Confira neste Boletim:
Ø O homem novo
Ø Ante o Evangelho: O mal e o remédio
Ø Poema: Agradecimento
Ø Se soubéssemos – Fonte Viva
Ø Oração – Santo Agostinho
Confira neste Boletim:
Ø O homem novo
Ø Ante o Evangelho: O mal e o remédio
Ø Poema: Agradecimento
Ø Se soubéssemos – Fonte Viva
Ø Oração – Santo Agostinho
“Digo-vos, portanto, e peço-vos, em
nome do Senhor, que não torneis a proceder com a futilidade dos gentios, eles
que estão alheios à vida de Deus, por causa da ignorância em que se encontram e
do endurecimento de seus corações. Perdido todo senso de honestidade,
entregaram-se à desenfreada busca de prazeres, lançando-se com ardor a toda
sorte de impurezas.
Vós, porém, foi bem outra coisa que
aprendeste com Cristo, se é que de fato O tendes ouvido e n’Ele vos
instruístes. Aprendestes a trabalhar pela própria renovação, despojando-vos do
homem velho, que se corrompe ao sabor das paixões enganadoras, para serdes o homem
novo, criado à imagem de Deus, em justiça e retidão procedentes da Verdade”. (Efésios,
4: 17-24)
-o-
O homem comum, em todos os tempos, quando
procura as atividades religiosas, tem estado atento apenas aos aspectos
exteriores - presença física, ritos e rezas - acalentando a pretensão de que
esse tipo de participação, aliado à crença superficial nos poderes espirituais
que governam o Mundo, seja suficiente para garantir-lhe paz na terra e felicidade
no Céu.
Não obstante os esforços respeitáveis de
líderes religiosos mais lúcidos, que divulgam incansavelmente a necessidade de
uma vivência autêntica do Evangelho, as igrejas permanecem repletas dos
cristãos de hora certa - aqueles que aceitam o Cristo, que falam do Cristo, que
procuram o Cristo, apenas quando comparecem ao culto, movidos muito mais pelo
condicionamento social do que pelo propósito de buscar inspiração para um
comportamento mais nobre e puro, o que significaria estar com Jesus em todos os
momentos.
Essa presença nas igrejas, marcada pela
ausência do esforço íntimo de comunhão com o Cristo, tem mantido considerável
parcela das comunidades religiosas muito próximo da intemperança dos gentios,
que se empolgam exclusivamente por interesses e prazeres imediatistas.
Sendo a Doutrina Espírita a mensagem nova
que revive o Cristianismo com a linguagem da razão, alertando-nos quanto à
extensão de nossas responsabilidades diante da Vida, seria de esperar-se dos
espíritas um comportamento diferente. É preciso considerar, entretanto, que
fomos os cristãos distraídos de ontem e, lembrando André Luiz, contra a pálida
réstia de luz que há em nós hoje, representada pelo conhecimento da Terceira
Revelação, há montanhas de trevas acumuladas no passado inconsequente.
Por isso, revivem os Centros Espíritas os
mesmos dramas do Cristianismo de sempre, com a participação de velhos cristãos
de hora certa, que fazem das reuniões doutrinárias e mediúnicas um novo culto
exterior, marcado pela procura de favores da Espiritualidade, totalmente
desligados de qualquer propósito mais edificante.
Semelhantes males atingem até mesmo os que
participam ativamente das instituições espíritas, os quais, não obstante
dispostos ao trabalho, andam distraídos de suas responsabilidades, criando
variados problemas com um comportamento distanciado da ética espírita, que
prevê para o servidor o cumprimento das virtudes evangélicas como roteiro
indispensável, a fim de que valorize o serviço e desempenhe com proveito suas
tarefas.
E quando chamados à razão, convocados à
reformulação de suas atitudes, estes companheiros usam o velho e surrado
argumento: “Não esperem muito de mim!
Estou apenas tentando ser espírita! Ainda
sou fraco e pecador”!
Assim o colaborador da obra assistencial
explica a agressividade com que fere os beneficiários de seu trabalho e
complica o relacionamento com os companheiros...
