sábado, 23 de março de 2024

Mais Luz - Edição 675 - 24/03/2024

 


Confira nesta edição:

https://mailchi.mp/861719a81b01/a-prece

 

A prece – Léon Denis

Ante o Evangelho: Ação da prece. Transmissão do pensamento

Mensagem da Semana: No culto à prece – Fonte Viva, 149

Poema: Cenáculo divino – Auta de Souza

Oração de Jerônimo de Praga – Livro Depois da Morte




sexta-feira, 22 de março de 2024

A prece

 


(...) Logo que uma pedra fende as águas, vê­-se-­lhes a superfície vibrar em ondulações concêntricas. Assim também o fluido universal vibra pelas nossas preces e pelos nossos pensamentos, com a diferença de que as vibrações das águas são limitadas, enquanto as do fluido universal se sucedem ao infinito.

Todos os seres, todos os mundos estão banhados nesse elemento, assim como nós o estamos na atmosfera terrestre. Daí resulta que o nosso pensamento, quando é atuado por grande força de impulsão, por uma vontade perseverante, vai impressionar as almas a distâncias incalculáveis. Uma corrente fluídica se estabelece entre umas e outras e permite que os Espíritos elevados nos influenciem e respondam aos nossos chamados, mesmo que estejam nas profundezas do espaço.

Também sucede o mesmo com todas as almas sofredoras. A prece opera nelas qual magnetização a distância. Penetra através dos fluidos espessos e sombrios que envolvem os Espíritos infelizes; atenua suas mágoas e tristezas.

É a flecha luminosa, a flecha de ouro rasgando as trevas. É a vibração harmônica que dilata e faz rejubilar-se a alma oprimida. Quanta consolação para esses Espíritos ao sentirem que não estão abandonados, quando veem seres humanos interessando-­se ainda por sua sorte!  Sons, alternativamente poderosos e ternos, elevam­-se como um cântico na extensão e repercutem com tanto maior intensidade quanto mais amorosa for a alma donde emanam.

Chegam até eles, comovem­-nos e penetram profundamente. Essa voz longínqua e amiga dá-­lhes a paz, a esperança e a coragem. Se pudéssemos avaliar o efeito produzido por uma prece ardente, por uma vontade generosa e enérgica sobre os desgraçados, os nossos votos seriam muitas vezes a favor dos deserdados, dos abandonados do espaço, desses em quem ninguém pensa e que estão mergulhados em sombrio desânimo.

(...) “Reuni­-vos para orar”, disse o apóstolo. A prece feita em comum é um feixe de vontades, de pensamentos, raios, harmonias e perfumes que se dirige mais poderosamente ao seu alvo. Pode adquirir uma força irresistível, uma força capaz de agitar, de abalar as massas fluídicas. Que alavanca poderosa para a alma entusiasta, que dá ao seu impulso tudo quanto há de grandioso, de puro e de elevado em si! Nesse estado, seus pensamentos irrompem como corrente impetuosa, de abundantes e potentes eflúvios. Tem­-se visto, algumas vezes, a alma em prece desprender-­se do corpo e, inebriada pelo êxtase, seguir o pensamento fervoroso que se projetou como seu precursor através do infinito. O homem traz em si um motor incomparável, de que apenas sabe tirar medíocre proveito. Entretanto, para fazê­-lo agir bastam duas coisas: a fé e a vontade.

Considerada sob tais aspectos, a prece perde todo o caráter místico. O seu alvo não é mais a obtenção de uma graça, de um favor, mas, sim, a elevação da alma e o relacionamento desta com as potências superiores, fluídicas e morais. A prece é o pensamento inclinado para o bem, é o fio luminoso que liga os mundos obscuros aos mundos divinos, os Espíritos encarnados às almas livres e radiantes. Desdenhá-­la seria desprezar a única força que nos arranca ao conflito das paixões e dos interesses, que nos transporta acima das coisas transitórias e nos une ao que é fixo, permanente e imutável no Universo. (...)

Unamos nossas vozes às do infinito. Tudo ora, tudo celebra a alegria de viver, desde o átomo que se agita na Lua até o astro Imenso que flutua no éter.

