quinta-feira, 25 de abril de 2019

Fé e caridade



As páginas examinadas em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” nos falam de bênção e tradução da bênção, de confiança em Deus e expressar-se em serviço de amor aos semelhantes, e isso nos pede atenção para as conquistas que demandamos no campo da nossa própria renovação.
Somos hoje um grande livro de doutrinas excelsas – cada qual de nós um capítulo estruturado em caracteres brilhantes, todavia, a Terra espera por nós no campo da verdade aplicada e, tão somente nessa aplicação do bem que conhecemos é que, em verdade, descobriremos o bem que desconhecemos e, no qual, se nos levantará a felicidade eterna.
Nestas palavras, pretendemos elucidar o que seja o nosso antigo binômio: “fé e caridade”.
Uma, efetivamente, não se realiza sem a outra.
Unicamente a fé mobilizada em trabalho pode atingir as realizações puras do Amor, para que o Amor nos presida os destinos.
Comecemos semelhantes ações a partir dos nossos mais íntimos redutos de vivência humana.
Para sermos mais explícitos, iniciemos o nosso apostolado nas criaturas-problema que a vida nos confiou.
É no recanto doméstico, seja no setor do trabalho ou do ideal, do afeto ou da família que identificamos a nossa primeira escola.
Suportemos valorosamente as provas que a vida nos imponha, junto daqueles que nos amam ou que devemos amar ou daqueles que se reúnem conosco sem amar-nos ainda ou aos quais ainda não conseguimos amar, de todo, apesar de estarmos juntos.
Vençamo-nos, doando de nós tudo o que sejamos em boa vontade e abnegação, auxiliando-nos uns aos outros e teremos conosco a fórmula de ação pela qual atingiremos as realizações de que carecemos em favor de nós mesmos.

Bezerra de Menezes / Chico Xavier – Livro: Bezerra, Chico e Você

Maus obreiros

“Guardai-vos dos maus obreiros”. Paulo (Filipenses, 3:2)

Paulo de Tarso não recomenda sem razão o cuidado a observar-se, ante o assédio dos maus obreiros.
Em todas as atividades do bem, o trabalhador sincero necessita preservar-se contra o veneno que procede do servidor infiel.
Enquanto os servos leais se desvelam, dedicados, nas obrigações que lhes são deferidas, os maus obreiros procuram o repouso indébito, conclamando companheiros à deserção e à revolta. Ao invés de cooperarem, atendendo aos compromissos assumidos, entregam-se à crítica jocosa ou áspera, menosprezando os colegas de luta.
Estimam as apreciações desencorajadoras.
Fixam-se nos ângulos ainda inseguros da obra em execução, despreocupados das realizações já feitas.
Manuseiam textos legais a fim de observarem como farão valer direitos com esquecimento de deveres.
Ouvem as palavras alheias com religiosa atenção para extraírem os conceitos verbais menos felizes, de modo a estabelecerem perturbações.
Chamam covardes aos cooperadores humildes, e bajuladores aos eficientes ou compreensivos.
Destacam os defeitos de todas as pessoas, exceto os que lhes são peculiares.
Alinham frases brilhantes e complacentes, ensopando-as em óleo de perversidades ocultas.
Semeiam a dúvida, a desconfiança e o dissídio, quando percebem que o êxito vem próximo.
Espalham suspeitas e calúnias, entre os que organizam e os que executam.
Fazem-se advogados para serem acusadores.
Vestem-se à maneira de ovelhas, dissimulando as feições de lobos.
Costumam lamentar-se por vítimas para serem verdugos mais completos.
“Guardai-vos dos maus obreiros”.
O conselho do apóstolo aos gentios permanece cheio de oportunidade e significação.