Assim o expositor doutrinário justifica
vícios e mazelas que invalidam sua mensagem...
Assim o diretor de instituição espírita
desculpa seus deslizes morais e falhas de comportamento, que o situam no
lamentável farisaísmo religioso.
Talvez estes companheiros amem a Doutrina
Espírita, o Consolador prometido por Jesus, a luz bendita que explica a Vida e
lhe empresta objetivo e significado, mas, no fundo, amam muito mais a si
mesmos. Assim, comprometem-se e comprometem as tarefas a que foram chamados,
invertendo a recomendação evangélica: ao invés de renunciar a si mesmos para
seguir o Cristo, renunciam ao Cristo para seguir a si mesmos.
Somente superaremos semelhantes males na
medida em que nos conscientizarmos de que a jornada na Terra tem objetivos
inadiáveis, que poderiam ser resumidos numa única palavra: RENOVAÇÃO.
É para vencer milenárias tendências
inferiores, impulsos primitivos de animalidade que se manifestam na forma de
agressividade e violência, sensualidade e vício, inconsequência e desatino, que
estamos na carne, lutando e sofrendo, enfrentando, em regime de pagamento
compulsório, velhas dívidas; reencontrando velhos desafetos para ensaiar perdão;
revivendo velhas situações que marcaram nossas quedas no pretérito, a se apresentarem
como testes de nossas aquisições morais.
O roteiro de nossa vitória é exatamente
esse empenho de reformulação, a derrubada do homem velho, eivado de
imperfeições, para o nascimento do homem novo a que se refere Paulo, “criado à
imagem de Deus, em justiça e retidão procedentes da Verdade”.
Se não buscarmos essa renovação, pouco
produziremos, por melhores que sejam nossas intenções, porquanto faltará amor e
integridade em nós. A nossa vida será uma mentira, a nossa virtude recenderá a
mistificação, a nossa procura redundará em decepção, a nossa palavra soará sem eco,
sem que jamais consigamos edificar os corações e, o que é pior, sem que jamais
nos sintamos realizados e felizes.
Richard Simonetti – Livro: Em busca do Homem Novo
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Jesus (Lucas, 23 :34)
Se o homicida
conhecesse, de antemão, o tributo de dor que a vida lhe cobrará, no reajuste do
seu destino, preferiria não ter braços para desferir qualquer golpe.
Se o caluniador pudesse
eliminar a crosta de sombra que lhe enlouquece a visão, observando o sofrimento
que o espera no acerto de contas com a verdade, paralisaria as cordas vocais ou
imobilizaria a pena, a fim de não se confiar à acusação descabida.
Se o desertor do bem
conseguisse enxergar as perigosas ciladas com que as trevas lhe furtarão o
contentamento de viver, deter-se-ia feliz, sob as algemas santificantes dos
mais pesados deveres.
Se o ingrato percebesse
o fel de amargura que lhe invadirá, mais tarde, o coração, não perpetraria o
delito da indiferença.
Se o egoísta
contemplasse a solidão infernal que o aguarda, nunca se apartaria da prática
infatigável da fraternidade e da cooperação.
Se o glutão enxergasse
os desequilíbrios para os quais encaminha o próprio corpo, apressando a marcha
para a morte, renderia culto invariável à frugalidade e à harmonia.
Se soubéssemos quão
terrível é o resultado de nosso desrespeito às Leis Divinas, jamais nos
afastaríamos do caminho reto.
Perdoa, pois, a quem te
fere e calunia...
Em verdade, quantos se
rendem às sugestões perturbadoras do mal, não sabem o que fazem.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 038
Ouvi, Senhor, minha
oração, para que não desfaleça minha alma sob a tua lei, nem me canse em
confessar tuas misericórdias, com as quais me arrancaste de meus perversos caminhos;
que tua doçura sobrepuje todas as doçuras que segui, e assim te ame fortissimamente,
e abrace tua mão com toda minha alma, e me livres de toda a tentação até o fim
dos meus dias.
