sábado, 25 de junho de 2022

Mais Luz - Edição 584 - 26/06/2022

Confira nesta semana:

  • Há 20 anos, ele partiu sereno, como viveu! 
  • Ante o Evangelho: Consolador Prometido
  • Poema:  Cisco de Deus - Sérgio Santos
  • Discípulos – Fonte Viva
  • Oração pelos entes queridos – Na voz de Chico Xavier


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Há 20 anos, ele partiu sereno, como viveu!

 


O título acima reproduz a edição de julho de 2002 da Folha Espírita, ainda em seu formato impresso, e que foi totalmente dedicada a homenagear o amado médium Chico Xavier. Em 30 de junho daquele mesmo ano, enquanto todo o povo brasileiro celebrava o tão esperado Pentacampeonato de Futebol Mundial, Chico se despedia de sua vida terrena.

Aquele dia então ficara marcado na história entre um misto da euforia de toda uma nação apaixonada pelo futebol e a despedida da vida de Francisco Cândido Xavier, que durante 92 anos dedicou sua vida inteiramente para a humanidade. Chico deixara a existência terrena conforme prometera aos amigos mais íntimos: “vou partir em um dia que o povo estiver muito feliz”! E assim foi.

Passados 20 anos de seu desencarne, a edição de junho de 2022 é totalmente dedicada a ele. Nosso tributo é materializado em forma de uma viagem no tempo, trazendo para esta edição a íntegra de alguns depoimentos e artigos que foram eternizados na Folha Espírita de julho de 2002.

Começamos com o texto principal de Marlene Nobre.

 

O sereno adeus, por Marlene Nobre

Chico Xavier partiu para as Esferas Superiores em meio à euforia nacional pela conquista do pentacampeonato. Partiu sereno, como viveu. Ao seu lado, o médico fiel de quase três decênios, o cardiologista Eurípides Tahan Vieira, viu o amigo juntar as mãos na direção do Mais Alto, em agradecimento a Deus, e, em seguida, abandonar o corpo físico, por parada cardíaca, sem dor, qual se fora pássaro cativo, demandando seu “hábitat” natural. Era 30 de junho, 19h30. Terminava, ali, aos 92 anos, às vésperas de completar 75 anos de mediunidade, no leito tosco de seu quarto humilde, a existência física de Chico Xavier, o Apóstolo da Renovação Humana. No mundo espiritual, uma multidão, muito maior do que aquela que saíra às ruas do país para comemorar o penta, concentrara-se, ali, abrindo enorme clareira, entre o Céu e a Terra, para receber o atleta especial que vencera todas as modalidades de provas e cravar-lhe, no peito, as estrelas da vitória. Vencera na corrida dos saltos com barreiras, suplantando a pobreza, as torturas e incompreensões, desde a infância sofrida à velhice repleta de testemunhos difíceis; saltara bem alto, sobrepujando a tentação do dinheiro e do poder, com a dedicação às tarefas mais humildes; completara, integralmente, a maratona de 75 anos de mediunidade, cumprindo sua trajetória única de medianeiro fiel ao dever e à disciplina, canalizando as mais belas páginas da Espiritualidade Superior; arremessara bem longe os seus dardos de tolerância e perdão, neutralizando o ódio e desculpando, incondicionalmente, injúrias, calúnias e abandonos; recebera, finalmente, a Medalha da Paz, porque foi Campeão de Bondade e Humildade. Essas estrelas brilharam ainda mais em seu peito, quando o coro dos encarnados, nas despedidas do cemitério São João Batista, entoava da Terra para os Céus, “Chico, eu te amo”.

