quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Louvor do Natal

Reunião pública de 18/12/59

Questão nº 1.017

 

Senhor Jesus!

Quando vieste ao mundo, numerosos conquistadores haviam passado, cimentando reinos de pedra com sangue e lágrimas.

Na retaguarda dos carros de ouro e púrpura, em que lhes fulgia a vitória, alastravam-se, como rastros da morte, a degradação e a pilhagem, a maldição do solo envilecido e o choro das vítimas indefesas.

Levantavam-se, poderosos, em palácios fortificados e faziam leis de baraço e cutelo, para serem, logo após, esquecidos no rol dos carrascos da Humanidade.

Entretanto, Senhor, nasceste nas palhas e permaneceste lembrado para sempre.

Ninguém sabe até hoje quais tenham sido os tratadores de animais que te ofertaram esburacada manta por leito simples, e ignora-se quem foi o benfeitor que te arrancou ao desconforto da estrebaria para o clima do lar.

Cresceste sem nada pedir que não fosse o culto à verdadeira fraternidade.

Escolheste vilarejos anônimos para a moldura de tua palavra sublime... Buscaste para companheiros de tua obra homens rudes, cujas mãos calejadas não lhes favoreciam os voos do pensamento. E conversaste com a multidão, sem propaganda condicionada.

No entanto, ninguém conhece o nome das crianças que te pousaram nos joelhos amigos, nem das mães fatigadas a quem te dirigiste na via pública!

A História, que homenageava Júlio César, discutia Horácio, enaltecia Tibério, comentava Virgílio e admirava Mecenas, não te quis conhecer em pessoa, ao lado de tua revelação, mas o povo te guardou a presença divina e as personagens de tua epopeia chamam-se “O cego Bartimeu”, “o homem de mão mirrada”, “o servo do centurião”, “o mancebo rico”, “a mulher Cananeia”, “o gago de Decápolis”, “a sogra de Pedro”, “Lázaro, o irmão de Marta e Maria”...

Ainda assim, Senhor, sem finanças e sem cobertura política, sem assessores e sem armas, venceste os séculos e estás diante de nós, tão vivo hoje quanto ontem, chamando-nos o espírito ao amor e à humildade que exemplificaste, para que surjam, na Terra, sem dissensão e sem violência, o trabalho e a riqueza, a tranquilidade e a alegria, como bênção de todos.

É por isso que, emocionados, recordando-te a manjedoura, repetimos em prece:

– Salve, Cristo! Os que aspiram a conquistar desde agora, em si mesmos, a luz de teu reino e a força de tua paz, te glorificam e te saúdam!...

 

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Religião dos Espíritos 

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Natal


Grande bolo à mesa.

A árvore linda em festa.

O brilho da noite empresta;

Regozijo ao coração...

É como se a Natureza

Trouxesse Belém de novo

Para os júbilos do povo

Em doce fulguração.

 

Tudo é bênção que se enflora,

De envolta na melodia

Da luminosa alegria

Que te beija e segue além...

Mas se reparas, lá fora,

O quadro que tumultua,

Verás quem passa na rua

Sem ânimo e sem ninguém.

 

Contemplarás pequeninos

De faces agoniadas,

Pobres mães desesperadas,

Doentes em chaga e dor...

E, ajudando aos peregrinos

Da esperança quase morta,

Talvez enxergues à porta

O Mestre pedindo amor.

 

É sim!... É Jesus que volta

Entre os pedestres sem nome,

Dando pão a quem tem fome,

Luz às trevas, roupa aos nus!

Anjo dos Céus sem escolta,

Embora a expressão serena,

Tem nas mãos com que te acena

Os tristes sinais da cruz.

 

Natal! Reparte o carinho

Que te envolve a noite santa

Veste, alimenta e levanta

O companheiro a chorar.

E, na glória do caminho

Dos teus gestos redentores,

Recorda por onde fores

Que o Cristo nasceu sem lar.

 

Irene Ferreira de Souza Pinto

 

Médium: Francisco Cândido Xavier – Livro: Antologia dos Imortais 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Oração do Natal

 


MESTRE Amado, agradecemos,

Em teu Natal de Alegria,

A paz que nos anuncia

A vida superior...

Por nossa esperança em festa,

Pelo pão, pelo agasalho,

Pelo suor do trabalho,

Louvado sejas, Senhor!...

