conhecimento, para a alegria e para a virtude, banhados pela divina claridade do Mestre, e que podem levantar milhares de criaturas para a Esfera Superior.

Para isso, porém, não bastará a predicação pura e simples. O sermão é, realmente, um apelo sublime, do qual não prescindiu o próprio Cristo, mas não podemos esquecer que o Celeste Amigo, se doutrinou no monte, igualmente no monte multiplicou os pães para o povo esfaimado, restabelecendo-lhe o ânimo.

Nós, os que nos achávamos mortos na ignorância, e que hoje, por acréscimo da Misericórdia Infinita, já podemos desfrutar algumas bênçãos de luz, precisamos estender o serviço de socorro aos demais.

Não nos desincumbiremos, porém, da tarefa salvacionista, simplesmente pronunciando alguns discursos admiráveis.

É imprescindível usar nossas mãos nas obras do bem.

Esforço dos braços significa atividade pessoal.

Sem o empenho de nossas energias, na construção do Reino Espiritual com o Cristo, na Terra, debalde alinharemos observações excelentes em torno das preciosidades da Boa Nova ou das necessidades da redenção humana.

Encontrando o nosso irmão, caído na estrada, façamos o possível por despertá-lo com os recursos do verbo transformador, mas não olvidemos que, para trazê-lo de novo à vida construtiva, será indispensável, segundo a inesquecível lição de Pedro, estender-lhe fraternalmente as nossas mãos.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 033

Prece

 


Senhor Jesus,

Dai-nos o poder de operar a própria conversão para que o Teu Reino de Amor seja irradiado do centro de nós mesmos!

Contigo em nós, converteremos:

A treva em claridade,

A dor em alegria,

O ódio em amor,

A descrença em fé viva,

A dúvida em certeza,

A maldade em bondade,

A ignorância em compreensão e sabedoria,

A dureza em ternura,

A fraqueza em força,

O egoísmo em cântico fraterno,

O orgulho em humildade,

O torvo mal em Infinito Bem.

Sabemos, Senhor,

Que, de nós mesmos,

Somente possuímos a inferioridade

De que nos devemos desvencilhar,

Mas, unidos a Ti,

Somos galhos frutíferos na árvore dos séculos,

Que as tempestades da experiência

Jamais deceparão...

Assim, pois, Mestre amoroso,

Digna-te amparar-nos

A fim de que nos elevemos,

Ao encontro de tuas mãos sábias e compassivas,

Que nos erguerão da inutilidade,

Para o serviço da cooperação Divina,

Agora e para sempre.

Assim seja.

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Correio Fraterno

sábado, 25 de dezembro de 2021

Mais Luz - Edição 558

 Leia conosco nesta edição:


ü Votos de Ano Novo de um Espírita de Leipzig

ü Advento do Espírito de Verdade

ü Poema: Irmão

ü A boa parte – Fonte Viva

ü Oramos


https://mailchi.mp/619a7e33c967/votos-de-ano-novo

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Votos de Ano Novo de um Espírita de Leipzig

 


Um espírita de Leipzig mandou imprimir, em língua alemã, a seguinte mensagem, cuja tradução temos o prazer de dar.

MEUS VOTOS DE FELIZ ANO NOVO A TODOS OS ESPÍRITAS

E ESPIRITUALISTAS DE LEIPZIG

 

Também a vós que vos chamais materialistas, porque só quereis conhecer a matéria, eu seria tentado a vos enviar os meus votos de felicidade, mas temo que considerareis isto como uma ousadia de um estranho, que não tem o direito de ser contado entre vós.

É diferente com os espiritualistas, que estão no mesmo terreno que os espíritas, no que respeita à imortalidade da alma, à sua individualidade e ao seu estado feliz ou infeliz depois da morte.

Os espiritualistas e os espíritas reconhecem em cada homem uma alma irmã da sua e, por isto, me dão o direito de lhes enviar meus votos. Uns e outros agradecem ao Senhor pelo ano que acaba de passar e esperam que, sustentados por sua graça, tenham coragem para suportar a prova dos dias aziagos e a força de trabalhar o seu aperfeiçoamento, domando as más paixões.