 

Demonstrou que o Evangelho pode ser vivido, por Nestor Masotti

A partida do nosso Chico, indubitavelmente, deixa uma ausência física que nós todos estamos sentindo, mas, meditando sobre seus exemplos, nós podemos registrar que ele mostrou-nos alguns aspectos extremamente importantes. Primeiro, que somos realmente seres imortais, que continuamos a existir depois da morte física, através dos seus escritos, das suas informações mediúnicas, constatamos isso. Mas ele foi além: deixou um roteiro de vida que é a vivência do Evangelho. E nos mostrou que as recomendações do Evangelho e da Doutrina Espírita não são meras recomendações, são possibilidades reais de vida, de prática e vivência. Esta é a marca mais forte que ele nos deixou.

Outro aspecto muito positivo que nos enche o coração de uma certa serenidade é quando constatamos que um Espírito como ele, que enfrentou uma luta tão árdua, desafios os mais diversos, conseguiu chegar ao fim realmente vitorioso. Nesse aspecto, elevamos o nosso pensamento de gratidão e louvamos no Chico o exemplo de humildade, de disciplina e dedicação que ele nos deixa e a expectativa que tenhamos de nossa parte o bom senso de seguir-lhe o exemplo.

(...)

 

Complemento do Espiritismo, por Weimar Muniz de Oliveira

Chico Xavier tem sido, do ponto de vista humano, intensa luz nos nossos caminhos, estimulando a nossa fé e exemplificando a prática do bem, do perdão e da solidariedade para com todas as criaturas, sem distinção. Do ponto de vista da Doutrina Espírita e de seu movimento, não é apenas o intérprete, ou intermediário, da complementação do pentateuco Kardequiano, mas é também brilhante copartícipe deste luminoso edifício doutrinário. Pode ser comparado, embora em épocas diferentes, a Sócrates e a Mahatma Gandhi.

 

André Luiz e a ciência, por Hernani Guimarães Andrade

Encontrei muita informação de natureza científica nos livros de André Luiz, psicografados pelo médium Chico Xavier. Ele deu maior precisão à parte científica relacionada com o Espiritualismo e, particularmente, com o Espiritismo. Foi a obra de Chico Xavier que introduziu as primeiras noções da Física do Espírito. Inspirado por ele, tentei compreender os mesmos processos da Física para determinar as propriedades da matéria espiritual. Ele também se interessava vivamente pelo assunto e, uma das vezes que nos encontramos, visitou nosso Instituto em São Paulo, mais precisamente em 1978, e quis acompanhar as então recentes experiências com a Kirliangrafia, chegando inclusive a se submeter a uma sessão de fotos. Chico era uma pessoa maravilhosa, encantadora, muita aberta e inteligente.

(...)

 

Adeus a Chico Xavier, por Fernando Ós

Que palavras podem ser usadas para um amigo que parte silencioso para a Eternidade? Quando o coração fala, não existem fórmulas nem palavras rebuscadas. Estou falando sobre Chico Xavier e acho que nesse derradeiro episódio ele nos passou uma lição de grandeza, fazendo com que, devido aos ruidosos festejos do penta de futebol, muitos nem se deram conta de seu falecimento. Conta uma pessoa presente na sua casa que seu último movimento foi elevar um pouco as mãos, murmurar uma prece e, na tarde desse dia, exalar o último suspiro. Enquanto escrevo estas linhas, estou rezando em gratidão a Deus por ter nos enviado Chico em tempos tumultuados, e por quase um século o médium abriu caminhos importantes para a vitória sobre o ateísmo.

Domingo, dia 30/06/2002, às 23h, liguei a TV e ouvi a notícia de sua morte ou desencarnação em meio ao alarido de multidões nas ruas e avenidas, festejando a vitória do pentacampeonato de futebol. Francisco Cândido Xavier, médium Chico, falecera calmamente, de parada cardíaca. Suponho que pressentira a aproximação da carruagem toda feita de brilhantes dourados, rumando para o banquete espiritual preparado por seus milhões de amigos na Espiritualidade, tendo Jesus, Maria, Emmanuel e Bezerra de Menezes no centro do Grande Salão de Preces.