Pois é, Senhor, meu rei
e meu Deus, e a ti consagro quanto falo, escrevo, leio e conto, pois quando
aprendia aquelas futilidades, tu eras o que me davas a verdadeira disciplina, e
já me perdoaste os pecados de deleite cometidos naquelas vaidades. Muitas
palavras úteis aprendi nelas, é verdade; porém, estas também se podem aprender
em estudos sérios, e este é o caminho seguro pelo qual deveriam encaminhar as
crianças.
Santo Agostinho – Livro: Confissões – Capítulo XV
A rapidez com que se propagaram, em todas
as partes do mundo, os estranhos fenômenos das manifestações espíritas é uma
prova evidente do interesse que despertam. A princípio simples objeto de
curiosidade, não tardaram a chamar a atenção de homens sérios que neles
vislumbraram, desde o início, a influência inevitável que viriam a ter sobre o
estado moral da sociedade. As novas ideias que surgem desses fenômenos
popularizam-se cada dia mais, e nada lhes pode deter o progresso, pela simples
razão de que estão ao alcance de todos, ou de quase todos, e nenhum poder
humano lhes impedirá que se manifestem. Se os abafam aqui, reaparecem em cem outros
pontos. Aqueles, pois, que neles vissem um inconveniente qualquer, seriam
constrangidos, pela própria força dos fatos, a sofrer-lhes as consequências,
como sói acontecer às indústrias novas que, em sua origem, ferem interesses
particulares, logo absorvidos, pois não poderia ser de outro modo. O que já não
se fez e disse contra o magnetismo! Entretanto, todos os raios lançados contra
ele, todas as armas com que foi ferido, mesmo o ridículo, esboroaram-se ante a realidade
e apenas serviram para colocá-lo ainda mais em evidência.
É que o magnetismo é uma força natural e,
perante as forças da Natureza, o homem é um pigmeu, semelhante a cachorrinhos
que ladram inutilmente contra tudo que os possa amedrontar.
Dá-se com as manifestações espíritas a
mesma coisa que se dá com o sonambulismo: se não se produzirem à luz do dia e publicamente,
ninguém impedirá que ocorram na intimidade, pois cada família pode descobrir um
médium entre seus membros, das crianças aos velhos, assim como pode encontrar
um sonâmbulo.
Quem, pois, poderá impedir que a primeira
pessoa que encontremos seja médium e sonâmbula? Sem dúvida, os que o combatem
não refletiram nisto. Insistimos: quando uma força está na Natureza, pode-se
detê-la por um instante, porém, jamais aniquilá-la! Seu curso apenas poderá ser
desviado. Ora, a força que se revela no fenômeno das manifestações, seja qual
for a sua causa, está na Natureza, da mesma forma que o magnetismo, e não
poderá ser exterminada, como a força elétrica também não o será. O que importa
é que seja observada e estudada em todas as suas fases, a fim de se deduzirem as
leis que a regem. Se for um erro, uma ilusão, o tempo fará justiça; se, porém,
for verdadeira, a verdade é como o vapor: quanto mais se o comprime, tanto
maior será a sua força de expansão.
Causa justa admiração que, enquanto na
América, somente os Estados Unidos possuem dezessete jornais consagrados a esse
assunto, sem contar um sem número de escritos não periódicos, a França, o país
da Europa onde tais ideias mais rapidamente se aclimataram, não possui nenhum. Não se pode contestar a utilidade de um órgão
especial, que ponha o público a par do progresso desta nova Ciência e o previna
contra os excessos da credulidade, bem como do cepticismo. É essa lacuna que
nos propomos preencher com a publicação desta Revista, visando a oferecer um
meio de comunicação a todos quantos se interessam por estas questões, ligando,
através de um laço comum, os que compreendem a Doutrina Espírita sob o seu
verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade evangélica para
com todos.
Se não se tratasse senão de uma coleta de
fatos, a tarefa seria fácil; eles se multiplicam em toda parte com tal rapidez
que não faltaria matéria; mas os fatos, por si mesmos, tornam-se monótonos pela
repetição e, sobretudo, pela similitude. O que é necessário ao homem racional é
algo que lhe fale à inteligência.