Livro Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier – Lição 74

Examinemos a nós mesmos



O dever do espírita cristão é tornar-se progressivamente melhor.
Útil, assim, verificar, de quando em quando, com rigoroso exame pessoal, a nossa verdadeira situação íntima.
Espírita que não progride durante três anos sucessivos permanece estacionário.
Testa a paciência própria:
- Estás mais calmo, afável e compreensivo?
Inquire as tuas relações na experiência doméstica:
- Conquistaste mais alto clima de paz dentro de casa?
Investiga as atividades que te competem no templo doutrinário:
- Colaboras com mais euforia na seara do Senhor?
Observa-te nas manifestações perante os amigos:
- Trazes o Evangelho mais vivo nas atitudes?
Reflete em tua capacidade de sacrifício:
- Notas em ti mesmo mais ampla disposição de servir voluntariamente?
Pesquisa o próprio desapego:
- Andas um pouco mais livre do anseio de influência e de posses terrestres?
Usas mais intensamente os pronomes "nós", "nosso" e "nossa" e menos os determinativos "eu", "meu" e "minha"?
Teus instantes de tristeza ou de cólera surda, às vezes tão conhecidos somente por ti, estão presentemente mais raros?
Diminuíram-te os pequenos remorsos ocultos no recesso da alma?
Dissipaste antigos desafetos e aversões?
Superastes os lapsos crônicos de desatenção e negligência?
Estudas mais profundamente a Doutrina que professas?
Entendes melhor a função da dor?
Ainda cultivas alguma discreta desavença?
Auxilias aos necessitados com mais abnegação?
Tens orado realmente?
Teus ideais evoluíram?
Tua fé raciocinada consolidou-se com mais segurança?
Tens o verbo mais indulgente, os braços mais ativos e as mãos mais abençoadoras?
Evangelho é alegria no coração: - Estás, de fato, mais alegre e feliz intimamente, nestes três últimos anos?
Tudo caminha! Tudo evolui! Confiramos o nosso rendimento individual com o Cristo!
Sopesa a existência hoje, espontaneamente, em regime de paz, para que te não vejas na obrigação de sopesá-la amanhã sob o impacto da dor.
Não te iludas! Um dia que se foi é mais uma cota de responsabilidade, mais um passo rumo à Vida Espiritual, mais uma oportunidade valorizada ou perdida.
Interroga a consciência quanto à utilidade que vens dando ao tempo, à saúde e aos ensejos de fazer o bem que desfrutas na vida diária.
Faze isso agora, enquanto te vales do corpo humano, com a possibilidade de reconsiderar diretrizes e desfazer enganos facilmente, pois, quando passares para o lado de cá, muita vez, já será mais difícil...

André Luiz / Chico Xavier e Waldo Vieira – Livro: Opinião Espírita







sábado, 20 de abril de 2019

Aconteceu com Ele

Aquele que realmente conhecia a si mesmo, passando entre os homens, nunca perdeu de vista o esquecimento incondicional, diante da injúria e da violência.
Repelido – desculpava.
Ironizado – compreendia.
Desprezado – auxiliava sempre.
Aprisionado sem culpa– não recorreu à justiça.
Espancado – abençoava os próprios verdugos.
Escarnecido – orava em silencio pedindo ao Céu a paz dos perseguidores.
Condenado à morte sem culpa – esqueceu a suprema afronta.
E içado à cruz entre salteadores – estendeu o perdão puro e simples, rogando ao Pai Celeste amparasse aos que se Lhe erigiam no monte da crucificação em frios carrascos.
Tudo isso aconteceu com Ele, o Cristo de Deus e Governador Espiritual do Mundo, coroado de espinhos.
Entretanto, por Sua serenidade, ensinou aos aprendizes do Seu Evangelho de Redenção, a viverem no mundo com a bênção do amor, a fim de que todos nós, aprendamos, por fim, a ressurgir da morte, não possuídos pela estreiteza de existência nos planos inferiores da carne, mas, sim, possuindo, além túmulo, a alegria triunfante da vida vitoriosa.

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Vida e Caminho

Falatórios - Mensagem da Semana

“Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade”. Paulo (II Timóteo, 2:16)

Poucas expressões da vida social ou doméstica são tão perigosas quanto o falatório desvairado, que oferece vasto lugar aos monstros do crime.
A atividade religiosa e científica há descoberto numerosos fatores de desequilíbrio no mundo, colaborando eficazmente por extinguir-lhes os focos essenciais.
Quanto se há trabalhado, louvavelmente, no combate ao álcool e à sífilis?
Ninguém lhes contesta a influência destruidora. Arruínam coletividades, estragam a saúde, deprimem o caráter.
Não nos esqueçamos, porém, do falatório maligno que sempre forma, em derredor, imensa família de elementos enfermiços ou aviltantes, à feição de vermes letais que proliferam no silêncio e operam nas sombras.
Raros meditam nisto.
Não será, porventura, o verbo desregrado o pai da calúnia, da maledicência, do mexerico, da leviandade, da perturbação?
Deus criou a palavra, o homem engendrou o falatório.
A palavra digna infunde consolação e vida. A murmuração perniciosa propicia a morte.
Quantos inimigos da paz do homem se aproveitam do vozerio insensato, para cumprirem criminosos desejos?
Se o álcool embriaga os viciosos, aniquilando-lhes as energias, que dizer da língua transviada do bem que destrói vigorosas sementeiras de felicidade e sabedoria, amor e paz? Se há educadores preocupados com a intromissão da sífilis, por que a indiferença alusiva aos desvarios da conversação?
Em toda parte, a palavra é índice de nossa posição evolutiva. Indispensável aprimorá-la, iluminá-la e enobrece-la.
Desprezar as sagradas possibilidades do verbo, quando a mensagem de Jesus já esteja brilhando em torno de nós, constitui ruinoso relaxamento de nossa vida, diante de Deus e da própria consciência.
Cada frase do discípulo do Evangelho deve ter lugar digno e adequado.
Falatório é desperdício. E quando assim não seja, não passa de escura corrente de venenos psíquicos, ameaçando espíritos valorosos e comunidades inteiras.