 

Envoltos na luz da prece,

Louvamos-te os dons supremos,

Nas flores que te trazemos,

Cantando de gratidão!...

Felizes e reverentes,

Rogamos-te, Doce Amigo,

A bênção de estar contigo

No templo do coração.


Casimiro Cunha / Chico Xavier - Livro: Os dois maiores amores

Na instrumentalidade

 “Como se conhecerá o que se toca com a flauta ou com a cítara?” Paulo (I Coríntios, 14:7)

Cada companheiro de serviço cristão deveria considerar-se instrumento nas mãos do Divino Mestre, a fim de que a sublime harmonia do Evangelho se faça irrepreensível para a vitória completa do bem.

Todavia, se a Ilimitada sabedoria do Celeste Emissor se mantém soberana e perfeita, os receptores terrenos pecam por deficiências lamentáveis.

Esse tem fé, mas não sabe tolerar as lacunas do próximo.

Aquele suporta cristãmente as fraquezas do vizinho, contudo, não possui energia nem mesmo para governar os próprios impulsos.

Aquele outro é bondoso e confiante, mas foge ao estudo e à meditação, favorecendo a ignorância.

Outro, ainda, é imaginoso e entusiasta, entretanto, escapa sutilmente ao esforço dos braços.

Um é conselheiro excelente, no entanto, não santifica os próprios atos.

Outro retém brilhante verbo na pregação doutrinária, todavia, é apaixonado cultor de anedotas menos dignas com que desfigura o respeito à revelação de que é portador.

Esse estima a castidade do corpo, mas desvaira-se pela aquisição de dinheiro fácil.

Outro, mais além, conseguiu desprender-se das posses de ouro e terra, casa e moinho, mas cultiva verdadeiro incêndio na carne.

É indiscutível a nossa imperfeição de seguidores da Boa Nova.

Por isso mesmo, guardamos o título de aprendizes.

O Planeta não é o paraíso terminado e achamo-nos, por nossa vez, muito distantes da angelitude.

Todavia, obedecendo ou administrando, ensinando ou combatendo, é indispensável afinar o nosso instrumento de serviço pelo diapasão do Mestre, se não desejamos prejudicar-lhe as obras.

Evitemos a execução insegura, indistinta ou perturbadora, oferecendo-lhe plena boa vontade na tarefa que nos cabe, e o Reino Divino se manifestará mais rapidamente onde estivermos.


 Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 084

sábado, 17 de dezembro de 2022

Mais Luz - Edição 609 - 18/12/2022

 

Venha ler conosco: https://mailchi.mp/63e8edf4076d/bem-aventurados-os-pacificadores


Bem-aventurados os pacificadores – Rodolfo Calligaris

Ante o Evangelho: Advento do Espírito de Verdade

Poema: Quando Jesus pregava – Wenceslau José de Oliveira Queiroz

Avancemos além – Fonte Viva 83

Oração: Carta a Jesus – Caibar Schutel



Bem-aventurados os pacificadores

 

Jesus Cristo é o Príncipe da Paz.

“A paz vos deixo, a minha paz vos dou”, disse Ele, pouco antes de sua morte. “Não vo-la dou como o mundo a dá”, isto é, sob a forma de armistício, frágil e incerto, cuja estabilidade pode romper-se a qualquer momento, mas sim em caráter firme e absoluto.

Esse dom da graça divina, entretanto, para que se estabeleça em nossa alma, impregnando-a de suave beatitude, exige condições de receptividade, ou seja, a extinção do orgulho e de todos os desejos egoístas, porquanto são esses sentimentos inferiores que inspiram todas as discórdias e promovem todas as lutas que se verificam na face da Terra.

Sim, para que esse carisma seja uma realidade em nossa vida, mister se faz despertemos nossa consciência espiritual, libertemo-nos das ilusões do plano físico e identifiquemo-nos com as verdades do Mundo Maior; sem essa experiência, haveremos de ser, sempre, criaturas agitadas e descontentes, em permanente desarmonia com nós mesmos e com aqueles que nos cruzam o caminho.

Enquanto não haja pacificação individual, enquanto os homens não se sentirem harmonizados intimamente, os conflitos exteriores, tanto no recinto doméstico, como no campo social, hão de subsistir, fatalmente, sendo baldados todos os recursos que se empreguem para aboli-los.