Enfermo e hipertenso, não pude viajar a Uberaba, apenas orei muito a Deus. Chico viveu entre nós 92 anos e 90 dias, e o que ele representou na vida de muita gente só mais tarde as multidões irão compreender. Se ninguém é profeta em sua casa, também não o é em seu tempo. Precisamos da ótica da distância, principalmente quando se é discípulo de Jesus. Seus mais de 400 livros foram traduzidos em oito idiomas, acendendo muitas luzes na trajetória dos povos. (...)

Na década de 1930, quando Chico começou seu trabalho com os Espíritos, a mediunidade não possuía nenhuma credibilidade e era tida como trabalho de bruxaria. Chico, em matéria de dinheiro, sempre foi pobre, e pobre morreu; os direitos autorais de seus livros foram totalmente doados a entidades de caridade. Eu próprio fiz com ele uma carta quando concluímos em parceria com Emmanuel o livro A ponte. Hoje, os médiuns verdadeiramente espirituais nada cobram pelo que produzem, e os que cobram são considerados comerciantes do trabalho alheio.

No fim foram mais de 22 anos de convívio em que o trabalho permitia uma amizade fraterna e afetuosa. Neste breve bilhete de adeus temporário ao amigo espiritual, digo com certeza em Deus que um dia nos reencontraremos na Espiritualidade. Lembro quando terminávamos a composição do livro A ponte, eu perguntei ao médium: “Diga-me, Chico, você que é ‘médium’, nós dois já cruzamos caminhos anteriores”? A resposta dele: “Já, e de forma estreita. Mas o resto deve ficar sob sigilo”. Nada mais foi perguntado nem revelado sobre tal assunto. (...)

Somos e vamos continuar amigos pelo coração e pelo ideal, Eternidade afora. Com lágrimas nos olhos e no peito, eu te abraço, amigo, beijando tuas mãos de luz e teu coração abençoado por Deus.

 

Algumas datas para relembrar a vida do médium:

1910 – Nasce Francisco Cândido Xavier, em 2 de abril, na pequena cidade mineira de Pedro Leopoldo, a 40 quilômetros de Belo Horizonte. O pai, João Cândido Xavier, era um vendedor de bilhetes de loteria. A mãe, Maria João de Deus, uma lavadeira.

1914 – Aos 4 anos de idade, Francisco tem a primeira manifestação significativa de mediunidade. Ele interrompe uma conversa entre seus pais com palavras e raciocínio surpreendentes para a sua idade e meio social.

1915 – Maria João de Deus morre em setembro em decorrência de uma angina. Chico vai para a casa da madrinha, Rita de Cássia. Lá, durante dois anos, sofre toda a sorte de torturas. O menino era diariamente alvo de agressões físicas e morais por parte da madrinha. Em desespero, o pequeno chama pela mãe morta, que o aconselha a ter paciência.

1917 – O pai, João Cândido, casa-se novamente. Sua esposa Cidália, como um anjo, recolhe os nove filhos de seu marido e com carinho os educa. Ela mesma tem mais seis filhos com João Cândido.

1919 – O menino matricula-se na escola. Suas visões continuavam, e por causa delas ele é levado pelo pai até o padre Scarzelli. O padre receitou um remédio amargo: mandou que o pai destruísse jornais, revistas e livros considerados como “má influência” e decretou ao menino que era o demônio, e não a mãe que vinha falar-lhe. A mãe apareceu e pediu que ele não mais a defendesse e disse que se afastaria; o que de fato aconteceu. Ela afastou-se por sete anos.

1922 – Ao escrever uma redação sobre a Independência do Brasil, viu que havia um homem ao seu lado ditando o que ele deveria escrever. Ele chamou a professora e contou o ocorrido. Chico ganhou menção honrosa pelo texto e algumas insinuações a respeito da autoria do texto.

