quinta-feira, 16 de março de 2023

A glória do esforço

 


Relacionava Tiago, filho de Alfeu, as dificuldades naturais na preparação do discípulo, quando várias opiniões se fizeram ouvir quanto aos percalços do aprimoramento.

É quase impossível praticar as lições da Boa-Nova, no mundo avesso à bondade, à renúncia e ao perdão, — concluíam os aprendizes de maneira geral. A maioria das criaturas comprazem-se na avareza ou no endurecimento.

Registrava o Mestre a conceituação expendida pelos companheiros, em significativa quietude, quando Pedro o convocou diretamente ao assunto.

Jesus refletiu alguns instantes e ponderou:

— Entre ensino e aproveitamento, tudo depende do aprendiz.

E a seguir, falou com brandura:

— Existiu no tempo de David um grande artista que se especializara na harpa com tamanha perfeição que várias pessoas importantes vinham de muito longe, a fim de ouvi-lo. Grandes senhores com as suas comitivas descansavam, de quando em quando, junto à moradia dele, cercada de arvoredo, para escutar-lhe as sublimes improvisações. O admirável mestre fez renome e fortuna, parecendo a todos que ninguém o igualaria na Terra na expressão musical a que se consagrara.

Em seus saraus e exibições, possuía em seu serviço pessoal um escravo aparentemente inábil e atoleimado, que servia água, doce e frutas aos convivas, e que jamais conversava, fixando toda a atenção no instrumento divino, como se vivesse fascinado pelas mãos que o tangiam.

Muitos anos correram quando, certa noite, o artista volta, de inesperado, ao domicílio, findo o banquete de um amigo nas vizinhanças e, com indizível espanto, assinala celeste melodia no ar.

Alguém tocava magistralmente em sua casa solitária, qual se fora um anjo exilado no mundo.

Quem seria o estrangeiro que lhe tomara o lugar?

Em lágrimas de emoção por pressentir a existência de alguém com ideal artístico muito superior ao dele, avança devagar para não ser percebido e, sob intraduzível assombro, verificou que o harpista maravilhoso era o seu velho escravo tolo que, usando os minutos que lhe pertenciam por direito e sem incomodar a ninguém, exercitava as lições do senhor, às quais emprestava, desde muito tempo, todo o seu vigilante amor em comovido silêncio.

Foi então que o artista magnânimo e famoso libertou-o e conferiu-lhe a posição que por justiça merecia.

Diante da estranheza dos discípulos que se calavam, confundidos, o Mestre rematou:

— A aquisição de qualidades nobres é a glória infalível do esforço. Todo homem e toda mulher que usarem as horas de que dispõem na harpa da vida, correspondendo à sabedoria e à beleza com que Nosso Pai se manifesta, em todos os quadros do mundo, depressa lhe absorverão a grandeza e as sublimidades, convertendo-se em representantes do Céu para seus irmãos em humanidade. Quando a criatura, porém, somente trabalha na cota de tempo que lhe é paga pelas mordomias da Terra, sem qualquer aproveitamento das largas concessões de horas que a Divina Bondade lhe concede no corpo, nada mais receberá, além da remuneração transitória do mundo.

 

Neio Lúcio / Chico Xavier – Livro: Jesus no Lar – cap. 43


Nova etapa do Projeto "Lendo e Relendo André Luiz"

 


Já está valendo!

Destaque para a 6a. obra da Coleção "A Vida no Mundo Espiritual" (pelo Espírito André Luiz).

É o Projeto Lendo e Relendo André Luiz, promovido pelo Departamento de Estudos do C. E. JOSEPH GLEBER. 

Vamos ler, reler, estudar?

Oração do trabalho

 


Senhor!

Deste-nos o trabalho por sustento da vida.

Concede-nos, por misericórdia, mais trabalho com que nos dirijamos dentro da segurança precisa para a Vida Maior.

Nas horas difíceis faze-nos trabalhar com mais eficiência, para que o obstáculo se nos converta em lição.

Nos momentos felizes, auxilia-nos a trabalhar com mais devotamento ao serviço, aumentando a alegria dos outros.

Quando a carência apareça, induze-nos ao trabalho necessário para que o trabalho em nosso coração e em nossas mãos se transforme nos recursos de que necessitemos a fim de cumprir-te os desígnios.

Quando a prosperidade nos visite, orienta-nos na manutenção do trabalho mais amplo, para que a felicidade de todos se nos erija contigo em meta por atingir.

