quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
Ano Novo, homem novo
“E não vos conformeis a este
mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” – Paulo.
(Romanos, 12:2.)
A chegada de um novo ano costuma representar a esperança
de novas oportunidades para a Humanidade.
A possibilidade de renovar planos, sonhos e metas para os
365 dias seguintes reflete, muitas vezes, a renovação de posturas do indivíduo
diante da vida, convidando-o a um olhar diferenciado e à renovação de ideais,
sentimentos e ações.
As pessoas depositam esperanças no novo ano para a
construção de uma nova sociedade; e compreendemos que a nova sociedade
deposita, igualmente, esperanças em pessoas novas e renovadas para a mesma
finalidade.
León Denis, o Filósofo do Espiritismo, apresenta-nos
importante alerta sobre essa temática em seu livro Depois da morte:
[...] Para uma sociedade nova é necessário homens novos.
Por isso, a educação desde a infância é de importância capital.
Dar as boas-vindas
a um novo ano representa abrir-se à possibilidade de novas experiências e
aprendizagens, fortalecendo valores e transformando más inclinações em boas
atitudes, ações consideradas fundamentais para a formação de “homens novos”. A educação
é apontada como essencial ao processo de evolução do Espírito, por proporcionar
a reforma íntima, a reorganização de sentimentos, o amadurecimento de ideias e
o alinhamento existencial do indivíduo com os objetivos reencarnatórios estabelecidos.
Nesse sentido, Vinícius, pseudônimo de Pedro de Camargo,
autor de várias obras espíritas de temática educativa, em seu livro O mestre na
educação, sintetiza:
A vida tem uma finalidade clara e positiva, que é a evolução.
Esta se processa nos seres conscientes e responsáveis mediante renovações
íntimas, constantes e progressivas. Semelhante fenômeno denomina-se Educação.
Em continuidade à reflexão, ainda expressa:
[...] Do interior do homem velho cumpre tirar o homem
novo, a nova mentalidade cujo objetivo será desenvolver o amor na razão direta
do combate às multiformes modalidades em que o egoísmo se desdobra. [...]
O contínuo e ascendente processo de aprendizagem e
desenvolvimento apresenta-se dinâmico, permeado por experiências individuais e
potencializado pelos diferentes conhecimentos construídos ao longo da
trajetória individual. Sob a ótica do aprimoramento espiritual, pode-se
conceber a renovação íntima como a tradução dos ensinamentos de amor em
atitudes compatíveis com a vivência cristã, renovando-as.
Nesse fio condutor, Emmanuel, no livro Palavras de
Emmanuel, reitera o valor educativo para o desenvolvimento social e aponta-nos
a relevância do investimento na alma infantil, ao questionar:
Como esperar o aprimoramento da Humanidade, sem a melhoria
do Homem, e como aguardar o Homem renovado, sem o amparo à criança?
Diante de tais referências, percebe-se que as
possibilidades de renovação humana não se dão apenas pela sucessão de novos
anos, minudenciados em oportunidades diárias de aperfeiçoamento, mas igualmente
pela sucessão de novas encarnações, zelosamente planejadas, com vistas à
evolução espiritual do ser.
Similarmente, a postura da criança mediante as novas
experiências reencarnatórias garante-lhe a posição de aprendiz e,
consequentemente, proporciona-lhe o contínuo aprimoramento, visto que “encarnando,
com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais
acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para
o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo”.
Nesse processo, compreende-se a tarefa da Evangelização Espírita
Infantojuvenil, desde a tenra idade, como relevante ação promotora do
autoaprimoramento, por meio do estudo, da prática e da difusão da Doutrina
Espírita junto aos seres recém-chegados ao mundo físico que, a despeito de se
encontrarem envoltos em pequena vestimenta física, surpreendem-nos com seus
grandes sonhos e ideias, bem como com sua abertura aos novos ensinamentos da
vida.
Conforme nos alerta Vianna de Carvalho:
[...] à Evangelização Espírita Infantojuvenil cabe a indeclinável
tarefa educacional de preparar os futuros cidadãos desde cedo, habilitando-os
com as sublimes ferramentas do conhecimento e do amor para o desempenho dos
compromissos que lhes cumprirá atender, edificando a nova sociedade do amanhã.