1925 – O contato com o mundo espiritual continua, mas ainda de forma atabalhoada. Aos 15 anos ele procura novamente o padre porque não consegue lidar com um Espírito sofredor que o atormenta dia e noite.

1927 – A irmã, Maria Xavier, foi acometida por delírios, contorções, suores frios. Sem saída, o pai de Chico levou Maria ao casal Perácio, espírita, que detectou um Espírito obsessor. Ela foi curada com passes, orações e doutrinação. Chico acompanhou todo o processo e tornou-se espírita. Despediu-se, então, do padre Scarzelli, que lhe desejou felicidades.

8/7/1927 – Chico recebe a primeira mensagem assinada por um amigo espiritual.

1928 – Psicografou centenas de mensagens no centro espírita de Pedro Leopoldo.

1931 – O espírito Emmanuel apresenta-se ao médium e assume a responsabilidade por suas atividades. O primeiro livro da dupla é o Parnaso de Além-túmulo, uma coletânea de 56 poemas.

1935 – O livro ganha notoriedade, e o jornal carioca O Globo faz uma série de reportagens com o médium. Nessa época, ele psicografava em várias línguas, como inglês, alemão e sânscrito. Recebe ainda mensagens do escritor Humberto de Campos. A família do escritor reclama na justiça os direitos autorais dos livros.

1940 – Emmanuel transmite através de Chico importantes mensagens sobre política, economia, sociologia e feminismo.

1943 – Chico começa a trabalhar com o Espírito de um médico, que se autodenomina André Luiz.

1944 – A Justiça declara que Humberto de Campos estava morto, por isso ninguém poderia reclamar os direitos autorais. Mesmo assim, Humberto de Campos decide assinar seus textos como Irmão X.

1958 – Mudou-se, por orientação espiritual, de Pedro Leopoldo para Uberaba.

1975 – Mudou-se da Comunhão Espírita Cristã para o Grupo Espírita da Prece.

1976 – Aos 66 anos, teve problemas de saúde que o obrigaram a diminuir suas atividades físicas. Mas ele continua a psicografar e a lançar livros.

1981 – O diretor de TV e teatro Augusto Cesar Vannucci propôs seu nome para o Prêmio Nobel da Paz.

1991 – Cai doente, sem possibilidade de atender ao público.

1997 – Mesmo com dificuldades, volta no G. E. da Prece.

2001 – Aos 91 anos, está com apenas 30% de sua audição, cego de um olho e enfraquecido. Contrai uma pneumonia nos dois pulmões. Sua saúde passa a ser vigiada por enfermeiros e seu médico particular. Apesar de muito doente, ele fez atendimento até 29 de junho de 2002, às vésperas da morte.

 

Conrado Santos / Colaborador do Grupo Espírita Cairbar Schutel Folha Espírita

Fonte: www.folhaespirita.com.br

Lendo e relendo André Luiz - Campanha CEJG

 


Encontra-se em curso a leitura da 4ª obra da coleção “A vida no mundo espiritual”, ditada pelo Espírito André Luiz, integrando o Projeto LENDO E RELENDO ANDRÉ LUIZ, promovido pelo Departamento de Estudos do C. E. Joseph Gleber.

E na Livraria Joanna de Ângelis do C. E. Joseph Gleber, você encontra esta magnífica obra.

Participe!


sexta-feira, 24 de junho de 2022

Estudo Minucioso do Livro Paulo e Estêvão



Jesus ensinou-nos as verdadeiras leis de Deus e que para ser um bom cristão é imprescindível praticar a mensagem do Evangelho. A Doutrina Espírita tem a missão de restaurá-la, pois foi esquecida ou mal compreendida e para penetrarmos em sua pureza é fundamental conhecer o Cristianismo nascente e a conduta de vida dos primeiros cristãos.

A Obra Paulo e Estevão relata o testemunho de vida de alguns desses mártires para que a mensagem do Evangelho pudesse prosperar nos corações e consolidar o Cristianismo no mundo como a base de nossa transformação moral.