A vós, caros espíritas, irmãos e irmãs conhecidos e desconhecidos, eu vos desejo particularmente um ano feliz, porque recebestes de Deus, para a vossa peregrinação terrena, um grande apoio no Espiritismo. A religião a todos veio trazer a fé, e bem-aventurados os que a conservaram. Infelizmente, ela está extinta num grande número; é por isso que Deus envia uma nova arma para combater a incredulidade, o orgulho e o egoísmo, que tomam proporções cada vez maiores. Essa arma nova é a comunicação com os Espíritos; por ela temos a fé, porque nos dá a certeza da vida da alma e nos permite lançar um olhar na outra vida; reconhecemos, assim, a vaidade da felicidade terrestre, e temos a solução das dificuldades que nos faziam duvidar de tudo, mesmo da existência de Deus.

Disse Jesus aos seus discípulos: “Muitas coisas teria ainda a vos dizer, mas não o poderíeis suportar”. Hoje, tendo a Humanidade progredido, pode compreendê-las. Eis por que Deus nos deu a ciência do Espiritismo, e a prova de que a Humanidade está madura para esta ciência, é que esta ciência existe. É inútil negar e zombar, como outrora era inútil negar e zombar dos fatos adiantados por Copérnico e Galileu. Então esses fatos eram tão pouco conhecidos quanto o são agora os do mundo dos Espíritos.

Como outrora, os primeiros opositores são os sábios, até o dia em que, vendo-se isolados, reconhecerão humildemente que as novas descobertas, como o vapor, a eletricidade e o magnetismo, que outrora eram desconhecidos, não são a última palavra das leis da Natureza. Serão responsáveis perante as gerações futuras por não terem acolhido a ciência nova como uma irmã das outras, e por tê-la repelido como loucura.

É verdade que ela não ensina nada de novo proclamando a vida da alma, pois o Cristo já falou dela; mas o Espiritismo levanta todas as dúvidas e lança uma nova luz sobre esta questão. Entretanto, guardemo-nos de considerar como inúteis os ensinamentos do Cristianismo, e de os crer substituídos pelo Espiritismo; ao contrário, fortifiquemo-nos na fonte das verdades cristãs, para as quais o Espiritismo não é senão um novo facho, a fim de que nossa inteligência e nosso orgulho não nos desencaminhem. O Espiritismo nos ensina, antes de qualquer coisa, que “Sem o amor e a caridade, não há felicidade”, isto é, que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Apoiando-se nesta verdade cristã, ele abre o caminho para a realização desta palavra do Cristo: “Um só rebanho e um só pastor”.

Assim, pois, caros irmãos e irmãs espíritas, permiti que, aos meus votos pelo Ano Novo, eu ainda junte esta prece: Que jamais abuseis do poder de comunicação com o mundo espiritual.

Não esqueçamos que, conforme a lei sobre a qual repousam nossas relações com os Espíritos, os maus não estão excluídos das comunicações. Se é difícil constatar a identidade de um Espírito que não conhecemos, é fácil distinguir os bons dos maus. Estes podem ocultar-se sob a máscara da hipocrisia, mas um bom espírita sempre os reconhece; eis por que não devemos ocupar-nos dessas coisas levianamente, porque podemos nos tornar joguete de Espíritos maus, embora inteligentes, como por vezes são encontrados no mundo dos encarnados. Se compararmos nossas comunicações com as que são obtidas nas reuniões dos espíritas fervorosos e sinceros, logo saberemos reconhecer se estamos no bom caminho. Os Espíritos elevados se fazem reconhecer por sua linguagem, que é a mesma em toda parte, sempre de acordo com o Evangelho e a razão humana.

O meio de se preservar dos Espíritos maus é, primeiramente, fazer uma prece sincera a Deus; em segundo lugar, jamais empregar o Espiritismo para as coisas materiais. Os Espíritos maus estão sempre prontos a satisfazer a todos os pedidos e, por vezes, se dizem coisas justas, geralmente enganam com intenção ou por ignorância, porque os Espíritos inferiores não sabem mais do que sabiam na sua existência terrestre. Os Espíritos bons, ao contrário, nos ajudam em nossos esforços a nos melhorarmos e nos dão a conhecer a vida espiritual, a fim de que possamos assimilá-la à nossa. Tal o objetivo para onde devem tender todos os espíritas sinceros.

Adolf, conde Poninski - Leipzig, 1o de janeiro de 1868

 Fonte: Revista Espírita – fevereiro/1868

A boa parte

 “Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada”. Jesus (Lucas, 10:42)

 

Não te esqueças da “boa parte” que reside em todas as criaturas e em todas as coisas.

O fogo destrói, mas transporta consigo o elemento purificador.

A pedra é contundente, mas consolida a segurança.

A ventania açoita impiedosa, todavia, ajuda a renovação.

A enxurrada é imundície, entretanto, costuma carrear o adubo indispensável à sementeira vitoriosa.