Aproximar crianças e jovens da mensagem de Jesus e dos
ensinamentos espíritas, instrumentalizando-os em conhecimento e amor,
solidifica, indubitavelmente, as bases de sua fé raciocinada, fortalecendo-os
ante os desafios e posicionamentos a que são convidados a assumir ao longo da
jornada terrena.
Guillon Ribeiro considera tal aspecto como de especial
seriedade e relevo, ao apresentar expressivo convite aos que abraçam a tarefa
de orientação das almas infantojuvenis:
Auxiliemos a todos, favorecendo, sobretudo, a criança e o
jovem a um melhor posicionamento diante da vida, em face da reencarnação.
Somente assim plasmaremos desde agora os alicerces de uma
nova Humanidade para o mundo porvindouro.
Renovemo-nos, pois, em alegria e paz, nas tarefas abraçadas
junto à Evangelização Espírita Infantojuvenil e nos ideais propulsores de todas
as ações da vida, e inspiremo-nos, em cada dia do próximo ano, nas oportunas
reflexões de Emmanuel:
Abre as portas de tua alma a tudo o que seja útil, nobre,
belo e santificante, e, de braços devotados ao serviço da Boa-Nova, pela Terra
regenerada e feliz, sigamos com a vanguarda dos nossos benfeitores ao encontro
do Divino Amanhã.
Muita paz a todos e Feliz Ano Novo!
Departamento de Infância e Juventude / FEB
Erguer e ajudar
“E ele, dando-lhe a mão, a levantou”. (Atos dos Apóstolos, 9:41)
Muito significativa a lição dos Atos,
quando Pedro restaura a irmã Dorcas para a vida.
Não se contenta o apóstolo em
pronunciar palavras lindas aos seus ouvidos, renovando-lhe as forças gerais.
Dá-lhe as mãos para que se levante.
O ensinamento é dos mais simbólicos.
Observamos muitos companheiros a se
reerguerem para o conhecimento, para a alegria e para a virtude, banhados pela
divina claridade do Mestre, e que podem levantar milhares de criaturas para a
Esfera Superior.
Para isso, porém, não bastará a
predicação pura e simples. O sermão é, realmente, um apelo sublime, do qual não
prescindiu o próprio Cristo, mas não podemos esquecer que o Celeste Amigo, se
doutrinou no monte, igualmente no monte multiplicou os pães para o povo
esfaimado, restabelecendo-lhe o ânimo.
Nós, os que nos achávamos mortos na
ignorância, e que hoje, por acréscimo da Misericórdia Infinita, já podemos
desfrutar algumas bênçãos de luz, precisamos estender o serviço de socorro aos
demais.
Não nos desincumbiremos, porém, da
tarefa salvacionista, simplesmente pronunciando alguns discursos admiráveis.
É imprescindível usar nossas mãos nas
obras do bem.
Esforço dos braços significa atividade
pessoal.
Sem o empenho de nossas energias, na
construção do Reino Espiritual com o Cristo, na Terra, debalde alinharemos
observações excelentes em torno das preciosidades da Boa Nova ou das
necessidades da redenção humana.
Encontrando o nosso irmão, caído na
estrada, façamos o possível por despertá-lo com os recursos do verbo
transformador, mas não olvidemos que, para trazê-lo de novo à vida construtiva,
será indispensável, segundo a inesquecível lição de Pedro, estender-lhe fraternalmente
as nossas mãos.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 033
Prece
Senhor Jesus,
Dai-nos o poder de operar a própria
conversão para que o Teu Reino de Amor seja irradiado do centro de nós mesmos!
Contigo em nós, converteremos:
A treva em claridade,
A dor em alegria,
O ódio em amor,
A descrença em fé viva,
A dúvida em certeza,
A maldade em bondade,
A ignorância em compreensão e
sabedoria,
A dureza em ternura,
A fraqueza em força,
O egoísmo em cântico fraterno,
O orgulho em humildade,
O torvo mal em Infinito Bem.