Participe do estudo online desta Obra e conheça os exemplos de vida dos primeiros cristãos.

Os estudos são uma iniciativa da Área de Estudo do Evangelho de Jesus (AEEJ) e acontecerão a partir de 02 de julho de 2022, todo primeiro e terceiro sábados do mês, sempre de 17 às 18h15. Em cada sábado será um capítulo do livro a ser estudado de forma sequenciada.

Acompanhem as transmissões pelos canais do Youtube e Facebook da UEM. Os links serão divulgados nas redes sociais sempre às quartas e sábados.

Notícia extraída do site da UEM

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Educação evangélica

Todas as reformas sociais, necessárias em vossos tempos de indecisão espiritual, têm de processar-se sobre a base do Evangelho.

Como? – Podereis objetar-nos. Pela educação, replicaremos.

O plano pedagógico que implica esse grandioso problema tem de partir ainda do simples para o complexo. Ele abrange atividades multiformes e imensas, mas não é impossível.

Primeiramente, o trabalho de vulgarização deverá intensificar-se, lançando, através da palavra falada ou escrita do ensinamento, as diminutas raízes do futuro.


O RESULTADO DOS ERROS RELIGIOSOS

Toda essa demagogia filosófico-doutrinária, que vedes nas fileiras do Espiritismo, tem sua razão de ser. As almas humanas se preparam para o bom caminho. A missão do Cristianismo na Terra não era a de mancomunar-se com as forças políticas que lhe desviassem a profunda significação espiritual para os homens. O Cristo não teria vindo ao mundo para instituir castas sacerdotais e nem impor dogmatismos absurdos. Sua ação dirigiu-se, justamente, para a necessidade de se remodelar a sociedade humana, eliminando-se os preconceitos religiosos, constituindo isso a causa da sua cruz e do seu martírio, sem se desviar, contudo, do terreno das profecias que o anunciavam.

Todas essas atividades bélicas, todas as lutas antifraternas no seio dos povos irmãos, quase a totalidade dos absurdos, que complicam a vida do homem, vieram da escravização da consciência ao conglomerado de preceitos dogmáticos das Igrejas que se levantaram sobre a doutrina do Divino Mestre, contrariando as suas bases, digladiando-se mutuamente, condenando-se umas às outras em nome de Deus.

Aliado ao Estado, o Cristianismo deturpou-se, perdendo as suas características divinas.


FIM DE UM CICLO EVOLUTIVO

Sabemos todos que a Humanidade terrena atinge, atualmente, as cumeadas de um dos mais importantes ciclos evolutivos. Nessas transformações, há sempre necessidade do pensamento religioso para manter-se a espiritualidade das criaturas em momentos tão críticos. À ideia cristã se encontrava afeto o trabalho de sustentar essa coesão dos sentimentos de confiança e de fé das criaturas humanas nos seus elevados destinos; todavia, encarcerada nas grades dos dogmas católico-romanos, a doutrina de Jesus não poderia, de modo algum, amparar o espírito humano nessas dolorosas transições.

Todas as exterioridades da Igreja deixam nas almas atuais, sedentas de progresso, um vazio muito amargo.


URGE REFORMAR

Foi justamente quando o Positivismo alcançava o absurdo da negação, com Auguste Comte, e o Catolicismo tocava às extravagâncias da afirmativa, com Pio IX proclamando a infalibilidade papal, que o Céu deixou cair à Terra a revelação abençoada dos túmulos.

O Consolador prometido pelo Mestre chegava no momento oportuno. Urge reformar, reconstruir, aproveitar o material ainda firme, para destruir os elementos apodrecidos na reorganização do edifício social. E é por isso que a nossa palavra bate insistentemente nas antigas teclas do Evangelho cristão, porquanto não existe outra fórmula que possa dirimir o conflito da vida atormentada dos homens. A atualidade requer a difusão dos seus divinos ensinamentos. Urge, sobretudo, a criação dos núcleos verdadeiramente evangélicos, de onde possa nascer a orientação cristã a ser mantida no lar, pela dedicação dos seus chefes. As escolas do lar são mais que precisas, em vossos tempos, para a formação do espírito que atravessará a noite de lutas que a vossa Terra está vivendo, em demanda da gloriosa luz do porvir.


NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO PURA E SIMPLES

Há necessidade de iniciar-se o esforço de regeneração em cada indivíduo, dentro do Evangelho, com a tarefa nem sempre amena da autoeducação. Evangelizado o indivíduo, evangeliza-se a família; regenerada esta, a sociedade estará a caminho de sua purificação, reabilitando-se simultaneamente a vida do mundo.

No capítulo da preparação da infância, não preconizamos a educação defeituosa de determinadas noções doutrinárias, mas facciosas, facilitando-se na alma infantil a eclosão de sectarismos prejudiciais e incentivando o espírito de separatividade, e não concordamos com a educação ministrada absolutamente nos moldes desse materialismo demolidor, que não vê no homem senão um complexo celular, onde as glândulas, com as suas secreções, criam uma personalidade fictícia e transitória. Não são os sucos e os hormônios, na sua mistura adequada nos laboratórios internos do organismo, que fazem a luz do espírito imortal. Ao contrário dessa visão audaciosa dos cientistas, são os fluidos, imponderáveis e invisíveis, atributos da individualidade que preexiste ao corpo e a ele sobrevive, que dirigem todos os fenômenos orgânicos que os utopistas da biologia tentam em vão solucionar, com a eliminação da influência espiritual. Todas as câmaras misteriosas desse admirável aparelho, que é o mecanismo orgânico do homem, estão repletas de uma luz invisível para os olhos mortais.


FORMAÇÃO DA MENTALIDADE CRISTÃ

As atividades pedagógicas do presente e do futuro terão de se caracterizar pela sua feição evangélica e espiritista, se quiserem colaborar no grandioso edifício do progresso humano.

Os estudiosos do materialismo não sabem que todos os seus estudos se baseiam na transição e na morte. Todas as realidades da vida se conservam inapreensíveis às suas faculdades sensoriais. Suas análises objetivam somente a carne perecível. O corpo que estudam, a célula que examinam, o corpo químico submetido à sua crítica minuciosa, são acidentais e passageiros. Os materiais humanos postos sob os seus olhos pertencem ao domínio das transformações, através do suposto aniquilamento. Como poderá, pois, esse movimento de extravagância do espírito humano presidir à formação da mentalidade geral que o futuro requer, para a consecução dos seus projetos grandiosos de fraternidade e de paz? A intelectualidade acadêmica está fechada no círculo da opinião dos catedráticos, como a ideia religiosa está presa no cárcere dos dogmas absurdos.

Os continuadores do Cristo, nos tempos modernos, terão de marchar contra esses gigantes, com a liberdade dos seus atos e das suas ideias.

Por enquanto, todo o nosso trabalho objetiva a formação da mentalidade cristã, por excelência, mentalidade purificada, livre dos preceitos e preconceitos que impedem a marcha da Humanidade. Formadas essas correntes de pensadores esclarecidos do Evangelho, entraremos, então, no ataque às obras. Os jornais educativos, as estações radiofônicas, os centros de estudo, os clubes do pensamento evangélico, as assembleias da palavra, o filme que ensina e moraliza, tudo à base do sentimento cristão, não constituem uma utopia dos nossos corações. Essas obras que hoje surgem, vacilantes e indecisas no seio da sociedade moderna, experimentando quase sempre um fracasso temporário, indicam que a mentalidade evangélica não se acha ainda edificada. A andaimaria, porém, aí está, esperando o momento final da grandiosa construção.