Poucos anos se passaram desde o surgimento
dos primeiros fenômenos, e já estamos longe da época das mesas girantes e falantes,
que foram suas manifestações iniciais. Hoje, é uma ciência que revela todo um
mundo de mistérios, tornando patentes as verdades eternas que apenas pelo nosso
espírito eram pressentidas; é uma doutrina sublime, que mostra ao homem o
caminho do dever, abrindo o mais vasto campo até então jamais apresentado à observação
filosófica. Nossa obra seria, pois, incompleta e estéril se nos mantivéssemos
nos estreitos limites de uma revista anedótica, cujo interesse rapidamente se
esgotasse.
Talvez nos contestem a qualificação de
ciência, que damos ao Espiritismo. Certamente não teria ele, em nenhum caso, as
características de uma ciência exata, e é precisamente aí que reside o erro dos
que o pretendem julgar e experimentar como uma análise química ou um problema
matemático; já é bastante que seja uma ciência filosófica.
Toda ciência deve basear-se em fatos, mas
os fatos, por si sós, não constituem a ciência; ela nasce da coordenação e da
dedução lógica dos fatos: é o conjunto de leis que os regem. Chegou o
Espiritismo ao estado de ciência? Se por isto se entende uma ciência acabada,
seria sem dúvida prematuro responder afirmativamente; entretanto, as observações
já são hoje bastante numerosas para nos permitirem deduzir, pelo menos, os
princípios gerais, onde começa a ciência.
O exame raciocinado dos fatos e das consequências
que deles decorrem é, pois, um complemento sem o qual nossa publicação seria de
medíocre utilidade, não oferecendo senão um interesse muito secundário para
quem quer que reflita e queira inteirar-se daquilo que vê. Todavia, como nosso
fim é chegar à verdade, acolheremos todas as observações que nos forem
dirigidas e tentaremos, tanto quanto no-lo permita o estado dos conhecimentos
adquiridos, dirimir as dúvidas e esclarecer os pontos ainda obscuros. Nossa
Revista será, assim, uma tribuna livre, em que a discussão jamais se afastará
das normas da mais estrita conveniência. Numa palavra: discutiremos, mas não
disputaremos. As inconveniências de linguagem nunca foram boas razões aos olhos
de pessoas sensatas; é a arma dos que não possuem algo melhor, voltando-se
contra aqueles que dela se servem.
Embora os fenômenos de que nos ocupamos se
tenham produzido, nos últimos tempos, de maneira mais geral, tudo prova que têm
ocorrido desde as eras mais recuadas. Não há fenômenos naturais nas invenções
que acompanham o progresso do espírito humano; desde que estejam na ordem das
coisas, sua causa é tão velha quanto o mundo e os seus efeitos devem ter-se
produzido em todas as épocas. O que testemunhamos, hoje, portanto, não é uma descoberta
moderna: é o despertar da Antiguidade, desembaraçada do envoltório místico que
engendrou as superstições; da Antiguidade esclarecida pela civilização e pelo
progresso nas coisas positivas.
A consequência capital que ressalta desses
fenômenos é a comunicação que os homens podem estabelecer com os seres do mundo
incorpóreo e, dentro de certos limites, o conhecimento que podem adquirir sobre
o seu estado futuro. O fato das comunicações com o mundo invisível encontra-se,
em termos inequívocos, nos livros bíblicos; mas, de um lado, para certos
céticos, a Bíblia não tem autoridade suficiente; por outro lado, para os crentes,
são fatos sobrenaturais, suscitados por um favor especial da Divindade. Não
haveria aí, para todo o mundo, uma prova da generalidade dessas manifestações,
se não as encontrássemos em milhares de outras fontes diferentes. A existência
dos Espíritos, e sua intervenção no mundo corpóreo, está atestada e demonstrada
não mais como um fato excepcional, mas como um princípio geral, em Santo
Agostinho, São Jerônimo, São João Crisóstomo, São Gregório Nazianzeno e tantos
outros Pais da Igreja. Essa crença forma, além disso, a base de todos os
sistemas religiosos. Admitiram-na os mais sábios filósofos da Antiguidade:
Platão, Zoroastro, Confúcio, Apuleio, Pitágoras, Apolônio de Tiana e tantos
outros. (...)