A adoração dos seres forma um concerto prodigioso que se expande no espaço e sobe a Deus. É a saudação dos filhos ao Pai, é a homenagem prestada pelas criaturas ao Criador. Interrogai a Natureza no esplendor dos dias de sol, na calma das noites estreladas. Escutai as grandes vozes dos oceanos, os murmúrios que se elevam do seio dos desertos e da profundeza dos bosques, os acentos misteriosos que se desprendem da folhagem, repercutem nos desfiladeiros solitários, sobem as planícies, os vales, franqueiam as alturas e espalham-­se pelo Universo. Por toda parte, em todos os lugares, concentrando­-vos, ouvireis o cântico admirável que a Terra dirige à Grande Alma. Mais solene ainda é a prece dos mundos, o canto suave e profundo que faz vibrar a Imensidade e cuja significação sublime somente os Espíritos elevados podem compreender.

 

Léon Denis
Livro: Depois da Morte – Capítulo 51 (trechos)



quinta-feira, 21 de março de 2024

Cenáculo divino

 

Na subida cristã, procura o asilo

Que o coração cansado te oferece,

Lá dentro a fé sublime refloresce

Aureolada de júbilo tranquilo.

 

Para atender ao Mestre, para ouvi-Lo,

Acende, fervoroso, a luz da prece…

E que teu sonho, em lágrimas, se expresse

No mais santo e mais íntimo sigilo.

 

Verte a agonia amarga do teu peito

Nas dadivosas mãos do amigo Eleito

E alça o dorido olhar de peregrino!

 

E eis que Jesus, na bênção que te acalma,

Surgirá redivivo na tua alma

Convertida em cenáculo divino.

 

Auta de Souza / Chico Xavier

Livro: Cartas do Coração



quarta-feira, 20 de março de 2024

Oração de Jerônimo de Praga

 


“Meu Deus, vós que sois grande, que sois tudo, deixai cair sobre mim, humilde, sobre mim, eu que não existo senão pela vossa vontade, um raio de divina luz. Fazei que, penetrado do vosso amor, me seja fácil fazer o bem e que eu tenha aversão ao mal; que, animado pelo desejo de vos agradar, meu espírito vença os obstáculos que se opõem à vitória da verdade sobre o erro, da fraternidade sobre o egoísmo; fazei que, em cada companheiro de provações, eu veja um irmão, assim como vedes um filho em cada um dos seres que de vós emanam e para vós devem voltar. Dai-­me o amor do trabalho, que é o dever de todos sobre a Terra, e, com o auxílio do archote que colocaste ao meu alcance, esclarecei­-me sobre as imperfeições que retardam meu adiantamento nesta vida e na vindoura.”

 

*Prece inédita, ditada, com o auxílio de uma mesa, pelo Espírito Jerônimo de Praga, a um grupo de operários.

Livro: Depois da Morte (Léon Denis)



terça-feira, 19 de março de 2024

No culto à prece

 

“E, tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos e todos ficaram cheios do Espírito Santo.” — (Atos, 4:31)

 

Todos lançamos, em torno de nós, forças criativas ou destrutivas, agradáveis ou desagradáveis ao círculo pessoal em que nos movimentamos.

A árvore alcança-nos com a matéria sutil das próprias emanações.

A aranha respira no centro das próprias teias.

A abelha pode viajar intensivamente, mas não descansa a não ser nos compartimentos da própria colmeia.

Assim também o homem vive no seio das criações mentais a que dá origem.

Nossos pensamentos são paredes em que nos enclausuramos ou asas com que progredimos na ascese.

Como pensas, viverás.

Nossa vida íntima — nosso lugar.

A fim de que não perturbemos as leis do Universo, a Natureza somente nos concede as bênçãos da vida, de conformidade com as nossas concepções.

Recolhe-te e enxergarás o limite de tudo o que te cerca.

Expande-te e encontrarás o infinito de tudo o que existe.

Para que nos elevemos, com todos os elementos de nossa órbita, não conhecemos outro recurso além da oração, que pede luz, amor e verdade.

A prece, traduzindo aspiração ardente de subida espiritual, através do conhecimento e da virtude, é a força que ilumina o ideal e santifica o trabalho.

Narram os Atos que, havendo os apóstolos orado, tremeu o lugar em que se encontravam e ficaram cheios do Espírito Santo: Iluminou-se-lhes o anseio de fraternidade, engrandeceram-se-lhes as mentes congregadas em propósitos superiores e a energia santificadora felicitou-lhes o Espírito.