Sabemos, Senhor,
Que, de nós mesmos,
Somente possuímos a inferioridade
De que nos devemos desvencilhar,
Mas, unidos a Ti,
Somos galhos frutíferos na árvore dos
séculos,
Que as tempestades da experiência
Jamais deceparão...
Assim, pois, Mestre amoroso,
Digna-te amparar-nos
A fim de que nos elevemos,
Ao encontro de tuas mãos sábias e
compassivas,
Que nos erguerão da inutilidade,
Para o serviço da cooperação Divina,
Agora e para sempre.
Assim seja.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Correio Fraterno
sábado, 25 de dezembro de 2021
Mais Luz - Edição 558
Leia conosco nesta edição:
ü Votos de Ano Novo de um Espírita de
Leipzig
ü Advento do Espírito de Verdade
ü Poema: Irmão
ü A boa parte – Fonte Viva
ü Oramos
sexta-feira, 24 de dezembro de 2021
Votos de Ano Novo de um Espírita de Leipzig
Um espírita de Leipzig mandou
imprimir, em língua alemã, a seguinte mensagem, cuja tradução temos o prazer de
dar.
MEUS VOTOS DE FELIZ ANO NOVO A TODOS
OS ESPÍRITAS
E ESPIRITUALISTAS DE LEIPZIG
Também a vós que vos chamais materialistas, porque só quereis
conhecer a matéria, eu seria tentado a vos enviar os meus votos de felicidade,
mas temo que considerareis isto como uma ousadia de um estranho, que não tem o
direito de ser contado entre vós.
É diferente com os espiritualistas, que estão no mesmo terreno
que os espíritas, no que respeita à imortalidade da alma, à sua individualidade
e ao seu estado feliz ou infeliz depois da morte.
Os espiritualistas e os espíritas reconhecem em cada
homem uma alma irmã da sua e, por isto, me dão o direito de lhes enviar meus votos.
Uns e outros agradecem ao Senhor pelo ano que acaba de passar e esperam que,
sustentados por sua graça, tenham coragem para suportar a prova dos dias
aziagos e a força de trabalhar o seu aperfeiçoamento, domando as más paixões.
A vós, caros espíritas, irmãos e irmãs conhecidos e desconhecidos,
eu vos desejo particularmente um ano feliz, porque recebestes de Deus, para a
vossa peregrinação terrena, um grande apoio no Espiritismo. A religião a todos
veio trazer a fé, e bem-aventurados os que a conservaram. Infelizmente, ela
está extinta num grande número; é por isso que Deus envia uma nova arma para
combater a incredulidade, o orgulho e o egoísmo, que tomam proporções cada vez
maiores. Essa arma nova é a comunicação com os Espíritos; por ela temos a fé,
porque nos dá a certeza da vida da alma e nos permite lançar um olhar na outra
vida; reconhecemos, assim, a vaidade da felicidade terrestre, e temos a solução
das dificuldades que nos faziam duvidar de tudo, mesmo da existência de Deus.
Disse Jesus aos seus discípulos: “Muitas coisas teria ainda
a vos dizer, mas não o poderíeis suportar”. Hoje, tendo a Humanidade
progredido, pode compreendê-las. Eis por que Deus nos deu a ciência do
Espiritismo, e a prova de que a Humanidade está madura para esta ciência, é que
esta ciência existe. É inútil negar e zombar, como outrora era inútil negar e
zombar dos fatos adiantados por Copérnico e Galileu. Então esses fatos eram tão
pouco conhecidos quanto o são agora os do mundo dos Espíritos.
Como outrora, os primeiros opositores são os sábios, até
o dia em que, vendo-se isolados, reconhecerão humildemente que as novas descobertas,
como o vapor, a eletricidade e o magnetismo, que outrora eram desconhecidos,
não são a última palavra das leis da Natureza. Serão responsáveis perante as
gerações futuras por não terem acolhido a ciência nova como uma irmã das
outras, e por tê-la repelido como loucura.