Sejam quais forem os absurdos que cercam
essa crença e a desfiguram segundo os tempos e os lugares, não se pode
discordar de que ela parte de um mesmo princípio, mais ou menos deturpado.
Ora, uma doutrina não se torna universal,
não sobrevive a milhares de gerações, não se implanta de um polo a outro, entre
os povos mais diversificados, pertencentes a todos os graus da escala social, se
não estiver fundada em algo de positivo. O que será esse algo? É o que nos
demonstram as recentes manifestações. Procurar as relações que possam existir
entre tais manifestações e todas essas crenças, é buscar a verdade. A história
da Doutrina Espírita, de certo modo, é a história do espírito humano; teremos
que estudá-la em todas as fontes, que nos fornecerão uma mina inesgotável de observações
tão instrutivas quão interessantes, sobre fatos geralmente pouco conhecidos.
Essa parte nos dará oportunidade de explicar a origem de uma porção de lendas e
de crenças populares, delas destacando o que toca a verdade, a alegoria e a
superstição.
No que concerne às manifestações atuais,
daremos explicação de todos os fenômenos patentes que testemunharmos ou que
chegarem ao nosso conhecimento, quando nos parecerem merecer a atenção de
nossos leitores. De igual modo o faremos em relação aos efeitos espontâneos que
por vezes se produzem entre pessoas alheias às práticas espíritas e que
revelam, seja a ação de um poder oculto, seja a emancipação da alma; tais são
as visões, as aparições, a dupla vista, os pressentimentos, os avisos íntimos,
as vozes secretas, etc. À narração dos fatos acrescentaremos a explicação, tal
como ressalta do conjunto dos princípios. A respeito faremos notar que esses
princípios decorrem do próprio ensinamento dado pelos Espíritos, fazendo sempre
abstração de nossas próprias ideias. Não será, pois, uma teoria pessoal que
exporemos, mas a que nos tiver sido comunicada e da qual não seremos senão
meros intérpretes.
Um grande espaço será igualmente reservado
às comunicações escritas ou verbais dos Espíritos, sempre que tiverem um fim
útil, assim como às evocações de personagens antigas ou modernas, conhecidas ou
obscuras, sem negligenciar as evocações íntimas que, muitas vezes, não são
menos instrutivas; numa palavra: abarcaremos todas as fases das manifestações
materiais e inteligentes do mundo incorpóreo.
A Doutrina Espírita nos oferece, enfim, a
única solução possível e racional de uma multidão de fenômenos morais e
antropológicos, dos quais somos testemunhas diariamente e para os quais se procuraria,
inutilmente, a explicação em todas as doutrinas conhecidas. Nesta categoria
classificaremos, por exemplo, a simultaneidade de pensamentos, a anomalia de
certos caracteres, as simpatias e antipatias, os conhecimentos intuitivos, as
aptidões, as propensões, os destinos que parecem marcados pela fatalidade e,
num quadro mais geral, o caráter distintivo dos povos, seu progresso ou sua
degenerescência, etc. À citação dos fatos acrescentaremos a pesquisa das causas
que os poderiam ter produzido. Da apreciação desses fatos ressaltarão,
naturalmente, ensinamentos úteis quanto à linha de conduta mais conforme à sã moral.
Em suas instruções, os Espíritos Superiores têm sempre por objetivo despertar
nos homens o amor do bem, através dos preceitos evangélicos; por isso mesmo
eles nos traçam o pensamento que deve presidir à redação dessa coletânea.
Nosso quadro, como se vê, compreende tudo
quanto se liga ao conhecimento da parte metafísica do homem; estudá-la-emos em
seu estado presente e no futuro, porquanto estudar a natureza dos Espíritos é
estudar o homem, tendo em vista que ele deverá fazer parte, um dia, do mundo
dos Espíritos. Eis por que acrescentamos, ao nosso título principal, o de
jornal de estudos psicológicos, a fim de fazer compreender toda a sua importância.
(...)
Allan Kardec-
Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - janeiro/1858
01 de janeiro de 1858 – lançamento da Revue Spirite