Livro Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier – Lição 73

sexta-feira, 19 de abril de 2019

A paixão de Jesus


O Espiritismo não nos abre o caminho da deserção do mundo.
Se é justo evitar os abusos do século, não podemos chegar ao exagero de querer viver fora dele. Usufruamos a vida que Deus nos dá, respirando o ar das demais criaturas, nossas irmãs.
Para seguir a própria consciência, podemos dispensar a virtude intocável que forja a santidade ilusória.
Não sejamos sombras vivas, nem transformemos nossos lares em túmulos enfeitados por filigranas de adoração.
Nossa fé não é campo fechado à espontaneidade.
Encarnados e desencarnados precisamos ser prudentes, mas isso não significa devamos reprimir expansões sadias e não nos abracemos uns aos outros. A abstinência do mal não impõe restrições ao bem.
Assim como a virtude jactanciosa é defeito quanto qualquer outro, a austeridade afetada é ilusão semelhante às demais.
Não façamos da vida particular uma torre de marfim para encastelar os princípios superiores, ou estrado de exibição para entronizar o ponto de vista.
A convicção espírita não é insensível ou impertinente.
A inflexibilidade, no dever, não exige frieza de coração. Fujamos ao proselitismo fanatizante, mas nem por isso cultivemos nos outros a aversão por nossa fé.
Se o papel de vítima é sempre o melhor e o mais confortável, nem por isso, a título de representá-lo, podemos forçar a nossa existência, transformando em verdugos, à força, as criaturas que nos rodeiam.
Não sejamos policiais do Evangelho, mas candidatemo-nos a servidores cristãos.
Nem caridade vaidosa que agrave a aspereza do próximo, nem secura de coração que estiole a alegria de viver.
Quem transpira gelo, dentro em breve caminhará em atmosfera glacial.
A crença aferrolhada no orgulho desencadeia desastres tão grandes quanto aqueles criados pelo materialismo.
Não sejamos companhias entediantes.
Um sorriso de bondade não compromete a ninguém.
A fé espírita reside no justo meio termo do bem e da virtude.
Nem o silêncio perpétuo da meia morte, que destrói a naturalidade, nem a fala medrosa da inibição a beirar o ridículo.
Nem olhos baixos de santidade artificiosa, nem anseio inexperiente de se impor a todo preço.
Nem cumplicidade no erro, na forma de vício, nem conivência com o mal, na forma de aparente elevação.
Fé espírita é libertação espiritual. Não ensina a reserva calculada que anula a comunicabilidade, constrangendo os outros, nem recomenda a rigidez de hábitos que esteriliza a vida simples. Nem tristeza sistemática, nem entusiasmo pueril.
Abstenhamo-nos da falsa ideia religiosa, suscetível de repetir os desvios de existências anteriores, nas quais vivemos em misticismo acabrunhante.
Desfaçamos os tabus da superioridade mentirosa, na certeza de que existe igualmente o orgulho de parecer humilde.
O Espiritismo nos oferece a verdadeira confiança, raciocinada e renovadora; eis por que o espírita não está condenado a atividade inexpressiva ou vegetante. Caridade é dinamismo do amor. Evangelho é alegria. Não é sistema de restringir as ideias ou tolher as manifestações, é vacinação contra o convencionalismo absorvente.
Busquemos o povo – a verdadeira paixão de Jesus –, convivendo com ele, sentindo-lhe as dores, e servindo-o sem intenções secundárias, conforme o “amai-vos uns aos outros” – a senda maior de nossa emancipação.

Ewerton Quadros/Chico Xavier e Waldo Vieira– Livro: O Espírito da Verdade