No instante em que o erro nos assinale a marcha, auxilia-nos a trabalhar na retificação que nos assegure o reequilíbrio; e sempre que, em teu amor, pudermos manter o passo em rumo certo, reveste-nos as possibilidades com as bênçãos do trabalho para que não nos precipitemos nas aventuras ou nos riscos inúteis, que nos acenem além das margens, suscetíveis de nos ensombrarem a esperança de servir-te e a coragem de acompanhar-te.

Em todos os instantes, em todas as situações, com todas as criaturas, diante de quaisquer problemas, à frente de quaisquer lutas, perante todas as ocorrências da estrada e em todas as nossas experiências, por dentro e por fora de nós, jamais nos arredes do trabalho, Senhor, porque é no trabalho que possuiremos o sentido real de tua vontade e será sempre no trabalho que disporemos, sem vacilação e sem dúvida, sem desânimo e sem esmorecimento, da direção exata a fim de buscar-te, cada dia, até que possamos identificar-nos finalmente contigo, para viver em ti e no trabalho que te define e te representa na paz e na elevação de todos, agora e para sempre. 

Batuíra / Chico Xavier – Livro: Irmãos unidos


quarta-feira, 15 de março de 2023

Além dos outros

 

“Não fazem os publicanos também o mesmo?” — Jesus. (Mateus, 5:46)

 

Trabalhar no horário comum irrepreensivelmente, cuidar dos deveres domésticos, satisfazer exigências legais e exercitar a correção de proceder, fazendo o bastante na esfera das obrigações inadiáveis, são tarefas peculiares a crentes e descrentes na senda diária.

Jesus, contudo, espera algo mais do discípulo.

Correspondes aos impositivos do trabalho diuturno, criando coragem, alegria e estímulo, em derredor de ti?

Sabes improvisar o bem, onde outras pessoas se mostraram infrutíferas?

Aproveitas, com êxito, o material que outrem desprezou por imprestável?

Aguardas, com paciência, onde outros desesperaram?

Na posição de crente, conservas o espírito de serviço, onde o descrente congelou o espírito de ação?

Partilhas a alegria de teus amigos, sem inveja e sem ciúme, e participas do sofrimento de teus adversários, sem falsa superioridade e sem alarde?

Que dás de ti mesmo no ministério da caridade?

Garantir o continuísmo da espécie, revelar utilidade geral e adaptar-se aos movimentos da vida são característicos dos próprios irracionais.

O homem vulgar, de muitos milênios para cá, vem comendo e bebendo, dormindo e agindo sem diferenças fundamentais, na ordem coletiva. De vinte séculos a esta parte, todavia, abençoada luz resplandece na Terra com os ensinamentos do Cristo, convidando-nos a escalar os cimos da espiritualidade superior. Nem todos a percebem, ainda, não obstante envolver a todos. Mas, para quantos se felicitam em suas bênçãos extraordinárias, surge o desafio do Mestre, indagando sobre o que de extraordinário estamos fazendo.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 96



sábado, 11 de março de 2023

Roda de conversa: No mundo maior

 


Na culminância do projeto “Lendo e relendo André Luiz – etapa No mundo maior”, uma roda de conversa guiada pelos companheiros Oliveira, Marly, Rosane e Nilton, trouxe reflexões sobre os conceitos abordados pela obra tais como: mediunidade, animismo, aborto criminoso, suicídio, alcoolismo, leviandade, ódio e desilusão.

Se você não viu, vale a pena conferir: https://www.youtube.com/watch?v=IdOY2R-0cZA





Mais Luz - Edição 621 - 12/03/2023

 

Venha conferir conosco:

 

Em todos os homens vemos irmãos – Comunicado FEB

Ante o Evangelho: O homem de bem

Mensagem da Semana: Vê e segue – Fonte Viva 95

Poema: Oração ao Cruzeiro – Pedro de Alcântara

Oração da fraternidade – Bezerra de Menezes

 

https://mailchi.mp/1682548534b3/em-todos-os-homens-vemos-irmos



Em todos os homens vemos irmãos

 


“Allan Kardec encontrou, nos princípios da Doutrina Espírita, explicações que apontam para leis sábias e supremas, razão pela qual afirmou que o Espiritismo permite “resolver os milhares de problemas históricos, arqueológicos, antropológicos, teológicos, psicológicos, morais, sociais, etc.” (Nota explicativa em O livro dos espíritos).

 

Sempre dinâmica, a Doutrina dos Espíritos nos ensina diariamente a importância de ações solidárias relacionadas às nossas vidas. Apresenta conceitos sobre questões morais, existenciais e sociais que permeiam nossos dias, a exemplo da igualdade e da fraternidade.