Assim também há criaturas que, em se revelando negativas em determinados setores da luta humana, são extremamente valiosas em outros.

A apreciação unilateral é sempre ruinosa.

A imperfeição completa, tanto quanto a perfeição integral, não existem no plano em que evoluímos.

O criminoso, acusado por toda a gente, amanhã pode ser o enfermeiro que te estende o copo d’água.

O companheiro, no qual descobres agora uma faixa de trevas, pode ser depois o irmão sublimado que te convida ao bom exemplo.

A tempestade da hora em que vivemos é, muitas vezes, a fonte do bem-estar das horas que vamos viver.

Busquemos o lado melhor das situações, dos acontecimentos e das pessoas.

“Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada” — disse-nos o Senhor.

Assimilemos a essência da divina lição.

Quem procura a “boa parte” e nela se detém, recolhe no campo da vida o tesouro espiritual que jamais lhe será roubado.

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 032

Oramos

 


Senhor, neste ano que se inicia...

“Não te pedimos a isenção das provas necessárias, mas apelamos para sua misericórdia, a fim de que as nossas forças consigam superá-las.

Não te rogamos a supressão dos problemas que nos afligem a estrada; no entanto, esperamos o apoio do teu amor, para que lhes confiramos a devida solução com base em nosso próprio esforço.

Não te solicitamos o afastamento dos adversários que nos entravam os passos e obscurecem o caminho; todavia, contamos com o teu amparo de modo que aprendamos a acatá-los, aproveitando-lhes o concurso.

Não te imploramos imunidades contra as desilusões que porventura nos firam, mas exortamos o teu auxílio a fim de que lhes aceitemos sem rebeldia a função edificante e libertadora.

Não te suplicamos para que se nos livre o coração de penas e lágrimas; contudo, rogamos à tua benevolência para que venhamos a sobrestar-lhes o amargor, assimilando-lhes as lições!

Senhor, que saibamos agradecer a tua proteção e a tua bondade nas horas de alegria e de triunfo; entretanto, que nos dias de aflição e de fracasso, possamos sentir conosco a luz de tua vigilância e de tua benção!”...

 

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Correio Fraterno

sábado, 18 de dezembro de 2021

Mais Luz - Edição 557

 Leia conosco:

·       Elegia do Natal

·       Ante o Evangelho: Advento do Espírito de Verdade

·       Poema: Lembrança do Natal – Auta de Souza

·       Lavradores – Livro: Fonte Viva

·       Oração de Natal

 Clique: https://mailchi.mp/5178386435e4/elegia-do-natal

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Elegia do Natal

 


Antes dEle tudo eram sombras de ignorância, de astúcia e de perversidade.

O ser humano encontrava-se reduzido à condição de hilota, estorcegando em sofrimentos inimagináveis.

O predomínio da força trabalhava em favor da hediondez e do crime, enquanto os valores éticos permaneciam desconhecidos, e quando identificados alguns, eram totalmente desrespeitados.

Nunca faltaram, porém, no planeta terrestre, as presenças dos Espíritos nobres que desceram às escuras paisagens para acender a luz do discernimento e oferecer as diretrizes da justiça.

Orgulhosos, aqueles que foram Seus contemporâneos, fizeram-se surdos e cegos às Suas mensagens, permanecendo iludidos pela prepotência, preferindo esmagar os povos que encontravam pela frente, sem qualquer sentimento de humanidade ou de compaixão...

Os carros da guerra espalhavam o horror, enquanto a fome e a hediondez campeavam à solta, esmagando vidas que não dispunham de oportunidade de desenvolver-se.

A juventude louçã e as arbitrárias condições em que alguns indivíduos se encontravam, deles faziam títeres e condutores insanos das massas quase asselvajadas.

É certo que floresceram também a filosofia, as artes, o espiritualismo e as musas desceram várias vezes do Olimpo de cada povo, cantando a beleza, a sabedoria, a bondade e, vez que outra, o amor...

Generalizada a opressão, a sociedade podia ser dividida em apenas três grupos: vencidos, vencedores e não conquistados...

As condições de primarismo então vigentes, tornavam a existência humana de breve curso, durante o qual se deveria fruir de todos os prazeres imagináveis, custassem todo e qualquer sacrifício exigido.

Honra e dignidade valiam o preço da vergonha.

Havia, sim, exceções, que constituíam oásis morais de esperança no imenso deserto dos sentimentos.