Bem-aventurado aquele que, numa busca pessoal, ingente, descubra o seu Cristo interno e, renunciando ao seu pequenino ego humano, unifique-se com Ele, passando a viver, não mais com mira no próprio proveito, mas desejando ardentemente vir a ser um veículo pelo qual o Amor divino possa chegar até os seus irmãos. Esse terá encontrado a “pérola preciosa” de que nos fala a parábola evangélica, e desde então, na posse desse tesouro inapreciável, gozará de uma paz e uma alegria perfeitas, que nenhum sucesso vindo de fora será capaz de perturbar.

Alcançado esse estado de alma, dominará o ambiente exterior e, onde quer que se encontre, mesmo sem dizer palavra, simplesmente com sua presença, influirá beneficamente sobre os que o rodeiam.

Junto a si, mercê das forças espirituais superiores que irradia, todos se sentirão aliviados, tranquilos e seguros; uma indizível sensação de calma e bem-estar descerá qual orvalho sobre os corações desgostosos e conturbados.

Os seguidores do Cristo devem dar-se a conhecer pelos esforços que empreendam em favor da paz.

Sejam, pois, nossos pensamentos, palavras e ações, uma contribuição constante no sentido de erradicar do mundo (começando primeiramente por nós) a inveja, as suspeitas, o ódio, a vingança e o espírito de contenda.

Se assim o fizermos, se adquirirmos a qualificação de pacificadores, mereceremos ser chamados “filhos de Deus”, bem como a glória de ser participantes da paz celestial. (Mateus, 5:9.)

Rodolfo Calligaris – Livro: O Sermão da Montanha




Avancemos além

 “Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina do Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas.” Paulo (Hebreus, 6:1)

Aceitar o poder de Jesus, guardar certeza da própria ressurreição além da morte, reconfortar-se ante os benefícios da crença, constituem fase rudimentar no aprendizado do Evangelho.

Praticar as lições recebidas, afeiçoando a elas nossas experiências pessoais de cada dia, representa o curso vivo e santificante.

O aluno que não se retira dos exercícios no alfabeto nunca penetra o luminoso domínio mental dos grandes mestres.

Não basta situar nossa alma no pórtico do templo e aí dobrar os joelhos reverentemente; é imprescindível regressar aos caminhos vulgares e concretizar, em nós mesmos, os princípios da fé redentora, sublimando a vida comum.

Que dizer do operário que somente visitasse a porta de sua oficina, louvando-lhe a grandeza, sem, contudo, dedicar-se ao trabalho que ela reclama? Que dizer do navio admiravelmente equipado, que vivesse indefinidamente na praia sem navegar?

Existem milhares de crentes da Boa Nova nessa lastimável posição de estacionamento. São quase sempre pessoas corretas em todos os rudimentos da doutrina do Cristo. Creem, adoram e consolam-se, irrepreensivelmente; todavia, não marcham para diante, no sentido de se tornarem mais sábias e mais nobres. Não sabem agir, nem lutar e nem sofrer, em se vendo sozinhas, sob o ponto de vista humano.

Precavendo-se contra semelhantes males, afirmou Paulo, com profundo acerto: — “Deixando os rudimentos da doutrina de Jesus, prossigamos até à perfeição, abstendo-nos de repetir muitos arrependimentos, porque então não passaremos de autores de obras mortas.”

Evitemos, assim, a posição do aluno que estuda... e jamais se harmoniza com a lição, recordando também que se o arrependimento é útil, de quando em quando, o arrepender-se a toda hora é sinal de teimosia e viciação.

 Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 083

Carta a Jesus

 


Meu Mestre e Senhor Jesus.

Louvado seja o Teu iluminado Espírito!

Nos momentos penosos da minha vida tenho-me apegado contigo e nunca deixei de merecer a Tua misericórdia.

Nos momentos de alegria e abundância da minha vida, nunca deixei de Te render graças e cantar louvores ao Teu incomparável Espírito.

Ajuda-me Senhor, nas minhas deficiências, preenche as minhas falhas, enche os meus claros com o Teu beneplácito e não permitas que pelos meus defeitos seja a Tua Doutrina escandalizada e a Tua palavra maculada.

Sou Teu discípulo e Te amo como o cão fiel ama ao seu dono. Sou criança ignorante. Tem compaixão de mim!

Abençoa a todos os Espíritos, meus irmãos, que me sustentam e dá-lhes forças para que operem comigo o Teu amor.

