Antes dEle tudo eram sombras de ignorância, de astúcia e
de perversidade.
O ser humano encontrava-se reduzido à condição de hilota,
estorcegando em sofrimentos inimagináveis.
O predomínio da força trabalhava em favor da hediondez e
do crime, enquanto os valores éticos permaneciam desconhecidos, e quando
identificados alguns, eram totalmente desrespeitados.
Nunca faltaram, porém, no planeta terrestre, as presenças
dos Espíritos nobres que desceram às escuras paisagens para acender a luz do
discernimento e oferecer as diretrizes da justiça.
Orgulhosos, aqueles que foram Seus contemporâneos,
fizeram-se surdos e cegos às Suas mensagens, permanecendo iludidos pela
prepotência, preferindo esmagar os povos que encontravam pela frente, sem
qualquer sentimento de humanidade ou de compaixão...
Os carros da guerra espalhavam o horror, enquanto a fome
e a hediondez campeavam à solta, esmagando vidas que não dispunham de
oportunidade de desenvolver-se.
A juventude louçã e as arbitrárias condições em que
alguns indivíduos se encontravam, deles faziam títeres e condutores insanos das
massas quase asselvajadas.
É certo que floresceram também a filosofia, as artes, o
espiritualismo e as musas desceram várias vezes do Olimpo de cada povo,
cantando a beleza, a sabedoria, a bondade e, vez que outra, o amor...
Generalizada a opressão, a sociedade podia ser dividida
em apenas três grupos: vencidos, vencedores e não conquistados...
As condições de primarismo então vigentes, tornavam a
existência humana de breve curso, durante o qual se deveria fruir de todos os
prazeres imagináveis, custassem todo e qualquer sacrifício exigido.
Honra e dignidade valiam o preço da vergonha.
Havia, sim, exceções, que constituíam oásis morais de
esperança no imenso deserto dos sentimentos.
As gerações sucediam-se enganadas e enganadoras, como
contínuas camadas de areia sopradas pelos ventos ardentes dos tempos de
desespero.
Foi nesse cenário moral torpe, embora a magia encantadora
da Natureza, que Jesus nasceu.
A sua chegada à Terra, precedida pelos cânticos
sinfônicos dos seres angélicos e dos mensageiros da paz, criou uma psicosfera
até então desconhecida, iniciando-se um período especial para a sociedade.
Espontâneo como as aragens perfumadas do amanhecer, Ele
chegou suavemente e se instalou nos corações.
Nobre como uma labareda crepitante, Ele deu início ao
incêndio que faria arder as construções do mal.
Gentil como o sorriso das flores, derramou claridades
diamantinas, vencendo a escuridão vigente.
Bom como um favo de mel, adoçou as vidas que defrontou
pelos caminhos, que passaram a cultivar a bondade e o amor em Sua memória.
Terno como a esperança, enriqueceu de alegria todos
aqueles que se Lhe acercaram.
O Seu Natal é o poema de alegria que vem dos Céus na
direção da Terra atormentada, tornando-se um hino de perene beleza, que se
sobrepõe à algazarra da zombaria e à balbúrdia do sofrimento...
Ninguém, que jamais se Lhe equipare, na forma como veio e
na maneira como permaneceu no meio da estúrdia e perturbada multidão.
A música dos seres celestes na Sua noite assinalou com
insuperável sonoridade o planeta.
É verdade que, depois dEle, ainda permaneceram idênticas
paisagens morais no mundo...
A diferença, porém, consiste no conhecimento que Ele
propiciou para que todos aqueles que desejem vida, tenham-na em abundância.
Alargou as fronteiras da vida para além da morte e fez-se
ponte para vencer o aparente abismo existente, facultando a conquista da
plenitude.
O Natal de Jesus é, desse modo, o momento culminante dos
esponsais do ser humano com a Consciência Cósmica.
A partir dessa ocasião sublime, a criatura humana passou
a dispor dos equipamentos e recursos específicos para a aquisição da
felicidade, em qualquer situação em que se encontre.
Já não lhe devem importar em demasia as coisas, a
aparência, os petrechos que ficam ao lado da disjunção cadavérica, mas os
tesouros inapreciados, que são os sentimentos edificantes, os pensamentos
ditosos, as ações amorosas.
Neste Natal, canta uma elegia de amor a Jesus,
celebrando-Lhe o aniversário com a tua transformação moral para melhor,
mantendo a tua aliança com Ele e levando-O em forma de bondade e de
misericórdia a todos aqueles que cambaleiam nas sombras da dor, da revolta e do
esquecimento social...
Comemora, pois o teu Natal, de forma diferente,
recordando-te da singela manjedoura que se transformou com Ele em um palácio
sideral.
Joanna de Angelis / Divaldo Franco – Livro: Atitudes Renovadas
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