Allan Kardec, o Codificador, elucida-nos que […] “o Espiritismo, restituindo ao Espírito o seu verdadeiro papel na Criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, faz com que desapareçam, naturalmente, todas as distinções estabelecidas entre os homens, conforme as vantagens corporais e mundanas, sobre as quais só o orgulho fundou as castas e os estúpidos preconceitos de cor”. (Revista Espírita, out. 1861)

Somos iguais e trabalhamos em comunhão para que assim todos se sintam verdadeiramente irmãos. Reflete Ismael Gomes Braga que “no racismo existe uma transmutação da ideia de justiça na de crueldade, porque aí a justiça se divorcia da caridade” (Reformador, dez. 1942). 

Enfatiza, conforme também escreve Herculano Pires no livro Ciência espírita, que “o Espiritismo explica a complexidade desse problema e revela a sua grandeza moral no desenvolvimento espiritual da Humanidade. É precisamente no plano social terreno, onde a dispersão da unidade humana gera as discriminações, que a reintegração na unidade vai se processar no difícil aprendizado do princípio do amor ao próximo”.

“Em diversos pontos de sua obra, o Codificador Allan Kardec se refere aos Espíritos encarnados em tribos incultas e selvagens, então existentes em algumas regiões do planeta, e que, em contato com outros polos de civilização, vinham sofrendo inúmeras transformações, muitas com evidente benefício para os seus membros, decorrentes do progresso geral ao qual estão sujeitas todas as etnias, independentemente da coloração de sua pele. […] (Nota explicativa em O livro dos espíritos). 

Em oportuna explicação sobre este tema, a Federação Espírita Brasileira registra nota explicativa presente nas edições febianas das obras de Kardec, decorrente do entendimento junto à Justiça, com intuito de esclarecimento frente ao público, (MPF/TAC nº 1.14.000.000835/2006-12; Data 6/11/2007) que nos esclarece: Na época, Allan Kardec sabia apenas o que vários autores contavam a respeito dos selvagens africanos, sempre reduzidos ao embrutecimento quase total, quando não escravizados impiedosamente. Com base nos conceitos divulgados na época, Kardec repete, com outras palavras, o que os pesquisadores descreviam em retorno das viagens que faziam à África negra. Enfatiza, no entanto, o Codificador, que o homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. (O evangelho segundo o espiritismo, capítulo XVII, item 3, p. 348.) 

Aprendizes que somos, finalizamos com a reflexão do próprio Allan Kardec: “nós trabalhamos para dar a fé aos que em nada creem; para espalhar uma crença que os torna melhores uns para os outros, que lhes ensina a perdoar aos inimigos, a se olharem como irmãos, sem distinção de raça, casta, seita, cor, opinião política ou religiosa; numa palavra, uma crença que faz nascer o verdadeiro sentimento de caridade, de fraternidade e deveres sociais”. (Revista Espírita, fev. 1863).

 

Texto extraído do sítio da FEB (Comunicado): https://www.febnet.org.br/portal/2023/03/07/em-todos-os-homens-vemos-irmaos/


Vê e segue

 “Uma coisa sei: Eu era cego e agora vejo.” — (João, 9:25)

 

Apesar de o trabalho renovador do Evangelho, nos círculos da consolação e da pregação, desdobrar-se, diante das massas, semeando milagres de reconforto na alma do povo, o serviço sutil e quase desconhecido do aproveitamento da Boa Nova é sempre individual e intransferível.

Os aprendizes da vida cristã, na atividade vulgar do caminho, desfrutam do conceito de normalidade, mas se não gozam de vantagens observáveis no imediatismo da experiência humana, quais sejam as da consolação, do estímulo ou da prosperidade material, de maneira a gravarem o ensinamento vivo de Jesus, nas próprias vidas, passam à categoria de pessoas estranhas, muita vez ante os próprios companheiros de ministério.

Chegado a semelhante posição, e se sabe aproveitar a sublime oportunidade pela submissão e diligência, o discípulo experimenta completa transposição de plano.

Modifica a tabela de valores que o rodeiam.

Sabe onde se ocultam os fundamentos eternos.

Descortina esferas novas de luta, através da visão interior que outros não compreendem.

Descobre diferentes motivos de elevação, por intermédio do sacrifício pessoal, e identifica fontes mais altas de incentivo ao esforço próprio.

Em vista disso, frequentemente provoca discussões acesas, com respeito à atitude que adota à frente de Jesus.

Por ver, com mais clareza, as instruções reveladas pelo Mestre, é tido à conta de fanático ou retrógrado, idiota ou louco.

Se, porém, procuras efetivamente a redenção com o Senhor, prossegue seguro de ti mesmo; repara, sem aflição e sem desânimo, as contendas que a ação genuína de Jesus em ti recebe de corações incompreensivos e estacionários, repete as palavras do cego que alcançou a visão e segue para diante. 

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 95