As gerações sucediam-se enganadas e enganadoras, como contínuas camadas de areia sopradas pelos ventos ardentes dos tempos de desespero.

Foi nesse cenário moral torpe, embora a magia encantadora da Natureza, que Jesus nasceu.

A sua chegada à Terra, precedida pelos cânticos sinfônicos dos seres angélicos e dos mensageiros da paz, criou uma psicosfera até então desconhecida, iniciando-se um período especial para a sociedade.

Espontâneo como as aragens perfumadas do amanhecer, Ele chegou suavemente e se instalou nos corações.

Nobre como uma labareda crepitante, Ele deu início ao incêndio que faria arder as construções do mal.

Gentil como o sorriso das flores, derramou claridades diamantinas, vencendo a escuridão vigente.

Bom como um favo de mel, adoçou as vidas que defrontou pelos caminhos, que passaram a cultivar a bondade e o amor em Sua memória.

Terno como a esperança, enriqueceu de alegria todos aqueles que se Lhe acercaram.

O Seu Natal é o poema de alegria que vem dos Céus na direção da Terra atormentada, tornando-se um hino de perene beleza, que se sobrepõe à algazarra da zombaria e à balbúrdia do sofrimento...

Ninguém, que jamais se Lhe equipare, na forma como veio e na maneira como permaneceu no meio da estúrdia e perturbada multidão.

A música dos seres celestes na Sua noite assinalou com insuperável sonoridade o planeta.

É verdade que, depois dEle, ainda permaneceram idênticas paisagens morais no mundo...

A diferença, porém, consiste no conhecimento que Ele propiciou para que todos aqueles que desejem vida, tenham-na em abundância.

Alargou as fronteiras da vida para além da morte e fez-se ponte para vencer o aparente abismo existente, facultando a conquista da plenitude.

O Natal de Jesus é, desse modo, o momento culminante dos esponsais do ser humano com a Consciência Cósmica.

A partir dessa ocasião sublime, a criatura humana passou a dispor dos equipamentos e recursos específicos para a aquisição da felicidade, em qualquer situação em que se encontre.

Já não lhe devem importar em demasia as coisas, a aparência, os petrechos que ficam ao lado da disjunção cadavérica, mas os tesouros inapreciados, que são os sentimentos edificantes, os pensamentos ditosos, as ações amorosas.

Neste Natal, canta uma elegia de amor a Jesus, celebrando-Lhe o aniversário com a tua transformação moral para melhor, mantendo a tua aliança com Ele e levando-O em forma de bondade e de misericórdia a todos aqueles que cambaleiam nas sombras da dor, da revolta e do esquecimento social...

Comemora, pois o teu Natal, de forma diferente, recordando-te da singela manjedoura que se transformou com Ele em um palácio sideral.

 

Joanna de Angelis / Divaldo Franco – Livro: Atitudes Renovadas

Lavradores

 “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos”. Paulo (II Timóteo, 2:6)

 

Há lavradores de toda classe.

Existem aqueles que compram o campo e exploram-no, através de rendeiros suarentos, sem nunca tocarem o solo com as próprias mãos.

Encontramos em muitos lugares os que relegam a enxada à ferrugem, cruzando os braços e imputando à chuva ou ao solo o fracasso da sementeira que não vigiam.

Somos defrontados por muitos que fiscalizam a plantação dos vizinhos, sem qualquer atenção para com os trabalhos que lhes dizem respeito.

Temos diversos que falam despropositadamente com referência a inutilidades mil, enquanto vermes destruidores aniquilam as flores frágeis.

Vemos numerosos acusando a terra como incapaz de qualquer produção, mas negando à gleba que lhes foi confiada a bênção da gota d’água e o socorro do adubo.

Observamos muitos que se dizem possuídos pela dor de cabeça, pelo resfriado ou pela indisposição e perdem a sublime oportunidade de semear.

A Natureza, no entanto, retribui a todos eles com o desengano, a dificuldade, a negação e o desapontamento.

Mas o agricultor que realmente trabalha, cedo recolhe a graça do celeiro farto.

E assim ocorre na lavoura do espírito.

Ninguém logrará o resultado excelente, sem esforçar-se, conferindo à obra do bem o melhor de si mesmo.

Paulo de Tarso, escrevendo numa época de senhores e escravos, de superficialidade e favoritismo, não nos diz que o semeador distinguido por César ou mais endinheirado seria o legítimo detentor da colheita, mas asseverou, com indiscutível acerto, que o lavrador dedicado às próprias obrigações será o primeiro a beneficiar-se com as vantagens do fruto.

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 031