É verdade que ela não ensina nada de novo proclamando a vida da alma, pois o Cristo já falou dela; mas o Espiritismo levanta todas as dúvidas e lança uma nova luz sobre esta questão. Entretanto, guardemo-nos de considerar como inúteis os ensinamentos do Cristianismo, e de os crer substituídos pelo Espiritismo; ao contrário, fortifiquemo-nos na fonte das verdades cristãs, para as quais o Espiritismo não é senão um novo facho, a fim de que nossa inteligência e nosso orgulho não nos desencaminhem. O Espiritismo nos ensina, antes de qualquer coisa, que “Sem o amor e a caridade, não há felicidade”, isto é, que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Apoiando-se nesta verdade cristã, ele abre o caminho para a realização desta palavra do Cristo: “Um só rebanho e um só pastor”.
Assim, pois, caros irmãos e irmãs espíritas, permiti que,
aos meus votos pelo Ano Novo, eu ainda junte esta prece: Que jamais abuseis do
poder de comunicação com o mundo espiritual.
Não esqueçamos que, conforme a lei sobre a qual repousam
nossas relações com os Espíritos, os maus não estão excluídos das comunicações.
Se é difícil constatar a identidade de um Espírito que não conhecemos, é fácil
distinguir os bons dos maus. Estes podem ocultar-se sob a máscara da
hipocrisia, mas um bom espírita sempre os reconhece; eis por que não devemos
ocupar-nos dessas coisas levianamente, porque podemos nos tornar joguete de Espíritos
maus, embora inteligentes, como por vezes são encontrados no mundo dos
encarnados. Se compararmos nossas comunicações com as que são obtidas nas
reuniões dos espíritas fervorosos e sinceros, logo saberemos reconhecer se
estamos no bom caminho. Os Espíritos elevados se fazem reconhecer por sua linguagem,
que é a mesma em toda parte, sempre de acordo com o Evangelho e a razão humana.
O meio de se preservar dos Espíritos maus é, primeiramente,
fazer uma prece sincera a Deus; em segundo lugar, jamais empregar o Espiritismo
para as coisas materiais. Os Espíritos maus estão sempre prontos a satisfazer a
todos os pedidos e, por vezes, se dizem coisas justas, geralmente enganam com
intenção ou por ignorância, porque os Espíritos inferiores não sabem mais do
que sabiam na sua existência terrestre. Os Espíritos bons, ao contrário, nos
ajudam em nossos esforços a nos melhorarmos e nos dão a conhecer a vida
espiritual, a fim de que possamos assimilá-la à nossa. Tal o objetivo para onde
devem tender todos os espíritas sinceros.
Adolf, conde Poninski - Leipzig, 1o de janeiro de 1868
Fonte: Revista Espírita – fevereiro/1868
A boa parte
“Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada”. Jesus (Lucas, 10:42)
Não te esqueças da “boa parte” que
reside em todas as criaturas e em todas as coisas.
O fogo destrói, mas transporta consigo
o elemento purificador.
A pedra é contundente, mas consolida a
segurança.
A ventania açoita impiedosa, todavia,
ajuda a renovação.
A enxurrada é imundície, entretanto,
costuma carrear o adubo indispensável à sementeira vitoriosa.
Assim também há criaturas que, em se
revelando negativas em determinados setores da luta humana, são extremamente
valiosas em outros.
A apreciação unilateral é sempre
ruinosa.
A imperfeição completa, tanto quanto a
perfeição integral, não existem no plano em que evoluímos.
O criminoso, acusado por toda a gente,
amanhã pode ser o enfermeiro que te estende o copo d’água.
O companheiro, no qual descobres agora
uma faixa de trevas, pode ser depois o irmão sublimado que te convida ao bom
exemplo.
A tempestade da hora em que vivemos é,
muitas vezes, a fonte do bem-estar das horas que vamos viver.
Busquemos o lado melhor das situações,
dos acontecimentos e das pessoas.
“Maria escolheu a boa parte, que não
lhe será tirada” — disse-nos o Senhor.
Assimilemos a essência da divina
lição.
Quem procura a “boa parte” e nela se
detém, recolhe no campo da vida o tesouro espiritual que jamais lhe será
roubado.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 032