Toda a tarefa, no momento, é formar o espírito genuinamente cristão; terminado esse trabalho, os homens terão atingido o dia luminoso da paz universal e da concórdia de todos os corações.


Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Emmanuel

Discípulos

 “E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo”. Jesus (Lucas. 14:27)

Os círculos cristãos de todos os matizes permanecem repletos de estudantes que se classificam no discipulado de Jesus, com inexcedível entusiasmo verbal, como se a ligação legítima com o Mestre estivesse circunscrita a problema de palavras.

Na realidade, porém, o Evangelho não deixa dúvidas a esse respeito.

A vida de cada criatura consciente é um conjunto de deveres para consigo mesma, para com a família de corações que se agrupam em torno dos seus sentimentos e para com a Humanidade inteira.

E não é tão fácil desempenhar todas essas obrigações com aprovação plena das diretrizes evangélicas.

Imprescindível se faz eliminar as arestas do próprio temperamento, garantindo o equilíbrio que nos é particular, contribuir com eficiência em favor de quantos nos cercam o caminho, dando a cada um o que lhe pertence, e servir à comunidade, de cujo quadro fazemos parte.

Sem que nos retifiquemos, não corrigiremos o roteiro em que marchamos.

Árvores tortas não projetam imagens irrepreensíveis.

Se buscamos a sublimação com o Cristo, ouçamos os ensinamentos divinos.

Para sermos discípulos dele é necessário nos disponhamos com firmeza a conduzir a cruz de nossos testemunhos de assimilação do bem, acompanhando-lhe os passos.

Aprendizes existem que levam consigo o madeiro das provas salvadoras, mas não seguem o Senhor por se confiarem à revolta através do endurecimento e da fuga.

Outros aparecem, seguindo o Mestre nas frases bem feitas, mas não carregam a cruz que lhes toca, abandonando-a à porta de vizinhos e companheiros.

Dever e renovação.

Serviço e aprimoramento.

Ação e progresso.

Responsabilidade e crescimento espiritual.

Aceitação dos impositivos do bem e obediência aos padrões do Senhor.

Somente depois de semelhantes aquisições é que atingiremos a verdadeira comunhão com o Divino Mestre.

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 058

Oração pelos entes queridos

 


Senhor Jesus!

Concedeste-nos os entes queridos por tesouros que nos empresta.

Ensina-nos a considerá-los e aceitá-los em sua verdadeira condição de filhos de Deus, tanto quanto nós, com necessidades e esperanças semelhantes às nossas. Faze-nos, porém, observar que aspiram a gêneros de felicidade diferente da nossa e ajuda-nos a não lhes violentar o sentimento em nome do amor, no propósito inconsciente de escravizá-los aos nossos pontos de vista.

Quando tristes, transforma-nos em bênçãos capazes de apoiá-los na restauração da própria segurança e, quando alegres ou triunfantes nos ideais que abraçam, não nos deixes na sombra do egoísmo ou da inveja, mas sim ilumina-nos o entendimento para que lhes saibamos acrescentar a paz e a esperança.

Conserva-nos no respeito que lhes devemos, sem exigir-lhes testemunhos de afeto ou de apreço, em desacordo com os recursos de que disponham.

Auxilia-nos a ser gratos pelo bem que nos fazem, sem reclamar-lhes benefícios ou vantagens, homenagens ou gratificações que não nos possam proporcionar.

Esclarece-nos para que lhe vejamos unicamente as qualidades, ajudando-nos a nos determos nisso, entendendo que os prováveis defeitos de que se mostrem ainda portadores desaparecerão no amparo de tua benção.

E, se algum dia, viermos a surpreender alguns deles em experiências menos felizes, dá-nos a força de compreender que não será reprovando ou condenando que lhes conquistaremos os corações, e sim entregando-os a Ti, através da oração, porque apenas Tu, Senhor, pode sondar o íntimo de nossas almas e guiar-nos o passo para o reequilíbrio nas Leis de Deus.

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Mãos unidas