Não olvides, pois, que o culto à prece é marcha decisiva. A oração renovar-te-á para a obra do Senhor, dia a dia, sem que tu mesmo possas perceber.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Fonte Viva – Cap. 149



sábado, 16 de março de 2024

Mais Luz - Edição 674 - 17/03/2024

 


Confira nesta edição:

https://mailchi.mp/7fac839f5efc/ao-encontro-do-mestre

 

Ao encontro do Mestre – Agostinho

Ante o Evangelho: Os últimos serão os primeiros

Mensagem da Semana: O herdeiro do Pai – Fonte Viva, 148

Poema: Servir sempre – Casimiro Cunha

Oração: Petição do servo – Des Touches



sexta-feira, 15 de março de 2024

Ao encontro do Mestre

 

Meu caro Átila,

A senda do discípulo do Senhor está aberta.

Na retaguarda, é o pretérito de sombras.

À esquerda, surge o território incendiado das paixões.

À direita, aparece o gelado desfiladeiro da indiferença.

Nossa única porta de ação construtiva é a da frente.

Através dela é preciso marchar, amealhando amor e sabedoria ao preço de renunciação e serviço constantes.

Não te atemorizem, pois, os golpes da sombra.

Refletir a luz do Cristo, em nós, na antiga arena da luta humana, é o nosso objetivo essencial.

Dilatemos, acima de tudo, a nossa capacidade receptiva, assimilando as forças superconscientes que fluem de cima para a regeneração do conteúdo de nossa individualidade.

Comunhão integral com Jesus é a nossa meta.

Para alcançá-la, tudo o que não seja Amor, em suas manifestações, deve ser esquecido.

Não te detenhas.

Avança, por dentro do próprio coração, entendendo a excelsitude do sacrifício.

Na estrada que trilhamos, milhares de companheiros amontoam recursos de ouro e pedra para a aquisição de dor e arrependimento. Outros continuam povoando os celeiros do tempo, com os monstros da insensatez.

Que a voz do Mestre vibre total na acústica de nossa alma, a fim de que os desvarios da ilusão não nos aniquilem a sagrada oportunidade de escalar o monte redentor. Ofereçamos a claridade da prece a todos os que desçam provisoriamente no escuro castelo das horas perdidas.

E adiantemo-nos, não no carro da evidência pessoal, mas no laborioso esforço da purificação, convictos de que em nosso reajustamento com Jesus permanece o soerguimento do mundo.

Quando a alma abriga, enfim, o Divino Hóspede, profunda transformação se opera no sistema espiritual de cada um.

Os olhos jazem incapacitados para a descoberta do mal.

Os ouvidos permanecem atentos às mensagens de sabedoria.

Os pensamentos se concentram invariavelmente no bem.

A palavra tece harmonia e felicidade em todos os recantos.

As mãos agem, incessantemente, sob a inspiração de ordem superior.

O coração, sobretudo, irradia bênçãos de compreensão e fraternidade, onde quer que se encontre, por estrela consciente a resplandecer nas teias da carne, e o império do Amor se estabelece no destino, consolidando a obra de sublimação eterna.

Sigamos, pois, pelo calvário da ressurreição sem desfalecer.

Na ordem material da Terra, vemos constantemente o homem a esperar pelo mundo, quando em verdade, o mundo vive esperando pelo homem, observando ainda que a alma aguarda Jesus, ao passo que o Senhor, de braços compassivos, aguarda a nossa alma, cheio de magnanimidade e esperança.

Movimentemo-nos, pois, à procura do Mestre e o Mestre virá, tolerante e sublime, ao nosso encontro.

Agostinho / Chico Xavier
Livro: Sentinelas da luz



quinta-feira, 14 de março de 2024

Petição do servo

 


Senhor!

Em verdade, não posso ser a lâmpada que clareia o caminho, mas, se me amparas, consigo ser a candeia singela capaz de orientar o rumo de algum viajante transviado na floresta da vida.

Não posso ser a fonte que dessedenta quantos atravessem as estradas do mundo, no entanto, se me auxilias, consigo ser a concha de água limpa, suscetível de socorrer um doente relegado ao abandono.

Não posso ser a árvore benfeitora que se entrega ao faminto em plenitude de bondade, entretanto, se me ajudas, posso ser a migalha de amor que suprima a penúria de um companheiro desfalecente de angústia.

Não posso ser a casa acolhedora que albergue todos os deserdados da Terra, entregues às surpresas amargas da noite, mas, se me apoias, consigo ser a mão que se estende ao amigo menos feliz para doar-lhe o calor de Tua bênção e dizer-lhe ao coração abatido — “Deus te abençoe!”