Louvado seja Deus, o nosso Pai Celestial a quem conheço, Senhor por Teu intermédio e a quem amo e adoro, se guardo o Teu preceito.

Caibar Schutel - Livro: Espiritismo para as crianças

sábado, 10 de dezembro de 2022

Mais Luz - Edição 608 - 11/12/2022

 Venha ler e refletir em mais uma edição do Mais Luz:

https://mailchi.mp/d17ed890b624/o-mestre-e-o-discpulo


  • O Mestre e o discípulo – Livro: O Mestre na Educação
  • Ante o Evangelho: O jugo leve
  • Poema: Entende a Jesus – Livro: Antologia dos Imortais
  • Quem serve, prossegue – Fonte Viva 82
  • Oração a Jesus – Livro: O médico Jesus


O Mestre e o discípulo

 


Discípulo: Senhor, sinto-me desalentado diante das iniquidades do século. Parece que jamais os homens se mostraram tão rebeldes à razão e ao sentimento, como nestes tempos.

Mestre: Desalentado? Por quê? Duvidas, acaso, da segurança do Universo? Desalento é fraqueza, é falta de fé.

Discípulo: Quero ter fé, Senhor, mas vejo a cada passo surgirem tais impedimentos e tais embaraços à vinda do reino de Deus, que o desânimo me invade a alma.

Mestre: És mais carnal que espiritual. A precipitação é peculiar ao homem. Quando o domínio do Espírito se estabelece, o coração se acalma, serenam as paixões e a fé não vacila mais. A pressa é, não só inimiga da perfeição, como também da razão. Os atrabiliários e insofridos jamais arrazoam com acerto. O reino de Deus há de vir e está vindo a cada instante, para aqueles que o querem e sabem querê-lo. A vontade de Deus há de ser feita na Terra, como já o é nos céus. Espera e confia, vigia e ora. Não deves medir o curso das ideias como medes o curso da tua existência: esta se escoa através de alguns dias fugazes, enquanto que aquelas se agitam no transcorrer dos séculos e dos milênios.

Discípulo: Bem sei, Senhor, que deve ser como dizes. Eu supunha, no entanto, que a obra da evolução caminhasse sem intermitências; por isso queria vê-la em marcha ascensional, triunfando dos óbices e tropeços com que os homens, em sua ignorância e maldade, costumam juncar-lhe o caminho. Esta vitória do mal sobre o bem, da opressão sobre a liberdade me amargura e angustia. Tal vitória é certamente efêmera; contudo, é um entrave à evolução, é uma pedra de tropeço que, não se sabe por quanto tempo, conservará o carro do progresso entravado.

Mestre: Enganas-te. A evolução é lei imutável. Não há forças, não há potências conjugadas capazes de a impedir, nem mesmo embaraçar-lhe a ação e a eficiência. Nem um só instante a obra da evolução sofreu interrupções na eternidade do tempo e no infinito do espaço.

Discípulo: Como explicas, então, Senhor, a iniquidade, a tirania, a mentira e a corrupção, que ora imperam na sociedade terrena? O mundo estará evolutindo sob o influxo de tais elementos?

Mestre: Erras nos teus juízos, pelos motivos já expostos. Ignoras que é precisamente sofrendo iniquidades e suportando opressão que o homem vai compreender o valor da justiça e da liberdade? Não sabes que só a experiência convence os Espíritos rebeldes? Não vês como os doentes amam a saúde, como os oprimidos sonham com a liberdade e os perseguidos suspiram pela justiça? Julgas que esta geração adúltera e incrédula se converta apenas com os testemunhos do céu e com as palavras de amor expressas no Evangelho do reino? Supões que todos se amoldam à graça sem o aguilhão da lei? Em mundos como este, é preciso privar os seus habitantes de certos bens, para que se inteirem do valor e importância desses mesmos bens. Suportando injustiças e afrontas, vendo seus direitos postergados pelo despotismo, os homens aprenderão a venerar a justiça, subordinando-lhe os interesses temporais e tornando-se capazes de renúncias e de sacrifícios em prol de seu advento.

Discípulo: Começo a ver luz onde tudo se me afigurava escuro. Todavia, Senhor, seja-me permitido ainda algumas perguntas.

Mestre: Pede e receberás; bate e se te abrirá, busca e acharás.

