(...) Logo que uma pedra fende as águas, vê-se-lhes a
superfície vibrar em ondulações concêntricas. Assim também o fluido universal
vibra pelas nossas preces e pelos nossos pensamentos, com a diferença de que as
vibrações das águas são limitadas, enquanto as do fluido universal se sucedem
ao infinito.
Todos os seres, todos os mundos estão banhados nesse
elemento, assim como nós o estamos na atmosfera terrestre. Daí resulta que o
nosso pensamento, quando é atuado por grande força de impulsão, por uma vontade
perseverante, vai impressionar as almas a distâncias incalculáveis. Uma
corrente fluídica se estabelece entre umas e outras e permite que os Espíritos
elevados nos influenciem e respondam aos nossos chamados, mesmo que estejam nas
profundezas do espaço.
Também sucede o mesmo com todas as almas sofredoras. A
prece opera nelas qual magnetização a distância. Penetra através dos fluidos
espessos e sombrios que envolvem os Espíritos infelizes; atenua suas mágoas e
tristezas.
É a flecha luminosa, a flecha de ouro rasgando as
trevas. É a vibração harmônica que dilata e faz rejubilar-se a alma oprimida.
Quanta consolação para esses Espíritos ao sentirem que não estão abandonados,
quando veem seres humanos interessando-se ainda por sua sorte! Sons, alternativamente poderosos e ternos,
elevam-se como um cântico na extensão e repercutem com tanto maior intensidade quanto
mais amorosa for a alma donde emanam.
Chegam até eles, comovem-nos e penetram profundamente.
Essa voz longínqua e amiga dá-lhes a paz, a esperança e a coragem. Se
pudéssemos avaliar o efeito produzido por uma prece ardente, por uma vontade
generosa e enérgica sobre os desgraçados, os nossos votos seriam muitas vezes a
favor dos deserdados, dos abandonados do espaço, desses em quem ninguém pensa e
que estão mergulhados em sombrio desânimo.
(...) “Reuni-vos para orar”, disse o apóstolo. A prece
feita em comum é um feixe de vontades, de pensamentos, raios, harmonias e
perfumes que se dirige mais poderosamente ao seu alvo. Pode adquirir uma força
irresistível, uma força capaz de agitar, de abalar as massas fluídicas. Que
alavanca poderosa para a alma entusiasta, que dá ao seu impulso tudo quanto há
de grandioso, de puro e de elevado em si! Nesse estado, seus pensamentos
irrompem como corrente impetuosa, de abundantes e potentes eflúvios. Tem-se
visto, algumas vezes, a alma em prece desprender-se do corpo e, inebriada pelo
êxtase, seguir o pensamento fervoroso que se projetou como seu precursor
através do infinito. O homem traz em si um motor incomparável, de que apenas
sabe tirar medíocre proveito. Entretanto, para fazê-lo agir bastam duas coisas:
a fé e a vontade.
Considerada sob tais aspectos, a prece perde todo o
caráter místico. O seu alvo não é mais a obtenção de uma graça, de um favor,
mas, sim, a elevação da alma e o relacionamento desta com as potências
superiores, fluídicas e morais. A prece é o pensamento inclinado para o bem, é
o fio luminoso que liga os mundos obscuros aos mundos divinos, os Espíritos
encarnados às almas livres e radiantes. Desdenhá-la seria desprezar a única
força que nos arranca ao conflito das paixões e dos interesses, que nos
transporta acima das coisas transitórias e nos une ao que é fixo, permanente e
imutável no Universo. (...)
Unamos nossas vozes às do infinito. Tudo ora, tudo
celebra a alegria de viver, desde o átomo que se agita na Lua até o astro
Imenso que flutua no éter.
A adoração dos seres forma um concerto prodigioso que
se expande no espaço e sobe a Deus. É a saudação dos filhos ao Pai, é a
homenagem prestada pelas criaturas ao Criador. Interrogai a Natureza no
esplendor dos dias de sol, na calma das noites estreladas. Escutai as grandes
vozes dos oceanos, os murmúrios que se elevam do seio dos desertos e da
profundeza dos bosques, os acentos misteriosos que se desprendem da folhagem,
repercutem nos desfiladeiros solitários, sobem as planícies, os vales,
franqueiam as alturas e espalham-se pelo Universo. Por toda parte, em todos os
lugares, concentrando-vos, ouvireis o cântico admirável que a Terra dirige à
Grande Alma. Mais solene ainda é a prece dos mundos, o canto suave e profundo
que faz vibrar a Imensidade e cuja significação sublime somente os Espíritos
elevados podem compreender.
Léon Denis
Livro: Depois da Morte – Capítulo 51 (trechos)
Agradeço a mensagem tão importante pra nossas vidas!
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