Senhor, reconheço-me pequenino servo de Tua causa, no entanto, Contigo, a esperança brilhará em minha alma e, com semelhante amparo, seguirei à frente, trabalhando e servindo, no bendito anonimato de minha pequenez, a fim de louvar-Te sempre e esperar, agindo e abençoando, a construção da Terra Mais Feliz.

 

Des Touches / Chico Xavier

Livro: Tempo e amor



quarta-feira, 13 de março de 2024

Servir sempre

 

Se procuras a extinção

Das dores, por onde vais,

Mantém a disposição

De servir um tanto mais.

 

Sofres crises a granel,

Impedimentos gerais,

Para vencê-los, não fujas

De servir um tanto mais.

 

Pretendes viver acima

Das aflições em que cais,

Não desertes do dever

De servir um tanto mais.

 

Carregas lutas em casa,

Provações descomunais,

Por tua paz, não desistas

De servir um tanto mais.

 

Encontras pedras, injúrias,

Ofensas, erros brutais…

Não te afastes do programa

De servir um tanto mais.

 

Tua vida necessita

De mudanças radicais?

Não menosprezes o ensejo

De servir um tanto mais.

 

Angústias do coração

Em tempestades morais?

Inventa novos recursos

De servir um tanto mais.

 

Se quisermos atingir

As Luzes Celestiais,

Aprendamos com Jesus

Que servir nunca é demais.

 

Casimiro Cunha / Chico Xavier

Livro: Correio fraterno



terça-feira, 12 de março de 2024

O herdeiro do Pai

 

“A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.” — Paulo. (Hebreus, 1:2)

 

Cede aos poderes humanos respeitáveis o que lhes cabe por direito lógico da vida, mas não te esqueças de dar ao Senhor o que lhe pertence.

Esta fórmula conciliadora do Evangelho permanece, ainda, palpitante de interesse para o bem-estar do mundo.

Não convém concentrar em organizações mutáveis do Plano carnal todas as nossas esperanças e aspirações.

O homem interior renova-se diariamente. Por isso, a ciência que lhe atende as reclamações, nos minutos que passam, não é a mesma que o servia, nas horas que se foram, e a do futuro será muito diversa daquela que o auxilia no presente. A política do pretérito deu lugar à política das lutas modernas. Ao triunfo sanguinolento dos mais fortes ao tempo da selvageria sem peias, seguiu-se a autocracia militarista. A força cedeu à autoridade, a autoridade ao direito. No setor das atividades religiosas, o esforço evolutivo não tem sido menor.

Em vista de semelhantes realidades, por que te apaixonas, com tanta veemência, por criaturas falíveis e programas transitórios?

Os homens de hoje, por mais veneráveis, são herdeiros dos homens de ontem, empenhados na luta gigantesca pela redenção de si mesmos. Poderão prometer maravilhosos reinados de abastança e paz, liberdade e harmonia, entretanto, não fugirão ao serviço de corrigenda dos erros que herdaram, não só daqueles que os antecederam, no campo dos compromissos coletivos, mas igualmente de suas próprias experiências passadas, em tenebrosos desvios do sentimento.

A civilização de agora é sucessora das civilizações que faliram.

As nações que se restauram aproveitam as nações que se desfizeram.

As organizações que surgem na atualidade guardam a herança das que desapareceram na voragem da discórdia e da tirania.

Examinando a fisionomia indisfarçável da verdade, como hipertrofiar o sentimento, definindo-te, em absoluto, por instituições terrestres que carecem, acima de tudo, de teu próprio auxílio espiritual?

Como pode a casa sem teto abrigar-te da intempérie? A planta do arranha-céu, inteligentemente traçada no pergaminho, ainda não é a construção mantenedora da legítima segurança.

Não existem, pois, razões que justifiquem os tormentos dos aprendizes do Cristo, angustiados pelas inquietudes políticas da hora que passa; semelhante estado d’alma é simples produto de inadvertência perigosa, porque todos devemos saber que os homens falíveis não podem erguer obras infalíveis e que compete a nós outros, partidários do Mestre, a posição de trabalhadores sinceros, chamados a servir e cooperar na obra paciente e longa, mas definitiva e eterna, daquele a quem o Pai “constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo”.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Fonte Viva – Cap. 148