Discípulo: De tal modo, a obra da redenção jamais se interrompe e, mesmo através de todas as anomalias, ela se realiza fatalmente?

Mestre: Decerto: se assim não fora, a Suprema Vontade não se cumpriria e Deus deixaria de ser Deus. A evolução, no que respeita ao Espírito, opera-se pela educação dos seus poderes e faculdades latentes. Ora, todas as vicissitudes, todas as lutas, todos os sofrimentos, em suma, contribuem para incentivar o desenvolvimento das possibilidades anímicas. Assim, pois, quer o Espírito goze os salutares efeitos da prática do bem e da conduta reta; quer suporte as amargas consequências do mal cometido, da negligência no cumprimento do dever, da corrupção a que se entregue, ele estará educando-se, e, portanto, evolvendo. Pelo amor e pela dor, sob a doçura da graça, ou sob a inflexibilidade da lei — caminhará, sempre, em demanda dos altos destinos que lhe estão reservados.

Discípulo: Falas na santa obra da educação. Feriste, Senhor, o alvo, o eixo em torno do qual giram as minhas lucubrações mais acuradas. Compreendo muito bem a importância da educação. Vejo claramente que só a religião da educação, tal como ensinaste e exemplificaste, pode salvar a Humanidade. Mas, como vingará esta fé, se os dirigentes, os dominadores de consciências, aqueles, enfim, que têm ascendência sobre o povo são os primeiros a deseducá-lo, a corrompê-lo, premiando os caracteres fracos e venais que se sujeitam aos seus caprichos e perseguindo os poucos que, capazes de sofrer pela justiça e pela verdade, pelo direito e pela liberdade, resistem ao despotismo do século? Tal processo de corrupção não invalidará, pelo menos por tempo indeterminado, a eficiência da educação?

Mestre: Nada há encoberto que não seja descoberto, nem algo oculto que se não venha a saber. Falas em processo de corrupção que poderá deseducar o povo. Ignoras, então, que o Espírito educado jamais se deseduca? A lei é avançar e não retroagir. Os que se submetem às influências dos maus e dos prevaricadores, deixando-se corromper por falaciosas promessas, são Espíritos fracos, egoístas e amigos da ociosidade, da vida cômoda e fácil. São os tais que entram pela porta larga e transitam pela estrada espaçosa e ampla que conduz à perdição. É possível que tais indivíduos se abastardem ao extremo, levados pelos corruptores de consciências; mas, o dia do despertar há de chegar. Tanto maior será a reação quanto mais o Espírito se tenha degradado. E, às vezes, é o único meio de corrigir os cínicos, os hipócritas e os indolentes.

Discípulo: E os empreiteiros da corrupção, até quando continuarão entregues a tão abjeta tarefa?

Mestre: Eles são instrumentos inconscientes de punição. Os homens castigam-se mutuamente. São semelhantes aos seixos que rolam no fundo dos rios, arrastados pela corrente das águas. No começo, eram ásperos e arestosos, mas, à força de se entrechocarem e se friccionarem, acabam alisando-se, tornando-se polidos e brunidos, como trabalhados por mão de artista. Cumpre notar ainda que a cada um será dado segundo as suas obras. O déspota de hoje será a vítima de amanhã — pois quem com ferro fere com ferro será ferido.

Discípulo: Estás com a razão, Senhor. És, de fato, o caminho, a verdade e a vida. És a luz do mundo.

Mestre: Lembra-te do que eu disse: Vós sois o sal da terra e a luz do mundo. Não se acende uma candeia para colocá-la debaixo dos móveis, mas no velador, para que a todos ilumine. Portanto, não basta que me consideres luz, é preciso que te tornes luz.

Discípulo: Cada vez mais me arrebatas com a tua luz, aclarando os problemas da vida, tornando acessíveis a todas as inteligências os mais complexos problemas sociais.

Mestre: Confessas que tens entendido o que eu disse? Bem-aventurado serás, se puseres em prática os meus ensinamentos. Não te esqueças: se os praticares. Trata, pois, de descobrir o reino de Deus em ti mesmo, no teu coração; depois, procura implantá-lo em teu lar; depois, em tua rua; depois, no mundo. Não tenhas pressa. Confia e espera, vigia e ora. Não penses em fazer o mais, antes de fazer o menos. No Universo, tudo é ordem e harmonia.

Pedro de Camargo – Livro: O Mestre na Educação